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Arquivo para a ‘Etica da Informação’ Categoria

Pequena história da Ucrânia

08 fev

No século III a região foi habitada pelos godos (250-375), a região era chamada de Aujo, ali havia uma cultura cherniacove, os ostrogodos se estabeleceram em 350 com influência dos Hunos, ao norte havia um povo que tinha uma cultura de Quieve (depois mais tarde Kyiv ou Київ).

A origem da Ucrânia de hoje está em tribos eslavas que chegaram a este território nos séculos V e VI, no século IX chegaram invasores vikings, chamados variagi, os mongóis invadem em XIII, o rei Igor I com uma jovem adolescente variagi chamada Olga uniu os povos, este reino chamado Rus tinha como capital Kiev, o rei vai ser morto e Olga assume o poder com grande vigor e coragem, e domina os povos, Olga ocupará um papel especial e depois se converterá ao cristianismo com grande obra a favor dos pobres.

Olga é um capítulo a parte, depois de ser uma rainha forte e até certo ponto cruel com seus inimigos, o filho assume o reinado e ela se converte ao cristianismo, construiu igrejas, fez campanhas de evangelização, não conseguindo, porém, converter o filho Sviatoslav (Esvetoslau I), ajudou de tal forma os pobres e as pessoas doentes que se tornou uma santa reconhecida pela igreja ortodoxa no ano e pela igreja católica de rito bizantino, seu filho não se converteu, porém seu neto Vladimir I se converteu e também foi declarado santo.

Os variagi comandavam vários pontos estratégicos na Rússia e exploravam o transporte e o comércio, assim durante o século X e XI, o território da Ucrânia tornou-se centro de um estado poderoso e prestigioso na Europa, chamado na época de Rússia de Kiev (lembre era o reino de Rus) e também foram base para muitas nações eslavas subsequentes (como a Grande Bulgária e a Bielorussia, por exemplo), além dos próprios russos que eram então apenas tribos eslavas dispersas.

O estado foi conquistado por Casimirio IV da Polônia, enquanto o cerne da antiga Rússia de Quieve passaram ao controle do Grão-Ducado da Lituânia, mas o casamento do Grão-Duque Jagelão da Lituânia com a Rainha Edviges da Polônia, trocou o controle dos soberanos lituanos para a maior parte do território ucraniano e assim retornou a Ucrânia.

Damos um salto na história, que é também rica do período medieval, uma guerra civil que durou 4 anos depois da revolução russa (1917) em 1921 a Ucrânia se torna república socialista soviética, com expurgos e apropriações de terras que os agricultores ucranianos se recusavam a entregar, a Ucrânia é uma grande produtora de grãos.

O período stalinista e a ocupação nazista de seu território, que causaram mais de 10 milhões de mortos entre 1930 e 1945, a Ucrânia resistiu a coletivização russa e a invasão nazista, a Ucrânia no período soviético era responsável por ¼ da produção soviética no setor agrícola produzindo 40 milhões de cereais, um recorde para a época.

Por fim a problemática do território da Criméia, que tem origem na guerra de 1853 e 1856 onde houve um conflito entre a Rússia e uma aliança formada pela França-Reino Unido-Reino da Sardenha (hoje parte da Itália), em 2014 a guerra renasce com a tomada pela Rússia, seja esclarecido que havia um contrato entre a Ucrânia e a Rússia numa espécie de leasing para concessão do porto dos balcãs onde está a maior frota marítima da Rússia, em Sebastopol que era assim um território independente da Ucrânia.

Assim entre as análises mais absurdas, está aquela que diz que a Ucrânia seria inviável como estado independente, está fragilizada por uma guerra interna e sob pressão Russa.

 

Pandemia aumenta e países relaxam

07 fev

A notícia é da BBC em português diversos países (Reino Unido, França, Holanda, Dinamarca, Espanha, Áustria, Finlândia, Bélgica, Grécia e Suécia), cansados da alteração da rotina muitos países, ambientes e até mesmo sanitaristas relaxaram no controle porque o isolamento é de fato difícil, no Brasil o número de mortes voltou a casa de milhares.

A pressão na realidade é política e econômica, e as autoridades se virão sob pressão de reabrir a economia e com isto liberar ambientes de comércio e convívio social, porém o custo econômico também poderá ser grave com o número de pessoas que vão se afastar, mesmo que seja por casos menos graves, é visível em alguns setores, no caso do Brasil, que muitos funcionários contraem o Covid na variante Omicron, e neste caso devem se afastar por ao menos 10 dias, mas também aqui foi reduzido para 5 dias, ou seja, menor precaução e mais contágio.

Na terça-feira passada (1/2) a OMS declarou a preocupação com este relaxamento, mas os comissários e sanitaristas europeus se apressaram em dizer que o fim da pandemia está próximo, há pequenos sinais de que o pico (ainda estamos nele) possa atenuar, mas é cedo demais para inferir que podemos relaxar, o normal seria esperar a curva baixa (gráfico).

Segundo a Agência Brasil o brasil registrou 197.442 mil casos na sexta-feira e 1.308 mortes em 24 horas, isto totaliza 26.473.273 casos e 631.802 óbitos, pelo alto número é muito improvável que os casos sejam apenas de não vacinados ou de crianças.

A vacinação das crianças em sua grande maioria ainda é a primeira dose, e em muitos estados no dia de hoje já estarão de volta as aulas, podiam ao menos esperar um pouco, mas os países que retornam aos postos de trabalham precisam ter onde deixar os filhos, assim a motivação também é econômica e não de preocupação de fato com as crianças.

É muito provável que a Pandemia entre num ciclo de arrefecimento, talvez não desapareça completamente, porém os cuidados deveriam ser mantidos e não é o que se observa, a menos de alguns países asiático onde procura-se elevar a tolerância a zero, um exemplo são as restrições da olimpíada de Inverno e no mundo árabe, o Campeonato Mundial de Clubes disputado em Abu Dhabi que são notícia no mundo todo, basta fazer uma comparação das medidas lá e as medidas aqui.

 

Covid 19: avanço do número de mortes

31 jan

O ritmo e a curva em cada país são diferentes, a Europa ainda em pleno inverno viu a curva aumentar exponencialmente e só depois tomaram medidas sanitárias, em alguns países inclusive com lockdown, os países asiáticos em especial China e Japão enfrentaram com medidas rigorosas de isolamento e tiveram sucesso no controle da nova onda, as olimpiadas de inverno que estão para começar em Pequim não terão público e as medidas para as delegações tem sido de um rigoroso controle de testagem.

Uma epidemiologista da OMS Maria D. Kherkhove alertou para a suposição de que o vírus ficará mais suave com as mutações: “Não há garantia disso”, é claro esperamos que sim: “mas não há garantia disso e não podemos apostar nisso”, justificando que medidas sanitárias continuam sendo extremamente necessárias.

No Brasil observa-se um número crescente tanto de infecções diárias, que se aproximam do recorde de 200 mil (gráfico), e um aumento de mortes diárias que ultrapassa as 800, com uma média móvel em torno de 500, o aumento é significativo e não há nenhuma tendencia de estabilização ou queda visível, vários estados registram alta, apenas Pernambuco, Pará e Rondônia registram estabilidade.

A política que acredita, por hipótese, que a pandemia está passando ou pode tornar-se uma endemia é ainda sem dados científicos claros, a própria gravidade da ômicron que é menos letal não tem uma avaliação precisa, trabalhar no preventivo quando se trata da vida é o mais prudente que as autoridades podem fazer.

Esperamos e como dissemos na semana passada, acreditamos no poder do pensar positivo e acreditar na esperança, que tudo pode estar próximo a um fim da pandemia, porém é necessário ainda cautela com decisões que liberam as pessoas e os eventos públicos que podem ser responsáveis por um número maior de infecções e mortes.

 

Há forças que podem mudar uma catástrofe

27 jan

A ideia de alguma catástrofe eminente para acontecer está no ar, não são apenas apocalípticos, mas cientistas da natureza que veem o esgotamento planetário (geleiras, extinção de espécies, alterações climáticas, terremotos, etc.), cientistas políticas sobre o tensionamento ideológico que volta a lembrar a guerra fria, e seria possível evitar ou ao menos ter uma reação positiva perante ela, a pandemia parece que foi um treino e o ensaio não parece bom.

Uma das descobertas misteriosas recentes feita por astrônomos é de um objeto em nosso “quintal galáctico”, que significa a 4 mil anos luz, foi encontrado um objeto espacial, já que ser uma estrela de neutros ou anã branca são apenas hipóteses, no qual este objeto produz poderosos raios de energia, o objeto estranho (foto) lança o feixe de poderosa energia que cruza a linha de visão da terra observado por astrônomos e publicado na revista Nature (disponível em ICRAR), são algo incomum nas observações espaciais.

Natasha Hurley-Walker, do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia da Universidade de Curtin, lidera a equipe que fez a descoberta e declarou: “Este objeto estava aparecendo e desaparecendo durante horas em nossa observação …. foi meio assustador para um astrônomo porque não há nada conhecido no céu que faça isso”, declarou.

Há também forças poderosas que agem em nosso meio, não se trata apenas de explorações baratas de orações ou sentimento positivo que possam levar a melhoria de um ambiente e das pessoas, um conjunto de palavras e ações levadas num sentido positivo para determinado problema pode e deverá conseguir resolver ou mudar situações em que o problema ou condições são grandes.

Além da pandemia, que alguns querem decretar o fim como se fosse simples assim, temos a tensão de uma guerra eminente, e não devemos ter dúvidas que todas as pessoas que possam falar, pedir, meditar ou orar para que uma atrocidade deste tamanho não ocorra devem fazê-lo, na guerra só os civis, os pobres e os mais fracos que sofrem, não há nenhuma solução palpável ou saudável que venha de catástrofes provocadas.

 

Covid: Sistema de saúde pressionado e aumento de casos

17 jan

O aumento registrado nas primeiras semanas de janeiro no Brasil dos casos de Covid, com predominância da variante ômicron é muito alto e não há tendência de estabilização, o sistema de saúde está pressionado pelo aumento das internações e pela presença da gripe H3N2 que também já apareceu, em geral é esperando só no começo do inverno por volta de abril e maio, mas este ano chegou mais cedo.

Os números são incertos porém há um significativo aumento (veja o gráfico), há pouca testagem e uma pane nos dados do Ministério da Saúde que se arrasta por mais de um mês, isto prejudica a adoção de política e o controle efetivo da pandemia, conforme explicou aos órgãos de imprensa o infectologista e pesquisador da Fiocruz: “A gente não consegue planejar a abertura de novos serviços hospitalares, de centros de testagem, abertura de novos leitos e entender as regiões onde o impacto da nova variante é maior” e os números deverão crescer no mês de fevereiro.

É um fato que a infecção desta variante é menos grave, porém não é certo que esta seria um indicativo de final pandêmico e os cuidados deveriam se manter, as festas de final de ano e a liberação de eventos públicos, já há algum retrocesso nestas medidas, foram vetores de propagação da variante que é mais infecciosa que as anteriores.

O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis negou que a variante ômicron possa ser o final da pandemia salientando que probabilisticamente as mutações são caóticas e não é possível prever a próxima variante ou algum ponto de enfraquecimento linear do vírus, o provável é que tenhamos que conviver com ele ainda por um bom tempo, e o neurocientista alerta o que já está acontecendo na Inglaterra e Estados Unidos onde o sistema de Saúde pode colapsar a qualquer momento, uma vez que está pressionado. e alerta que é possível chegarmos a um ponto de Covid crônica, isto é um estado que o sistema hospitalar não pode mais dar conta do volume de casos que acontecem e com tratamentos paliativos apenas sem conseguir tratar efetivamente a doença.

Com os números deste final de semana no Brasil, chegou-se a próximo de 50 mil casos diários, a expectativa é devem crescer até o final de fevereiro e o sistema de saúde já pressionado poderá entrar em colapso, enquanto as autoridades monitoram sem dados realmente válidos e confiáveis da pandemia.

A vacinação de crianças começou no Brasil, na idade de 5 a 11 anos, com a vacina Comirnaty ( Pfizer/BioNTech) porém o número de doses disponíveis é incerto, as secretarias de saúde tem aberto inscrições para agendamento que além de evitar aglomerações poderá fazer uma previsão na medida que tiverem doses disponíveis.

 

Empatia: da água para o vinho

14 jan

Esclarecidas situações patológicas, onde a empatia é apenas uma  instrumentalização ou um disfarce para ações que não contemplam o Sofrimento do Outro podemos afirmar situações em que ela realmente é eficaz e pode modificar a situação praticamente como um milagre, não só no sentido extraordinário como também com alta probabilidade.

Já dissemos que fora dos condicionantes ideológicos, culturais e sociais a natureza humana destina a viver em situação coletiva tende a empatia para bom convívio social, basta observar as crianças quando ainda não estão contaminadas por ambientes agressivos ou tóxicos, para usar um termo bem atual.

Também situações sociais: ambientes de trabalho, vizinhança, pequenas comunidades há sempre uma tendência onde reina a empatia (ou o Amor num sentido hoje esquecido) a tendência maior é que a frônese (no sentido que hoje chamam de inteligência emocional) e a empatia, e isto não é novo, apenas é necessária uma atualização.

Muitos ambientes podem mudar da água para o vinho se forem totalmente enriquecidos e purificados pela empatia, há sempre uma tendência maior a solidariedade e a tolerância do que ao conflito e ao egoísmo pessoal ou de grupo, em ambientes que ela não é enriquecida por uma espiritualidade também se enfraquece e tende a não prosperar, porque há uma pressão social vinda de fora aonde o ambiente é de conflito e polarização.

O sofrimento pandêmico foi uma grande oportunidade para reconhecer o Sofrimento alheio, a dor do Outro, ou apenas a face do Outro e suas inclinações e conceitos, o que se observa contextualmente é que recrudesceram os conflitos e a oportunidade não foi devidamente agarrada, mas não invalidade esforços conjuntos em regiões e situações.

Há exemplos destes esforços em muitos locais, agora mesmo a situação de enchentes na Bahia é nova oportunidade em que muitas comunidades se uniram ao flagelo da região, doações e socorros vieram de vários locais do Brasil, embora as autoridades centrais tenham tido certa negligência.

São opções que fazemos de ações, hábitos e que se tornam um “caráter social” se mudamos da água para o vinho, é possível, como naquela passagem bíblica onde na festa ia faltar o vinho, e Jesus estando presente recebe o pedido da mãe para que intervenha e seu primeiro milagre publico acontece apenas para dar vinho e melhorar a alegria daquela festa, manda encher três toneis de 100 litros cada de vinho e então pede que levem ao mestre da festa para provar (Jo 2,7), e ele diz o vinho melhor ficou para o fim.

Assim não é o fim que estamos vivendo, mas o início de uma nova realidade, mesmo a empatia não tendo chegado após tanto sofrimento ela virá e uma nova clareira se abrirá, como aquela da passagem do paralitico pelo teto que chega até Jesus para curá-lo, antes Ele o cura dos pecados (Mc 1,5) para que tenha uma alma mais “empática”.

 

Empatia e a convivência social

12 jan

Embora em algumas áreas como a administração e a saúde já existam trabalhos sobre a empatia como melhoria do relacionamento social, está longe de ficar claro que não se trata de uma atitude apenas de simpatia, contágio emocional ou um relacionamento carinhoso (Pedersen, 2010), não se trata, portanto, de uma “tática” de construir relacionamentos.

Já delineamos o raciocínio que vai do pensamento até o caráter (a frase de Meryl Streep no filme “A dama de ferro”) e deve ser, portanto, um exercício de caráter ético.

O conceito de frônese (phronesis) traduzido como “sabedoria prática” ou “prudência” é desenvolvido em Aristóteles, no livro VI da “Ética a Nicomaco”, será que esta compreensão do ser empático e sábio em Aristóteles está correta ? E se assim o for isto significa ser sábio em questões práticas significa entender melhor o fenômeno da empatia?

Junto com a fronese na Ética a Nicômaco estão outras virtudes com a aretê (a excelência ou virtude suprema) e Aristóteles vai associar a cinco formas diferentes quando se trata de atividades humanas, poderíamos dizer sociais: a episteme (conhecimento científico organizado), a techne (conhecimento técnico), a frônese (sabedoria prática) e a sophia (conhecimento filosófico) e nous (“sacadas” intelectuais), claro todos estes conceitos devem ser contextualizados no mundo contemporâneo.

A sabedoria prática como Aristóteles a caracteriza é uma espécie de conhecimento de como agir em situações práticas (lembrem-se as palavras se tornam ações e as ações se tornam hábitos e vão definindo um caráter), mas ele também fala de perícia técnica, caso em que o objetivo da atividade deve ter de antemão algum conhecimento para realizá-lo, a ideia que basta a intuição ou a inspiração (nous) sem conhecimento técnico é inútil.

A empatia é desta forma um tipo de discernimento, uma maneira de ver o que está acontecendo no mundo a nossa volta com os outros seres humanos, neste sentido é preciso uma sabedoria (sophia) e atentar para diversos intérpretes que estejam de forma mais profunda tematizando-se, talvez a palavra filosofia esteja desgastada, então apenas sophia.

A filosofia contemporânea Martha Nussbaum mostrou como a noção aristotélica de sabedoria repousa na compreensão das emoções como contendo conhecimento sobre o mundo que compartilhamos com outras pessoas, e frônese não é desprovida de sentimento, ao contrário ela ajuda o “sábio” e entender e julgar a pessoa em dada situação.

Por causa do contexto ético, somos levados a colocar empatia no contexto da filosofia moral aristotélica, o que é um erro, como frônese é mais adequado, entretanto pode acontecer outro equívoco de considerar apenas como virtude “intelectual” e desconsiderar aspectos subjetivos (espirituais inclusive) que a empatia deve ser colocada.

A empatia é então um componente de “sentimento” relacionada a frônese, entretanto é fato que alguns filósofos negam que empatia seja essencialmente um sentimento (Coplan, Goldie, 2011), relembramos novamente que pensamento se tornam palavras, estas ações e depois hábitos e quando inseridos no caráter já fazem parte dos “sentimentos”.

Resolvemos esta querela, não é tão simples é verdade, entendendo que enquanto não são hábitos necessitam de exercício e depois inseridas no caráter, são sentimentos ou subjetividades (próprias do sujeito), porém fica claro que ela não é uma atitude natural, embora a empatia o seja, é preciso “treino”.

Assim detectamos em Aristóteles uma lacuna entre a sabedoria prática e a sophia, diríamos uma saudável espiritualidade ou uma capacidade de interiorização.

Referências:

Coplan, A., and P. Goldie. 2011. Introduction. In Empathy: Philosophical and psychological perspectives, ed. A. Coplan, and P. Goldie. Oxford: Oxford University Press.

Pedersen, R. 2010. Empathy in medicine: A philosophical hermeneutic reflection. Oslo: University of Oslo, Faculty of Medicine.

 

 

A empatia e a frônese

11 jan

Frônese (phrónesis, do grego antigo: φρόνησις), na obra Ética a Nicómaco de Aristóteles, livro IV, distingue-se tanto de teoria como da prática por constituir-se de uma virtude da sabedoria do pensamento prático, entretanto uma adaptação moderna de Hans-Georg Gadamer situa-se entre o logos e o ethos, esta relação pode-se assim aproximar o amor “teórico” de uma ação prática empática.

Assim a frônese insere-se nas ações humanas como fenômenos mediante um exame hermenêutico de opiniões, não apenas para revelar os princípios imutáveis das causas dessa ação, mas sobretudo para entender que a partir da mera opinião (a doxa) do Outro, é possível auxiliá-lo mediante a empatia a chegar ao conhecimento (episteme).

Funciona como uma verdadeira ação de atração que leve o Outro a refletir. dentro do círculo hermenêutico trata-se de permitir uma leitura dos pré-conceitos do Outro e atentar para os próprios, assim as ações que decorrem daí poderão ser mais empáticas, explicando de maneira fronética (prática): ler o que o Outro de fato quer e pensa.

Esse conhecimento leva a uma nova episteme (concepção teórica dos novos horizontes) no qual é possível pensar em uma ação conjunta ou ao menos convergente, como já dissemos anteriormente, a empatia é uma relação originariamente natural, enquanto a desempatia (é diferente da antipatia que é oposto a simpatia) é o rechaço do Outro, sim algo que se tornou naturalizado, devido a ideologias e pré-conceitos herméticos impossíveis de fazer uma releitura.

A verdadeira lei de atração é a empatia, uma vez que ela pode reforçar ações positivas, colaborativas e socialmente coletivas, enquanto a simples oposição leva a repulsão do Outro e a criação de polos de opinião (doxa) e de conhecimento (episteme) não convergentes e não humanos, não se trata de lógica simples, mas de onto-lógica, lógica do Ser.

Porque isto tornou-se tão difundido e alargado é simples, um forte sistema de pensamento não humanista se desenvolveu com objetivo de poder e enriquecimento, não apenas colonizador e xenofóbico, mas sobretudo não ontológico, impróprio do ser.

A ideia do simples rechaço pode parecer natural, entretanto ela pode levar a outro sistema de dominação polarizado e estruturalmente autoritário e assim não empático e não fronético, novamente simples teorias que na prática se mostram desastrosas.

 

Nova variante e preocupação na Europa

29 nov

A nova variante do vírus da covid-19 chamada ômicron pela OMS, já está presente em três continentes e a tendência é chegar a todos, no Brasil tanto o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, como o diretor do Instituto Butantan afirmam que é inevitável que ela chegue ao país.

A variante é a cepa B.1.1.529 e foi identificada pela primeira vez na África do Sul em 9 de novembro, segundo informações da OMS, onde se identificou 100 casos da variante, em especial na província populosa de Gauteng, mas já se espalhou por Botsuana, eSwatini (antiga Suazilândia), Lesoto, Namíbia e Zimbábue, países que o Brasil fechou a fronteira.

No Brasil um passageiro de um voo que passou pela África do Sul testou positivo no último sábado 27/11 e desembarcou em Guarulhos (SP), os outros passageiros também estão sendo monitorados, ainda não é possível identificar se o contágio foi pela nova cepa.

O que se sabe por enquanto é que a variante pode afetar os índices de contágio e de letalidade, porém o sequenciamento genético ainda pode demorar mais alguns dias para ser completo, o diretor Tulio de Oliveira do Centro para Respostas e Inovações Epidêmicas da Universidade de KwaZulu-Natal, afirmou que esta variante é “uma constelação incomum de mutações”, enquanto a variante delta possuía apenas duas mutações por exemplo, em relação a cepal original do coronavírus.

Enquanto isto o número de mortes volta a crescer na Europa (veja o gráfico), a média de mortes chegou ao maior patamar desde fevereiro de 2021, quando o continente começava a se recuperar, para cada milhão de habitantes a taxa é de 5,2 mortes diárias em média, pelo novo coronavírus nos últimos 7 dias.

Com a nova cepa e as variantes é preciso retomar os cuidados, esperar os estudos sobre a cepa e a eficácia das vacinas, a Pfizer já anunciou que deve ter alterações para garantir a imunidade.

Chegamos a 70% da vacinação completa no Brasil, porém com a nova cepa não se pode afirmar a total imunidade.

Nota: No dia de hoje (29/11) a Austrália suspendeu a reabertura e o Japão fechou as fronteiras.

 

Alerta covid e festas natalinas

22 nov

A Europa volta a se preocupar com os índices de infecções da Covid, quando tudo parecia caminhar para um desfecho feliz de final de ano, a chegada do inverno, a pouca vacinação e as dúvidas sobre as vacinas até mesmo por parte dos profissionais da saúde, fizeram os índices voltarem a crescer.

A Alemanha registrou na quinta feira passada um recorde diário de 50 mil novas infecções em 24 horas, na Rússia 40 mil casos, nações do Leste europeu: Eslovênia, Croácio, Geórgia, Eslováquia e Lituânia tem os maiores índices de novos casos da doença, também na França e Reino Unido o número de casos é crescente (figura ao lado).
Portugal que tem o mais alto índice de vacinação, perto de 90%, vai voltar a tomar medidas preventivas como o uso de máscaras, na Áustria e Holanda há medidas de lockdown, os protestos contra esta nova medida de restrição provocaram enfrentamento com a polícia no final de semana.

Em entrevista dada a BBC, Hans Kluge, diretor regional da OMS afirmou que podem ter 500 mil novas mortes na Europa até março caso as medidas não forem tomadas.

Estamos num clima quente, a média móvel de casos e mortes no Brasil é decrescente, porém as festas e um certo relaxamento nas medidas preventivas é preocupante, não há medidas em nenhuma parte do país preocupadas com uma possível nova onde, ela parece distante, mas lembremos do carnaval de 2019 quando havia alguns sinais e não nos preocupamos, as consequências vieram em março daquele ano.

As medidas em shopping, supermercados, shows e praças esportivas estão totalmente relaxadas e só saberemos os reflexos no início do ano de 2022, mesmo que seja apenas preventiva, estas medidas podem ajudar a evitar um novo surto que deixaria o país ainda mais em desespero, o que observamos é uma preocupação apenas em liberar, o ano das eleições se aproxima e ninguém quer tomar medidas impopulares, mas a saúde deveria estar em primeiro lugar, até mesmo em relação a economia já em crise.

Se vamos pagar para ver, o custo poderá ser alto.