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A Ceia das cinzas
O nome original da obra de Giordano Bruno é La cena de las cenizas (em italiano: La cena de le ceneri), o que ele propõe nesta obra é uma concepção de mundo , se hoje vemos o planeta e todo universo como “nossa casa”, Giordano Bruno foi um dos primeiros a ver também isto.
As teorias de Giordano Bruno superaram em muito as de Copérnico, propôs que o sol é simplesmente uma estrela, que o universo pode conter um número infinito de mundos habitados com seres e animais inteligentes, membro da Ordem Dominicana, estudou são Tomás de Aquino e desenvolveu uma teoria cósmica diferente do pensamento da igreja na época, e foi acusado de panteísmo e condenada a fogueira pela Inquisição.
Porém do ponto de vista estritamente religioso suas controvérsias foram quanto a transubstanciação na eucaristia, a trindade, a encarnação de Cristo e a virgindade de Maria.
Influenciou pensadores como Spinoza e morreu na fogueira tendo o respeito de muitos.
Em seu livro A ceia das cinzas declarou: “A Terra e os astros (…), como eles dispensam vida e alimento às coisas, restituindo toda matéria que emprestam, são eles próprios dotados de vida, em uma medida bem maior ainda; e sendo vivos, é de maneira voluntária, ordenada e natural, segundo um princípio intrínseco, que eles se movem em direção às coisas e aos espaços que lhes convêm”, uma vez que já houve reparação quanto a Galileu, não seria mal também uma reparação ainda maior em relação a Giordano Bruno.
É quarta-feira de cinzas, e nada mal se pudessemos alémda hipocresia e do proselitismo realmente falar em diálogo, de modo abrangente tanto no campo religioso quanto no campo ideológico, mas os inquisidores sobrevivem apesar de Deus não ter nada a ver com isto.
Os aliados e a comunidade insuflada
Continuamos a comentar o livro Esferas I de Sloterdijk em sua introdução.
Explicada a insuflação das bolhas, Sloterdijk começa a desenvolver sua análise da modernidade a partir da gênese, explorando o modelo copernicano que está na sua origem, para afirmar que não por acaso “principiou uma série de rupturas exploratórias voltadas para um exterior desprovido de seres humanos …” (Sloterdijk, 2016, p. 22), mas que não deixaram de “produzir desconforto quanto a infinitude do universo” (idem) reflexão do astrofísico Kepler, protestando o modelo de Giordano Bruno “há um não-sei-o-que de aterrorizador e oculto”.
A imagem de uma explosão na superfície do Sol, maior que a Terra ilustra este trecho.
O autor também cita o físico e cosmógrafo inglês Thomas Digges, que nos anos 1570 já havia provado que a teoria das camadas celestes era infundada e “também a calculadora imagem de que a Terra achava-se envolta por abóbadas esféricas” (pag. 23) estava errada, mas conforme disse usando a frase de Pascal: “o silêncio eternos dos espaços infinitos me amedronta”, e o mundo maquínico e racionalmente explicado era vantajoso ao iluminismo.
Desenvolve então o deliberado efeito estufa, onde sua “falta de invólucros espaciais por meio de um mundo artificial civilizado … este o derradeiro horizonte do titanismo técnico euro-americano” (pag. 25).
Após criticar as políticas de progresso e destruição ecológica, escreve: “ Para abrir espaço à esfera artificial substituta, faz-se explodir, em todas as regiões do velho mundo, os restos de uma fé no mundo interior e na ficção de uma segurança, em nome de um radical iluminismo de mercado que promete uma vida melhor, mas que, num primeiro momento, só põe abaixo, de forma devastadora, as normas imunitárias do proletariado e das populações periféricas.” (pag. 27).
Ressalta a importância da retomada ontológica e que esta é a preocupação de filósofos mais contemporâneos: “O plano popular de esquecer-se de si mesmo e do Ser opera por meio de um zombeteiro descaso pela situação ontológica” (pag. 28).
Antes de entrar na critica ao idealismo e uma releitura do cristianismo, ele aponta na página 29 aquilo que é o centro do livro: “como habitar significa sempre constituir esferas, menores ou maiores, os homens são as criaturas que estabelecem mundos circulares e olham em direção ao exterior ao horizonte.”
SLOTERDIJK, Peter. Esferas I: bolhas. São Paulo: Estação Liberdade, 2016
Premio Nobel da Fisica 2016
O Prêmio Nobel de Física de 2016 foi concedido, ex aequo, para David J. Thouless, de um lado, e F. Duncan M. Haldane e J. Michael Kosterliz, de outro, por revelarem os “segredos exóticos da matéria”.
Ex aequo, quer dizer “com igual mérito”, por que a descoberta de 1972 não foi tão valorizada, entretanto, Kosterlitz e Thouless identificaram um tipo de transição de fase curioso em sistemas bidimensionais que hoje pode dar sequencia ao uso quântico de materiais, para os quais estes “defeitos” são fundamentais.
Anos depois, em 1980, F. Duncan M. Haldane estudou métodos teóricos para descrever fases da matéria que não podem ser identificadas por uma certa ruptura de simetria, mas explicava o de alguns gases eletrônicos quando estudados seu comportamento bidimensional.
Estas aplicações são alguns tipos de ímãs e de fluidos supercondutores e superfluidos, e também entender o funcionamento quântico de sistemas unidimensionais a temperaturas muito baixas.
Estes comportamentos estudados poderão ser muito úteis com uso de matéria em condições extremas, e depois foram confirmados por experimentos e poderão ter aplicações na ciência dos materiais e na eletrônica do futuro.
Realidade aumentada já nas escolas
A tecnologia usada pelo game Pokemon Go já está em muitas escolas de
primeiro grau, a realidade aumentada tem sido utilizada para ensinar matemática e geometria.
O sistema usa um objeto feito em realidade aumentada e o software por meio de uma câmera faz aparecer na tela do computador um elemento 3D que os alunos podem acompanhar pela projeção da imagem na tela da parede.
Na sala real a professora está segundo apenas uma peça plana com desenho de um cubo, mas na projeção da tela aparece um elemento geométrico 3D, vendo a imagem construída é mais fácil que usar apenas a imaginação para compreender as operações geométricas.
O Colégio Bandeirantes da Vila Mariana na cidade de São Paulo (zona sul) já adotou a realidade aumentada e planeja usar o recurso num projeto multidisciplinar a partir de setembro.
Mas o objetivo vai mais longe com uma espécie de casa ao tesouro em todo o colégio, onde o estudante mira o tablete em códigos espalhados por diversos pontos do colégio e podem realizar atividades didáticas de modo mais lúdico.
O colégio Dante Alighieri, nos Jardins (zona oeste de São Paulo), mandou uma mensagem aos pais alertando o uso exclusivo do aplicativos e não outros “se a demanda não for estritamente pedagógica”, conforme publicado em jornais de São Paulo.
Um aplicativo para adultos é o Star Chart, disponível para Androids e iOS, quando aberto ele vê a a carta de estrelas apontando o smartphone ou table para o céu, o aplicativo irá informá-lo de que as estrelas ou planetas que você tem em certa direção, mesmo durante o dia quando as estrelas estão no céu são impossíveis de serem vistas, e ele pode ampliar até 10.000 anos luz, permitindo ver nebulosas e galáxias distantes.
A Teoria de Tudo e Galileu
Tinha assistido ao filme que ganhou um Oscar e comprei o livro num sebo, o Big Bang e A Teoria de tudo, a ideia que podemos criar uma física englobando todos as partículas atômicas, fótons, neutros, magnéticas, todas as subpartículas e ter a ideia da criação do mundo e quem sabe até de seu criador encontrando suas pegadas, fascinou Stephen Hawking e sua ex-esposa Jane Hawking, que escreveu o livro, e depois foi transformado em filme.
Faltava algo para mim pouco claro no filme, mas muito claro e sensível no livro, o conflito de Galileu com a igreja católica, que de certa forma impulsionou a ciência moderna, mas deixou de lado a questões do mistério da origem da vida, a subjetividade humana e a metafísicas quase sepultadas, que nestes momentos parecem dar ares de reflorescimento e reposicionamento.
No livro na página 169, Jane começa a traçar este conflito de maneira clara e precisa: Galileu ao recuperar a teoria de Copérnico e renunciar o sistema Ptolomaico, coloca a terra em movimento e mostra que o sistema que via a terra como fixa e o Sol móvel estava errado.
Conta o livro que, em 1623, Maffeo Barberini é eleito ao papado como Urbano VIII, homem culto apesar de um pouco excêntrico, retira Galileu da prisão domiciliar e encomenda a ele o Dialogo sopra i due Massimi Sistemi del mondo ptolemaico e copernicano, mostrando os argumentos para os dois sistemas, mas o livro de 1632 reafirmava o modelo de Copérnico.
O livro conta que mesmo condenado a prisão domiciliar e praticamente cego, continuou a escrever e seu livro Sobre as duas ciências, foi contrabandeado para a Holanda, e são praticamente a base teórica e experimental para a física moderna.
“Embora Galileu fosse católico devoto, foi seu conflito com o Vaticano, infelizmente mal administrado em ambos os lados, que criou as bases da batalha corrente entre ciência e religião” (Hawking, 2014, pg. 169).
O que poucos sabem é que Galileu sustentou a vocação religiosa de uma filha (o livro A Filha de Galileu, de Maria Celeste, nome de freira de Virginia Galilei), e sua cabeça mística nunca deixou de funcionar, do mesmo modo que seu lado científico.
Vamos conhecer Júpiter
O projeto da nave Juno, que custou 1,13 bilhões de dólares, e que foi lançada no dia 5 de agosto de 2011 para explorar campos gravitacionais e magnéticos de Júpiter, assim como estudar se existe água lá, poderá chegar ao seu destino hoje (05/07) na madrugada.
Júpiter é 300 vezes mais maciço que a Terra e está cinco vezes mais longe do Sol que o nosso planeta e completa a sua orbita em torno do Sol a cada 11,8 anos terrestres.
O primeiro a estuda-lo foi Galileu, que deu as suas luas os nomes: Io, Europa, Ganimedes e Calisto, e que hoje são chamadas de luas de Galileu, e apoiaram a teoria de Copérnico de que a Terra não era o centro do Universo.
Júpiter é o quarto objeto mais brilhante do sistema solar, sendo a nossa Lua um deles, o Sol e de Vênus; o gigante gasoso é um dos cinco planetas visíveis a olho nu a partir da Terra, junto a Marte, Vênus, Mercúrio e Saturno, além de Jupiter, claro.
A nave poderá se desintegrar devido a atração magnética de Jupiter que é extremamente forte, cerca de 2,5 vezes a da Terra, ou seja, a sensação de peso de alguém de 60 quilos seria de 150 quilos.
Na madrugada de segunda para terça-feira a nave Juno entrou na orbita de Júpiter, “Estamos lá! Estamos em órbita! Conquistámos Júpiter”, disse Scott Bolton, coordenador da missão, do Instituto de Investigação do Sudoeste, em San Antonio, no Texas.
Substância e transubstanciação
A separação do homem da natureza, transfigurada no idealismo na redução entre sujeito e objeto, separados e segmentados, é um conceito chave para unir metafísica e ontologia.
Designa-se por substância aquilo que há de permanente nas coisas que podem ser modificadas, por exemplo um homem jovem e um homem velho, onde jovem e velho são acidentes da substância homem, que permanece, se admitimos a vida eterna: para sempre.
Os realistas da idade média, dizem que a substância existe fundamento do existente portanto, vejam o post anterior, enquanto os nominalistas diziam que tudo são nomes atribuídos pelo homem, do qual a essência pouco conhecemos ou mesmo conheceremos.
No início da modernidade haviam aqueles que reconheciam uma única substância inicial (os monistas), a mônada de Leibniz por exemplo mas também Espinosa, para ambos a substância iniciado é Deus ou o Ser.
Olhando para a natureza, de um modo geral sempre haverá uma separação entre homem e natureza, o princípio antropocêntrico surgido do final da idade média, se por um lado foi importante a valorização e identificação humana, por outro, sua separação da natureza foi de certa forma desastrosa, significou o surgimento de um dualismo, sempre presente hoje.
A ideia que a natureza e o homem possam ser uma coisa é que, afinal o homem também é natureza, complexa ou complexificada, como queria Teilhard Chardin, mas o homem ao deixar a natureza de lado, para apenas dominá-la e transformá-la deixou de entender e trabalhar aquilo que tem de “natural” no seu Ser, a substância é, o elo de ligação entre ser e estar.
Segundo a teoria do Big Bang de uma explosão inicial formou-se as radiações eletromagnéticas e destas as partículas primeiras partículas elementares, pela física atual, Férmions (quarks e leptons), bósons e uma lista de partículas (photino particular elementar do fótons, neutralino partícula elementar do neutrino, gravitino partícula elementar do gráviton, etc) de onde teriam surgido todas as substâncias materiais de todo universo.
Teilhard Chardin trabalhou o conceito de universo cristocêntrico, toda a substância do universo deificada por sua união ao corpus divino, e para marcar terrenamente este fenômeno universal, deixou uma forma de transubstanciação terrena, o corpus christi, que na ultima ceia de Jesus deixou como testamento de sua passagem no planeta, e que passou ser comemorada a partir do século XIII, na data de hoje em todo mundo se celebra isto, curiosamente o período que nasce a crise entre a questão da substância e do Ser, com Tomás de Aquino e Boaventura.
Agora já estamos no 4D
Com a descoberta empírica das ondas magnéticas, o fenômeno previsto por Einstein a um século atrás agora é factível e pela primeira vez dectável: as ondas magnéticas de atração gravitacional trazem novas luzes sobre o tempo, e torna o espaço 3D e o tempo uma só coisa.
Nesta quinta-feira, u dia histórico para a ciência, um grupo de vários cientistas anunciou que detectaram pela primeira vez as chamadas ondas gravitacionais, isto modifica a forma de investigar o universo, a astronomia e outras áreas ligadas a física e eletromagnetismo.
A experiência, a descoberta deve-se a Einstein, que sacramenta a presença em todo universo de ondas gravitacionais, em todos corpos inclusive os nossos, deve-se ao laboratório LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory, que é um laboratório que trabalha com Interferometria (Ondas Gravitacionais), em Washington e na Lousiana, e observaram distorções no espaço com a interação de dois buracos negros a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra, onde foi possível ver as ondas gravitacionais em ação.
A metodologia de observação muda, pois agora ao observar um objeto ou corpo especial os físicos poderão olhar os objetos com as ondas eletromagnéticas e escutá-los com as gravitacionais.
A pesquisadora espanhola Alicia Sintes, do Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha, disse ao BBC Mundo: “Agora, o que se tem são sentidos diferentes e complementares, para estudar as mesmas fontes. E com isso, podemos extrair muito mais informações”.
USP realiza Virada Científica
Com mais de 300 atividades gratuitas, nos dias de hoje e amanhã (17 e 18/10) a primeira edição da Virada Científica realizada neste ano de 2015.
O evento é uma parceria entre a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação vai oferecer, num espaço de 24 horas.
De acordo com Eduardo Cooli, coordenador geral do evento uma grande novidade está na Praça do Relógio, localizada na Cidade Universitária, com ateliês e espetáculos circenses protagonizados pelo Circusp, com a intenção de criar um movimento maior nesta Praça que é bastante central.
Ali também estará o Palco Ciencidade, onde haverá algumas atrações como “Do skate às artes plásticas”, “Câncer: conhecer para controlar” e outros.
Todas as oito unidades de USP terão atividades: São Carlos, Bauru, Pirassununga e Lorena, na capital estão incluídas as unidades do EACH (Escola De Artes, Ciência e Humanidades) e a Casa de Dona Yayá.
Estarei dando a Palestra “Funcionamento e peculiaridades das Redes Sociais” às 17 horas no Instituto de Geociências, na USP do Butantã.
Nasa encontra Terra 2.0
A NASA (Agencia Espacial Norte Americana) encontrou o primo mais velho de nosso planeta, com idade e estrutura bastante parecida, o nome oficial é Kepler 452-b, mas já foi apelidado de Terra 2.0.
Ele é um pouco maior e mais antigo que nosso planeta, enquanto a Terra tem mais de 4.5 bilhões de anos, a Terra 2.0 tem 6 bilhões, o Kepler-452b é cerca de 60% maior do que a Terra e precisa de 385 dias para completar uma órbita ao redor de sua estrela, a Kepler 452.
O planeta está na constelação Cygnus, e seu sistema solar está a 1 400 anos-luz distante do nosso.
Ainda não se pode saber exatamente do que é feito seu solo, mas sabem que ele é rochoso e bastante provável que exista água.
A descoberta do Kepler-452b é importante, mas não é inédita. Já ano passado, os astrônomos da agência espacial americana haviam encontrado o primeiro exoplaneta com um tamanho similar ao da Terra, o Kepler-186f, como o Terra 2.0 também está numa região “habitável” de uma estrela.
Lançada em 2009, a sonda Kepler tem dado o nome do astrônomo (Johannes Kepler) a estes planeta, já foram visto quase 4696 candidatos a exoplanetas, enquanto só 1030 já tiveram sua existência confirmada.
Fica a pergunta ainda estamos sós nesta imensa escuridão do universo?