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Bitcoin: a moeda digital
Embora pensada como moeda, com todos as nuances de uma moeda, variação de câmbio e cotações, na prática funciona como sendo fichas virtuais, e seu valor depende da quantidade de pessoas que estão dispostas a trocá-las através da internet.
Usadas principalmente em games, muitas vezes deve-se pagar em alguma moeda nacional para comprar itens de um game, também é possível processar transações em Bitcoin através de um procedimento chamado “mineração” onde o computador resolve um problema matemático difícil obtendo uma solução de 64 bits.
Isto é diferente porque se trata da primeira vez na história que um procedimento intelectual “puro” é recompensado em dinheiro sem qualquer equivalente real.
É a mineração e não os bancos que administram os Bitcoins, como o número de moedas é limitado e a procura tem aumentado a moeda tem sido valorizada.
Já houve roubos de Bitcoins, como o ocorrido com a empresa MTgox (veja na revista Wired) e isto chamou a atenção de órgãos reguladores, que se foram de fato poderá tornar a moeda “legal” e comercializável em vários meios sociais.
Hamburgo quer ser cidade verde
Um plano ambicioso de tornar-se a primeira cidade totalmente sustentável do planeta, a cidade alemã de Hamburgo que já havia sido de nominada a Capital Verde Europeia em 2011, agora quer ter os incríveis 27 quilômetros quadrados de espaços verdes novos na cidade.
Espera como resultado que toda a cidade resistente a inundações, causadas pelo aquecimento global, fornece conectividade suficiente para caminhar a pé ou andar de bicicleta em praticamente toda a cidade, além de tornar o carro opcional em 20 anos.
A porta-voz do departamento de planejamento urbano e meio ambiente Angelika Fritsch, afirmou ao jornal The Guardian:
“[O plano] vai ligar parques, áreas de lazer, parques infantis, jardins e cemitérios por caminhos verdes. Outras cidades, incluindo Londres, têm anéis verdes, mas a rede verde será única na cobertura de uma área da periferia para o centro da cidade. Em 15 a 20 anos você vai ser capaz de explorar a cidade exclusivamente em bicicleta e a pé.”
Planos de sustentabilidade são possíveis para governantes conscientes.
Alemanha quer proteger os dados
Em seu podcast (vídeo postado) semanal, a presidente da Alemanha, Angela Merkel, afirmou “Vamos falar com a França sobre como poderemos ter um bom nível de proteção de dados”, e acrescentou: “sobretudo, vamos falar de fornecedores que deem segurança aos nossos cidadãos, para que não tenhamos de enviar emails e outra informação para o outro lado do Atlântico”, disse sobre a vigilância dos dados.
Merkel notou que empresas como Google e Facebook têm suas operações não apenas em países com pouca proteção de dados, mas continuam ativos em outro, como a Alemanha, que tem um elevado grau de proteção de dados.
A Alemanha que já passou períodos de extrema vigilância, como no tempo do nazismo e também na ex-RDA, a parte comunista da Alemanha, há uma grande desconfiança sobre controle de dados e muita preocupação com a privacidade, e deve impor uma política de privacidade, fazendo que Google e Facebook respeitem a lei alemã.
Já na França, o gabinete de Hollande confirmou que a ideia já foi apresentada e que França concorda com ela. “É importante que tomemos juntos a iniciativa”, disse um responsável francês citado pela Deutsche Welle.
A medida tenderá a se expandir para a Europa, é melhor do que espalhar uma neurose sobre a privacidade dos dados, são os governos que devem tomar atitudes concretas de proteger seus cidadãos e não proibir ou criar desincentivos ao uso deste meio democrático.
America Latina: novos empreendedores ?
É o que diz o BBC on-line, afirmando que as riquezas naturais podem impulsionar estes países, citando: o petróleo da Venezuela, com o cobre do Chile, soja argentinos, bananas do Equador, prata mexicana, e madeira a do Brasil (sic!), e completa: “a vasta região é abençoada com uma fabulosa variedade de matérias-primas do mundo quer e precisa”.
Enquanto os países da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) gastam uma média de 2,4% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento, no Chile e no México, os únicos dois membros latino-americanos do clube, o número é de 0,4%, In other countries of the region it’s even lessmas em outros países (incluindo o Brasil) da região ainda é muito pouco.
Porém felizmente, o jornal diz que isto está mudando: this is all starting to change.
“Até recentemente, o empreendedorismo no Peru era uma questão de sobrevivência”, diz Gary Urteaga, um empresário peruano. “People started their own businesses because they couldn’t get a job. They’d sell sandwiches in the streets and wash cars. “As pessoas começaram seus próprios negócios porque eles não podiam conseguir um emprego. Eles vendiam sanduíches nas ruas e lavavam carros”, segundo ele: “Mas agora, pela primeira vez, as pessoas estão optando por ser empresários.”.
Na Colômbia, uma start-up médico chamado Keraderm ganhou financiamento do Estado para desenvolver uma nova tecnologia para enxertos de pele.
Vivek Wadhwa, um empresário de tecnologia norte-americana que foi conselheiro do governo chileno em empresas start-ups no Chile, diz: “a cultura está mudando.”
Aplicativo argentino controla preços
Um Aplicativo argentino controla os preços neste país, chamado “Precios OK” ele foi desenvolvido por dois universitários Yamila Fraiman e Alejandro Torrado e funciona lendo o código de barras do produto, depois o sistema analisa com bases em outros preços e indica se existe um aumento excessivo.
A ferramenta já está na lista dos mais baixos na Argentina, estando por exemplo entre o Candy Crushy e o Instagram, e já recebeu até elogios da Presidente Cristina Kirchner.
O governo de lá alerta a população que os preços abusivos e a crescente inflação estariam ligados só a empresários gananciosos e que estaria “sob controle”, parece um discurso já conhecido.
Os preços de carnes, remédios e muitos alimentos no Brasil parecem não estar compatível com o que diz a inflação, isto sem falar dos abusos de bancos e operadoras de serviços telefônicos.
Estamos no início das aulas seria bom também ficar de outros em mensalidades, materiais escolares e serviços agregados, como o transporte escolar e urbano.
Uma pausa para a tecnologia
Estamos navegando pela leitura de Edgar Morin sobre a emergência de uma era “planetária” de um mundo que se vê em conjunto, talvez mais unido mas respeitando sua diversidade.
Finalizou na semana passada a feira CES (Consumer Eletronics Show) em Las Vegas, onde estiveram presentes mais de150 mil pessoas, com 3.500 produtos nov os, que iam desde as TVs 4k (quatro vezes a HD alta-definição), drones (aviões teleguiados), carros inteligentes, dispositivos versáteis como máquinas de lavar roupa e outros eletrodomésticos mais inteligentes.
Uma novidade já conhecida mas que promete em 2014, são os smartwatches, relógios inteligentes alguns interessantes e discretos como o Toq, da Qualcomm, outros mais criativos e vistosos como o Galaxy Gear, da Samsung, mas o destaque para os tecnólogos foi o Nabu, da Razer, que muda o conceito de relógio e mais parece uma pulseira com diversas funções.
O outro destaque são os carros mais inteligentes, os recursos mais apreciados são os que evitam colisões durante as manobras de estacionar e sair, mas a tendência de carros sem motoristas parece ser prá valer, pois já estão em testes nas montadoras.
Depois de algum tempo sem muita novidade, os novos chips com processamento gráfico parecem decididos a migrar dos games para os tablets e PCS, a Nvidia promete trazer visuais dignos dos videogames de nova geração para tablets e smartphones. Um com 192 núcleos, o K1 emprega a tecnologia das placas de vídeo Kepler e eleva a qualidade de imagem dos jogos de aparelhos móveis para o nível dos consoles de mesa e PCs.
As TVs 4k já são a muito anunciadas e devem chegar ao mercado nacional este ano, os equipamentos iterativos 3D para games interativos também mostraram um incrível realismo (ver foto).
Uma teleparticipação planetária
Todo este processo excluiu pessoas e culturas, Edgar Morin e Anne B. Kern ao analisarem a emergência da Terra-Pátria, lembram que a invasão da China pelo Japão em 1931 foi ignorada pela europa, a “guerra do Chaco entre a Bolívia e Argentina (1932-1935) ocorreu noutro planeta” (pag. 38), e “só depois de 1950 é que a guerra da Coréia, a do Vietnam e (com a generalização da televisão) as do Médio Oriente se tornaram próximas.” (pag. 38).
É então que os acontecimentos mundiais começam a parecer que ocorrem no nosso quintal, os autores citam o assassinato de Kennedy, no Dallas, em 1963, a chegada de Sadat a Jerusalém e o seu assassínio em 1981, o atentado contra o Papa em Roma, o assassínio de Indira Gandhi e seu filho Rhajiv e o assassinato de Mohammed Boudiaf na Casa da Cultura de Anaba, e acrescentam os autores “nem que seja só durante o tempo de um flash a emoção humana brota ao ponto de levarmos nossas roupas, o nosso óbolo às organizações internacionais de ajuda às missões humanitárias” (pag. 39).
É só quando as pessoas veem é que a ajuda médica e alimentar chegam, mas quando os autores escreveram o livro (no ano 2000) diziam que ainda “sentíamo-nos planetários por flashes” (pag. 39), será que agora com os vídeos e fotos simultâneos podemos dizer o mesmo?
Os tsunamis, os furacões, as inundações parecem que ocorrem em lugares distantes nos fazem sentir mais ao lado de povos tão distantes, e nos trazem o “sentimento de pertencer à mesma comunidade de destino, agora comunidade do planeta Terra” (pag. 39)
Os autores finalizam o capítulo 1, apesar da preocupação com “convulsões agônicas” afirmam que “apesar de não haver agora uma comunidade de destino, ainda não existe consciência comum desta Schicksalgemeinschaft.” (pag. 41) (comunidades que em certas situações compartilham o destino: náufragos, pessoas presas numa mina, etc. e que agora pode tornar-se um sentimento comum a todo o planeta) e nisto incluo a noosfera, “o espirito” planetário.
Os autores analisam ainda a identidade planetária (capítulo 2) e os problemas da agonia planetária (capítulo 3), mas sou otimista creio que é possível agora que temos um espelho midiático em rede, ver de fato a cara que temos e decidir como torna-la agradável criando uma nova Pátria-Mundo: povos, culturas, biosfera e noosfera compartilhadas por todos.
Esboços de uma consciência planetária
A ameaça atômica (iniciada pelo ocidente) continua a ser um fator presente, recordemos o recente episódio do tsunami no Japão que afetou as usinas nucleares de Hiroshima, Edgar Morin e Edgar B. Kern iniciam a questão da consciência planetária, analisando esta questão em conjunto com a questão ecológica e “a entrada do Terceiro Mundo” até então apenas um joguete nas mãos da luta econômica dos países mais desenvolvidos.
“A descolonização dos anos 195-1960 fez surgir no proscênio do Globo 1,5 bilhões de seres humanos até então atirados pelo Ocidente no caixote do lixo da história” (pag. 34) e essa humanidade “inspire medo ou compaixão, suas tragédias, as suas carências, a sua massa obrigam-nos permanentemente a relativizar as nossas dificuldades euro-ocidentais … os problemas do Terceiro Mundo (demografia, alimentação, desenvolvimento) são sentidos cada vez mais como os problemas do próprio mundo” (pag. 34).
Isto fez avançar uma unidade do homem do planeta, “apesar de todos os recuos etnocêntricos” (pag. 34) o que pode ser visto nas obras antropológicas de Levi-Strauss, Malaurie, Castre, Jaulin” e dos filmes e documentários que citam vários, entre eles Derzu Uzalá, de Akira Kurosawa, que falam de modo novo das pessoas “primitivas”.
É algo novo que a cultura ocidental tenta retomar da consciência perdida no pensamento da modernidade, que vê o homem apenas como “A consciência é a percepção imediata do sujeito daquilo que se passa, dentro ou fora dele.” ou ainda, como a relação com seus instrumentos, de produção, de consumo, ou no caso da ciência, com os objetos de estudo, mas ainda não é uma consciência ainda de mundo, planetária, que veja todos e tudo com um sentido relacional e humano.
A consciência planetária, sobre o problema das guerras, os problemas econômicos e sociais, fazem crescer é prisioneira da visão centrada no sujeito, e a ecologia é a primeira tentativa de liberar a consciência de um antropocentrismo, é o que chamo de pátria-mundo, que deve ser maior que a Pátria-Terra, ainda que este percepção planetária do sujeito seja muito importante.
Economia e consumo planetários
Se pode pensar que a visibilidade mundial é apenas pela nova comunicação midiática, porém já na metade do século passada isto se fazia presente.
Mesmo antes da queda do muro de Berlim, haviam “forças de integração de mundialização e de desintegração culturais, civilizacionais, psíquicas, sociais, políticas, a própria economia mundializou-se (e fragilizou-se) cada vez mais: assim a crise econômica nascida em 1973 da penúria do petróleo sofreu diversas transformações, sem nunca recuperar-se verdadeiramente” (pag. 30 do livro Terra-Patría de Edgar Morin e Anne B. Kern), ocorre numa “dialógica mundial”.
Os autores explicam que a queda da cotação do café, por exemplo, incita os camponeses da Colômbia a cultivar coca, que alimenta as redes internacionais do tráfico da droga, assim como os aumentos do salário na Alemanha podem afetar a cotação do cacau na Costa do Marfim, e os autores apontam o “abrandamento geral da atividade econômica” das quais destaco duas:
“… d) os Estados Unidos, com falta de dinheiro, fazem subir a taxa de juro; … f) os países do Terceiro Mundo onde a taxa de juro é indexada têm de reembolsar a uma taxa mais alta; …“ (pag. 31) que são interessantes de refletir para aqueles que acham que há no Brasil e em outros países da América Latina alguma independência da economia “mundial”.
Mas o outro aspecto da planetarização, que os autores chamam de “holograma” é que “cada parte do mundo faz cada vez mais parte do mundo, também o mundo, enquanto um todo, está cada vez mais presente em cada uma das suas partes. Isso acontece não só com as nações e os povos, mas também com os indivíduos” (pag. 31).
Cita inúmeros casos “toma-se chá do Ceilão, Índia ou China, a menos que seja um café moka da Etiópia ou um arábica da América Latina … pode-se encontrar sobre sua mesa de inverno [meu caso na Itália] morangos e cerejas da Argentina ou do Chile, o feijão verde fresco do Senegal ….” (pag. 32), etc. numa mundialização dos objetos do consumo.
Assim, “para o melhor e para o pior, cada um de nós, rico ou pobre, traz em si, sem o saber, o planeta inteiro. A mundialização é ao mesmo temo evidente, subconsciente e omnipresente” (pag. 33), mas será em nossa consciência, refletimos sobre isto ?
Mudanças no pos-guerra e esperança
A análise dos autores segue, e apesar de no pós-guerra haver “esperanças imensas num mundo novo, de paz e justiça … no enfraquecimento ou na ignorância de que o exército vermelho trazia não a liberação, mas uma outra servidão e de que o colonialismo relançara a sua influência na África e na Ásia … a guerra fria começa em 1947” (pag. 29, do livro Terra-Pátria de Edgar Morin e Anne B. Kern, que estamos analisando).
“A despeito de aberturas passageiras, os antagonismos dos dois grandes sistemas mantêm a sua virulência até 1985 e exasperam-se durante a guerra do Afeganistão” (pag. 27).
Mas “o definhamento do mito do ´socialismo real´, iniciado com o relatório Kruchtchev, continuado pela repressão húngara (1957) e da Primavera de Praga (1968), o mito do socialismo chinês definha também em 1975 (o ‘complot’ de Lin Piao, o caso do Bando dos Quatro), assim como o mito do Vitename liberador (sujeição do Camboja) … o processo reformador da Perestroika, que leva a implosão do totalitarismo comunista e ao desmembramento do seu império (1987-1991), fez ruir a grande religião de salvação terrena que o século XIX tinha elaborado para suprimir a exploração do homem pelo homem … “ (pag. 28).
O período subsequente parecia demonstrar que “as leis do mercado e os princípios do mercado livre triunfam aparentemente” (pag. 28) mas “as convulsões do pós-comunismo aceleram e amplificam um formidável processo de regresso ao passado, à tradição, à religião, à etnia, nascido, um pouco por todo o mundo, da crise do futuro [que os autores retornam no capítulo 3 e que fizemos neste blog uma relação com a tecnologia no texto de Alvin Tofler] e dos sobressaltos de identidade contra a homogeneidade.” (pag. 29)
Embora a análise possa parecer caótica, e é no sentido de complexa, há uma perspectiva de unidade na diversidade no ambiente do planeta-mundo que constroem nesta análise e a queda do muro de Berlim ainda é um ícone forte de outros “muros” que ainda devem cair.