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Uma cosmovisão em mudança
O modelo ptolomaico mudou a visão aristotélica de mundo criando um modelo de movimento em espiral para astros e planetas conhecidos na época, mudando a cosmovisão, mas foi Copérnico que mudou a visão que tirava a Terra do centro do universo e colocava o Sol, este modelo ajudou a cosmovisão antropocêntrica se opondo a cosmovisão teocêntrica.
A grande polêmica de Galileu com a visão teológica não era a visão cosmológica, mas a questão da interpretação e leitura bíblica pelo “vulgo”, não por acaso a primeira versão popular chamou-se de “vulgata” e ao aprofundar a leitura bíblica pelo “povo”, algumas interpretações exegéticas foram postas de lado, porque eram “temporais”.
Porém Galileo perante o Santo Ofício de fato afirmou “E pur si muove” (traduzindo o italiano e então se move) que poderia hoje olhando todo o universo dizer “E pur tutto si muove”, tudo está em movimento e a dinâmica não resiste mais a cosmovisão clássica Ser e Não Ser, há um terceiro excluído que pode ser pensado que é Não Ser ainda é Ser, a física quântica e o modelo das cordas indicam um terceiro estado, que já é utilizado em aplicações quânticas.
Assim os modelos teóricos e a cosmovisão idealista junto com seu modelo de universo ruíram já a algum tempo e mesmo o Modelo da Física Padrão que explicou a física das partículas parece em cheque com os estudos da matéria e energia escura que são nada mais que 95% do universo.
A visão de ver o mundo por choque de oposição aos poucos vai ruindo, ao admitir um terceiro excluído (assim o chama o professor da Sourbone Florent Pasquier, veja a figura) admitindo não uma síntese (fruto da oposição idealista tese e antítese), mas uma terceira possibilidade que conjuga com as outras duas.
Ela deve afetar o mundo religioso, é um grande apoio para um momento de unir mentes e corações para o combate da pandemia mundial, e pode ser o germe de grandes mudanças.
Uma referência bíblica para o assunto é o momento na cruz que Jesus grita a Deus, que já não o chama de Pai, diz a tradição que em aramaico língua da sua mãe Maria, e sente-se separado do Pai, ora na visão trinitária em que Jesus é também Deus, é um paradoxo separar-se do Pai.
Jesus na cruz está repetindo o Salmo 21 “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes”, e parece ser o grito de toda a humanidade diante da pandemia, e é possível também uma leitura do “terceiro excluído” onde aprendamos que a oposição tem hora e a resposta deve ser de todos.
Porém a explicação mística é justamente o terceiro excluído, a natureza humana de Jesus está religando-a ao Pai, se quisermos a visão noosférica de Chardin, ao Universo, diz a leitura que fez-se uma grande noite.
O sinal de e Lázaro e a pandemia
A pandemia veio nos alertar que não é a vida que importa mais a economia, postamos nesta semana que não é a oeconomicus da casa e da agricultura (dos alimentos diríamos hoje, pois o processamento de alimentos já faz parte da história), é a da especulação dos bancos e bolsas.
Ora é a vida que regime a economia e não o contrário, talvez um darwinismo econômico pudesse dizer na origem era o dinheiro e depois veio o homem, nada mais insensato, porém é claro que se uma economia vai a ruina a manutenção da vida fica no limite, fica assim nas guerras, vem a fome.
Porém o sinal da pandemia ainda mal lido até mesmo pelos economistas, e mais perdidos ainda alguns líderes e mesmo religiosos é o sinal de Lázaro (sua tumba ao lado), mais de meio milhão de infectados e a morte chegando não é razão suficientemente para a economia ainda mais forte do planeta querer parar.
A leitura atenta da bíblia revela que Jesus sabia da morte de Lázaro (Jo 11: 4-7) e não foi antes porque os judeus relutavam em mudar o estilo de vida da “lei” e da tradição, e queriam apedrejá-lo, porém Jesus explica aos discípulos que não queriam voltar a Judéia por medo, que isto deveria acontecer para que o povo de lá entendesse que era necessário uma mudança.
Que mudança o mundo espera, sim que vençamos a pandemia, mas o esforço global, a ideia de parar e reviver a economia doméstica que inclui a relação e o bem estar dos que nos são próximos requer uma “conversão”, uma mudança de atitude cultural, cuidar do que está ao nosso lado e se cuidar para não ser “infectado”, o sinal de Lázaro é que a morte vem, mas a cura também virá.
O importante é o que faremos depois para que nova crise não se instale, já tivemos a influenza e no Brasil a vacinação está começando, mas será que estaremos preparados para outra pandemia, sem entender que hospitais e a saúde econômica do povo, em especial, do povo simples é essencial, não entenderemos nada.
Lázaro não ressuscitou (mais tarde ele morreu de morte natural), ele apenas reviveu e Jesus afirmou que esta doença “não mata”, quer dizer a humanidade não será exterminada, mas a lição dura deve ser apreendida é a vida que rege a economia e não o contrário, e façamos nossa parte #FicarEmCasa e aplaudir os agentes de saúde.
Não querer curar-se
Um sistema em crise, seja por razão social, econômica ou política, ele tende a tornar-se mais confuso e tóxico até que encontre um caminho onde possa sanar-se, quando a razão é uma catástrofe natural ou uma doença não é muito diferente, porém estas afetam a vida diretamente.
Não querer curar-se e defender a vida é uma atitude de autossabotagem sejam por razões conscientes ou inconsciência explica a psicologia, é aquela atitude de criar obstáculos e empecilhos que atrapalham as tarefas para encontrar caminhos, neste caso a cura e a preservação das vidas, e assim acha que não há como atingir os objetivos de cura ou de co-imunidade, a imunidade conseguida pelas ações conjuntas.
Do ponto de vista cultural é ignorância, e neste caso a visão dos especialistas e agentes de saúde devem ser a visão “técnica” que prevaleça, sobre inclusive a econômica, trata-se assim de uma cegueira, dizer é só uma gripe ou estamos sem saída (autossabotagem inconsciente) é um fenômeno de dirigir a mente a pensamentos equivocados, e isto existem culturalmente.
Conta a narrativa bíblica que um homem ficou 38 anos numa cama e não conseguia chegar a uma piscina natural chamada de Siloé (em hebraico significa enviado) e preciso da intervenção de Jesus para dizer-lhe toma sua cama e anda (João 5:7-9), milagre mas também ruptura com a paralisia e neste sentido é também uma metáfora.
Mas há aqueles que julgavam enxergar e não enxergam, o cego de nascença que é curado na bíblia é alguém que não tinha um sistema cognitivo preparado para enxergar, e o fato que ele passa a ver é um milagre mas também uma outra metáfora, a que por cegueira cultural e contextual não é possível enxergar, ao sair deste contexto é possível que se possa ver.
Agora querer curar-se ou não é uma atitude psíquica, querer ver e tendo o sistema fisiológico para enxergar é preciso esforço e superar a autossabotagem que faz da cegueira uma zona de conforto.
A cura com-o-Outro
O psicólogo Carl Jung dá uma sentença ampliada daquela que muitas já disseram, entre eles Gandhi: “Não se pode ferir o outro sem ferir a si próprio”, assim também acrescentou Jung: “aquele que cura o outro, cura a si próprio”, em tempos de pandemia é bom pensar isto.
Os insensatos dizem, os mais velhos e doentes são o grupo de risco isto iria acontecer mesmo, porém mais pessoas infectadas e maior é o contágio social, e mais pessoas fora do “grupo de risco” são atingidas, estamos no momento exponencial nas Américas, é hora de cuidar-se.
As economias estão ruindo é verdade, mas junto com ela os modelos idealistas que já estão em crise a muito tempo, a agonia veio em função da fragilidade em que se encontravam, não se trata deste ou daquele modelo, todos os modelos atuais são centrados na “economia’ e no desenvolvimento, inventou-se durante um tempo o desenvolvimento sustentável, mas a natureza mostrou que este modelo é insustentável e os recursos são esgotáveis.
Voltemos a doença, fonte da cegueira atual, e prolongamento da crise cultural e noite de Deus, os apelos e profecias não faltam em todo canto, querem sinais e milagres como na cultura judaica do tempo de Jesus, porém o sinal está aí e é a cegueira que nos impedem de enxergar.
A crise era das mídias, ou das redes que são coisas distintas, agora são a salvação para manter os contatos com a devida distância, manterem empresas e escolas funcionando, não eram o mal.
Claro que não, a perda das relações independem dos meios (as mídias) que usamos, e colocar-se em rede agora parece mais claro é colocar primeiro diante dos mais próximos, cuidar e se ocupar deles, coisas que lembramos de serem feitas pelos nossos avós, que pareciam fechados e atrasados.
Salvar a economia mesmo que as pessoas morram, eis o fundamento de um mundo onde no fundo é a economia que todos estavam preocupados, talvez uma minoria pensasse realmente no bem estar e no equilíbrio da vida vivida na essência, sem luxo e com um certo “conforto”.
Por força das circunstâncias temos que pensar assim, afinal o oecomicus (em grego: Οικονoμικός), do escritor Xenofonte é um diálogo socrático que trata da economia doméstica e da agricultura, sim a economia evoluiu, mas não devia ter perdido suas origens, afinal ninguém foi aos shoppings, mas aos mercados para comprar a comida e poder #ficarEmCasa.
O tempo será curto, mas as crises ensinam pela tensão que as pessoas vivem, claro há gente que não acredita e pensa que é só uma gripe e vai passar logo, felizmente apesar de alguns governos irresponsáveis, a vigilância sanitária e os grupos médicos e governos locais estão trabalhando.
Não temos só que nos curar, é preciso curar e cuidar do outro, pois as consequências serão para todos, a descoberta desta interdependência é saudável para um mundo que começava a se fechar em nacionalismos e mentalidades autoritárias.
Co-imunidade: curarmo-nos
Estamos a espera de um milagre, aqueles que não acreditam ou fazem pouco caso da ciência, esperam agora que os cientistas encontrem a vacina, enquanto vacina para as antigas infecções gripais estão começando a estar disponíveis nos postos de saúde no Brasil.
A lição do ponto de vista médico é que esta doença que tomou aspectos de pandemia nos ensina já são definitivas, que a saúde das pessoas é mais importante que a doença, que podemos todos nos ajudar se cada um fizer bem sua parte, e que ninguém fará nossa parte por nós, o governo e as autoridades sanitárias podem conscientizar, mas dependem de atitudes individuais, culturais.
O filósofo |Peter Sloterdijk trabalhou num sentido mais ampla a ideia de imonologia e co-ímunidade, a ideia que não podemos nos livrar de todos os vírus e microorganismos que sempre fizeram parte da vida, e que agora se atacados e trabalhados pelo conjunto da sociedade podem ter seus efeitos reduzidos, embora eles pareçam cada vez mais agressivos, a influenza alguns anos atrás parece uma gripe comum perto do corona vírus e seu alcance e agressividade.
Herdeiro da fenomenologia, mas misturado a Nietzsche, e co-herdeiro de Heidegger com Byung Chul Han, criou uma nova e surpreendente antropologia para o além do humano, ao definir o homo sapiens como resultado de uma inacabada e infinita autopoiesis (do grego auto próprio e poiesis, criação), assim vamos em cada embate com a natureza nos auto “criando” e revendo.
A revisão deste momento é interessante e será inacabada porque os resultados para a economia e a própria estrutura social futura ficarão indefinidos e dependentes de decisões, porém o combate conjunto de povos e nações a pandemia cria uma nova “ação conjunta”, que Sloterdijk chama de co-imunidade, isto é, criar defesas conjuntas e uma imunologia além do humano.
Em relação a Heidegger ultrapassa o ser-aí para o ser-com, não apenas porque cria uma visão antropológica da relação humana, mas que mostra a eficiência de ação conjunta onde cada um faz sua parte, e a imunidade do todo, depende do rearranjo em rede de cada parte individual.
Em resposta a uma pergunta feita em 2018 a ele (do programa Fronteiras do pensamento) explica sua imunologia assim: “Não nos esqueçamos: a palavra “imunologia” é uma metáfora emprestada por juristas aos biólogos. Eu dou um passo adiante, estendendo o conceito de immunis (que em latim significa “livre dos deveres”) à dimensão religiosa.”.
Comparando-a ao sistema de Luhmann afirmou, continuando o pensamento anterior:
“Enquanto para Niklas Luhmann o sistema legal seria o sistema imunológico do sistema social, a esferologia afirma que a religião é o sistema imunológico original da sociedade”, e este seria a antropologia para além do humano, entrando numa dimensão de transcendência religiosa.
Ao relacionar o problema da imunologia com a ecologia, ele a elabora em relação a natureza:
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Enternecer
Em tempos de #FicarEmCasa, uma boa leitura é indicada, ou ver um bom filme, mas nada de grandes dramas, sensacionalismo ou violência, as leituras que recomendo também que sejam para nos acalmar, nos pacificar e tornar a convivência próxima possível, numa palavra: enternecer.
Um dos livros indico para aproveitar o aconchego do lar, “O prazer de ficar em casa” (só tem em português e infelizmente está esgotado, best seller sem querer), onde a autora brasileira Leticia Ferreira Braga, sem saber os eventos atuais, escreveu em 2007, como melhorar a autoestima e o autoconhecimento, como organizar um consumo mais consciente e explorar os recursos naturais, o esforço para tornar o ambiente que vive mais agradável e também prático, sem luxo e simples.
Para quem gosta de pensar mais fundo, já indicamos e comentamos aqui diversas vezes, “A sociedade do cansaço” de Byung Chul Han, o coreano-alemão sabia que a humanidade caminhava a passos largos para um ativismo e tecnologismo exagerado (ele exagera também quanto ao uso da tecnologia que pode ser um bom recurso na situação atual), porém seu pensamento sobre a dificuldade de contemplação do homem moderno é uma boa reflexão, é preciso enternecer.
Pequenos hábitos de rotina no ambiente doméstico ajudam, fazer melhor a limpeza, até recomendável para o coronavírus, mas cuidado com o toc, evitar assuntos chatos e polêmicos, rir das próprias dificuldades, incluindo as limitações pessoais e dos familiares, enfim enternecer.
Se pudesse resumir uma atitude necessária para o ambiente familiar ficar senão aconchegante suportável é fazer o que não é agradável tornar-se, o que é duro suportável, o que é difícil tornar se possível de realizar, enfim suavizar-se e rever hábitos rudes e bruscos.
É quase uma reeducação cultural, ou fazemos isto ou a casa explode e explodimos junto.
Uma noite escura da humanidade
Uma noite cai sobre a humanidade, mas é preciso notar que esta noite vinha acontecendo o vírus que atingiu todo o planeta é um catalisador e apesar de ser letal e trazer muitos cuidados pode nos acordar de uma noite que vinha acontecendo: noite da cultura, noite de Deus, noite da ciência reduzida a especialidades e métodos questionáveis e principalmente noite do homem.
A vida desenfreada e muitas vezes sem sentido, a busca pela eficiência e produtividade, a ideia que o crescimento econômico traz felicidade e principalmente a exclusão do Outro, agora parecem se inverter com a necessidade de ficar em casa: #StayAtHome.
Esta noite provocou uma cegueira coletiva, a cultura é “qualquer coisa serve”, rabiscos e borrões se tornaram arte, expressões puramente genitais sem qualquer afetividade de tornou sexo, e a cultura religiosa que ajudava as pessoas a encontrarem paz de espírito se tornou pura superstição, apelo a riqueza e ao dinheiro, ou a mera pobreza de outro lado, sem qualquer coisa que a faça entender o sentido profundo do desapego e do viver na essência da vida.
A noite religiosa ou noite de Deus é um apego dos homens aos seus círculos fechados agora, se forem prudentes, também impedidos de se reunir, a manipulação grosseira, a leitura fundamentalista da bíblia, que são a pior cegueira contemporânea, também reduz o homem a ser-para-a-morte e não o ser-para-a-vida.
Contemplar o mistério do universo além daquilo que já conhecemos, pouco sabemos da massa e energia escura que compõe 94% do universo, e que este pode ainda ter uma além de sua “bolha”, pode abrir os olhos daqueles que acham que sabem tudo porque aprenderam a ciência, ou porque leram a bíblia com seus olhos de cegueira cultural e seu círculo de “eleitos” fechado e pequeno.
Jesus ao curar o cego assusta os fariseus que querem que o cego se cale, a ciência ajudou um pouco este abandono de superstições e ajudou a iluminar a inteligência humana, também posta a prova pelo vírus, é o que lemos na passagem bíblica lemos em Jo 9:7-9:
E [Jesus depois de por-lhe barro no olho] disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé” (que quer dizer: Enviado). O cego foi, lavou-se e voltou enxergando. Os vizinhos e os que costumavam ver o cego — pois ele era mendigo — diziam: “Não é aquele que ficava pedindo esmola?” Uns diziam: “Sim, é ele!” Outros afirmavam: “Não é ele, mas alguém parecido com ele”. Ele, porém, dizia: “Sou eu mesmo!”, e os religiosos queriam proibir-lhe de falar.
Além do universo
Ainda vivemos a crença de espaço e tempo absolutos, as grandes descobertas da física de nosso tempo já provaram a existência da dimensão espaço-temporal e uma quarta dimensão aonde muitos fenômenos físicos se explicam, a física padrão elaborou isto, mas agora pode-se ir além.
Havia uma discrepância entre as medidas de expansão do universo feita com base no fundo de micro-ondas cósmico, o ruído que restou do primeiro Big Bang e a expansão de estrelas vermelhas como a medida recente feita pela em 2001 tinha o número de 72 quilômetros por segundo por MegaParsec (km/seg/Mpc), sendo um parsec equivalente a 3,26 anos-luz de distância.
As estrelas vermelhas são um estágio de evolução dos sóis quando ocorre um evento chamado de glash de hélio, no qual a temperatura sobe cerca de 100 milhões de graus e sua estrutura é rearranjada, o que acaba diminuindo sua luminosidade, mas fiquemos tranquilos levam milhões de anos para acontecer.
As medições iniciais no tempo de Planck eram de 67.4 km/seg/Mpc e recentemente uma equipe da Nasa liderada por Wendy Freedman acertou para 70 km/seg/Mpc o que aparentemente fazia uma média e conciliava entre as duas medidas, mas na prática pareciam dois fenômenos diferentes.
A hipótese de Lucas Lombriser, físico da UNIGE de Genebra, publicada no próximo número da Physics Letters B, mostra o universo não apenas em expansão mas uma bolha dentro de um outro universo de densidade menor, e com certeza revolucionária a Física e mudará nossa cosmovisão.
A ideia assustadora e ao mesmo tempo fascinante que estamos numa bolha dentro de um espaço maior só que om menor densidade “de matéria” (como nós a conhecemos que é chamada bariônica) pode apontar para enigmar novos como os buracos negros e a matéria escura.
Não há cegueira somente na terra plana, no universo copernicano e na cosmovisão de um planeta ainda se rearranjando com suas forças sociais internas, o universo em expansão é muito maior e ponde estar dentro de um “caldo cósmico” que até então era impensado, Lombriser o pensou.
A ideia de multiuniversos foi lançada por Stephen Hawking e agora parece quase real, veja o vídeo:
O vírus e suas lições
De repente a sociedade que não podia parar, a “sociedade do cansaço” do ritmo alucinante, dos espetáculos diários, tem que retomar uma visão que já não conhece mais, parar ou ao menos diminuir o ritmo, ficar em casa, conviver com os familiares que são quase estranhos.
O fato é que o universo, a natureza e nela a natureza humana tem suas leis, e estas podem ser além de um Big Bang, podemos estar dentro de uma bolha e cujas leis vem de “fora” dela.
Vi uma hashtag disparar e me surpreendi primeiro, mas depois fui aos poucos entendendo, principalmente jovens usavam #stayfuckatHome como resposta a “StayAtHome, claro não é fácil para quem nunca teve este hábito cultivado, agora ter que enfrentá-lo.
Não consegui com as ferramentas mensurar ambas as hashtags, mas o universo conspira e nos leva a parar e a ficar em casa, pois eventos são cancelados, não há o que fazer na rua, mesmo o comércio dá seus sinais de parada, e é claro que continuam a pensar no lado econômico.
Bom devemos salvar a economia, mesmo que isto signifique uma rápida explosão de um vírus, enfim o universo deu sua lição, não é a economia que vive para o homem, mas o homem que vive para que haja economia, e se ela tem suas próprias leis, que elas não contrariem a natureza e o homem, parece que temos um cheque mate.
As lições para o universo online são duplas, por um lado o presencial retoma um curso que nunca deveria ter saído, o mundo relacional presencial e os círculos fraternais e de outro a necessidade de relações que são públicas ou privadas terem ferramentas online adequadas.
O conflito existe nas duas pontas, nem fazemos as relações presenciais satisfatórias, são fugidias, autoritárias ou o que é pior indiferentes, e nem sabemos como nos comportar no mundo online (o virtual existe antes da internet e do universo digital), e sempre os que criticam usam mal e não compreendem a “lógica” deste universo que pede relações diferentes das presenciais.
Agora temos que marcar reuniões online, usar chats e vídeos e finalmente iremos além da pregação religiosa e ideológica para relações não-presenciais que sejam de fato “relação”, por que virtual vem do latim “virtus” que é parecido a “potencial” quer dizer devemos “cultivar” o virtual para se tornar de fato relação real (virtude vem de virtus), o presencial não garante a “relação”.
A grande lição, haverá muitas outras, é que devemos compartilhar e codividir responsabilidades para superar a crise pandêmica, que já é social e econômica, e depende da atitude de cada um.
O Big Bang pode ser outra coisa
E a Teoria da física padrão, cuja descoberta da partícula de Higgs recentemente no colisor de Hádrions fez os físicos vibrarem, agora tudo parece ter outro sentido e uma nova visão desta.
Haviam duas fortes evidencias sobre o Big Bang e a expansão do universo desde a primeira bolinha da qual saiu tudo (a constante de Hubble H0 e a medida de supernovas distantes), e agora que agora que o universo estaria numa bolha de 250 milhões de anos luz.
Nesta “bolha” onde a densidade da matéria é metade de todo o resto do universo concilia as medidas anteriores, a hipótese é de Lucas Lombriser, físico teórico da universidade de Genebra (UNIGE) e responde em qual velocidade o universo se expande.
A abordagem publica na revista “Physics Letter B”, resolve a divergência entre dois métodos de cálculos independentes que chegavam a valores diferentes em cerca de 10%, um desvio estatístico que é irreconciliável, e não precisa de nenhum novo modelo físico.
Pela teoria do Big Bang ocorreu a 13,8 bilhões de anos atrás, a proposta foi feita pela primeira vez pelo físico e presbítero belga Georges Lemaître (1894-1966) e demonstrada pela primeira vez pelo astrônomo americano Edwin Hubble (1889-1953) , observando que galáxias distantes estavam se afastando e recolocando-as junto podia-se calcular o tempo da primeira explosão.
A constante de expansão chamada de H0 foi medita num valor de 67,4 segundo dados fornecidos pela missão espacial Planck, que tem como hipótese que o universo é homogêneo e isotrópico, mas agora pode-se pensá-lo com uma bolha com densidade de matéria metade de todo o universo, ou seja, a 13,8 bilhões de luz ela explodiu dentro de um “outro” universo menos denso.
Afirmou Lombriser: “Se estivéssemos em uma espécie de gigantesca “bolha”, onde a densidade da matéria fosse significativamente menor que a densidade conhecida para todo o universo, isso teria consequências nas distâncias das supernovas e, finalmente, na determinação o H0”.
Assim a constante de 250 milhões de anos para a bolha concilia os valores da constante H0 para o Big Bang com a constante com o cálculo do afastamento das supernovas que tem influência de todo o universo incluindo a parte fora da bolha com metade de densidade, conciliando as medidas.
Lombriser, Lucas. Consistency of the local Hubble constant with the cosmic microwave background. Physics Letters B. Volume 803, 10 April 2020, Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0370269320301076?via%3Dihub