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Empatia: o que realmente é
Em minha modesta opinião, porque não vi nenhuma nas leituras que fiz algum autor afirmar isto, a palavra empatia está em ascensão porque a palavra Amor, no seu significado amplo: eros (no sentido que Byung Chul Han usa em “A agonia do eros”), filia (no sentido da decadência de relações familiares e amizades) e principalmente no sentido do ágape já que toda a instrumentalização feita pelo amor romântico moderno, leia-se A comédia humana de Balzac, transformou-se em utilitário, proselitista ou de puro interesse.
Empatia em uma simplificação didática é a capacidade de entender o Outro como ele sente, assim é inseparável do conceito de alteridade no sentido mais lato da palavra.
Empatia escapou destas armadilhas, da psicologia a filosofia, Husserl a estudou e Edith Stein a aprofundou, a neurociência passou a utilizá-la, em seu artigo da Revista The Atlantic, intitulado “Uma curta história da empatia”, Susan Lanzoni afirma que a palavra existe (no sentido atual é claro, ela tem origem grega) há apenas um século.
Na psicologia a Empatia foi definida como tendo 3 tipos: a cognitiva é a mais intuitiva refere-se a compreender como o outro é e sente, a emocional e a compassiva, não é preciso dizer que a emocional é também explorada como inteligência emocional, a compassiva mais difícil de intuir é aquela que vai além de compreender e sentir as sensações da outra pessoa, passando a mobilizar-se para ajudá-la, mas cuidado, também a ajuda tem que ser empática, ou seja, aquela que realmente o outro precisa e não suposições quaisquer.
O comportamento empático é conhecido como natural não apenas em humanos, mas em muitos mamíferos e algumas aves também, e isto de fato é mais próximo do natural.
Mais próximo porque há um natural totalmente induzido, o consumo, diversos tipos de filosofias, teorias ou mesmo religiões que pouco ou nada tem com a natureza humana, e por extensão, como a natureza como um todo, somos um ser cósmico, mais amplo do que pensamos, ainda que sejamos uma centelha num universo tão amplo e misterioso.
Toda crença contemporânea, que ver das ideias da modernidade é que a empatia é uma nova utopia, as realidades que vem do pensamento moderno induziram a ideia que é preciso um estado autoritário, mesmo os que o negam sonham com ele e dizem será “de outro tipo”, essencialmente a imposição de um modelo de pensamento é uma afirmação do ego, é a inexistência da empatia, é a antipatia colocada em movimento, basta ver a polarização este conceito fica claro.
A neurociência e a própria ciência mostra que desde o nascimento a relação materna e paterna como o bebe tem uma relação empática, para viver em sociedade é preciso uma relação empática, para nos defender da pandemia é preciso uma relação empática, sem ela há um negacionismo “estrutural”, isto é, o outro pode morrer eu não.
A teoria da simulação da neurociência, através da descoberta de neurônios-espelho (Rizzolatti e Graighero, 2004), um tipo de neurônio que dispara quando um animal age quando outro animal observa e realiza a mesma ação observada, assim este neurônio “espelha” o comportamento do outro, como se o próprio observador estivesse agindo, isto é observado também em alguns primatas e pássaros, lembro-me de quando era permitido fumar em sala de aula que ao acender um cigarro vários alunos acenderam também.
Esta teoria não só fez avançar a neurociência como tem ajudado o estudo de alguns fenômenos da natureza e alguns tipos de autismo (Distein, Behrmann, 2008).
Além de ser inata, a empatia pode ser treinada, isto pela característica mais fantástica do nosso cérebro que é sua plasticidade, por isto estamos sujeitos a auto-sugestão mas também a alter-sugestão, assim poder-se-ia revolucionar toda teoria da autoajuda para uma alter-ajuda numa sociedade voltada a empatia, foi preciso vários séculos de treinos (eu diria destreino) para que o ódio, a vingança e a ideia que só a guerra resolve destruísse (em parte) a nossa capacidade empática, já que amor-ágape está em descredito quer seja por excesso de rotulação sem conteúdo, quer seja, pela formulação de palavras sem ação correspondente.
Rizzolatti, Giacomo; Craighero, Laila (2004). “The mirror-neuron system” (PDF). Annual Review of Neuroscience. 27 (1): 169–192.O comportamento empático é conhecido como natural não somente nos seres humanos, mas em outros mamíferos e em algumas aves também.
Dinstein I, Thomas C, Behrmann M, Heeger DJ (2008). “A mirror up to nature”. Curr Biol. 18 (1): R13–8.
2021 foi um ano da esperança
O início da vacinação contra a covid 19, o reequilíbrio das forças políticas (Joe Biden tomou posse nos EUA, Olaf Scholz substitui a primeira-ministra Ângela Merkel depois de 16 anos do poder e a recente eleição do ex-lider estudantil Gabriel Boric como presidente do Chile), mostram que a guinada para o conservadorismo está contida, mas houve guinadas a direita como a retomada de militares em Myanmar depondo a presidente eleita Aung Suu Kyi.
Embora com muitos acordos e notícias promissoras, a Bélgica por exemplo vai desativar suas usinas nucleares (porque apresentam perigo inclusive), o desiquilíbrio ambiental é tema não apenas daquilo que ocorre com a vegetação viva do planeta, as águas e clima, mas principalmente fenômeno naturais que emergem de forma perigosa: vulcões em atividade, incêndios florestais, tempestades (recente tragédia na Bahia), polos magnéticos e preocupação com terremotos e movimentação das placas tectônicas, fenômenos espaciais por enquanto estão no campo da ficção e da imaginação fértil.
Apesar do avanço da vacinação terminamos o ano preocupados com a nova variante ômicron, já é a maioria dos casos de infecção, preocupa a Europa e tem um avanço significativo em outros países, incluindo o Brasil, e vem aliada a uma nova gripe H3N2 que já tem vacina, entretanto a variante ômicron parece driblar as vacinas atuais, mesmo com 3ª. dose.
A esperança persiste, embora cansados do isolamento, que teve breves momentos de relaxamento nas medidas preventivas, porém é preciso precaução e resiliência.
O final de ano, as férias e a tendencia de aglomerações no Brasil são preocupantes, em meio a outras tragédias como a das enchentes na Bahia, as autoridades parecem com pouca ou nenhuma capacidade de reação e intervenção diante de uma nova onda possível no país, o número de óbitos que havia caído da faixa da centena, voltou a se elevar para 117 no dia de ontem (29/12), e alguns hospitais já percebem a elevação do número de casos, o país já tem 80% de vacinação na população-alvo.
A palavra “esperança” parece ser a predominante para caracterizar este ano, o que se espera para 2022 dependerá não apenas desta palavra como do uso de medidas preventivas corajosas e não apenas “monitoramento” da situação que é uma medida protelatória, que não evitará a infecção quer seja da gripe H3N2 quer seja da variante ômicron.
Esperança ativa, não apenas esperar e sim agir para que ela aconteça, o lançamento do telescópio espacial James Webb seja para olhar não apenas nosso passado e nossa origem, mas um futuro promissor capaz de construir uma nova humanidade, um mundo mais justo e fraterno.
O Natal e a maior profecia Bíblica
São tempos difíceis, as voltas com nova onda pandêmica, sinais de grave crise econômica mundial, tensões entre Rússia e Ocidente por causa da Ucrânia e reaproximação da Rússia da China que tem interesses em Taiwan, que é independente e ocidental.
Em tempos difíceis sempre reaparecem profecias, mas poucos são os oráculos de Deus realmente autorizados: adivinhos, especuladores, falsos profetas e falsos místicos, falta-lhes uma autorização clara de Deus, e ele sempre se fez presente através dos mais humildes.
David, por exemplo, sequer era contato entre os filhos de Jessé, quando o Samuel foi a sua casa para encontrar alguém que seria rei de Israel ele só é apresentado ao final, assim Jessé não tinha 7 mais oito filho, diz o relato Bíblico:
“Assim fez passar Jessé a seus SETE filhos diante de Samuel. porém Samuel disse a Jessé. O Senhor não escolheu a estes.” (I Samuel 16.10).
Nascido em Belém, por volta do ano 1.000 a.C. seria da descendência de David que nasceria Jesus, segundo o relato Bíblico foram 14 gerações entre David e o exílio da Babilônica e do exílio até Jesus mais quatorze gerações, e também José teve que retornar a Belém porque era ali a sua cidade Natal (ou do seu clã), e isto era profecia.
A profecia de Miquéias diz (Mq 5,1): “Assim diz o Senhor: 1Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade”.
Esta profecia tem importância histórica, porque confirma a descendência de David, ali foi feito um recenseamento, portanto há uma prova “científica” deste nascimento, mas a grande profecia não é esta e sim a de Isaías 7,14: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ´Deus Conosco´”, e o trecho anterior chama a atenção para a casa de David diante do importuno de Acaz que queria por Deus a prova por causa das guerras.
A concepção de Maria confunde teólogos e os cristãos de um modo geral, aqui que deveria servir para unir é causa de desunião por culpa de uma leitura pouco atenciosa do livro guia para os cristãos, a Bíblia, logo após Maria saber que conceberia e daria a luz ao Salvador, provavelmente ainda confusa corre até a casa da prima Isabel que concebeu na velhice também um milagre (na foto o quadro de Domenico Ghirlandaio, 1491).
Ao chegar na casa da prima ouve a saudação com um grande grito diz a leitura (Lc1,42-43): “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?”, fica a pergunta teológica o que significa para Isabel, judia o advento de Cristo, o Natal, ainda se iniciava no ventre de Maria.
Há discussões sobre datas, uma discussão a-histórica do nascimento de Jesus pois houve um recenseamento, porém, esta questão “a mãe do Senhor” fica ainda em aberto, embora todos os cristãos concordem que o Salvador nasceu dali e viveu entre nós durante 33 anos.
Deus viveu entre nós e veio a partir de uma virgem, não há profecia maior e estará conosco até o final dos tempos.
O novo telescópio espacial
O telescópio Hubble, em homenagem a Edwin Powell Hubble (1889-1953) já dá sinais de envelhecimento, recentemente foi consertado novamente e voltou a funcionar, o nome foi dado em homenagem as medidas intergalácticas e extragalácticas que Hubble fez além de demonstrar que muitos objetos que eram considerados nuvens de poeira e gás, eram na verdade galáxias muito além da nossa Via Láctea, agora outro telescópio mais potente vai homenagear um antigo administrador da Nasa do projeto Apollo: James Edwin Webb.
O nome esteve envolvido em polêmica, porém apurações da Nasa não atestaram a veracidade dos fatos, o telescópio foi construído com participação da Agência Espacial Canadense e a Agência Espacial Europeia, além da Nasa é claro, e seu lançamento está previsto para o dia 22 de dezembro de 2021, na próxima semana, e poderá ser acompanhada ao vivo por um canal do YouTube (James Webb Space Telescope Launch — Official NASA Broadcast – YouTube).
Muito mais potente que o Hubble, a missão maior do JWST (James Webb Space Telescope) será investigar as origens do universo, mais claramente a radiação infravermelha, que resultou da grande expansão original (Big Bang) e os processos de transformação da infância do Universo, porém sua potência e instrumentos permitirão ver muito longe.
Assim poderá observar a evolução e formação das galáxias, já existe um mapeamento de galáxias em formação e assim será só ajustar a posição, entender a formação de estrelas e sistemas planetários, igualmente há muitos dados sobre isto, porém é preciso observar com mais detalhes, e enfim, estudar as origens planetárias e da vida.
Ele é composto de três módulos principais: Integrated Science Instrument Modele (ISIM), nele estão os instrumentos poderosos de infravermelho e circuitos microprocessadores, o Optical Telescope Element (OTE), um complexo sistema ótico construído pela empresa Ball Aerospace, e o Space Support Module (SSM) que dá suporte a navegação e sustentação espacial da JWST.
A expectativa que uma vez em órbita o Telescópio envie milhares de dados diariamente, e em pouco tempo já tenhamos enigmas e provavelmente novas descobertas antes do final do ano, o lançamento já foi adiado algumas vezes, mas agora a data parece estar próxima.
URGENTE: Lançamento do telescópio espacial James Webb adiado para dia 24/12.
Novos caminhos e novo Natal
O homem passou por muitas etapas históricas, cada uma com seu drama e como sua mística, como aquela que se revela no monumento neolítico Stonehenge (foto).
Os tempos de pandemia nos fizeram nos recolher mais tanto na proximidade de familiares quanto na vida interior (que o pensamento ocidental chama de subjetividade), porém para onde caminhamos, que tipo de Natal será o deste ano, as festas do final de ano já sabemos pela nova onda pandêmica será reduzida.
De qualquer forma comemoramos uma passagem, seja para os cristãos a espera da parusia (as duas primeiras semanas) seja daqui até o Natal a intervenção de Deus na história através do nascimento do menino-Deus em Belém, o que aos poucos vai sendo apagado da festa e substituída por consumismo, neve e outros ritos alheios ao fato histórico.
Sim histórico, porque Maria e José vão a Belém justamente para um recenseamento, isto é, para serem contados entre os homens e registrados eles deviam ir a cidade Natal de José e por um capricho e cuidado divino nasce Jesus e já é recenseado entre os homens, isto não é portanto simbólico, mas dado histórico registrado.
O que esperar deste Natal, o clima de “festa” está reduzido, ainda estamos envoltos com a pandemia, há um clima de apreensão e já um certo desânimo, para alguns envolve em ansiedade e algum tipo de angústia, nada melhor do que acreditar num tempo novo, diz o ditado popular: depois da tempestade vem a bonança, ela virá.
Talvez não como esperamos, por exemplo, uma enorme euforia ou uma explosão de alegria, mas a sensação de que devemos reconstruir a vida com luta e por trás dos escombros, o tempo natalício em sua raiz é isto, algo divino interveio na história humana para mudá-la para sempre, é certo querem apagar o Natal e com ele a esperança de um mundo novo, no entanto justamente pelo sofrimento que passamos, não sabemos quanto tempo pode durar e até onde poderá ir, é prenuncio de um tempo novo, uma bonança.
João Batista, que era primo de Jesus, batizava as pessoas com água (Batista por causa disto), e o povo pensava ser ele o Messias, mas explicava que o tipo de batismo que faria Jesus seria muito mais forte: “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele virá com a pá na mão: vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro, mas a palha ele a queimará na foto que não se apaga” diz o evangelista Lucas (Lc 3,16-18) e João “anunciava de muitos outros modos” a Boa Nova.
Podemos esperar isso para um futuro breve, certamente que sim, há também em nosso tempo esta expectativa, de muitas formas, e certamente será algo imprevisível.
Catástrofes naturais e sociedade
Embora a ciência ainda tenha dificuldades de prever catástrofes naturais, a imprevisibilidade é um grande tema atual para diversos campos de estudo, a ação humana sobre que podem ampliar a problemática destas catástrofes devem ser repensadas.
Não se trata apenas de interferir em terremotos, rotas de asteroides, problemas climáticos e as mudanças no campo magnético do planeta, o problema é a dimensão social que cada catástrofe pode tomar, assim o vulcão Cumbre Vieja em La Palma, que não vítimas fatais, mas o problema da qualidade do ar, do desalojamento de famílias, da perda de renda familiar entre outros, o que preocupa é a possibilidade de uma catástrofe social, no momento, o governo de lá declara que o vulcão pode adormecer.
A catástrofe de Semeru na Indonésia, que contabilizou 34 mortos até o dia de ontem, e cuja previsibilidade não foi possível é uma fatalidade, porém o tsunami em Fukushima em 2011 que afetou uma usina atômica e tornou toda uma região inabitável tem a imprudência humana de construir usinas em áreas sujeitas a catástrofes, alerta para um grave e antigo problema: as usinas nucleares, os milhões de litros de água usada para resfriar a usina agora inativa, mas radioativa, foi despejado no mar.
Países europeus são os que mais usam usinas nucleares, e uma crise de abastecimento de combustível fóssil, em sua maioria vindo da Rússia, é um problema correlato, que agrava ainda mais o perigoso social, olhando o mapa (figura) percebemos também que muitas usinas estão na beira-mar e o risco de tsunamis é ainda mais grave, Fukushima ensinou.
No mundo 17% da energia utilizada é nuclear, 40% ainda é de carvão, o combustível mais antigo típico da primeira revolução industrial, o fóssil (petróleo) é 40%, hidráulico e eólica é apenas 2% com previsão de 3% para 2024, um crescimento muito pequeno para ser considerado um esforço que possa revelar uma mudança de cenário, claro que há interesses econômicos associados.
O grave problema das usinas nucleares, que podem ter elas próprias, acidentes como o de Chernobyl, não pode ser menosprezado o problema grave de alguma catástrofe natural que possa afetar os problemas das usinas, com enormes perdas sociais (em geral só se pensam as econômicas, que estão associadas é claro) que um desastre poderá causar.
No mundo são 440 usinas em funcionamento e 23 sendo construídas, a Europa tem 207 usinas e 7 em construção, pelo mapa se observa o enorme número a beira mar, em regiões habitadas e sujeitas a terremotos (as falhas tectônicas por exemplo), depois da Europa segue a América do Norte com 123 usinas, Japão, China e Coréia com 82 e 7 em construção.
Catástrofes naturais ocorrem, a Alemanha decidiu que não vai instalar novos reatores e que os atuais serão desativados após sua vida útil (32 anos no seu caso), a Turquia também abandonou a ideia de construir sua primeira Usina, no sentido oposto o Brasil após a inauguração de Angra-2 (situada a beira-mar) já discute Angra-3.
Uma completa consciência social deve antever também problemas graves que uma catástrofe nuclear poderia causar, e as consequências seriam duras para a humanidade.
É possível induzir um terremoto
Ouvimos falar de experiências realizadas pela Marinha americana em alto mar provocando pequenos terremotos de modo intencional, porém de modo não intencional atividades realizadas no solo podem induzir terremotos, uma equipe internacional de pesquisadores documentou a descoberta deste novo tipo em uma pesquisa feita na Colúmbia Britânica, Canadá, e publicada na Nature Communications no mês passado.
O terremoto foi descoberto quando a equipe estava estudando um terremoto causado pelo fraturamento hidráulico, um método usado no oeste do Canadá para extração de petróleo e gás, e que é isto que caracteriza o chamado terremoto induzido, a ação por bombeamento de água em rochas, vale o ditado água mole em pedra dura, neste caso não só fura como pode causar um terremoto.
Com uma rede de oito estações sísmicas, localizadas ao redor de um poço de injeção para separadas por alguns quilômetros de distância entre si, os pesquisadores liderados pelo PhD Hongyu Yu, do Instituto de pesquisas Geológica do Canadá e por Rebeca Harrington, professora de geologia da Universidade de Bochum, registraram dados sísmicos de aproximadamente 350 terremotos, claro todos de baixa intensidade, porém parecidos aos vulcânicos e isto sugere algumas observações a mais nas atuais erupções.
A observação é que 10% dos terremotos identificados possuíam características únicas, que eles se rompem mais lentamente, porém muito semelhantes aos terremotos vulcânicos.
A análise sugere que estes terremotos provocados por ações humanos, são mais lentos e tem longa duração, e na medida que se expandem tornam-se uma mistura dos dois tipos, por isto são induzidos, e a conclusão é que ações humanas podem causar e piorar as condições para futuros terremotos e erupções em áreas vulcânicas.
As duas consequências são então que o fluido bombeado na rocha gera um aumento de pressão suficiente para gerar uma rede de fraturas próximas ao poço, enquanto uma segunda consequência é que a ação exerce uma mudança na tensão elástica nas rochas vizinhas que podem ser transmitidas a distâncias mais longas, com consequências graves.
Se antes imaginamos que apenas a parte vegetal da natureza devia ser respeitada, descobriu-se que também rochas, leitos de mananciais e jazidos de pedras devem ser cuidados.
A Noosfera assim como diversas cosmogonias de povos originários afirmam isto: tudo é sagrado.
História, a grande clareira e parusia
O Natal está próximo e o nascimento de Jesus é um fato histórico pois o Censo ordenado pelo imperador de Roma César Augusto, quanto a data há controvérsias por seriam entre 4-5 a.C., quando Quinino era Governador da Síria como está descrito na Bíblia (Lc 2,2), porém é certo que o censo foi realizado e este foi justamente o motivo de Maria e José terem ido a Belém, onde a profecia dizia que de lá nasceria o salvador, e assim ele “foi contado entre os homens”.
Há controvérsias de datas e da precisão das datas (não dos fatos), uma vez que o calendário foi modificado.
A história também está pontuada de intervenções divinas, na decadência de Roma nascem os mosteiros, onde a cultura da culinária, os primeiros grêmios e ofícios e também uma fase anterior da escrita impressa é realizada, através dos copistas, as primeiras escolas e mais tarde as primeiras universidades, com forte influência teológica como não poderia ser de outro modo, mas tudo isto é história, também no renascimento a arte e a cultura tiveram forte influência teológica.
Entramos na modernidade, a obra que fizemos leituras pontuais nos posts desta semana “todos no mesmo barco” de Sloterdijk, menciona um fato importante, além e citar a obra clássica do Decamerão de Boccaccio como “pequena comunidade em meio ao desastre da grande” (Sloterdijk, 1999, p. 75), faz uma análise da peste negra (que aconteceu nos anos 1300) e que devastou a Europa com mais de 100 milhões de pessoas mortas (figura) quando a população era muito menor que hoje, e sua influência política e psicológica pode ser analisada.
Em nota de rodapé cita a obra de Henrik Siewierki (traduzida pela Estação Liberdade em 2001) “Uma missa para a cidade de Arras” onde analisa as consequências tanto psicológicas quanto políticas da peste, também o psicólogo Franz Renggli, em seu livro Autodestruição por abandono, desenvolveu a hipótese da influencia na modernidade da peste, e também da degradação da relação mãe-filho que teriam provocado uma espécie de fraqueza imunológica, coletiva e psicossomática que favoreceu o vírus daquela peste.
Toda esta análise é interessante em meio do retorno da Pandemia a Europa, ao mesmo tempo que é sem dúvida um flagelo, pode ele alimentar uma nova clareira sobre a nossa coimunidade, ou seja, a ideia de uma defesa mútua e solidária em vista de uma catástrofe ainda maior do que a que já encontramos.
Serve para “aplainar os caminhos”, como diz a leitura bíblica quando João, o filho de Zacarias e Isabel, anunciava no deserto usando as palavras do profeta Isaías: “esta é a voz daquele que grita no deserto: ´preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas’” (Lc 3,4) e parece propícia a este nosso tempo de flagelo e deserto.
É importante lembrar que as duas primeiras semanas do Natal comemoram não a vinda de Jesus em Belém, mas a Parusia, ou seja, a preparação de sua segunda vinda.
O vazio e a hiperpolítica
O assunto que deveria interessar a teólogos interessa primeiro a filósofos e escritores como Julian Barnes ( The Sense of an Ending”, que ganhou o premio Man Booker) escreveu: “Eu não acredito em Deus, mas sinto falta dele”, enquanto o cético Peter Sloterdijk escreveu: “Numa cultura monoteisticamente condicionada, declarar que Deus está morto implica um abalo em todas as referências e o anúncio de uma nova forma de mundo” (Slotertijk, 1999, p. 59) e implica abandonar o projeto de unidade planetária.
Em uma linha oposta o professor de literatura inglesa e escritor Terry Eagleton escreveu “Cultura e morte de Deus”, identifica os substitutos iluministas desta morte além da razão e de sua obra mais acabada: o Estado Moderno, algumas formas de racionalização desta “morte” além do próprio Estado: a ciência, a humanidade, o Ser, a Sociedade, o Outro, desejo, força de vida e relações pessoais, chamando-as de “formas de divindade deslocada”.
Como substitutos não é diferente o que elabora Sloterdijk em “no mesmo barco: ensaios sobre hiperpolítica” (1999): “começa uma onda literária que não fala de outra coisa senão de Estado, vida em sociedade, formação humana” (Sloterdijk, 1999, p. 58), diz Sloterdijk refletindo Nietzsche que Código Teológico a parte: “aquilo que inspira nosso tempo com esperança e horror; alguma coisa está morta e só pode desmoronar mais rápida ou lentamente, mas de alguma forma avançam a vida e a civilização e se cristalizam em novidades não compreendidas” (Sloterdijk, 1999, p. 60) e não se trata apenas da nova cepa do coronavírus que assusta, mas de novidades que avançam em discursos polarizados e radicais.
Lembra que não são apenas os discursos de algum aventureiro político de países com convulsões políticas, mas: “Vê-se o elenco político desfilar com algazarra pela mídia e somos lembrados na inapetência premeditada dos torneios municipais” (Sloterdijk, 1999, p. 64), sabe que existem aqui e ali: “megalopatas convincentes da velha guarda” (idem), mas uma “desproporção global entre as forças necessitadas e as fraquezas existentes” (ibidem), ou dito de outra forma estadistas capazes de lidar com as crises contemporâneas.
Chama alguns destes personagens que aparecem aqui ou ali de “atletismo de Estado da globalidade”, mas ressalta que ainda não foi escrito ressaltando as “exigidas consciências” que não deveria ter para uma “profissão: político”, uma residência com opacidade, um programa com o qual é difícil pertencer-se, no aspecto Moral pequenos trabalhos, nenhuma paixão: uma ausência de relação, evolução para o autorrecrutamento a partir de conhecimento e deveriam ser atletas de um “mundo sincrônico” (pg. 65).
A sentença da hiperpolítica de Sloterdijk é drástica: “o tema da ´revolução conservadora´, experimentado há duas ou três gerações” (pg. 67) em que previa certo tipo de nova onda fundamentalista, previa alguns políticos contemporâneos como Donald Trump e Boris Johnson mostram não só que não foram acasos, mas que continuam a espreita de uma nova de política que surge no rescaldo da “síndrome de Krause” (político alemão envolvido escândalos de corrupção), mostrando que não é obra do acaso, não é apenas a ausência do Geist (espírito) ou da falta de subjetividade e aceitação da diversidade cultural planetária, a “política aparece como o equivalente de um quase-acidente coletivo-crônico numa rodovia coberta pela névoa” (Sloterdijk, 1999, p. 69). O livro foi escrito bem antes da ascensão da onda conservadora.
Na sua sentença final Sloterdijk pede que “a hiperpolítica se torne a continuação da paleopolítica por outros meios” (pag. 92).
Sloterdijk, P. no mesmo barco: ensaio sobre a hiperpolítica. Trad. Claudia Cavalcanti. São Paulo: Estação Liberdade, 1999.
Tempo de mudar e repensar
A Pandemia não provocou mudanças em nosso comportamento, a maioria quer voltar ao velho normal: correria, um dia a dia nervoso e complexo, ambições que se confundem com objetivos sadios e possíveis, enfim aquilo que o filósofo Sloterdijk chamou de “frivolidades”, entretanto a crise não passou e já se admite uma 4ª. onda.
A cada 100 novas infecções relatadas no mundo, 62 estão na Europa informa a agência de notícia Reuters, a região registra 1 milhão de infecções a cada dois dias.
A sabedoria que envolve todo um universo da vida humana, da saúde a política, o bem estar verdadeiro que inclui justiça e empatia, mesmo com um beliscão da natureza não foi suficiente, o resultado é uma crise que se aproxima e se avoluma, olhar para o infinito do universo e de seus mistérios deveria tornar-se humildades, mas a arrogância está em toda parte dos incrédulos aos céticos, da baixa cultura a cult livresco e enciclopedista, uma verdadeira mudança do pensamento, como quer Morin, não aconteceu.
Tudo isto que deveria ter nos inspirados maiores sentimentos de amor, solidariedade e paz não aconteceu, a Pandemia não deu uma trégua de hostilidades e radicalizações, o resultado não poderá ser outro que não uma catástrofe, independente de governos e tendências eleitas, já que a polarização leva sempre a dois extremos e não dá trégua.
Há algo pairando no ar, o espírito humano sabe quando as coisas estão fora de lugar, nem sempre sabem exatamente onde estão por falta de harmonia e evolução espiritual, não basta o desenvolvimento humano material, ele é importante se for sustentável, é preciso que a alma humana acompanhe esta evolução e não é o que se vê, se vê “frivolidades”.
Vários países da Europa pensam em lockdown, também uma crise de energia está na mira de muitos países europeus, dependentes de fornecedores externos, segundo dados da Eurostat, a agência de estatística da EU, o aumento do gás tem feito a inflação subir em 19 países da zona do euro, e impacta tudo, mas principalmente a energia já que 90% do gás vem da Rússia, e um quinto da energia elétrica é produzida com uso do gás.
Lembremos que estamos no inverno na Europa e este consumo tende a crescer para ambientes aquecidos e maior permanência nos lares.
Na liturgia cristã começa no final de semana o Advento, não é apenas a comemoração do Natal, na primeira semana é a espera de uma nova vinda de Jesus, chamada Parusia, e não se trata apenas do fim do mundo, mas também nas grandes crises Deus não é indiferente, claro aos que creem, é sempre possível sua intervenção de modo inesperado.
A esperança é assim um motor de nossas vidas, mas precisamos estar atentos como diz a liturgia deste período (Lc 21,34): “Tomai cuidado para que os vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriagues e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós, pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de nossa terra”.