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O erro e o caminho novo
Nem tudo que parece perdido o está de fato, é sempre possível a retomada do caminho, um novo alento, a aprendizagem com os erros do passado, e todos nós erramos, porém poucos estão disposto a retomar um caminho e seguir em frente.
Aqueles que não estão dispostos também não devem ser considerados perdidos, com paciência e sem preconceitos é possível mostrar que existe um caminho da serenidade, da solidariedade e da vida feliz, é preciso para isto empatia e paciência.
Por outro lado convicção de que se está no caminho certo pode levar a dogmatismos equivocados (o dogma da fé por exemplo, deve ser dogma dos misericordiosos e não dos acusadores), e também os que se julgam certos podem estar indo por carinhosos tortuosos, é preciso diálogo.
Para quem tem fé ter o caminho certo requer a presença do Espírito Santo e depende de não pecar.
Se estivermos certos e convictos que nossa retidão e clareza pode auxiliar a encontrar o que está perdido então devemos ter uma atitude empática, paciente e resiliente, em tempos sombrios a radicalização é má conselheira e pode levar a maiores perdas do que aquelas que se julga perdida.
Há uma parábola bíblica no Evangelho de Lucas (Lc 15:4) que fala da ovelha perdida, que há mais alegria de encontra-la do que o rebanho que caminha unido, assim lançar a busca aos distantes, aos diferentes é antes de tudo sabedoria e caminho.
A parábola bíblica diz que há mais alegria no céu por uma ovelha perdida que foi encontrada, que outras cem que já est]ao no rebanho.
Também em outro trecho diz-se que ao encontra-la vai cuidar das feridas, tratar com alimento e dar condições de recuperação, assim a paciência e a empatia devem continuar presentes.
Um ambiente hostil e violento não favorece ao encontro, mas ao desencontro, ao ódio e isto só leva ao erro e a mais caminhos perdidos.
Viva como se fosse o último dia
Dias de angustia e euforia em que se remoe o passado e divaga-se sobre o futuro, porém o dia de finados é para pensar que temos um fim na vida terrena e devemos viver cada dia como o ultimo, e ao mesmo tempo que devemos pensar o que existe do outro lado, mesmo que não haja nada, qual herança deixamos, os bens só servirão para disputas, os gestos e atitudes que ficarão.
O homem prudente pensa sempre que pode ocorrer um momento de partida e procura deixar a casa em ordem, pesar menos aos próximos e as pessoas por quem passou pelo seu lado deixou uma mensagem de amor e de esperança.
O que fazemos as escondidas será revelado a luz do dia, assim procura por justiça não poderia estar distante de procurar pela luz, não poderia estar longe de valores morais e culturais que promovam a paz e o bem da humanidade.
Há um valor pouco pensado que é a capacidade de perdoar e recomeçar, muitas injustiças que ocorrem são pessoais, porém devemos dar um passo avante e pedir e desejar o bem também a estas pessoas, enfim perdoar aqueles que jamais serão capazes de pedir perdão, veja o post anterior, há uma soberba nestas pessoas e isto a induzirá sempre ao erro.
Também temos defeitos e erros e devemos ser capazes de reconhecer e ir por caminhos diferentes e se lesamos alguém ter coragem de sanar e reparar aquele erro, um simples pedido de perdão sincero é um balsamo na vida de muitas pessoas “ressentidas”.
Embora tenha abandonado sua origem luterana, Nietzsche escreveu sobre uma ótima cristão, ao opor ressentimento a esquecimento, no seu livro Genealogia da Moral, via o tipo ressentido como aquele que não canaliza seu ódio para fora, mas para si mesmo, construindo uma espécie de vingança imaginária, ou seja, autodestrutiva.
Há uma frase atribuída a Shakespeare: “guardar ressentimento é como tomar um veneno e esperar que o outro morra”, e é um tipo de sentimento que nos impede de viver o momento presente de modo pleno.
Humildade: virtude especial
Os dicionaristas brasileiros apresentam a humilade,“a virtude com que manifestamos o sentimento de nossa fraqueza ou do nosso pouco ou nenhum mérito”, enquanto que o segundo a considera a “virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações”, ou, “um sentimento de fraqueza, de inferioridade, com relação a alguém ou algo”, porém fraqueza aqui é caminho para sua superação e não simples infelicidade.
Quanto sabemos aquilo que somos fracos passamos a tentar superar por caminhos diferentes daqueles que nos fragilizaram e assim não é manifestando o orgulho ou a incompreensão que vamos superar aquilo que nos fragiliza.
A palavra humildade assim vem de humus, que significa algo que perece para dar vida ao novo, [e a adubação e as sementes que morrem para dar vida, se não morrer não dará fruto.
É certo que o conceito no senso comum foi deturpado, por exemplo ela é uma pessoa “humilde” só no sentido de pobreza ou fragilidade social, porém muitas vezes são pessoas que lutam e que merecem todo respeito social, mesmo que a sociedade como um todo não a valorize.
Não há crescimento pessoal sem humildade, ela cria presunçosos e rancorosos, pessoas incapazes de refletir sobre o erro, sobre a tolerância e sobre a diferença de opiniões e conceitos.
Assim o orgulho torna-se uma soberba, a ideia de que alguém é algo que na realidade não é, já postamos sobre a ostentação, aquela pessoa que possui riquezas, mas é pobre no seu uso ou na generosidade com os outros.
A descrença é uma soberba, diz o versículo bíblico (Mt 5,3): “Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”, ter este tipo de humilde significa aceitar a sabedoria divina, que supera toda o conhecimento humano.
Ostentação e pobreza
É preciso produzir para distribuir riqueza, o empreendimento, sua oportunidade e logística são fatores que requerem investimentos e capacidade para isto, em uma palavra: exige vocação.
O que produz pobreza e miséria é a incapacidade de distribuir em bens sociais necessários a riqueza e os benefícios de um processo inteligente de produção e uma organização social do estado, ostentadores e apropriadores de bens sociais e públicos existem nos dois campos.
Os países que não produzem riqueza organizam apenas a miséria, não pode distribuir o que não produziu e não entregou em mãos capazes e responsáveis pela construção da riqueza de um povo.
A ideia de que a riqueza era um produto ligado apenas a determinadas nações, vindo do modelo liberal de Adam Smith evolui para a ideia de intercâmbio de bens e riquezas entre nações, inclusive o socorro de nações mais pobres, infelizmente evolui também para ideias colonialistas.
No âmbito da riqueza e dos bens pessoais, mesmo Adam Smith alertava para os bens morais, aqueles que tornam uma sociedade equilibrada e saudável, não está fora da construção de socorro e ajuda ao Desenvolvimento dos mais pobres e das periferias sociais e nações, há nações inteiras no limite da pobreza e em geral ali alguma ostentação os explorou.
É possível que aqueles que produzam e governem pensem além dos próprios bens pessoais, se não forem perdulários e ostentadores com certeza entenderão que possuem além do que necessitam para a própria sobrevivência e o investimento em desenvolvimento da riqueza social, entretanto como indivíduos precisam ir além do egoísmo e ostentação pessoal.
A ostentação não é exclusiva de determinada camada social, também aqueles que tem acesso a riqueza saindo das periferias podem evoluir para este padrão de poder pelo dinheiro e aparência.
A passagem Bíblica que Jesus anuncia para Zaqueu, que era baixo e para enxergar Jesus subiu em uma árvore, uma metáfora importante, ao entender e mudar seus valores e Jesus percebia que todo povo não entedia aquela aproximação de Jesus (Lc 19,7-8)“:
“Ao ver isso, todos começaram a murmurar, dizendo: “Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!”. Zaqueu ficou de pé, e disse ao Senhor: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”, mas isto permanece difícil de interpretação pelos religiosos, que continuam a murmurar.
Não é a produção e a posse da riqueza que produz injustiça e sim sua má distribuição.
A ética e a moral são importantes
Desde a sociedade grega, passando por todas as culturas e gerações as sociedades elaboram regras e condutas morais como parte de sua estabilidade social, é verdade que devem evoluir, mas sem elas o vácuo de organização e poder leva a uma crise civilizatória cultural.
Até o teórico da escola de Frankfurt Adorno escreveu um livro chamado “Minima moralia”, o livro além de mostrar a superação da Fenomenologia do Espírito de Hegel, ao argumento que a vida “do espírito só conquista a sua verdade quando ele se encontra a si mesmo no absoluto desgarra mento …não é este poder como o positivo que se aparta do negativo” (Adorno, 1951, p. 5-6) e argumenta que isto se deve ao seu apego ao pensamento liberal que super valoriza o individual.
Filosofando sobre o conflito de gerações, onde expõe problemas das várias idades da vida, vai afirmar que: “Com horror se deve reconhecer que muitas vezes já antes, na oposição aos pais, porque eles representavam o mundo, se encontrava em segredo o porta-voz de um mundo pior em face do mundo mau” (Adorno, 1951, p. 11).
Assim ao contrário de Marx que praguejou contra a família, quem quiser leia seu escrito “A sagrada família”, Adorno vai dissecar os casamentos por interesses, ao afirmar “quanto mais “generosa” foi originariamente a relação mútua entre os cônjuges, quanto menos tinham pensado na propriedade e na obrigação, tanto mais odiosa será a degradação; pois é no âmbito do juridicamente indefinido que prospera a disputa, a difamação, o incessante conflito dos interesses! (Adorno, 1951, p. 21T
Faz uma analogia com o bater a porta, no sentido de respeitar a individualidade e também ter a leveza dos cuidados, compara isto as portas de carros e geladeiras: “Desaloja dos gestos toda a hesitação, todo o cuidado, toda a urbanidade” (Adorno, 1951, p. 29) e explica o fato de fecharem-se sozinhas.
Embora relativamente antigo, sua leitura é atual ao confrontar a autoconsciência de Hegel, que era a verdade da certeza de si mesmo; dito na Fenomenologia: “o reino nativo da verdade” para aquilo que hoje é o self conscious: “a reflexão do eu como perplexidade, como percepção da impotência: saber que nada se é” (Adorno, 1951, p. 40).
Fala da crise do pensamento: “falar sempre, pensar nunca” (p. 55), a ausência de interioridade em “dentro e fora” (p. 57) e pede “para uma moral do pensamento” (p.64) na sociedade de narrativas.
Valorizar as relações familiares, a relação de pais e filhos, a empatia e a sensibilidade ainda existem.
ADORNO, T. Minima Moralia, primeira edição 1951, Portugal: Lisboa, edições 70. (Pdf)
As sementes da paz
As sementes da vida por menores que sejam erguem-se como árvores depois de germinarem, os que desejam ter áreas desérticas precisam lançar sobre elas fortes vermífugos e pesticidas que que não permitam que nenhuma forma de vida se inicie.
Assim é limitando a entrada na vida de qualquer semente e seus colaboradores os adubos que contém microrganismos que limitamos o crescimento de vida, a área desértica pode parecem limpa e até de certa forma bonita, e este é o equívoco moderno, não permitir que a vida evolua.
Pode parecer contraditório, mas não é empobrece a terra aqueles que para plantar monoculturas vão acrescentando pesticidas nela, sim os frutos parecem “menos perfeitos”, mas a imperfeição pode fazer parte da terra, recente descobertas mostram que determinados fungos salvam as bananeiras que estejam condenadas a não mais dar frutos.
Assim é a pureza da vida, o desejo de eliminar “inimigos” da vida que acabamos por eliminar a própria vida, todo ideal de “pureza” acaba matando a possibilidade de vida, já postamos aqui sobre as “comunidades dos eleitos” no caso religioso e no caso político é a “pureza ideológica”.
Também o nazismo falou de pureza racial, enfim, basta permitir que as pequeninas sementes se desenvolvam, sob cuidados de água e proteção de sol é claro, que elas próprias vão dando origem a vida.
A ´polarização social não é outra coisa senão dois ideias de “pureza” em choque, ambos limitam a vida onde deve ser permitido a diversidade crescer e os conflitos devem ser vistos como uma boa oportunidade para o diálogo.
A bíblica compara a origem da vida como um grão de mostarda, pequenina semente que dá uma árvore frondosa.
O fariseu e o pecador
Há pecados pessoais e públicos, porém a relação entre eles é clara, quem não é honesto e moralmente correto individualmente terá dificuldade em sê-lo em público, e isto é notório.
A falsa espiritualidade é aquela que esconde seus próprios interesses atrás da religiosidade sem uma adesão de fato aos valores da solidariedade e da fraternidade necessários a isto.
Cada cultura, religião ou grupo social desenvolve seus próprios ritos e linguagens, e as vezes, isto torna fácil a manipulação por aqueles que não conhecem a fundo o que está em cada cultura, como muitos possuem raízes ancestrai pode ser difícil entender sua origem social e seus valores, isto torna a manipulação mais fácil.
Porém o que revela de fato a verdadeira face de cada cultura é sua atitude pública porque nela se revela de fato o que se é.
Há uma fábula de Esopo na qual uma gata se torna a mulher mais bela de uma festa na corte e encanta a todos, no entanto ao aparecer um rato ela o devora, mostrando sua verdadeira face.
Na religião não é diferente, aqueles que não possuem verdadeira espiritualidade encontram certa dificuldade de vida pública com seus valores, não exercem o diálogo pois são intolerantes, não praticam a solidariedade porque são egoístas e não amam porque estão próximos da rigidez do ódio e isto dificuldade enxergar o diferente, o Outro.
Há diversas passagens bíblicas que se referem ao tema, como aquela que chama falsos religiosos de “sepulcros caiados”, outra que diz que louvam a Deus com palavras, mas o coração está longe, porém a passagem mais clara é a do pecador que se senta ao fundo porque teme a Deus e o fariseu que senta-se a frente para se engrandecer, ao final o texto diz (Lc 18,14): “Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”.
Entre as faltas e os crimes
Diante de uma situação de perigo ou de pressão todos podemos cometer faltas e equívocos, porém os crimes mais punidos socialmente são aqueles que são cometidos intencionalmente ou pior ainda premeditados, planejados cuidadosamente e com requintes de maldades.
Também há crimes que são tolerados e não deveriam, são os casos de preconceitos ou roubos sistemáticos, mesmo que de coisas de pequeno valor, a sociedade pode e deve se defender nestes casos para evitar que o que é mal não se propague, e se a justiça é conivente ela também é cumplice destes crimes.
Porém a sociedade moderna não sabe como tratar faltas e deslizes humanos cometidos e que a pessoa tenha direito de se corrigir ou reparar possíveis danos, diante da mensagem religiosa estas pessoas são passíveis de reparação, porém devem reconhecer as faltas.
Pode acontecer também que faltas graves sejam cometidas por pessoas que tem certo respeito social, administradores, homens públicos e autoridades religiosas e elas não reconheçam que suas faltas são igualmente graves e este tipo de hipocrisia ou farisaísmo ocorre com certa frequência.
São particularmente graves porque estão sendo praticados por aqueles que deveriam fazer o papel justamente oposto ao que fazem e o poder de propagar culturalmente o mal é maior.
Isto precisa estar exposto socialmente para que a sociedade tenha defesa também destes crimes, eles são potencialmente maiores porque vão além do próprio crime e espalham falsos valores.
A sociedade que não os combate vai moralmente ficando perversa e pode chegar ao ponto de uma ruptura civilizatória, as guerras em geral estão nestes limites e só por isto são perigosos.
Uma cultura de paz deve incluir em valores cotidianos mensagens referentes a valores da paz.
O Teocídio e a comunidade dos eleitos
Já conceituamos em outro post o Teocídio numa linha de diálogo com O pós-Deus de Peter Sloterdijk, conceituamos ali, de certa forma também de Nietzsche, como uma tentativa de matar Deus, porque se não existe não se pode matá-lo e se existe é imortal, então podemos apenas apagá-lo de nossa mente temporariamente e voltará intuitivamente.
Porém a reação ao Teocídio hegeliano, aquele de Feuerbach, em que Deus só existe na mente e assim é um algo pensamento ideal e só com a “transcendência” idealista o alcançamos, há a reação religiosa de se fechar na “comunidade dos eleitos”, os prediletos de Deus, os escolhidos por critérios que uma certa comunidade determina e o restante são leprosos, pecadores públicos e indignos do “reino”.
Já fizemos um longo percurso sobre a questão do erro, parte da realidade humana, e cuja leitura pode ser finalizada na passagem bíblica que diz que o médico deve ir aos enfermos e não aos sãos.
De certa forma a reação a este Deus elevado, distante dos homens “todo poderoso” não passa de um poder também mundano e temporário e de uma forma de ascese desespiritualizada, a vida de “exercícios” como preconiza Peter Sloterdijk.
Fundada no perfeccionismo e no moralismo extremado, a moral é importante e não se deve negá-la, porém, levada ao extremo torna o “vício” muito mais próximo e passível de cair nele, ou seja, são na verdade falso moralistas porque não conseguem pôr em prática o que defendem, e muitas vezes são estes falsos exercícios que levam a uma prática de desvios e aberrações morais.
A união destes conceitos com a política leva a uma forma de moralismo político insustentável, não se trata de defender o roubo ou a corrupção, mas de entender que é preciso um equilíbrio, por exemplo, os políticos devem desejar benefícios para a sua região, a sua base eleitoral e a força econômica local.
Tudo tem que ser pensado de um modo equilibrado, outro exemplo é o tamanho do estado, o estado grande é um paquiderme, o estado mínimo é incapaz de executar políticas públicas necessárias.
O que é então de fato religiosidade ou espiritualidade, difícil de encontrar na modernidade, o equilíbrio entre as práticas sociais que devem ter doses de fraternidade e as práticas espirituais que devem ter doses de verdadeiras asceses e que seja reflexo daquilo que é vivido na vida “mundana”.
O homem tem sede de verdadeira justiça, verdadeira espiritualidade e está farto de hipocrisias.
A crise, a falsidade e a clareira
Hoje vale bem pouco aquilo que se é de verdade, importa mais o marketing pessoal, a maquiagem que esconde os defeitos do aquilo que o o homem de fato é, isto é consequência da oculta do Ser.
Assim a ocultação da verdade é resultado desta ocultação do Ser, não sua causa, o pensamento vai nesta direção porque no interior de cada Ser há espaço para a falsificação, a mentira e a hipocrisia.
Assim não é o caso de quem mente mais, é a ausência de uma clareira onde a consciência de cada Ser se apresenta, e o fermento dos mentirosos cresceu, como a passagem bíblica de Lc 12,1=2 “tomai cuidado com o fermento dos fariseus que é a hipocrisia, não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada oculto que não venha a ser conhecido”.
É certo que a categoria da “clareira” de Heidegger tem um sentido mais geral, envolve o todo que é oculto dentro de um Ser, porém para quem crê este todo se oculta em Deus, aquilo que somos no coração divino, e mesmo não crendo isto parece próprio a modernidade que não vê o todo.
A fragmentação do saber, a divisão social, a ausência de um pensamento transdisciplinar levou a um novo tipo de ocultismo, aquele que especializado só vê a parte e não vê o todo, ainda que a física quântica, a busca pelo universo infinito ou finito (procura-se sua borda) visto pelo James Webb, é a natureza e no interior do Ser que este todo habita e onde se esconde a verdade.
Como ela se ocultou foi a fragmentação social, a ausência de comunhão, onde o Todo se completa, a ausência de Amor transcendente (não é aquele da subjetividade idealista), onde somos capazes de enxergar o outro.
Formamos assim uma geração (no sentido de várias desde o século passado) se tornou má, egoísta e individualista, autofágica e excludente e com incapacidade de enxergar o Todo com clareza.
É certo que a justiça divina é superior a humana, porém ela não a ignora, Jesus contou uma parábola de uma viúva que vai a um juiz injusto que depois te tanto perturbá-lo, ele decide resolver para não ter mais o importuno dela e “não venha me agredir” .
E jesus explica a parábola aos discípulos (Lc 18,6-7): “E o Senhor acrescentou: “Escutai o que diz este juiz injusto. E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar?”, assim podemos ter esperança também numa justiça terrena.