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Pertencimento, inclusão e inocência
A questão levantada por Michael Sandel transcendente os limites do direito, da vida e da própria ontologia, são estes os argumentos que justificam a morte de um inocente, a violência e por fim a guerra, enquanto o argumento de um simples espectador que lembra que alguém vai morrer e pode ser doador dos órgãos livremente e por uma morte natural.
O pertencimento também podem ser argumento tanto para a morte de um inocente, quanto a recusa dela, não são poucos os casos numa guerra em que por algum motivo alguém que poderia matar um “inimigo” em alguma situação inusitada se recusa a fazê-lo.
O aspecto do contrato social onde o estado tem o “monopólio” da violência, assim é justo matar para defesa da sociedade, é justo até mesmo usar de requintes de crueldade (como a tortura por exemplo) para obter informações e combater o “mal” do grupo oposto também é questionável.
O fato que não abandonamos tais métodos e princípios é o mais grave testemunho do pequeno avanço que socialmente ainda caminhamos no processo civilizatório, o fato que retornamos aos poucos aos graves períodos da guerra fria indica que estamos ainda em compasso de espera.
Quantos inocentes e civis que pouco ou nada tem de apoio a determinadas guerras, como a menina russa que fez um inocente desenho sobre a guerra, mostra que ao lado da perversidade de lutas imperiais e processos colonizadores estão longe de terem sido banidos da civilização.
Porém o que significa a morte de um inocente, qual o significado ontológico e teológico deste símbolo, o cordeiro que Abrão imolou no lugar do filho que seria imolado, lembremos que há três grandes religiões abramicas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, o que significa
Com certeza está longe da lógica do direito, longe da lógica racional, significa que só a inocência e o pacifismo podem contribuir num verdadeiro processo civilizatório que dignifique o homem, quantos inocentes ainda precisarão morrer?
A semana Pascal que se inicia no próximo domingo embora seja festa cristã pode e deve levar a humanidade a refletir sobre a verdadeira paixão civilizatória, que apesar de todo sofrimento humano causado por guerras e injustiças podem sonhar com uma nova civilização.
A justiça política e a inocência
A moral do estado foi desenvolvida junto com a concepção contratualista histórica através de Thomas Hobbes (1588-1679) em especial no seu Leviatã, John Locke (1632-1704), fundador do empirismo e Jean Jacques Rousseau (1712-1778), para ele o homem nasce bom e a sociedade o corrompe.
No contrato social os direitos individuais são transferidos ao poder estatal por um contrato e assim pode-se afirmar que é a raiz do princípio in dubio pro societate (na dúvida defende-se a sociedade), não há presunção da inocência.
A transferência de poderes para o estado transfere também o fim da inocência que implica não permitir o desenvolvimento emocional da criança e do adolescente em ambiente familiar, e assim a discussão da idade penal passa a fazer sentido, e todo conceito de justiça torna-se político.
O desenvolvimento contemporâneo do contratualismo está no filósofo John Rawls (1921-2002) para o qual não é possível uma concepção metafísica da moral, ele desenvolve o conceito de “justiça como equidade (justice as fairness) apresentado em seu livro “Uma teoria da Justiça”.
John Rawls influenciou profundamente o pensamento de Michael Sandel que é um dos pensadores atuais mais influentes na cultura de justiça do ocidente e assim herdeiro do contratualismo, e ambos são herdeiros da concepção kantiana de moral.
Um dos raros autores a analisar esta posição foi Paul Ricoeur (1913-20050 em seu livro O Justo (Vol. I), dedicando boa parte do texto a análise de John Rawls e desenvolvendo a ideia do direito em sua posição peculiar, um meio caminho entre a moral e a política, sem a qual ela é utilitária e não por acaso sofreu profunda influência do pensamento utilitarista de John Stuart Mill (1806-1873).
Não é possível equidade sem relação humana pessoal, afirmou Ricoeur: “A virtude da justiça se estabelece com base numa relação de distância com o outro, tão originária quanto à relação de proximidade com outrem ofertado em seu rosto e em sua voz” e isto não é exato nem pragmático.
RAWLS, John. Uma teoria da justiça. Tradução Almiro Pisetta e Lenita M. R. Esteves. São Paulo: Martins Fontes, 1997
RICOEUR, P. Le Juste 1. Paris : Éditions Esprit, 1995.
SANDEL, M.J. Como fazer a coisa certa. São Paulo: Civilização Brasileira, 2013.
Inocência e direito
Em outra postagem já traçamos diferenças entre inocência, ingenuidade e ignorância, a primeira que é algo que desconhecemos, entretanto percebemos o mal (ou bem) que há no ato, a ingenuidade é quando desconhecemos o efeito de um ato que pode provocar e a ignorância é quando desconhecemos que existe um mal em um ato praticado.
Tratamos em um post feito a algum tempo esta situação, e no post anterior sobre a guerra atual.
A violência é o mal praticado com intencionalidade, e neste caso vai além de um dolo e em geral é vitima de algum ódio, vingança ou mero destempero, há na violência sempre algo de ignorância.
Alguns autores trataram isto filosoficamente e aí há quem veja na inocência um “perigo” no qual seria possível alguma adesão a algum mal praticado, Nietzsche via desta forma, porém para autores atuais isto é visto a partir da ideia jurídica de presunção da inocência, in dubio pro reo (na dúvida, em favor ao réu).
O pensamento que se opõe a este é o in dubio pro societate, neste caso o promotor de algum ato ilícito deve oferecer denuncia em favor da sociedade, os argumentos contrários estão na decisão dos valores da dignidade e direito a liberdade, e aqui está a presunção da inocência.
Para idealistas como Kant, o indivíduo é dotado de razão e dignidade, assim realizar uma ação por um motivo exterior às suas causas e não por ser o certo a se fazer e isto vai a favor da liberdade.
Por isto Bauman vai discutir a mixofobia, isto é, o desejo de opor-se aos diferentes, estranhos ou as minorias, quanto mais o mundo se torna global e plural isto deve aparecer em doses maiores.
Na visão de Bauman isto estaria aumentando o medo nas cidades, se vivesse estes tempos de pandemia e polarização talvez percebesse com maior clareza que há um problema de base maior, aquele que vem de culturas e ambientes onde é incentivado o desejo de isolar-se do diferente.
Um dos maiores conferenciais neste tema, reúne grandes públicos em suas palestras é Michael Sandel, veremos depois, porém Freud de certa forma antecipou isto no Mal estar da civilização: “Uma satisfação irrestrita de todas as necessidades apresenta-se como método mais tentador de conduzir nossas vidas, isso porem, significa colocar o gozo antes da cautela, arrecadando logo seu próprio castigo.”
Vive-se sobe riscos globais, nela tudo pode transformar-se em situações explosivas e violentas.
BAUMAN, Zygmunt. Confiança e medo na cidade. Tradução por Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D’Água, 2006.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Traduzido do alemão por Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986
SANDEL, Michael. Justiça: O que é fazer a coisa certa. 17 ed. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2015.
A guerra e a inocência
Há inúmeras razões políticas, econômicas, históricas e até religiosas para se iniciar um conflito, porém isto não está na ótica do pensamento inocente de uma criança que sonha um mundo sem conflitos de paz e de dignidade humana para todos.
O desenho de uma criança, omitimos o nome e a situação de polícia que envolveu o caso depois, é um olhar generoso e inocente sobre o mundo, e reforça a ideia que existe sentimento sincero de amizade e fraternidade ainda presente na humanidade.
A situação do conflito se agrava, com a ameaça russa de enviar armas “estratégicas” nucleares para a Belarus, país aliado da russa, no campo de batalha a Ucrânia “estabilizou” a situação em Bahkmut, o front mais violento da guerra e onde estavam as forças dos mercenários do grupo Wagner.
A possibilidade de um terceiro bloco de negociações com a Rússia, anunciado pela China cujo presidente fez uma recente visita a China e esperava a visita do governo brasileiro, entretanto o presidente apresentou um quadro de pneumonia e influenza e adiou a visita.
São mais próximos ideologicamente da Rússia, porém este terceiro bloco tem isto com um trunfo já que é visível que Putin não dá ouvidos a OTAN, nem a ONU, veja a condenação de Haia sobre a extradição de crianças ucranianas para a Rússia, que o condenou a prisão.
O quadro é delicado e exige cautela e esforço para uma possível negociação de paz, as pessoas que olham com generosidade a humanidade não podem ver o mundo diferente, não devem buscar justificativas e pressupostos para a guerra, devem ter o olhar generoso de uma criança.
A vida examinada no amor
Podemos examinar que uma vida examinada seja segundo os grandes feitos, nomes que ficaram na história, as recentes revisões mostram que não é bem assim, também tiranos, colonizadores e Pessoas não tão honestas podem ter glórias terrenas, mas passageiras.
A vida examinada segundo Sócrates, e também o pressuposto de Kurosawa em seu filme Viver é sobre aquilo que se construiu por amor aos outros, e isto torna uma vida “bem vivida”, por isto Sócrates vai inspirar a criação da polis grega, uma sociedade a serviço de todos cidadãos, ainda que o conceito de cidadania fosse restrito.
Sempre se pode olhar a volta e perceber algo de bom e justo que se pode fazer, muitos homens fizeram pequenos ou grandes feitos para o bem público sem que tenham recebido qualquer reconhecimento, o velho que morre no parque que ajudou a construir no filme de Kurosawa está feliz mesmo diante da morte.
Chamo a este tipo de clareira de iluminação das consciências, não pode ser feita de aparências e nem de subterfúgios, deve ser feita diante do espelho e da própria consciência, o fenômeno que acredito ser possível, quiçá um dia para toda a humanidade (se é que não é feito na hora da morte), tornaria os homens melhores porque perderiam as máscaras de suas narrativas.
Há dois Lázaros na Bíblia que são infortúnios, o miserável que fica na porta da casa de um rico, que fica a porta a espera de esmola e das sobras, e Lazaro amigo de Jesus, que mesmo sabendo de sua morte só vai visita-lo 4 dias depois e o ressuscita, não o faz por compaixão apenas, também o faz por uma atitude pedagógica, depois do feito alguns judeus acreditaram nele por tamanho feito.
Diz a Leitura de Jo 11, 41-42: “Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: ´pai, eu te dou graças porque me ouviste. Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste”.
O texto diz que Jesus chorou, assim o amor evangélico não é desprovido de sentimento, como também não é puro sentimento, há uma razão para crer: acreditar que o amor dá dignidade a vida humana.
A próxima estratégia pode ser decisiva
Enquanto as batalhas de Bakhmut seguem sangrentas, aparentemente nem Rússia nem Ucrânia a consideram mais vitais, para a Ucrânia é um empasse a espera de armas do Ocidente: tanques, jatos e mais munições, para a Rússia um despiste que custou muitas vidas, em especial de mercenários do chamado “comando Wagner”, que critica a Rússia por isto.
Para reforçar isto Putin visitou Mariupol e a Criméia, posições de retaguarda russa, em pontos já conquistados em outras batalhas, com uma segurança extrema, mas para garantir a moral da tropa e a própria, uma vez que foi condenado junto a sua comissária Maria Alekseyevna Lvova-Belov por terem levado 6 mil crianças ucranianas para “reeducação” na Rússia.
Com a condenação ambos poderiam ser presos, porém é improvável que venham ao Ocidente.
A nova estratégia esperada pelos ucranianos é uma invasão ao norte pela Belarus, porém seu exército é pequeno e só teria efeito se apoiado por forças russas, os russos por sua vez gostariam de consolidar as posições em Donetsk e Mariupol, ganhando uma faixa do território da Ucrânia.
China e Belarus continua a afirmar “extremo interesse” na paz e fim das hostilidades, uma vez que perdem muito comercialmente com a guerra, mas certamente apoiarão as conquistas russas.
O evento de intercepção de um drone americano no Mar Negro por um caça russo também causou forte tensão, a escalada da “primavera” na Ucrânia está prevista pelo envio de mais armas.
Sempre há algum alento para a paz, porém desde o início da guerra o cenário apenas evoluiu no caminho oposto, há uma suspensão de folego sobre as novas estratégias de guerra.
Sobre a lucidez
Já postamos sobre a cegueira, em alguns ensaios (sobre o ensaio de José Saramago que virou filme do brasileiro Fernando Meirelles em 2008) e também fizemos relação com A peste de Albert Camus, fazendo uma relação com a guerra, 3 coisas relacionadas e analisadas foram de nosso tempo (a Pandemia, a cegueira da visão na Pandemia e a Guerra), também postamos a semana passada sobre a clareira.
Agora fazemos o movimento inverso, analisemos a lucidez e o que ela significa na história da humanidade, partindo novamente de Saramago olhemos seu Ensaio sobre a Lucidez, isto porque ele faz um jogo interessante para nosso desenvolvimento aqui, uma alegoria entre claro e escuro.
É importante esta relação porque Saramago recupera elementos do primeiro ensaio da cegueira (a cor branca como símbolo, por exemplo, as personagens e a epidemia de gueira) pode-se dizer que é um prolongamento da primeira narrativa.
A lucidez fala de uma eleição onde dois partidos ficaram com apenas cerca de 8% dos votos, com uma expressiva votação em branco, ao contrário de muitos argumentos sobre esta possível despolitização, Saramago faz um contraponto curioso, ele não viveu a polarização atual:
“… é porque aqueles votos em branco, que vieram desferir um golpe brutal contra anormalidade democrática em que decorria a nossa vida pessoal e colectiva, não caíram das nuvens nem subiram das entranhas da terra, estiveram no bolso de oitenta e três em cada cem eleitores desta cidade, os quais, por sua própria, mas não patriótica mão, os despuseram nas urnas.”
Resolve-se fazer uma pesquisa, mas os 83% não se manifestaram até que uma pessoa resolve enviar uma carta aos líderes, e foi esta carta que deu rumo novo a investigação e por mais resistência que houvesse, o governo não cederia tão fácil, pode-se perceber onde está o problema.
Essa leitura às avessas do nosso cenário político, que não é muito diferente dos EUA e Itália, só para dar dois exemplos, é muito interessante para se compreender a lucidez política, que parece andar na contramão na política contemporânea.
SARAMAGO, J. “Ensaio sobre a lucidez”. Ed.: Companhia das Letras, 2004.
Clareira: método e contestação
É através da fenomenologia que é possível retomar a positividade do ente em relação à única transcendentalidade possível, onde a coisa se abre na dimensão do transcendental aquela que no post da semana passada desenvolvemos e que de certa forma é oposta ao transcendente de Kant, que vai em direção ao conhecimento do objeto e por isto se confunde com a subjetividade.
Na fenomenologia há uma consciência intencional em seu “a priori”, tomado de forma parecida ao subjetivo (próprio do sujeito), porém a consciência como fenômeno deixa transparecer o que está encoberto, o que os gregos chamavam de “alétheia”, porém naquele momento a ciência e toda a consciência dela era inicial.
Na experiência fenomenal da clareira (lichtung) ocorre a verdade do ser que se doa com uma espécie de “arqui-fenômeno” (Ereignis), esta é a coisa mesma da fenomenologia, onde está a sua intencionalidade, mas também esta permanece oculta.
Se fazemos um vazio na consciência de forma fenomenal (o époche fenomenológico), nos abrimos a nossa verdade podemos entrar numa clareia antes mesmo de uma evento externo nos aclarar, esta é a razão do humanismo tanto em Heidegger como em Sloterdijk estarem presos ao histórico, presos a nossa cosmovisão limitada.
Foi Hans Georg Gadamer que desenvolveu “A questão da consciência histórica” em sua contestação da verdade histórica romântica que é uma quase-determinismo defendido por muitas variantes do pensamento de esquerda (Marx não a defendia), porém há a questão do “tempo natural” em oposição ao “tempo humano”, uma autopercepção da própria consciência.
O método do círculo hermenêutico é uma forma de romper esta concepção de consciência apenas “temporal”, porém se esbarra no que deve ser o “além do humano”, envolto de mistério e vícios de interpretação histórica.
Diz Rüsen (2011) que há um tipo de consciência histórica feita por meio da “transformação intelectual do tempo natural em tempo humano”, entendendo o tempo natural como eventos contingentes e tempo humano como representações humanas da própria vida.
Poucos conseguem ver nas próprias representações falseamentos da verdade, interpretações e sentimentos reprimidos que não “clareiam” a consciência, isto visto num panorama civilizatório transforma conceitos autoritários, desumanos e destrutivos em obscurecencia da consciência, para não usar novamente a alethéia grega.
RÜSEN, Jörn. Razão histórica: teoria da história: os fundamentos da ciência histórica. Tradução Estevão de Rezende Martins. Brasília, DF: Universidade de Brasília, 2001.
Guerra e o fim do inverno
A estratégia russa era “congelar” os ucranianos e seus aliados da Europa no inverno, assim não só limitou o envio de gás como também bombardeou várias fontes energéticas na Ucrânia, com a Europa estoca gás antes e sabendo da estratégia russa, foi buscar gás natural em outras fontes, como na África, e agora estamos no fim do inverno lá (e verão aqui no hemisfério sul).
Uma possível tática de guerra agora seria uso de armas biológicas, já há denuncias que isto tenha ocorrido na Ucrânia, elas são proibidas por acordos internacionais, porém um confronto direto com a Otan traria um desgaste enorme além da possibilidade de uma catástrofe nuclear.
A votação e a intervenção do Brasil para a paz tiveram reação negativa na Rússia, que já alertou o Brasil para uma posição de confronto, o Brasil foi o único país a votar contra a intervenção russa na ultima votação que aumentou a rejeição a intervenção russa, não há outro nome para o fato.
O final do inverno trás um período de grandes alagamentos e terrenos movediços e o avanço de forças terrestres não é possível, os jovens recrutados para a guerra na Rússia não tem habilidades para armamentos pesados e aviação em sua grande maioria.
Qual o caminho para a paz no momento, o Brasil tenta formar um bloco “neutro” que dialogue com os dois lados, porém a OTAN é parte fundamental da guerra na Ucrânia e aí está a dificuldade.
O jornal alemão Der Spiegel afirmou que a chefe da Comissão Européia, Ursula von der Leyen disse que o tempo de paz acabou na Europa, é uma declaração grave, que veio em resposta as ameaças russas, também já há um movimento visível (tenho conhecimento de alguns casos) de serviços que podem ser feitos home office estarem se deslocando para fora da Europa.
No caso de uma guerra biológica, claro esperamos que jamais chegue a este ponto, a evacuação de muitos serviços seria inevitável e um clima totalmente bélico se instalaria no continente.
Esperamos e sempre acreditamos que a paz possível, e os homens desejarem.
A narrativa eletrônica
A rápida evolução da Inteligência Artificial, depois de uma séria crise até o final do milênio, trás no cenário da divulgação científica e às vezes até mesmo na própria investigação científica, tanto um aspecto mistificador que a vê além das possibilidades reais ou aquém do que é capaz.
Por isso apontamos no post anterior a evolução real e sofisticação dos algoritmos de Machine Learning e o crescimento da tecnologia de Deep Learning, esta é a evolução rápida atual, a evolução dos assistentes eletrônicos (já estão no mercado vários deles como o Siri e a Alexa) é ainda limitada e comentamos num post sobre a máquina LaMBDA que teria capacidade “senciente”.
Senciente é diferente de consciência, porque é a capacidade dos seres de perceberem sensações e sentimentos através dos sentidos, isto significaria no caso das máquinas terem algo “subjetivo” (já falamos da limitação do termo e sua diferença da alma), embora elas sejam capazes de narrativas.
Esta narrativa or mais complexa que seja é uma narrativa eletrônica, um algorítmica, com a interação de homem e máquina através de um “deep learning” é possível que ela confunda e até mesmo surpreenda o ser humano com narrativas e elaborações de falas, porem dependerá sempre das narrativas humanas das quais são alimentadas e criam uma narrativa eletrônica.
Cito um exemplo do chatGPT que empolga o discurso mistificador e cria um alarme no discurso tecnófobo e cria especulações até mesmo sobre os limites transumanos da máquina.
Uma lista de filmes considerados extraordinários, exemplifica o limite da narrativa eletrônica, devido a sua alimentação humana, a lista dava os seguintes filmes: “Cidadão Kane” (1941), “O Poderoso Chefão” (1972), “De Volta para o Futuro” (1985), “Casablanca” (1942), “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968), “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel” (2001), “Um Sonho de Liberdade” (1994), “Psicose” (1960), “Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca” (1980) e “Pulp Fiction” (1994).
Nenhuma menção do japonês Akira Kurosawa, do alemão Werner Herzog ou do italiano Frederico Felini, só para citar alguns, sobre ficção não deixaria fora da lista Blade Runner – o caçador de androides, bem conectado as tecnologias do “open AI” ou o histórico Metrópolis (de 1927 do austríaco Fritz Lang).
A narrativa eletrônica tem a limitação daquilo que a alimenta que é a narrativa humana, mesmo sendo feita pelo mais sábio humano, terá limitações contextuais e históricas.