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Arquivo para a ‘Neurociência’ Categoria

Nagel, o fisicialismo e o ser

11 jul

Todo o fisicalismo moderno, a physis grega é outra coisa, é essencialmente reducionista, pois “todo o reducionista tem a sua analogia preferida, retirada da ciência moderna” (Nagel, 1974)

Embora Nagel não defina o que é físico para ele, diz textualmente em nota de rodapé, afirma que “para além de ser interessante, uma fenomenologia que seja objetiva neste sentido poderá permitir que as questões acerca da base física da experiência adquiram uma forma mais inteligível” (Nagel, 1974).

Ainda que Aristóteles tenha chamado os pré-socráticos de “physikoi”, isto não tem a ver com a concepção moderna, assim como não se pode traduzir physis por natureza simplesmente.

Destaca-se aqui dois autores que falaram sobre este conceito grego, para Jaeger: “a palavra abarca também a fonte originária das coisas, aquilo a partir do qual se desenvolvem e pelo qual se renova constantemente o seu desenvolvimento; com outras palavras, a realidade subjacente às coisas de nossa experiência”, enquanto Burnet, por sua vez, afirma que “na língua filosófica grega, physis designa sempre o que é primário, fundamental e persistente, em oposição ao que é secundário, derivado e transitório”.

São estas concepções que mais se aproximam de Nagel, porém pode-se dizer seu conceito é quase ontológico: “mas fundamentalmente um organismo tem estados mentais conscientes se e só se há algo que é ser esse organismo — algo que é ser para o organismo.”

Porém o conceito importante e definitivo de Nagel é que pode fazer sentido perguntar se como é ser um morcego, mas não é concebível perguntar-se como é ser uma tostadeira, a física tem limites e se quiser pode-se ir mais fundo, já postamos aqui sobre a “Incomplete Nature: the mind emerged to matter” de Terrence Deacon.

NAGEL, T. Como é ser um morcego? (1974). Rev. Abordagem Gestalt. vol.19 no.1 Goiânia jul. 2013

 

É possível simplificar a filosofia ?

10 jul

Sim e não, conforme postamos a semana passada, há complexidade na simplificação e nem tudo que é simples pode ser correto, na maioria das vezes é um reducionismo, onde a simplificação alterou a análise do fenômeno tornando outra coisa do que é.

Mas alguém que conseguiu isto, ao menos em parte, foi Thomas Nagel, propôs-se a abordar temas como: o mundo além das mentes, para além de outras mentes, o velho paradoxo corpo e mente, como é possível a linguagem, existe o livre arbítrio, quais desigualdades são injustas, a natureza da morte e o sentido da vida.

Sem dizer autores e nomes está abordando problemas centrais da filosofia, vai se utilizar também de exemplos práticos, didáticos e começa por uma pergunta sobre as coisas que é no fundo a pergunta de boa parte da filosofia: “será que as coisas pareceriam diferentes se de fato existissem apenas em sua mente … e se fosse apenas um sonho gigante? … (NAGEL, 2018, p. 13).

“É mesmo possível que não tenhas um corpo nem um cérebro – uma vez que as tuas crenças acerca disso vêm unicamente dos dados dos teus sentidos.” (NAGEL,  2018, p. 14).

Começa então a dividir as correntes da filosofia, “a conclusão mais radical a retirar daqui seria a de que a tua mente é a única coisa que existe” (p. 15), esta é a corrente solipsista.

A segunda posição é “pode existir ou não um mundo exterior, e, se existe, pode ser ou não completamente diferente da maneira como te parece – não há maneira de o saberes ?” (p. 15), esta é a posição do ceticismo.

“Se não podes ter a certeza de que o mundo fora da tua mente existe agora, tu próprio, como podes ter a certeza de que tu próprio existisse antes? (p. 16), e isto remete ao problema do tempo, da memória, da informação, da linguagem e do ser.

No final o autor afirma que é “impossível acreditar seriamente que toda as coisas no mundo à tua volta podem não existir na realidade” (p. 20), isto pode ser tão evidente que não necessitamos de fundamentar, mas ainda assim haveriam três questões sérias:

1)    Faz sentido a possibilidade de o mundo interior ser tudo que existe, mas existindo o exterior quem garanta que não seja diferente do que pensa?

2)    Se qualquer destas hipóteses sejam possíveis, existe alguma maneira de provar a ti mesmo que essa hipótese não é de fato verdadeira ?

3)    Se não podes provar que existe seja o que for fora da sua própria mente, será correto continuar a acreditar na existência de um mundo exterior?

Existindo o mundo exterior, o problema é saber se tudo se move como um relógio ou seja é pré-determinado, o assim chamado determinismo, ou se há o livre-arbítrio e as coisas podem ser escolhidas, o autor fala da escolha de pessoas entre comer um belo pedaço de bolo ou uma fruta, e o fato que o sol não pode escolher de não levantar-se no início do dia, porém mesmo na natureza a física das partículas demonstra que há um indeterminismo na natureza.

Aborda isto no capítulo 6 daí virá a questão da lógica no capítulo 7.

Se pensar que existem as duas coisas deve pensar que existem também outras mentes, e estas mentes terão experiências e visão das coisas diferentes da sua, há um modo de ver que as duas estariam corretas ou as duas erradas, o que é certo ou errado ? Abordará isto no capítulo 7, e o certo e errado diante da justiça, abordará isto no capítulo 8, e a morte o que é, capítulo 9 e o sentido da vida, capítulo 10.

NAGEL, T. Que quer dizer tudo isto? Uma iniciação a filosofia. 5a. ed., Lisboa: Gradiva, 2018.

 

Pode uma batida de asa de borboleta causar um tornado ?

13 jun

O chamado efeito borboleta, surgiu de um artigo de E. Lorenz em 1975 numa revista de previsão atmosférica e por isto ficou um longo tempo escondido como “fenômeno”.

A primeira questão é esta, existe mesmo este artigo, porque é tão pouco mencionado ainda mais no Brasil uma vez que o nome do país aparece no título: “Predictability: Does the Flap of a Butterfly’s Wings in Brazil Set off a Tornado in Texas?” (previsibilidade: pode a batida das asas de borboletas no Brasil causar um tornado no Texas?), sim o artigo existe.

As outras duas questões colocadas pelo próprio Lorenz são:  se uma única borboleta poderia gerar um tornado, as batidas de asas anteriores ou subsequentes também poderiam causar e os milhões de outras borboletas também, e, se elas poderiam causar também poderiam evitar.

O que Lorenz propôs em termos gerais +e que as perturbações minúsculas não aumentar nem diminuíam a frequência de eventos como tornados, a questão que ele coloca em seu artigo é que a influência imediata de uma única borboleta pode fazer a presença de um tornado evoluir em duas situações diferentes, podendo em alguma instância bem inicial decidir sua presença ou não.

Esse pequeno evento pode ser fundamental, encadeado a outros, capazes de modificar o regime dos ventos e a temperatura em uma vasta região, passariam horas e o encontro das massas de ar podem provocar uma forte chuva em áreas que antes se determinava sol.

Daí vem o que Poincaré enunciou em 1908 como “sensibilidade das condições iniciais”, mas é preciso dizer que a formulação de sistemas caóticos de Lorenz distanciou-se muito do que é chamado de sistemas não lineares em matemática, a partir da ideia que linear é o mais comum, enquanto instáveis ou caóticos são não convencionais.

A maioria dos sistemas são instáveis, e isto é fundamental, Heisenberg de quem falamos em nosso post anterior, afirmou: “a física quântica derrotou a causalidade e a certeza que os sistemas estáveis e previsíveis nos oferecem, é famosa sua frase: “A Física quântica forneceu a refutação definitiva do princípio de causalidade.”

Pequenas ações, em sistemas humanos, também podem causar diferenças enormes e levar os sistemas humanos a estabilidade ou não.

 

O dualismo de Kant

06 jun

Apesar de Kant ter feito uma crítica de Descartes ele não penetra na questão corpo e consciência (ou mente como querem muitos), mas naquilo que ele considerou o núcleo do pensamento cartesiano a “representação” das coisas (fenômenos):

 “Toda a nossa intuição não é mais do a representação de um fenómeno ; as coisas que nós intuímos não são, em si próprias, como nós as intuímos, nem as relações entre elas são em si próprias tais como nos aparecerem;”

É pelo que ele chama de “coisa” que pode se confundir como o fenômeno, mas trata-se da tese que o ser humano tem uma espécie de software na sua cabeça que interpreta o mundo: o cérebro não é um recipiente para onde são “atirados” os objetos do mundo, ele processa “naturalmente” a cultura do mundo e a vê-lo de certa maneira.

Se vivesse em nosso tempo diria que é uma pintura, e não uma fotografia, e ainda assim diria que as duas são “representações” pois não é possível conceber a realidade objetiva, apenas subjetiva, isto é, na mente do sujeito, então é ainda dualista.

Sua espécie de dualismo, é a oposição entre os conceitos de “intuição derivada”, por um lado, e “intuição originária”, por outro lado, não uma cultura originária, mas intuição.

Já a “intuição derivada” é, segundo Kant, a “intuição sensível” do ser humano; e a “intuição originária” é a “intuição intelectual” que Kant diz que é divina e não cultural.

Não fiquem felizes os religiosos, embora a maioria entenda isto como “transcendência” e que deu na religiosidade “vaga” dos dias de hoje, aquela que afirma que qualquer intuição é do “Espírito Santo”, sem ter relação com a objetividade, eis o Kant puro.

O grande problema kantiano que refletirá na filosofia, aquela que Marx dizia dos velhos hegelianos, onde o Homem e Deus estão em realidades totalmente separadas e sem alguma possibilidade de interação ontológica, eis o Deus “morto”.

O pensamento kantiano que considero mais essencial é aquele que:

 “E se tirássemos do centro o nosso sujeito ou mesmo só a constituição subjetiva da sensibilidade em geral, toda a constituição, todas as relações dos objetos no espaço e no tempo, bem como o espaço e o tempo desapareceriam porque, como fenómenos, não podem existir em si próprios, mas apenas em nós.”

Quando a física moderna descobre que espaço e tempo não são absolutos, o centro de gravidade de Kant fica “balançado” e o a objetividade é questionada pois o sujeito passa a ser parte do fenômeno, então não é só representação, mas parte “ontológica”.

 

O dualismo racionalista

05 jun

A base de todo racionalismo ocidental encontra-se o dualismo cartesiano, seu fundamento mais essencial está na res-extensa e a res-cogitans, no fundo é a ideia de que há uma substância “pensante” e outra “corporal”, mal traduzida como dicotomia corpo-mente, na verdade em termos da filosofia atual é a ideia que separa corporeidade da consciência histórica.

Gadamer tratou isto de modo muito aprofundado, primeiro separando a consciência histórica romântica, analisando principalmente Dilthey, e depois a questão da teoria e prática, fazendo um elogio a teoria, na contramão dos “práticos” que no fundo são empiristas modernos.

Rex extensa é aquilo que chamamos de coisa um substância material, enquanto a res cogitans é a substância pensada, ou coisa pensante, na verdade o dualismo corpo-mente é o psicofísico, que também pode ser pensado em termos atuais como corpo-consciência.

O código cartesiano então o que é ? é algo que não suspende o ego, o eu do individualismo contemporâneo, por isso pode ser chamado também de ego cogitans, como alguns autores fazem, caso de Husserl e Gadamer.

É equivocada as ideias de que Descartes tenham raízes fenomenológicas, a leitura do texto de Husserl: “do objetivismo ingênuo a um subjetivismo transcendental”, encontrando desse modo o “fundamento racional absoluto” de todas as ciências positivas é uma interpretação apressada, pois serão questionadas  e “incluídas de um só golpe no parêntese da epokhé”, sendo sabadio que o epokhé além de anterior ao pensamento cartesiano tinha para a filosofia antiga um “esvaziamento” completo de categorias e do próprio ego para penetrar na a-letheia.

Assim o ser do res cogitans não é,  ser essencial, mas apenas residual; , pois não pela redução transcendental ao que “todo ente concebível para mim e toda esfera de ser de um tal ente” ao ego absoluto, e sim pela abstração lógica e matemática, nada tendo a ver com o transcendente.

Husserl é claro ao apontar que no § 10 das Meditações cartesianas, intitulado “Como faltou a Descartes a orientação transcendental”, é possível captar o eu puro e suas cogitationes.

O cogito ergo sum não é, portanto um epokhé, pois não suspende o próprio ego e suas pré-concepções e a tabula rasa que será um acréscimo de Kant também terá problemas.

 

História Oral, escrita e eletrônica de Shannon

21 mai

Há motivos bem compreensivos para um certo desconhecimento e também críticas, muitas vezes injustas, a Claude Shannon.

Há uma rara entrevista feita em julho de 1982 por Robert Price, chamada curiosamente de “Oral-History“, em que ele afirma:

”Bem, voltando a 42, os computadores estavam emergindo, por assim dizer. Eles tinham coisas como o ENIAC na Universidade da Pensilvânia …  Agora, eles eram lentos, eram muito desajeitados e enormes, e todos, havia computadores que ocupariam alguns quartos desse tamanho e eles teriam a capacidade de uma das pequenas calculadoras. que você pode comprar agora por US $ 10. Mas, mesmo assim, pudemos ver o potencial disso, o que aconteceu aqui se as coisas ficaram mais baratas e poderíamos melhorar o tempo de atividade, mantendo as máquinas funcionando por mais de dez minutos, coisas desse tipo. Foi realmente muito emocionante. Nós tínhamos sonhos, Turing e eu conversávamos sobre a possibilidade de simular inteiramente o cérebro humano. Poderíamos realmente obter um computador que fosse equivalente ao cérebro humano ou até melhor? E parecia mais fácil do que agora, talvez. Nós dois pensamos que isso deveria ser possível em não muito tempo, em dez ou 15 anos. Tal não foi o caso, não foi feito em trinta

A obra escrita de Claude Shannon é bem conhecida, ela está na sua principal obra Mathematical Theory of Communication, que começa com um artigo com o mesmo nome publicado na revista da Bell´s Laboratories em 1948, e que tem uma versão revista e corrigida no site do Departamento de Matemática de Harvard.  

Por último, a grande contribuição de Shannon, além de que seu diagrama apresentado ser sempre incompleto pois retiram dele a fonte de informação e o destino da informação, e isto torna a informação “sem significação” e sem sentido.

Porém sua grande contribuição é de fato a informação no artefacto, quais os limites de “ruído” (não é só isto) mas ele próprio afirma em sua obra que vai tratar da informação num sentido estrito, ou seja, no artefacto.

Oral, written and electronic history of Shannon.

There are good reasons for a certain lack of knowledge and criticism, often unfair, to Claude Shannon.

 

Andróides sonham ?

18 mai

Os dois filmes de Blade Runner foram inspirados no livro Androides sonham com ovelhas elétricas?, de Philip K Dick é relançado em edição comemorativa de 50 anos (1968-2018) com escritos inéditos: uma carta do autor para os produtores de Blade Runner, na qual profetiza o sucesso da produção e a última entrevista concedida por Dick, publicada em 1982 na revista The Twilight Zone Magazine na ocasião do lançamento do filme.

O prefácio exclusivo assinado pelo escritor e jornalista argentino Rodrigo Frésan, amante da ficção científica e da obra de Dick relatando a conturbada e impressionante vida do autor, e um brilhante cenários que chamam de “pós-apocalípticos” feitos por Douglas Kellner e Steven Best, professoras respectivamentte da Universidade da Califórnia e na Universidade do Texas.

Acrescente-se a isto um posfácio escrito pelo tradutor do livro, Ronaldo Bressane, que compara Androides com Blade Runner e comenta aspectos da obra não explorados no cinema, como a preocupação ambiental, além das questões religiosas e metafísicas presentes no texto.

As questões religiosas e metafísicas são tão atuais que merecem uma visão atualizada do que pensamos que é o nosso universo interior, os nossos valores e nossa relação com o mundo natural e ao mesmo tempo transcendental, no sentido não imediato.

O que é a natureza além a natureza e o que é o homem além do humano, não é nem trans-natureza e nem trans-humano apenas, mas para olhá-la de modo adequado será preciso ter um olhar transdisciplinar, não ver pelo lado apocalíptico e pessimista apenas.

A Inteligência Artificial é sem dúvida uma inspiração para os próximos anos, pensar nela não é pensar fora do espírito e da interioridade humana, mas é justamente questionar o que é isto, Blade Runner 2049 fez isto, mas o sucesso foi pequeno, preferimos Robocop.

Se a vida interior reduziu-se na modernidade não é devido aos avanços atuais e vindouros, mas devido ao fato que as vezes atribuímos aos humanos atitudes de robôs e não o contrário, pois os robôs atuais ainda tem raciocínio mecânico e numa lógica limitada.

 

AI e artefactos

16 mai

O livro de Norvig e Russel (2010) traz logo no início uma tabela sobre o pensar humanamente e racionalmente, e agir humanamente e racionalmente, a tabela completa para a Inteligência artificial é incompleta, mesmo se considerando a literatura na área em questões como autonomia e consciência.

Analisemos primeiro as quatro principais citações que estão no quadro da figura 1.1. do livro exemplificada ao lado, sobre a Inteligência Artificial.

Pensando Humanamente
“O novo e empolgante esforço para fazer os computadores pensarem. . . máquinas com mentes, no sentido completo e literal. ”(Haugeland, 1985)
“A automação de atividades que associamos ao pensamento humano, atividades como tomada de decisões, resolução de problemas, aprendizado. . . ”(Bellman, 1978)
Pensando Racionalmente
“O estudo das faculdades mentais através do uso de modelos computacionais” (Charniak e McDermott, 1985)
“O estudo das computações que tornam possível perceber, raciocinar e agir.” (Winston, 1992)

Agindo Humanamente
“A arte de criar máquinas que executam funções que exigem inteligência quando executadas por pessoas.” (Kurzweil, 1990)
“O estudo de como fazer computadores faz coisas em que, no momento, as pessoas são melhores.” (Rich e Knight, 1991)
Atuando Racionalmente
“Inteligência Computacional é o estudo do design de agentes inteligentes.” (Poole et al., 1998)
  “AI. . . está preocupado com o comportamento inteligente em artefatos. ”(Nilsson, 1998)

Entendi por este quadro que estou atuando racionalmente, e que as definições e Poole e Nilsson servem para meus estudos, mas falta alguma coisa, o que é consciência e autonomia, e neste sentido que o quadro é incompleto.

Mas a questão da consciência é um fato, se pensamos que uma pessoa pode ter consciência, mas um artefacto não, argumento de Thomas Nagel, podemos no sentido inverso de pensar em IA “fraca” e IA “forte” definições dados por John Searle, para diferenciar se as máquinas estão pensando racional e humanamente (IA forte) ou apenas pensando e atuando racionalmente (IA fraca).

Isto levou a um outro campo que é hoje chamado de IA geral e IA profunda.

NORVIG,  P.; RUSSEL, P. Artificial Intelligence: A Modern Approach 3nd ed., Upper Saddle River, New Jersey: Prentice Hall, 2010.

 

Novas linguagens e mudanças

11 mai

Em outras épocas guardadas, as devidas proporções, as mudanças que ocorreram em etapas anteriores também causavam impressão forte nas pessoas, mas foram tecnologias disruptivas as que mais influenciaram, as lentes para óculos e telescópios, permitiram a leitura dos primeiros livros impressos, e graças aos telescópicos, a revolução de Copérnico aconteceu.
A mudança de paradigmas que acontece causa espantos, mas é preciso o que se realizará de fato, o que é possível numa realidade mais longínqua e o que poderá acontecer nos próximos anos, já indiquei em alguns post, A física do impossível, de Michio Kaku (2008).
O autor cita no início deste livro, a frase de Einstein: “Se inicialmente uma ideia não parecer absurda, então ela não terá qualquer futuro”, é preciso um pensamento forte e chocante como este para entender que se devemos apostar na inovação, e este é o momento histórico disto, deve entender que grande parte de coisas disruptivas serão inicialmente absurdas.
Falando de coisas mais distantes, no início dos microcomputadores, chegou-se a declarar que eles não teriam utilidade para muitas pessoas, o mouse era desajeitado e “pouco anatômico” quando surgiu, e ainda há muita desconfiança na “inteligência artificial”, não só entre leigos no assunto, entre estudiosos também, outros idealizam um “cérebro eletrônico”, mas nem a Sophia (o primeiro robô a ter cidadania) e o Alexa Amazon tem de fato “inteligência”.
O que é preciso frear, e isto no tempo de Copérnico valia para a visão teocêntrica, hoje há também uma sociopatia anti tecnologia que beira o fundamentalismo, se há injustiças e desigualdades elas devem ser combatidas no plano em que estão, no social e político.
Roland Barthes afirmou que toda recusa de uma linguagem “é uma morte”, com a adoção de tecnologia por milhões de pessoas esta morte se torna um conflito, primeiro entre gerações, e depois entre concepções de desenvolvimento e educação diferentes.
Aos estudiosos faço a recomendação de Heidegger, afirmava sobre o rádio e a televisão que apenas meia dúzia de pessoas entendiam o processo e claro com o poder financeiro podem controlar as editorias destas mídias, mas também pode-se responder no campo religioso.
A leitura do evangelista Marcos Mc 16,17-18 “Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”.
Isto precisa ser atualizado para os novos meios e linguagens modernas, assim como, o avanço da medicina que permitirá curar doenças e dar maior qualidade de vida a muitas pessoas.

KAKU, M. A física do Impossível: uma exploração científica do mundo dos fasers, campos de forças, teletransporte e viagens do tempo. 1ª. Edição. Lisboa: Editorial Bizâncio, 2008.

 

Tendências da Inteligência artificial

10 mai

No final dos anos 80 as promessas e desafios da Inteligência artificial pareciam desmoronar a frase de Hans Moracev: “é fácil fazer os computado- res exibirem desempenho de nível adulto em testes de inteligência ou jogar damas, e é difícil ou impossível dar a eles as habilidades de um garoto de um ano quando se trata de percepção e mobilidade”, em seu livro de 1988 “Mind Children”.

Também um dos maiores precursores da IA (Inteligência Artificial) Marvin Minsky e co-fundador do Laboratório de Inteligência Artificial, declarava no final dos anos 90: “A história da IA é engraçada, pois os primeiros feitos reais eram belas coisas, máquina que fazia demonstrações em lógica e saía-se bem no curso  de cálculo. Mas, depois, a tentar fazer máquinas capazes de responder  perguntas sobre históricas simples, máquina … 1º. ano do cicio básico. Hoje não há nenhuma máquina que consiga isto. (KAKU, 2001, p. 131)

Minsky junto com outro precursor de IA: Seymor Papert, chegou a vislumbrar uma teoria d’A Sociedade da Mente, que buscava explicar como o que chamamos de inteligência poderia ser um produto da interação de partes não-inteligentes, mas o caminho da IA seria outro, ambos faleceram no ano de 2016 vendo a virada da IA, sem ver a “sociedade da mente” emergir.

Graças a uma demanda da nascente Web cujos dados careciam de “significado”, os trabalhos de IA vão se unir aos esforços dos projetistas da Web para desenvolver a chamada Web Semântica.

Já havia dispositivos os softbots, ou simplesmente bots, robôs de software que navegavam pelos dados brutos procurando “capturar alguma informação”, na prática eram scripts escritos para Web ou para a Internet, que poderiam agora ter uma função mais nobre do que roubar dados.

Renasceu assim a ideia de agentes inteligentes, vinda de fragmentos de código, ela passa a ter na Web uma função diferente, a de rastrear dados semiestruturados, armazená-los em bancos de dados diferenciados, que não são mais SQL (Structured Query Language), mas procurar questões dentro das perguntas e respostas que são feitas na Web, então estes bancos são chamados de No-SQL, e eles servirão de base também para o Big-Data.

O desafio emergente agora é construir taxonomias e ontologias com estas informações dispersas na Web, semi-estruturadas, que nem sempre estão respondendo a um questionário bem formulado ou a raciocínios lógicos dentro de uma construção formal clara.

Neste contexto emergiu o linked data, a ideia de ligar dados dos recursos na Web, investigando-os dentro das URI (Uniform Resource Identifier) que são os registros e localização de dados na Web.

O cenário perturbador no final dos anos 90 teve uma virada semântica nos anos 2000.

KAKU, M. A física do Impossível: uma exploração científica do mundo dos fasers, campos de forças, teletransporte e viagens do tempo. 1ª. Edição. Lisboa: Editorial Bizâncio, 2008.