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O pensamento do alto e a comunhão

06 abr

Que tipo de saber é este que engloba um saber “do alto”, do além-do-humano, mas sem contradizê-lo, a resposta de Morin e de outros como Martin Buber, Emannuel Lévinas e Paul Ricoeur parecem conduzir a um mesmo ponto, ir em direção ao Outro sem reservas.

Duas falsificações místicas são possíveis nesta direção, uma que nega a consciência e o respeito ao Outro, aqueles que apelam para uma falsa religiosidade cristã, a Bíblia é clara: “Se alguém declarar: “Eu amo a Deus!”, porém odiar a seu irmão, é mentiroso” (1 João, 4:20-21), mas há os que clamam pelo extremo oposto da materialidade da fé, a estes a resposta bíblica também é clara: “Não só de pão o homem viverá” (Mateus 4,4), curiosamente se opõe e não dialogam.

Curioso porque a visão da ceia derradeira de Jesus com seus discípulos, o seu grande memorial e seu presença eternizada em sua materialidade (carne e sangue), é causa de muita controvérsia e divergência, tanto é verdade que ele fracionou o pão, como é verdade que declarou sua divindade.

Pensar as coisas do alto assim não pode deixar de ter sua concretude, sua materialidade, vejam que o pão não é o trigo, mas o trigo transformado por mãos humanas em pão, assim como o vinho.

Não deixa de ter o aspecto mais sagrado e divino ao pedir aos discípulos que façam isto em sua memória e em seu nome, assim ele é renovado e divinizado pelas mãos humanas que o repetem.

Como entender a comunhão sem a presença do Outro, sem a dialógica com o contrário, sem este paradoxo de entender que mesmo havendo oposição é possível novos horizontes como preconiza o círculo hermenêutico, que pede que antes sejam deixados “entre parêntesis” os pré-conceitos.

Temos uma visão de verdade, de lógica e de racionalidade, porém a verdadeira comunhão só é possível com um passo além, a crença que algo divino também pertence ao Outro, ao diferente e ao oposto a minha visão de mundo, não há comunhão sem isto, há apenas tolerância.

Sempre me perguntei porque guerras, fome, miséria, injustiças entre os homens, minha resposta hoje é que não há verdadeira comunhão entre homens, talvez alguma pequena tolerância, algum respeito que esconde verdadeiros interesses, talvez um respeito até humano porém não divino.

 

A floresta que limita a clareira

10 mar

O homem moderno, vítima de ideologias, culturas e apostasias religiosas vivem apenas com a consciência da liberdade individual, sem compreender de fato quem é o Outro que não é igual, o filósofo coreano/germânico Byung Chul Han desenvolveu isto em “A expulsão do outro: Sociedade, percepção” (Editora Vozes) no qual fala do vazio adiposo da plenitude.

Este vazio, nada tem a ver com o epoché fenomenológico, abertura da mente e da alma para dialogar e receber o Outro, o diferente, o discurso e a narrativa contrária a nossa, para depois fundir os horizontes no “circulo hermenêutico”, o vazio de alma é positivo, nos eleva.

Através de sucessivas tragédias, a pandemia foi a primeira e não será a última, e aqui não se trata de discurso apocalíptico, e sim da constatação social de uma crise civilizatória em processo cada vez mais profundo e perigoso, não apenas nos governantes, mas também na consciência pessoal.

Chul Han chega a falar estes processos são obscenos na “hipervisibilidade, a hipercomunicação, a hiperprodução, o hiperconsumo, que levam a uma rápida estagnação do igual. Obscena é a ‘ligação do igual com o igual” (Han, 2022) enfim tudo de traduz numa mesmice obscena.

Cita um exemplo muito ilustrativo que é a animação Anomalisa de Charlie Kaufmann (foto), que fala de uma palestrante Michael que vai a Cincinnati para uma palestra e lá se aproxima de uma pessoa por sua voz, Lia é uma pessoa que já o conhece e veio para ver sua palestra e se apaixonam.

Mas o inferno do igual são os funcionários do Hotel, todos iguais e que querem seduzir Michael.

O ensaio dá ênfase ao amor erótico, porém isto serve também para o amor agápico, sem se apaixonar e dialogar com o diferente, vivemos no inferno do igual, no nosso circulo vicioso, em um ambiente cheio de vícios e de obscenidades, no pior sentido da palavra.

Na narrativa bíblica, Moisés que tentava levar seu povo a um caminho novo, queriam apedrejá-lo e blasfemavam contra a proposta de uma vida diferente (Êxodo 17,3-7), chegam a pedir a volta da escravidão egípcia (qualquer semelhança com a política atual não é coincidência), e também no capítulo 4 de João, Jesus vai ao encontro da samaritana, mulher e “pagã” e dialoga com ela.

Na semana que se comemorou o dia da mulher, é importante isto que não é um detalhe bíblico, mas a essência de sua mensagem, Jesus ao encontrar-se com ela que estranha seu interesse e diz “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” (Jo 5,9).

A obscenidade e a mesmice do igual não só empobrecem cada um, mas limita o processo civilizatório que é enriquecedor quanto mais o diferente possa existir com dignidade.

 

HAN, B. C. A expulsão do outro: sociedade, percepção. Trad. Lucas Machado.Petrópolis, Vozes, 2022.

 

A cultura de massa e a crise

20 out

Depois de analisar os aspectos de homogeneização e de colonização cultural, Morin vai analisar quem é o homem médio e que cultura consome, afirma:

“A linguagem adaptada a esse anthropos é a audiovisiaul, linguagem de quatro instrumentos: imagem, som musical, palavra, escrita. Linguagem tanto mais acessível na medida em que é o envolvimento politônico de todas as linguagens” (pag. 45) e, portanto, não é específica das novas mídias que apenas as potencializa, e ela envolve mais um imaginário do que “do jogo que sobre o tecida da vida prática” (idem).

Isto porque “as fronteiras que separam os reinos imaginários são sempre fluidas, diferentemente daquelas que separa os reinos da terra” (ibidem), assim um homem pode participar das lendas de outra civilização do que adaptar-se a vida desta civilização, e assim Morin prepara para falar da grande crise ou grande noite civilizatória, que Morin chama de “grande craking”.

Na medida em que melhora a qualidade técnica mediatiza a qualidade artística, diz Morin: “sobem na cultura industrializada (qualidade redacional dos artigos, qualidades das imagens cinematográficas, qualidade das emissões radiofónicas), mas os canais de irrigação seguem implacavelmente os grandes traçados do sistema (pag. 50).

Morin separa as correntes culturais vindas de Hollywood em três correntes principais: a que “mostra o happy end, a felicidade, o êxito; a contracorrente, aquela que vai da morte de um Caixeirio-Viajante a No down payment [Rock do AC/DC], mostra o fracasso, a loucura, a degradação” (pag. 51), mas há uma terceira corrente que chama de “negra”.

Esta é “a corrente em que fermentam as perguntas e as contestações fundamentais, que permanece fora da indústria cultura: esta pode usurpar em parte, adaptar a si, tornar consumíveis publicamente certos aspectos, digamos, de Marx, Nietzsche, Rimbaud, Freud, Breton, Péret, Artaud, mas a parte condenada, o antipróton da cultura, seu randium fica de fora” (idem).

Morin descreve este anti-climax no início do capítulo 5 “O grande ´cracking”: “os discos long playing e o rádio multiplicam Bach e Alban Berg. Os livros de bolso multiplicam Mlaraux, Camus, Sartes. As reproduções multiplicaram Piero dela Francesca, Masaccio, Césanne ou Picasso” (pg. 53), a cultura parecia se democratizar pelo livro barato, o disco, a reprodução, como preconizara Walter Benjamin, mas o resultado foi a vulgarização, pois a “cultura cultivada” não é na cultura de massa a corrente principal nem a específica.

O imaginário sai dos ritos, das festas e das danças e vai para o rádio, a televisão e o cinema, lá “esses espíritos fantamas, gênios que perseguiam permanentemente o homem arcaico e se reencarnavam em suas festas” (pag. 62), agora são “escorraçadas pela cultura impressa”, a cultura de massa quebra “a unidade da cultura arcaica a qual num mesmo lugar todos participavam ao mesmo tempo como atores e espectadores da festa, do ritmo, da cerimônia” (pag. 62), espectador e espetáculo estão fisicamente separados.

Essa transformação de uma “do homem da festa” sucede o que chamamos de público, audiência e espectadores: “o ele imediato e concreto se torna uma teleparticipação mental” (pag. 63(, este mass media (hoje confundido com as redes, que é outra coisa), ao mesmo tempo que “restabelecem a relação humana que destrói o impresso”, “é ao mesmo tempo, uma ausência humana, a presença física do espectador é, ao mesmo tempo, uma passividade física”. (pag. 63).

A cultura de massa mantém e amplifica um “voyeurismo”, de modo mais amplo: “um sistema de espelho e de vidros, telas de cinema, vídeos de televisão janelas envidraçadas dos apartamentos modernos, plexiglas dos carros Pullman, postigos de avião, sempre alguma coisa de translúcido, transparente ou refletidor nos separa da realidade física” (pag. 72-73) e tudo isto foi anterior às novas mídias, depositar a elas unicamente este grande “cracking”, é ignorar a construção (ou desconstrução histórica) do imaginário, do folclore e das festas, que se inicia antes mesmo do século passado com a cultura impressa, o iluminismo e o idealismo.

Tentativas de reativar a cultura “cultivada” não faltam, como já discorremos, através dos mesmos mass media que vulgarizam e destroem a substância da cultura humana, não faltam obras vividas de Van Gogh que Akira Kurosawa animou no cinema, de grandes eventos públicos com “vídeo-mapping” animado de Vang Gogh (feito no Atelie des Lumiéres, em Paris, foto), que apresentou em 2018 a obra de Gustav Klimt também animada.

A crise cultural não é apenas obra dela própria, sua raiz é o pensamento e o desenvolvimento de uma cultura de massas do idealismo, de um objetivismo que ignora o humano.

MORIN, Edgar. Cultura de massas do século XX. trad. Maura Ribeiro Sardinha. 9ª. edição. Rio de Janeiro, Forense, 1997.

 

No prazer do texto há um diálogo

02 set

No post anterior há as expressões de Barthes sobre literatura, escrita e texto, e já conceituamos a ideia de inscrição que se supõe um suporte, a escrita e o aspecto cognitivo e no texto o aspecto linguageiro, artístico e de “instalação”, e é aqui que analisa-se o seu livro “O prazer do texto”.

O livro apesar de aspectos teóricos é de fato um prazer ao ser lido, há diálogo e principalmente surpresas agradáveis, como por exemplo, um espaço semiológico, uma espécie de lugar entre duas margens: “uma margem obediente, conforme, plagiária (…) o estado canônico da língua e outra móvel, vazia (…) estas duas margens enceram, são necessárias” (pag. 40).

Cede a literatura mais clássica: “de Zola, de Balzac, de Dickens, de Tolstoi) traz em si mesma uma espécie de mimese enfraquecida: não lemos tudo com a mesma intensidade de leitura; um ritmo se estabelece, desenvolto, pouco respeitoso em relação à integridade do texto” (pag. 17)

Trata em uma única linha de rupturas Proust, Balzac e Tostói, “o próprio ritmo daquilo que se lê e do que não se lê que produz o prazer dos grandes relatos: ter-se-á algumas vez lido Proust, Balzac, Guerra e Paz, palavra por palavra?  (Felicidade de Proust: de uma leitura a outra, não saltamos nunca as mesmas passagens)” (pag. 18).

Recomenda como se deve fazer a verdadeira leitura: “Leiam lentamente, leiam tudo, de um romance de Zola, o livro lhes cairá das mãos; leiam depressa, por fragmentos, um texto moderno, esse texto torna-se opaco, perempto para o nosso prazer: vocês querem que ocorra alguma coisa, e não ocorre nada; pois o que ocorre à linguagem não ocorre ao discurso: o que “acorre”* , o que “se vai”, a fenda das duas margens .. “ (pag. 19).

Contrasta o texto com o teatro ou o cinema: “Na cena do texto não existe ribalta: não há por detrás do texto ninguém ativo (o escritor) nem diante dele ninguém passivo (o leitor); não há um sujeito e um objeto. O texto prescreve as atitudes gramaticais: é o olho indiferenciado que fala um autor excessivo (Angelus Silesius): ‘O olho com que eu vejo Deus é o mesmo olho com que ele me vê.” (pag.52).

Revela o segredo de outro livro seu: “Tradição antiga, muito antiga: o hedonismo foi repelido por quase todas as filosofias; só se encontra a reivindicação hedonista entre os marginais, Sade, Fourier; para o próprio Nietzsche, o hedonismo é um pessimismo” (pag. 74), o livro citado no post anterior que vai muito além do hedonismo.

BARTHES, Roland. O prazer do texto. Trad.   J. Guinsburg. SP: Editora Perspectiva, 1987. (pdf)

 

Influenciador digital, a potência nas novas mídias

25 fev

Influenciador digital é uma nova área de atuação nas mídias, desde os primeiros blogueiros eles existem, falam de coisas curiosas desde temas sérios, até culinária, fitness, esportes ou qualquer coisa que esteja em alta em determinado momento, os que fazem sucesso significam muito em termos de estatísticas e financiamentos, mas pouco em termos de conteúdos sérios e políticos.
Cito um brasileiro Felipe Neto, em torno dos 32 anos, não fui conferir apenas li em algum lugar, as vezes é inteligentes, as vezes comediante e irônico, fala de tudo em especial de fatos culturais inéditos, como a família Passos que formou uma “trupe” que ganhou com uma marchinha de sátira de carnaval “A culpa é do PT” que na rádio CBN venceu o concurso.
Dizem que ele tem milhões de seguidores, não fui conferir e pois também existem “robôs” e “influencers” capazes de produzirem valores juntos, mas as visualizações são mesmo astronômicas.
Você deve desconhecer Christian Figueiredo que tem em torno de 21 e já lançou um livro “Eu fico loko” e já fez marketing para Colacoca (algo assim) e Disney, e se for num shopping vai enlouquecer adolescentes, pergunte ao seu filho, sobrinho ou neto quem ele é, chance de 50% que saberão.
O catarinense Luba, Lucas Feurschütte. tem em torno de 25 anos, e já fez um vídeo de sucesso com Christian Figueredo perguntando: “Você é um gay”, tem um terceiro que não conheço que participa, mas talvez também seja de sucesso, o seu sucesso é o Luba TVGames (em torno de 230 mil seguidores), não vou esgotar a lista, apenas aponto um universo desconhecido de quem tem mais de 30 anos, pelo menos a imensa maioria, os jovens estão sob enorme influência deles.
Se seu filho é um adolescente preste atenção nestes nomes: Júlio Cocielo que se envolveu numa polêmica por fazer um comentário racista do jogador Mbappé, ah este você conhece, outro nome é Luccas Neto, 25 milhões de inscritos e bilhões de visualizações, Kéfera Buchmann do canal 5inco Minutos, não sei de é ironia com o programa americano 60 minutes, mas fala de beleza, esquetes, paródias e tem um humor bem fino e 11 milhões de seguidores, Whindersson Nunes, que uma vez em palestra fiz uma brincadeira com ele e todas adolescentes reagiram, e o adulto que dirigia a conversa não entendeu nada, e claro, o Felipe Neto.
De outros países tudo que sei é o youtuber PewDiePie, um comediante sueco em torno dos 30 anos, descobri que seu nome é Feliz Arvid Ulf Kjellberg, e também os do Instagram, mas lá surgem nomes “comuns” midiáticos como Cristiano Ronaldo e Messi jogadores de futebol, Beyoncé e Selena Gomez cantoras, Justin Bieber cantor e outros, pessoalmente sou seguidor de amigos e familiares.
É tudo que conheço, me dedico pouco a estas conversas, mas a vontade de potência me fez ir atrás do que os jovens estão preocupados, daqui 3 ou 4 anos estarão na faculdade e não quero perder a piada, ou a conversa, ou o “poder” que gente da nossa idade perdeu com os jovens.
Ah é tudo gente midiática, sim, mas também os novos filósofos das mídias não são outra coisa.

 

Disrupção, sabe as palavras mais usadas?

04 dez

Para que vocês usam hashtags? para expressar um pensamento, fazer pressão ou para criar “torcidas”?
O ano 2018 será marcado por diversas disrupções, entre elas a inteligência artificial que chegou para ficar, você pode pensar que ela está longo, mas aonde há mais código não é nem no celular no facebook, mas no carro, por isto é uma disrupção.
A segunda é o uso de palavras no Instagram que tornaram-se comuns e nem todo mundo conhece, a hashtag #instagood deveria ser usada só para as melhores fotos, mas os usuários acabaram usando tanto que é a segunda palavra mais usada no Instagram (com número de uso de 574.190.28, abaixo apenas de #love que passou de 1 bilhão.
A terceira no Instagram também é pouco conhecida e comprida: #photooftheday, mas se ler direitinho vai ver que é simples: a foto do dia, mais de 407 milhões, se for unida a outra palavra usada no mesmo sentido # picoftheday provavelmente seria a segunda.
Será um pouco difícil saber qual foi a palavra “da moda” em 2018, mas em Portugal por causa de um programa de humor “Gato Fedorento”, a palava “esmiuçar” conhecida dos brasileiros, aqui entrou na moda em 2009, por causa do excelente humor Ricardo de Araújo Pereira, prometi ler ele o ano passado (vejam meu post) e não me arrependi.
Ainda não há uma palavra eleita, a iniciativa em Portugal é da Porto Editora, há votações no site www.palavradoano.pt até dia 31 de dezembro, portanto só no ano novo saberemos.
Em inglês eu leio em sites que entraram na moda o “perf” de perfect e a “lineswoman”, o nosso juiz de linha em inglês seria o árbitro do futebol americano, creio que pode significar mulheres decididas ou tomar decisão.
No Brasil, fake news foi muito usada, além dos usos eleitorais de #elenão e #mito, nada mais despolitizado, deu no que deu, nem mesmo o futuro governo tem um futuro claro a frente.
A evolução de situações de fundamentalismo religioso em todo mundo, e talvez agora também no Brasil poderá criar uma nova palavra, mas sem dúvida há um retorno ao nacionalismo e às fundamentações religiosas sem precedentes na história, até o pacífico budismo está afetado.
Que palavra foi usada para isto, além de fundamentalismo? Por enquanto nenhuma. Que palavra foi usada para o retorno ao nacionalismo, até na Europa? Nenhuma, então minha conclusão em meus posts, há um problema de diagnóstico, a palavra seria noite do pensamento, uso então uma palavra grega: Aporia.

 

Morreu Paul Allen

16 out

Co-fundador com Bill Gates da Microsoft (foto), teve fortuna igualável e foi de fato o grande desenvolvedor da Microsoft, Bill Gates tinha trabalhado antes da Microsoft apenas numa versão da linguagem Basic, foi ele que sugeriu a compra do QDOS, sistema desenvolvido por Tim Paterson quando trabalha na Seattle Computer Products, de onde surgiu o MS DOS, cuja venda para a IBM é a origem do projeto milionário da Microsoft.

Paul Allen conhecia o sistema MVT da Xerox Palo Alto, que foi inspiração para as primeiras versões do Windows, mais tarde também investiram no Explorer numa versão fortemente competitiva com o Netscape, que desencadeou a chamada guerra dos navegadores Web.

Paul Gardner Allen  criou uma fundação com seu nome em 1988 para administrar projetos filantrópicos, entre 1990 e 2014 doou mais de 500 milhões de dólares a mais de 1500 organizações sem fins lucrativos, a maioria destinada a projetos de tecnologia, artes e cultura, mas também uma significativa fatia para desenvolvimento social (cerca de 100 milhões de dólares).

Morreu ao 65 vítima de câncer em sua cidade Seattle, onde era dono do time de basquete.

 

O Palácio de Cristal e a era digital

10 set

Byung Chull Han descreve em suas que os conceitos de telecomunicações, ela foi anterior e fundamental para a internet, deve ser refletida com grande seriedade ontológica, pois é ela que designa a forma processual de densificação em números de interações e valores monetários, calcula-se que há dez milhões de e-mails por minuto e um trilhão de dólares ao dia (VÁSQUEZ ROCCA, 2012).

Esta alta densidade ocorre tanto na possibilidade maior e mais fácil de encontro entre agentes, quer na forma de transações (relacionais?), quer na forma de colisões, e isto descreve de certa forma o que lembra o chamado de Palácio de Cristal (idem).
O Crystal Palace de Londres, em 1850, já abrigava Exposições Universais e também centros de recreações que eram dedicados a “educação do povo”, esta sofisticada arquitetura, uma das mais imponentes do século XIX, antecipava um capitalismo globalizado e pretendia a absorção total do mundo que era produzido, muito antes da era digital.
Cita-o Dostoiévski e Walter Benjamin ainda mais frequentemente, e Sloterdijk (2005) usa-as em um artigo onde usa a ideia de Dostoiévski que encontro ali o culto a Baal como símbolo consumista e hedonista, onde uma doutrina das “finalidades” como um dogma do consumo.
Sloterdijk faz uma conexão com Benjamin: “O poder da metáfora do palácio de cristal de Dostoiévski para a filosofia da história é melhor medido quando justaposto à interpretação de Walter Benjamin das arcadas parisienses. A comparação é sugestiva porque num caso como no outro uma forma arquitetônica foi proclamada como a chave para o capitalismo. condição do mundo” (SLOTERDIJK, 2005, P. 279).
Será Byung Chull-Han que resolve esta dualidade ao estabelecer que há sempre um “mistério” que é desvelado e que isto é parte do belo e da verdade, que aos poucos se desvela.
É preciso pensar que apenas 4% do universo é conhecida, aquele da chamada da matéria bariônica, aquela composta de protóns, eletróns e neutrons, além de algumas subpartículas, a matéria escura que em parte é também bariônica e a chamada energia escura, uma força de ação repulsiva que permeia todo o espaço, são praticamente desconhecidas.

SLOTERDIJK, P. Crystal Palace. Chapter 33 of in Globalen Inneren Raum des Kapitals: Für eine philosophische Theorie der Globalisierung (In the Global Inner Space of Capital: For a Philosophical Theory of Globalization). Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2005, pg. 265-276.
VÁSQUEZ ROCCA, Adolfo, “Sloterdijk: Modelos de comunicación ocultoarcaicos y moderno-ilustrados. Para una época de ángeles vacíos. Nómadas. Revista Crítica de Ciencias Sociales y Jurídicas, 2010 Disp.: http://www.ucm.es/info/nomadas/26/avrocca.pdf, Acesso em: setembro de 2018.

 

Holograma faz sucesso

26 ago

De firma inesperada, uma cantora que é um holograma tridimensional, Hatsune Miku ganhou multidões para seus shows em várias cidades do Japão.

Os fãs de Hatsune, que é uma produção holográfica simulando uma garota de 16 anos, agitam seus apatatos luminosas e se agitam durante o show como se a artista fosse real.

Conforme reportagem do Daily Mail, a voz de Hatsune foi criada com amostras de voz da atriz japonesa Saki Fujita. Todas estas amostras contêm sons que, quando colocados em série, se transformam em palavras e frases. 

Agora os criadores do holograma podem compor qualquer música que a “avatar” irá cantar mesmo sem muita elaboração.

 

Alexa: assistente pessoal da Amazon

26 jun

Pode não parecer um fenômeno novo na tecnologia já que existem assistentes como o Siri, Cortana ou Google Now, mas o fato deste assistente ser realmente pessoal, por isto chamei os outros de assistentes de voz, é o fato que ele aprende e armazena os dados em uma nuvem particular da Amazon Web Service (AWS).

Ativados por voz estes assistentes pessoais embora todos fundamentados pelo uso de voz há diferenças, eles podem aprender com pessoas específicas hábitos e funções que elas desejam, enquanto o assistente de voz, como chamo Siri e Google Now agora emponderado pelo Dialogflow, como explicamos no post anterior, eles podem responder e aprender com a interação humana, mas poderá, se for desejável organizar seu próprio banco de dados.

O Alexa (por ser o assistente pessoal penso ser do género masculino, mas pode ser a também) está centralizada na nuvem da Amazon e tem seu próprio equipamento que é o Amazon Echo, uma coluna sempre conectada a internet via WiFi que está atenta aos diálogos do seu “dono”.

Os serviços de música em streaming com uso do Spotify ou Pandora, pode ler as notícias dos principais jornais que preferir, informar a previsão de tempo ou o trânsito a caminho do trabalho, pode controlar todos equipamentos em casa que sejam Smart Home, inclusive ele pode identificar e dizer sobre a compatibilidade, mais sua capacidade vai além.

Além disto tudo promete verificar coisas básicas como resolver contas matemáticas ou entrar numa conversa e até contar piadas, com o tempo este banco e esta capacidade vai evoluir.

Mas cuidado, já postamos aqui sobre o mito da singularidade (em especial o livro de Jean Gabriel Ganascia), a ideia que isto vai virar um monstro e controlar você é menos verdadeira que a de individualizar-se e deixar de falar com amigos e parentes.