Arquivo para a ‘Economia’ Categoria
Os ativistas e a qualidade do ensino
Entre os jovens é grande além da preocupação com o mercado de trabalho, veja o post anterior, também a qualidade do ensino e os níveis de desigualdade continuam sendo uma grande preocupação e ativistas estão protestando.
Embora o acesso tenha melhorado (o FIES também começa a ter problemas), e a desigualdade tenha caído entre os níveis de renda e os negros, as diferenças ainda são muito preocupantes e mostram uma sociedade com muita dificuldade de inclusão.
Os números mostram que embora o acesso tenha subido de 7% a 18% no Brasil, número que é muito pequeno mesmo olhando países da América Latina, os 20% de menor renda subiram apenas de 1% para 4%, e cresceu mais entre os 20% de maior renda, já o número de brancos cresceu de 11% para 26%, enquanto negros de 3% para 11%, o crescimento é razoável, porém o item qualidade é que preocupa mais.
Olhando a meta desejável para o nível médio, que prepara para a universidade, o desempenho nas escolas públicas fica longe da meta em disciplinas básicas como a língua portuguesa e a matemática, onde o nível da escola pública é muito crítico, isto implicará em piores colocações no mercado de trabalho, onde a qualidade de alguma forma será medida no desempenho.
O Brasil tem 5,3 milhões de jovem ainda no “nem-nem”, não estudam nem trabalham, e na América Latina são 6,3 milhões de jovens nesta situação, significa que somos os recordistas e contribuímos para a maior parcela dos nem-nem.
Os dados são de 2011, mas de lá para cá a crise já estava em andamento, agora apareceu.
O ativismo e a crise econômica
Mesmo considerado que os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas do Ministério da Educação) possam estar exagerados, os dados dizem que os jovens entre 18 e 24 anos, que cursavam o nível superior eram de 15%, em 2002, e devem ter passado para 29,9%, segundo dados oficiais, em 2011, e devem estar chegando a de fato a 30% somente agora em 2015.
Ainda que o nível da qualidade de ensino deva ser questionada, o fato é que quem lê mais, deve entender melhor a realidade e tende a ser mais crítico, mas a maioria dos que enaltecem estes dados esquecem o papel politizador das redes sociais.
Os ativistas estão ai protestando e isto independe da classe social, no caso jovem.
O outro motivo esquecido é a crise econômica, ignorada pelos dados oficiais até o ano passado, não pode agora ser ignorado, o crescimento que chegou a ser até comemorado de 7% cresceu na esteira da gastança e do crédito fácil, agora não deve ultrapassar a 1% e pode continuar assim pelos próximos anos.
Assim o fato que houve com o “crescimento” a possibilidade de melhoria rápida no padrão de vida dos brasileiros, sobretudo os mais jovens, isto torna-se frustrante quando os níveis de desemprego chegam a taxas de 12,4%, que é o triplo entre os mais velhos, assim a sociedade exclui jovens e velhos acima de 50 anos.
Os dados mostram que o crescimento se deu em cursos “presenciais e a distância” e embora a campanha oficial fale do crescimento das escolas públicas, nos números (dados da revista Epoca) não indicam que este crescimento seja expressivo, falta analisar a qualidade e quem são os ingressantes, isto é, se está havendo inclusão, isto fica para amanhã.
Eclipse da razão, indivíduo e humanismo
O homem pode pela primeira vez na sua história assistir de maneira consciente e intencional uma mudança de época, assim como se tivéssemos a consciência de hoje mas assistíssemos o final da idade média, agora não com a razão.
O que é a razão, um dos escritos mais brilhantes é de Max Horkheimer “Eclipse da Razão” li-o em um exílio voluntário, num período para uma reflexão sobre nossos objetivos, afetos e apegos, li naquela época: “repetidas vezes, quando a raça cultura urbana atingiu seu cume, como, por exemplo, em Florença no século XV, realizou-se um equilíbrio semelhante ao das forças psicológicas” (Horkheimer, 2002, p. 136).
É por esta questão social, e não individual, que tantas pessoas estão em busca de uma força salvadora, de manuais de autoajudas, de doutrinas que sejam de alguma forma algo que aponte para o equilíbrio, mas não encontrarão no individual e apenas em alguns grupos.
O indivíduo sujeito ao estado, dotado de poderes quase divinos sobre o indivíduo do qual deveria ser seu protetor, é seu espoliador e não consegue sustentar seus direitos mínimos, de saúde, de educação e sobretudo de paz.
Acusar este indivíduo de individualismo, é tomar a parte pelo todo, este indivíduo desprotegido e isolado vê-se obrigado a buscar refúgios para subsistência e vida digna e o individualismo daí decorrente é efeito e não causa da “eclipse” que a sociedade vive.
O eclipse da razão provém também do ser em pedaços: ser social, ser individual e ser espiritual, a fragmentação dos saberes também e fragmenta o homem em partes, esquecendo –se de sua unidade de Ser projetado ao infinito, como ser essencial, e mutável e finito apenas na aparência daquilo que se transforma no acordo das necessidade contextuais e provisórias, mas são para as necessidades essenciais que fomos projetados: sociabilidade, amor e paz.
Trocamos o essencial pelo emergencial, trocamos as estruturas e entes pelo Ser, e nele o indivíduo perece e pena por uma existência sempre sujeita ao “eclipse” de um fim de época.
Explorer vai acabar
Em 1990 nascia o WWW (World Wide Web), logo depois, em 1994, o Mosaic o primeiro a incorporar textos e imagens numa mesma pagina feito por estudantes do Centro Nacional de Aplicações de Supercomputação (NCSA), e só mais tarde nascia o software proprietário (pago) feito pela Microsoft, o Explorer.
No ano seguinte em outubro de 1994, um artigo na revista Wired apontava o surgimento do navegador como o responsável por tornar o mundo online em um “vasto universo”, esta escrito na revista on-line “Você pode entrar a qualquer momento e começar a vagar, sem endereços de internet ou comandos de teclado”.
O explorer nasceria de uma versão do Mosaic feita pela empresa Spyglass, que licenciou a sua tecnologia mas não o código fonte, isto é, não é open-source, código aberto.
O primeiro navegador pago foi o Netscape Navigator, o principal produto da Netscape Communications Corporation e só em 1995 é que ele lançou uma versão gráfica, chamada Netscape Gold, o navegador então dominou em termos de quota de utilização, mas não teve grande sobrevida, em 2002 tinha praticamente desaparecido.
Enfrentando grandes problemas com o mercado o Explorer continuou lançando versões, muitas vezes com problemas, inclusive tiveram problemas legais acusado de tentativas de monopolização do mercado, que por este motivo teve que incorporar alguns recursos da linguagem Java que era open-source.
Sua estreia em 16 de agosto de 1995, uma versão reformulada do Spyglass Mosaic conta-se que a equipe era de 6 pessoas no início do desenvolvimento, seis meses depois veio o Windows NT, e as versões não pararam mais, recentemente chegou a versão Explorer 9.
O Windows 9 foi lançado em versão beta com completo suporte para CSS 3 e outras propriedades, mas a empresa já anunciou o fim deste versionamento
Policrise e a custódia do planeta
Curiosamente o termo crise vem de Hipócrates, médico da antiguidade clássica, que identificava com este nome a possibilidade de uma doença, podendo ter uma sentido favorável ou não, assim são muitas vacinas de hoje em dia, mas é preciso diagnosticar a doença ou o perigo dela, qual é a doença do planeta neste momento ?
Encontro em Edgar Morin as melhores respostas e os melhores diagnósticos, além da única saída que me parece viável: Por uma governança mundial de destino comum, escreve ele num livro que é um apelo a ONU: O mundo não tem mais tempo a perder: Apelo por uma governança mundial solidária e responsável, no qual escrevem mais 6 grandes pensadores: Michel Rocard, Stephane Hessel, P. Sloterdijk, B. Myiet, Michael Doyle e outros.
Mas como Morin vê a crise, explica ele próprio: “A crise não é o contrário do desenvolvimento, mas a própria forma deste” escreveu ele nas entrevistas de Djénane Kareh Tager, publicado pela editora Bertrand Brasil em 2010.
Morin já havia escrito em 1995 sobre a questão do desenvolvimento afirmava ele: “O desenvolvimento tem dois aspectos. Por um lado, é o mito global em que as sociedades industriais atingem o bem-estar, reduzem as suas desigualdades extremas e proporcionam aos indivíduos o máximo de felicidade que uma sociedade pode dispensar. Por outro lado, é uma concepção redutora, em que o crescimento econômico é o motor necessário e suficiente de todos os desenvolvimentos sociais, psíquicos e morais. Essa concepção técnico-econômica ignora os problemas humanos da identidade, da comunidade, da solidariedade e da cultura.” escreveu ele em Introdução ao Pensamento Complexo.
Em seu livro A minha esquerda, que questiona os paradigmas ideológicos ainda em moda aqui nos nossos “tristes trópicos”, encontro uma ideia fundamental para sua policrise na página 16: “Uma componente invisível da policrise é a crise do pensamento”, Morin chama de policrise as crises interdependentes: da economia, da civilização ocidental, das civilizações tradicionais, do desenvolvimento, estamos tratando com placebos o câncer de uma sociedade em decadência.
É preciso repensar o pensamento, ser capaz de mexer de modo profundo nas estruturas, deixar de ignorar as multidões, e mundializar a crise aí, justamente aí está o sentido possível desta crise, creio como Morin: “favorecer as cooperações econômicas, sociais, culturais, tudo o que caminha no sentido da unidade solidária da humanidade”, o resto é torcida de futebol.
Wikipedia processa NSA
Segundo o jornal britânico The Guardian, a enciclopédia digital Wikipedia diz que o NSA está violando a constituição americana em sua primeira emenda, que protege a liberdade de expressão e junto com a quarta emenda, que garante que não seja feita nenhuma busca e apreensão sem motivo, o programa chamado Upstream (subir um arquivo em algum site ou servidor) estaria capturando informações de estrangeiros de países no exterior.
Lila Tretikov, diretora executiva do Wikimedia, através do blog da instituição afirmou: “Ao grampear o backbone da internet (interconexão da rede), a NSA está esticando o backbone da democracia”, fazendo a analogia para dizer que a democracia está sendo afetada.
O NSA (National Security Agency) é um organismo ligado a Inteligência Americana, há brincadeiras com o nome da agência, em inglês Never Say Anything (nunca diga alguma coisa) ou em português “Ninguém Sabe dessa Agência”.
O post afirma também que a NSA excedeu as práticas garantidas pelo Ato de Vigilância da Inteligência Estrangeira, que o Congresso americano aprovou em 2008 para garantir a segurança interna dos EUA.
Além do Wikipedia, outras oito instituições participaram do protesto, entre elas o Human Rights Watch e a Anistia Internacional.
Dia internacional da mulher e violência
Dia 08 de março é dia internacional da mulher, e os números e dados em todo o planeta e em especial no Brasil ainda são alarmantes.
Ainda há uma grande desigualdade de gênero, em valores econômicos, sociais e políticos.
Os números no Brasil, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), de violência contra a mulher em domicílios diminuiu em 10%, mas os dados são contraditórios, pois há outros estudos mostrando que no geral a violência contra a mulher cresceu, isto pode indicar que a lei seja eficaz apenas pontualmente.
A efetividade da Lei Maria da Penha (LMP), criada em 2006, mostra que o foco não é a violência com morte, pois a pesquisa teve como pressuposto de que a violência doméstica ocorre em ciclos, e há um acirramento não da agressividade envolvida em parentes, porém este mascaramento dos dados é ruim para a própria efetividade em geral da lei.
Segundo dados apresentados no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), no dia 19/02, através da Comissão Permanente de Acesso à Justiça e Cidadania e do Departamento de Pesquisas Judiciárias, 92 mil mulheres foram assassinadas no mundo nos últimos 30 anos, porém desse número 43,7 mil foram mortas na última década, é evidente o crescimento.
Desde a criação da Lei Maria da Penha até o ano 2012, foram criadas 6612 varas ou juizados exclusivos para o processamento e julgamento das ações decorrentes da prática de violências contra as mulheres, o estudo diz que precisariam de mais 54 varas em cidades de grande população no interior do país.
O relatório pede também a melhoria na espacialização das unidades judiciárias no Brasil, considerando-se critérios demográficos, urbanos e sociais.
Europa aposta em 5G para avançar
A Europa que nos anos 90 era líder na segunda geração da tecnologia GSM, os antigos celulares tijolões (ao lado), ficou atrasada em relação as redes 4G de serviços de banda larga, em relação aos Estados Unidos e países do Oriente como Japão e Coréia do Sul.
Em um painel durante a feira MWC (veja o post do dia 03 de março), Guenther Oettinger da comissão da EU para a Sociedade e Economia Digital afirmou; “Com o 5G, a Europa tem uma grande oportunidade de reinventar o cenário de sua indústria de telecomunicações”, indicando uma retomada de crescimento que é estratégica para a economia em geral.
As operadoras na região, incluindo a britânica Vodafone e a espanhola Telefónica, foram lentas na implantação do 4G enquanto que o Japão, Coreia do Sul e EUA foram rápidas quando em comparação com outras economias avançadas.
Os reguladores europeus não querem repetir os erros do passado e buscam de novo estarem na vanguarda do desenvolvimento das normas para 5G, que promete download de vídeo muito mais rápido, cobertura de rede mais densa e a possibilidade de conectar bilhões de objetos eletrônicos para criar “Internet das coisas”.
Aqui no Brasil, só os preços continuam altos, mas os avanços mais atrasados ainda, nem a 4G funciona direito ainda, e as áreas de coberturas, embora no plano sejam amplas, na prática tem grandes áreas cinzentas de funcionamento.
Empresas corruptas continuam atuando
Muitas empresas, já denunciadas na operação Lava Jato, continuam atuantes e pedem novos empréstimos ao BNDES, que ofereceu no passado juros baixos a estas empresas, entre elas destacam-se a Sete Brasil, criada em 2011, para mandar construir e afretar para a Petrobrás, 28 sondas para exploração do pré-sal, e que já vinha enfrentando vários problemas detectados pelo setor financeiro, tendo 8 membros da família Queiroz Galvão nas denúncias do Swiss Leaks (ao lado).
Um ex-diretor da companhia e ex-gerente executivo da Petrobrás, Pedro Barusco Filho, aceitou uma delação premiada, porém a liberação de crédito agora é questão de sobrevivência da empresa, que não existia antes de 2011 e, portanto foi “criada” a partir dos financiamento do governo.
Outro caso curioso é do Grupo Galvão, cujos nomes aparecem no HSBC da Suiça, ela ganhou a concessão da BR-153, entre Goiás e Tocantins, em leilão realizado em maio passado, não se sabe como foi feita a licitação, já que a delação de Pedro Barusco corre em segredo de justiça e dificilmente deverá vir a público, pois seria um “vazamento”.
Ela pede um financiamento de R$ 2,66 bilhões ao BNDES, ou pelo menos um crédito de curto prazo chamado de empréstimo-ponto, como é praxe nesse tipo de operação, é liberado na frente, enquanto o empréstimo total é analisado.
A construtora Galvão Engenharia, ameaçou o governo em carta enviada no início de fevereiro para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a concessionária Galvão BR-153diz que se o empréstimo-ponte não seja liberado até a próxima semana, será obrigada a interromper as obras e demitir operários.
O Grupo Galvão informou que “aguarda liberação de linhas de crédito previstas em edital para dar sequência aos serviços”, as empresas no HSBC são todas nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal, que tem uma população perto de 23 mil pessoas.
O BNDES não comentou o caso da Galvão nem dos demais projetos, a lista dos políticos do Lava Jato chega hoje ao congresso, alguém vai ser preso ?
Números e mais lava Jato
A operação Lava Jato, que desvendou uma verdadeira hidra da corrupção na Petrobrás começa a chegar aos políticos e a partir daí poderá começar a enfrentar entraves, mas o que já foi feito, que dinheiro foi recuperado ?
Conforme notícias do Ministério Público Federal, não é apenas o juiz Sergio Moro que começa a sofrer ataques políticos, divulga em seu site oficial que a Operação Lava Jato já constatou um desvio de R$ 2,1 bilhões da Petrobrás.
Ao todos são 232 empresas e 150 pessoas sob investigação, 12 acordos de delação premiada foram firmados e 18 acusações criminais contra 86 pessoas, algumas ligadas a políticos, mas nenhum político pode nominalmente ser citado por causa do foro especial.
Segundo Paulo Roberto Costa, 60% da propina ia para políticos e 20% eram repartidos entre ele e o operador do esquema, o restante era para cobrir eventuais custos operacionais: viagens, estadias e demais despesas, tudo muito “profissional”.
Haveria uma lista de políticos que seria entregue ao público nesta semana, quem são eles, a influencia política e os braços do governo se empenham para ocultar esses dados.
Enquanto isto, mais ramificações são feitas nesta semana pelo interior do país, aguardem !