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Ficção científica, futurismo e o presente
Desde o filme Laranja Mecânica adaptado para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, mas que é do livro de Anthony Burgess, até o atual Perdido em Marte, a ficção científica na sétima arte passou por etapas e discursos semelhantes, mas com ênfases distintas e de certa forma influenciaram o senso comum.
Burgess e Stanley Kubrick invocam a perturbadora história de uma provável sociedade do futuro onde a violência atinge proporções gigantescas e exige um governo totalitário tomar medidas de controle, não é diferente do tema tratado no livro 1984 de George Orwell, nem no admirável mundo novo de Aldous Huxley também adaptado para o cinema por Orwell, como 2001: uma Odisseia no Espaço (1968) escrito por Arthur C. Clarke e Kubrick.
Também o épico Blade Runner (1982, no Brasil com o subtítulo O caçador de Andróides), narra uma sociedade futurista onde a humanidade inicia uma colonização espacial, onde seres geneticamente alterados, os replicantes, são utilizados em tarefas pesadas, perigosas e degradantes nas novas colônias, mas um motim começa com a presença não permitida de replicantes na Terra que se confundem com os humanos.
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Passou 1982, 1984 e 2001 e nada disto aconteceu, também o ano passado foi até comemorada data 21 de outubro de 2015, quando os personagens dr. Emmet Lathrop Brown (Christofer Lloyd)), Marty McFly (Michael J. Scott) e Jeniffer Park (Elisabeth Sue) do filme De Volta para o Futuro II (1989), então bem vindos ao presente.
Passou quase desapercebido, primeiro pela questão ideológica e depois por volta de entendimento, as duas versões do filme Solaris (1972) de 1972, realizado por Andrei Tarkovski no qual astronautas vão para um planeta formado por um imenso oceano, e um psiquiatra Dris Kelvin (Donatas Banionis) é enviado a aeronave para verificar se a missão deve continuar.
Ao chegar à aeronave, uma cena que passa quase despercebida vê uma máquina em pane e a desligada e depois outra surpresa é o suicídio de um tripulante, enfim o drama é humano.
Uma nova versão foi feita em 2002, produzida por James Cameron, dirigido por Steven Soderbergh e estrelado por George Clooney e então foi um sucesso ? não, a mentalidade bélica de Wars não pode entender que no fundo o drama da humanidade é humano e não tecnológico nem futurista, é o hoje.
Mas “Interestelar“, que ganhou melhor trilha sonora (sic!) com Hans Zimmer, que fala do drama ecológico e concorreu a melhor edição e melhor mixagem de som além de desenho de produção com “Interestelar” de Nathan Crowley e Gary Fettis, já mostram novo caminho; também Gravidade (2013) com melhor diretor Alfonso Cuarón, melhor trilha sonora e melhor mixagem de som (sic!).
Globo de Ouro, os indicados
A entrega do Globo de Ouro é anterior ao Oscar, e por isto influencia-o, o prêmio
existe desde 1961, e ocorre no Hotel Beverly Hilton, e baseia-se nos votos de 93 membros da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood.
Entre os filmes indicados destaco Carol (que tem também a indicação de melhor diretor Todd Haynes) para drama e Perdidos em Marte como “comédia ou musical” (sic) que também tem seu diretor indicado: Ridley Scott.
Reaparecem indicados para melhor diretor: Alejandro González Iñárritu (O Regresso), ganhador no ano passado com Birdman e Tom McCarthy (Spotlight – Segredos Revelados) que já havia ganho o melhor roteiro original em Up – altas aventuras.
Dois indicados chamam a atenção este ano, o brasileiro Wagner Moura que disputa o título e “Melhor ator em série dramática”, por ter feito Pablo Escolar em “Narcos”, e Lady Gaga por sua atuação em “American Horror Story: Hotel”.
Se o prêmio for para Mad Max: estrada da Fúria ou seu diretor George Miller, para mim será um decepção por estarmos cedendo a arte ao “espetáculo”.
Em animação aparece o esperado O Bom Dinossauro, o muito visto e aplaudido Divertida Mente e o curioso Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, O Filme, não posso comentar Shaun, o Carneiro e também Anomalisa, indicados.
Como curiosidades o filme sobre Stevie Jobs (mais um) aparece com as indicações de melhor diretor: Michael Fassbender e melhor trilha original.
Fico curioso com A Garota dinamarquesa, melhor ator Eddie Redmayne e melhor trilha original, além do filme O regresso, indicado para melhor diretor, melhor filme e melhor Trilha Sonora, porque Iñárritu já mostrou a que veio.
Os que não enxergam o Outro: o antidiálogo
O mundo todo conhece Paulo Freire, curiosamente para muitos brasileiros não, diálogo aqui é às vezes sinônimo de hipocrisia, de falsidade ou de mera oposição.
Mas relendo Paulo Freire encontramos até mesmo uma não separação entre sujeito e objeto, fato consumado do idealismo contemporâneo, dito assim pelo autor nacional :
“Toda conquista implica num sujeito que conquista e num objeto que é conquistado. O sujeito da conquista determina suas finalidades ao objeto conquistado, que passa, por isto mesmo, a ser algo possuído pelo conquistador. Este, por sua vez, imprime sua forma ao conquistado que, introjetando-o, se faz um ser ambíguo. Um ser, como dissemos já, “hospedeiro” do outro”. (FREIRE, 1983, p. 162).
Como este “hospedeiro” se instala na educação antidialógica, através de um recurso bastante comum que é o verbalismo, o opressor fala quanto quer e dá um tempo restrito de resposta ou apenas de pergunta, uma vez que o considera sem capacidade de responder, dito assim:
“Este modo de pensar, dissociado da ação que supõe um pensamento autêntico, perde-se em palavras falsas e ineficazes” (FREIRE, 1980, p. 87).
Para Freire a palavra autêntica é práxis44, deve manter o diálogo constante entre teoria e prática. Por isso, também a palavra que é só ação se transforma em ativismo. O diálogo é incompatível com as autossuficiências (as de grupo também) e exige um pensar autêntico: dialógico.
Pensar significa perceber uma realidade historicamente e assim deve-se superar a ignorância conhecendo a história e sendo capaz de superar a dicotomia homem-mundo, tornando-se um homem mundo, capaz de entender outras culturas.
Este homem-mundo, para Freire , diferente são seres do puro fazer (consciente):
“Os homens, pelo contrário, como seres do que fazer, ‘emergem’ dele e, objetivando-o, podem conhecê-lo e transformá-lo com seu trabalho” (FREIRE, 1983, p. 145).
Freire (ibid, p. 156) denuncia que a ideologia opressora promove a absolutização da ignorância.
Dessa forma, os opressores se reconhecem como os que nasceram para saber e sabem conviver com o oposto, no dizer do direito: o “contraditório”.
Assim o diálogo fica impossibilitado e a opressão, a heteronomia se mantém. A desmistificação dessa idéia de ignorância das massas deve ser fruto do processo de libertação, os opressores jamais vão fazer isso, pois eles se beneficiam dessa situação.
Aliás, o antidialógico, o dominador, quer conquistar aquele que lhe é oposto, o seu diálogo é proselitista.
A esperança e fé, além das tecnologias
Erich Fromm escreveu na década de 60 um dos livros que inspiraram aquela geração chamado “A revolução da esperança” no qual buscavam uma sociedade fora do consumo (grande inspiração dos hippies), e que preconizava uma sociedade onde os valores humanos fossem mais verdadeiros e fortes.
Mais tarde Joel Heizein atualizou algumas de suas reflexões, dizendo sobre a técnica: “a busca da verdade científica, o homem encontrou conhecimento que poderia usar para dominar a natureza e ele teve um espantoso êxito. Mas com uma ênfase unilateral à técnica e ao consumo material, o homem perdeu o contato consigo mesmo, com a vida. Tendo perdido a fé religiosa e os valores humanistas a ela ligados. A máquina que o homem construiu tornou-se tão poderosa que desenvolveu seus próprios programas e agora determina o próprio pensamento do homem”, ao ser perguntando sobre o domínio da natureza pela ciência.
Fromm não abominou a técnica, nem a economia, mas refletiu se devemos ter uma economia saudável produzindo pessoas doentes, sob o lema de mais produção e mais consumo.
Para ele a “A esperança é um elemento decisivo em qualquer tentativa para ocasionar mudança social na direção de maior vivência, consciência e razão”.
A fé é um elemento importante como complemento da esperança: “A esperança está ligada intimamente ligada à fé. A fé é a convicção do que ainda não foi provado; o conhecimento da possibilidade real, a consciência da gravidez”, ou seja, a consciência de um mundo novo.
Por último diz o que é firmeza (ou fortaleza, ou resiliência): “a estrutura da vida existe outro elemento ligado à esperança e à fé: a Firmeza. A firmeza é capacidade de resistir à tentação de se comprometer a esperança e à fé transformando-as e assim destruindo-as – em otimismo vazio ou em fé irracional.
A firmeza é a capacidade de dizer não quando o mundo quer ouvir sim, conclui o autor.
HEIZEIN. Joel. A revolução da esperança na perspectiva de Erich Fromm, 2008, disponível em:
http://goo.gl/9BlS0f
Não fomos ou queremos ser modernos ?
O livro de Bruno Latour é dividido em cinco capítulos, quais sejam: Crise, Constituição, Revolução, Relativismo e Redistribuição.
Latour põe em suspensão o conceito de modernidade e diz não apenas que ela é ambígua, mas que deve-se pensar se ela de fato saiu do papel e dos discursos, apesar de ser um período onde a ordem é altamente desejada, devido a ausência de um projeto “único” ela provoca a hibridização das coisas e dos sujeitos
É o que Bauman, no seu livro Modernidade e Ambivalência desejou analisar, mas no qual ele afirma mais o que modernidade é do que aquilo que não-é e nunca foi, por isto é líquida.
Diferente de Bauman, Latour vai analisar as raízes de nosso pensamento “moderno”, onde seus agrupamentos, e conceitos vão ser analisados a partir dos pensadores Boyle e Hobbes, lá no início da modernidade.
Boyle num momento em que uma dúzia de guerras civis são deflagradas escolhe um método de argumentação, o da opinião, ridicularizado pela mais antiquada tradição escolástica.
Já Hobbes desacredita todo o dispositivo de Boyle e afirma que só existe um único conhecimento, um único poder caso se deseje dar um basta às guerras civis, é o famoso hommo lúpus homini (o homem é o lobo do homem) de onde surgiu o seu livro Leviatã e de onde parte toda a tradição contratualista, de onde vieram nossas ´repúblicas” e democracias.
Latour em seu terceiro capítulo trata da Revolução, estamos num final de época, ainda que a modernidade jamais tenha cumprido seu papel, o da ordem, ou da “pacificação humana”, aquilo que Peter Sloterdijk diz em seu livro “Regras para o parque humano”, projeto que faliu.
Afirma dos projetos revolucionários estão em ter tentado percorrer uma última vez o círculo dos pré-modernos, englobando todos os seres divinos, sociais e naturais, o próprio Marx discutiu isto em Ideologia Alemã, a fim de evitar a contradição do kantismo entre o papel da purificação e o da mediação.
Latour explica que separamos duas dimensões (ele diz qualidades) ontológicas puras, seja a do espírito uma versão mais subjetiva, seja da matéria em sua versão mais objetiva, ou seja, separamos as coisas dos sujeitos, deu no que deu: a divisão do SER.
Os pós-modernos acreditam que ainda são modernos porque aceitam a divisão total entre o mundo material e a técnica de um lado, os jogos de linguagem dos sujeitos falantes de outro.
As coisas assim como a tecnologia fazem parte da vida humana, separá-las é um início de esquizofrenia, fragmentar o ser colocando a vida “espiritual” longe da concreta e humana.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Tradução de carlos Irineu da Costa. 2. Ed. Rio de janeiro: Ed. 34, 2009. 152p. (Coleção TRANS).
USP realiza Virada Científica
Com mais de 300 atividades gratuitas, nos dias de hoje e amanhã (17 e 18/10) a primeira edição da Virada Científica realizada neste ano de 2015.
O evento é uma parceria entre a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação vai oferecer, num espaço de 24 horas.
De acordo com Eduardo Cooli, coordenador geral do evento uma grande novidade está na Praça do Relógio, localizada na Cidade Universitária, com ateliês e espetáculos circenses protagonizados pelo Circusp, com a intenção de criar um movimento maior nesta Praça que é bastante central.
Ali também estará o Palco Ciencidade, onde haverá algumas atrações como “Do skate às artes plásticas”, “Câncer: conhecer para controlar” e outros.
Todas as oito unidades de USP terão atividades: São Carlos, Bauru, Pirassununga e Lorena, na capital estão incluídas as unidades do EACH (Escola De Artes, Ciência e Humanidades) e a Casa de Dona Yayá.
Estarei dando a Palestra “Funcionamento e peculiaridades das Redes Sociais” às 17 horas no Instituto de Geociências, na USP do Butantã.
Coisas inconvenientes no WhatsApp
A maioria dos grupos no whatsapp acabam morrendo por que são temporários mesmo, por exemplo, para um evento, ou cometem muitas atitudes inconvenientes, vejam algumas:
Mensagens em horários impróprios
Você está quase dormindo ou no meio do sono e é chamado pelo toque do WhatsApp, pior quando se trata de uma mensagem corriqueira ou sem importância. Não mande mensagens muito cedo ou muito tarde, é claro, a menor que seja de extrema importância.
Alguns assuntos são pessoais
Ninguém quer ser espectador de discussões de cobranças, assuntos familiares ou o, e isto é bem comum. O assunto deve interessar ao menos um terço do grupo, senão envie uma mensagem individual ou a um pequeno grupo.
Correntes de diversos tipos
As correntes seguem vivas no WhatsApp como conspirações, conteúdos religiosos em demasiado e promessas para a realização de determinados desejos, quando é claro, você encaminha para pelo menos alguns amigos. Você tem certeza que isso realmente funciona ?
Excesso de emojis
Os emojis são bacanas e alguns muito divertidos, contém uma mensagem (mas apropriada). O problema é que há algumas pessoas exageram e usam o recurso sem qualquer fim adequado (veja a foto). Às vezes, é muito difícil entendem o que se pretende dizer.
Os memes como arte
Enquanto os puristas ficam criticam e mal usando a internet, pessoas bem intencionadas tentam por um pouco de humor e descontração na Web, existe muita gente tentando por bom humor, brincadeiras saudáveis e fazer bom uso da internet e da Web.
O termo meme é uma ampliação do conceito de Richard Dawkings sobre um termo que ampliava a teoria de informações culturais em seu livro The Selfish Gene.
Mas meme virou uma forma de pixação e em tempos de fanatismo político, isto se ampliou ainda mais e ao contrário de ampliar o conceito de informação cultura, o deturpa.
Uma versão mais “light” de ilustração nas fotos da Web ficou conhecida no jargão da Web como “photobombing”, que no sentido negativo é arruinar uma foto por uma ação planejada ou mesmo acidental, mas que pode muito bem ser positiva, é o caso do artista Lucas Levitan.
Suas intervenções curiosas e bem humoradas estão de acordo com aquele conceito de Dawkins.
Escolas debatem uso de tecnologia
Um debate em torno da tecnologia surgiu nos meios televisivos e com isto atingiu grande parte da população, visto que este meio ainda é bastante preferido entre adultos, mas como sempre o debate é dirigido e feito por algumas escolas e alguns “especialistas”. Lá há coisas bem determinadas e por isto curiosas como: “uma criança podem usar o aplicativo por, no máximo, trinta minutos”, mas de onde tiraram isto, na verdade pode variar de pessoa a pessoa, e o importante é o uso consciente, por exemplo: “filho vamos combinar um tempo” e negociar.
Depois o programa citou um videogame educativo que seria usado por 28 mil crianças, novamente chama atenção o número exato, se fossem 27983 eu acreditaria, e aí pergunta a uma mãe de uma criança chamada Emanuelle que aprova. “Ela não estava conseguindo acompanhar a turma, mas, com o uso do aplicativo, ela teve uma interação muito maior e conseguiu me dar resultados bem rápidos”, acho curioso o resultado, claro o estímulo é importante, mas é válido tanto para o aplicativo como para um livro.
Aí entram os especialistas com “um número mágico”, crianças de até dois anos devem ficar longe das tecnologias e depois com um uso moderado, é risível, o limite deveria ser a idade de alfabetização da criança, ou até que ela possua determinada habilidade.
Agora entram as doenças: “Mais do que duas horas (não eram trinta minutos?), eu considero excesso. E a sociedade considera, isso já foi pesquisado (onde???), porque começa a ter muito sintoma. A criança pode ter dor de cabeça, dor no corpo, irritabilidade, agressividade, queda do rendimento escolar”, explica o neuropediatra Christian Müller, chutômetro, mas a clínica dele vai encher de pacientes.
Aí a sentença repressora final: “os pais têm que ficar de olho”, aí usam a ultrapassada técnica da recompensa, disse um paí que deu de presente um tablet de presente..:‘Falei, cara, é agora’.
Se você jogar a chupeta fora, a fada da chupeta vai te trazer um tablet’, a criança abriu a lata de lixo na loja: ‘Cadê meu tablet?’”, relembrou o pai. Sou um aficionado de tecnologia, tenho certeza que ela é definitiva e deve ser usado por crianças, mas permanecem as perguntas: em qual idade ? com que frequência ? quantas horas ? de uma coisa também tenho certeza: não é o mesmo número para todos.
Precisamos levar a educação a sério, muito amadorismo e achismos.
Dialogia e o diálogo possível
O termo foi tratado por Baktin e Martin Buber, e portanto, pode ultrapassar barreiras ideológicas ligadas ao primeiro, era um marxista, e religiosas, ligada ao segundo, que era um judeu interessado em questões religiosas, mas fundamentalmente um educador.
Por último podemos lembrar Paulo Freire para quem o diálogo era essencial no processo educativo, e assim verificar que há na natureza humana um caminho possível dentro de contrastes, contraposições e embates. Para explicar esta reliade, Buber percorreu um caminho desvelando o que existe entre um homem e Outro, algo que chamou de zwischenmenschlich (ou o entre os homens ou ainda, o interhumano), nela a verdade assume uma dimensão corpórea e portanto real. Nesta esfera interhumana uma característica essencial é a espontaneidade, e para isto toda aparência ou “dissimulação” seria fatal, no diálogo autentico o Outro se afirma como aquilo que realmente é e se confirma com sua natureza, e este se torna dialógico.
Para Buber o homem atual, está conjugando sua existência no relacionamento unidirecional entre o Eu (egótico) e um objeto manipulável (Isso), contrapôs a isto um EU-TU nome do seu livro e para ele “aquele que vive somente com o Isso não é homem” (Buber, 1977, p. 39), mas Isso pode ser qualquer coisa “ideal” isto é qualquer “Algo”. Para Baktin, o mundo está povoado de vozes de outras pessoas, e estas vozes são as palavras com os sentidos “enunciados”, procuro toda orientação do mundo através de palavras alheias, e este processo de aquisição da fala é que me permitirá a aquisição de todos os tesouros da cultura (Bakhtin, 1979, p. 347).
Assim como Buber, também para ele, o “eu” só existe na medida em que está relacionado a um “tu”, que “ser significa comunicar-se com”, e um “eu” é alguém que se dirige a um “tu”, e o que acontece entre nós, entre o “tu” e o “eu”, é um acontecimento do “ser”, um “aconteSer”, um fato dinâmico aberto que tem caráter de interrogação e de resposta ao mesmo tempo.
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Bakhtin, M. M. Estética da criação verbal. ( M. E. G. G. Pereira, Trad.). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1979)
Buber, M. Eu-TU, São Paulo: Cortez e Moraes, 1977.