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Arquivo para a ‘Oceanografia’ Categoria

A clareira e a verdade

20 fev

O conceito de verdade na filosofia grega não surge da lógica, da matemática ou da física, a alegoria da Caverna em Platão, onde aqueles que estão na caverna veem apenas as sombras e não a verdade como ela é, na interpretação de Heidegger, ele vai demonstrar que o esquecimento do verdadeiro Ser das coisas produzidas pelo pensamento moderno (Kant e Descartes) nada mais é do que o resultado necessário de uma forma de pensar metafísica.

Esta metafísica sofreu uma mudança na determinação da essência do conceito de verdade: nesta passagem ocorreu uma transformação da noção de verdade como desvelamento para a noção de verdade como correção ou correspondência do pensamento como a coisa.

Esta interpretação começa pela correção da palavra grega eidos e ideia (Ideia) por “aspecto”, este aspecto de um ente não é a sua mera aparência tal como percebida de forma imediata pelos sentidos, é aquilo como o ente se mostra mediante aquilo que ele se apresenta.

É nesse automostrar-se no seu aspecto que o ente aparece e pode ser captado pelo intelecto (Heidegger, 2007, p. 3), assim como o olho vê os objetos sensíveis em sua aparência externas graças à luz do sol, o homem “vê” o ser à luz das ideias, assim as Ideias iluminam o ser dos entes, tornam visíveis a sua essência (na terminologia de Heidegger: o entitativo do ente), e permitem que a alma a contemple.

Como afirma Heidegger (2007, p. 6): “Os aspectos dos quais as coisas mesmas são, ou seja, as eidee (as ideias no sentido grego), constituem a essência em cuja luz todo ente particular, este ou aquele, se mostra em cujo mostrar-se o que aparece chega a ser recém desoculto e acessível”.

Heidegger afirma numa passagem do Ser e o Tempo, que a concepção tradicional de verdade (de Kant e Descartes) baseia-se na premissa que a essência da verdade reside na concordância do juízo com o objeto (adequatio intelectos et rei) uma correspondência (ou omoiosis) sem explicar o que é a noção de correspondência.

A proposição ontológica de mostrar o que e descobrir o que ele é (Heidegger, 2005, p. 288) é assim algo que “descobre o ente em si mesmo, propõe, mostra permite ver (apofánsis) o ente em seu estado de descoberto”, desvela o ser em si mesmo, porém o Ser foi esquecido.

Como afirma Heidegger: “O ser verdadeiro do lógos como apofasis é o aletheien”. A alethéia, o desvelamento, portanto, é “o fundamento do fenômeno original da verdade” (Heidegger, 2005, p. 288).

HEIDEGGER, M. Ser e Tempo. Petrópolis: Vozes, 2005. vol. 1.

HEIDEGGER, M. La doctrina de Platón acerca de la verdad. Eikasia, Revista de Filosofía, v. 12, Extraordinário I, 2007

 

Mitos, oralidade primária e religiões

29 ago

O mito é uma forma de explicar fenômenos, não apenas naturais, mas também culturais e históricos de modo a manter um determinado fato ocorrido para além do estado factual, a oralidade é uma forma de comunicação e as religiões tem uma estrutura de cosmogonias que dão aos fatos um sentido mais profundo.

É preciso destacar nas religiões e antigas oralidades primárias o papel dos oráculos e profetas, que tinham alguma “autoridade” para narrar os fatos históricos de modo que a compreensão se mantivesse e evitasse desvios de narrativas, e entre oráculos e sofistas há uma distância.

Os sofistas existiram e ainda existem para elaborar narrativas que justifiquem o poder, até mesmo as atrocidades e desmandos que ocorram e muitas vezes se confundem com os falsos profetas e oráculos do poder.

Porém os mitos foram inúmeras vezes necessários na história, a batalha narrada em Ilíada e Odisseia na forma de poemas, pode dar a entender apenas uma narrativa de poder, no entanto ali alguns mitos são usados como forma de manter uma narrativa e houve a batalha.

Já o mito religioso sore Adão, é até possível que tenha existido, porém a origem humana hoje se sabe pelas pesquisas que houve uma variação entre os Neandertais e o Homo Sapiens, os primeiros que desapareceram eram de crânio mais alongado e dentes mais fortes e que nasciam mais cedo, que os adaptava melhor aos alimentos menos tratados e mais duros.

Tudo que sabemos da origem da vida é o surgimento de microbiótica nos oceanos primitivos e depois os pequenos animais multicelulares e as conchas (foto) no período pré-cambriano.

Porém descobertas recentíssimas mostram que não apenas conviveram e tiveram cruzamentos, como há DNAs dos neandertais que ainda estão presentes no humano atual, mas os neandertais desapareceram a cerca de 40 mil anos.

Assim o mito bíblico adâmico deve ser compreendido de duas formas, a primeira é que o homem veio da natureza (na narrativa bíblica do barro) e que de alguma forma, que até a ciência tem dificuldade de explicar, entre as vidas que surgiram na formação da biosfera, o homem se formou, a segunda explicação é que os filhos Abel era pastor e Caim agricultor, então é o período sociológico que o homem já cultiva e inicia o “controle” da natureza.

A oralidade primária vai ter um papel fundamental para transmitir os “conhecimentos” que facilitam este controle, e os mitos devem significar este “controle” primário da natureza, assim como a transmissão oral sem desvios.

 

A eclipse de Deus

23 ago

O livro de Martin Buber com este nome trata como podemos encontrar na filosofia e na história da religião, desde os filósofos pré-socráticos até pensadores do século XX uma interpretação das crenças ocidentais, com ênfase na relação entre religião e filosofia, com a ética e a psicologia junguiana, o que valeu uma réplica de Jung e uma tréplica de Buber.

Vivemos como diz Buber num tempo da eclipse de Deus, como ao ver a Lua passar na frente do Sol, parece que ele não existe mais, quando de fato está encoberto, isto é curioso, porque a polêmica com Jung é causada por uma pergunta em uma entrevista sobre a existência de Deus, Jung respondeu: “Eu não preciso acreditar, eu sei” (Jung, 1977, p. 428).

Isto causou furor na época e até hoje livros como Deus: um Delírio (o titulo em inglês é The God delusion) encontramos uma citação na página 51, num livro que mostra as desilusões de Dawkins mais que os delírios dos que creem, principalmente aquilo que na filosofia se refere ao Absoluto, cujo auge da elaboração ocidental é o conceito abstrato do absoluto de Hegel.

O absoluto de Hegel que é uma articulação entre o objetivo e subjetivo dualista do idealismo, é uma singularidade de uma potência substancial, própria da subjetividade e do conceito como havendo uma substância universal, que através da abstração se efetiva na consciência de si e torna-se igual a essência, uma espécie eu eu-mesmo essencial.

O comentário posterior de Jung, expresso principalmente em uma carta a uma amiga que foi publicada, ele explica: “o que quer que eu percebo de fora ou de dentro é uma representação ou imagem … causada, como eu com ou sem razão suponho, por um objeto “real” correspondente. Mas eu tenho que admitir que a minha imagem subjetiva só é grosso modo idêntica ao objeto … nossas imagens são, em regra, de alguma coisa … a imagem-Deus é a expressão de uma experiência subjacente de algo que não posso alcançar por meios intelectuais …” (Jung, 1959).

A resposta de Jung, sem que a articule de modo implicitamente filosófico é uma resposta ao subjetivismo idealista, ela não se alcança por meio da razão, é um objeto de fé, de crença e quem a tem a possui dentro e fora sendo ao mesmo tempo subjetiva e objetiva.

A passagem bíblica que melhor ilustra este sentimento é aquela (Jo 15, 45-46): “O Reino dos Céus também é como um comprador que procura perolas preciosas. Quando encontra uma perola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela perola”.

Jung, C.G. The Face do Face entrevista in C.G. Jung Speaking: Interviews and Encounters, Princeton, Belligen paperbacks, 1977, p. 424-439.

Jung, C.G. (1959), Letter to Valentine Brooke in C.G. Jung Letters, Volume 2, 1951-1961, edited by Gerhard Adler, (London: Routledge and Kegan Paul), pp. 525-526, 1959.

 

Catástrofes naturais e sociedade

09 dez

Embora a ciência ainda tenha dificuldades de prever catástrofes naturais, a imprevisibilidade é um grande tema atual para diversos campos de estudo, a ação humana sobre que podem ampliar a problemática destas catástrofes devem ser repensadas.

Não se trata apenas de interferir em terremotos, rotas de asteroides, problemas climáticos e as mudanças no campo magnético do planeta, o problema é a dimensão social que cada catástrofe pode tomar, assim o vulcão Cumbre Vieja em La Palma, que não vítimas fatais, mas o problema da qualidade do ar, do desalojamento de famílias, da perda de renda familiar entre outros, o que preocupa é a possibilidade de uma catástrofe social, no momento, o governo de lá declara que o vulcão pode adormecer.

A catástrofe de Semeru na Indonésia, que contabilizou 34 mortos até o dia de ontem, e cuja previsibilidade não foi possível é uma fatalidade, porém o tsunami em Fukushima em 2011 que afetou uma usina atômica e tornou toda uma região inabitável tem a imprudência humana de construir usinas em áreas sujeitas a catástrofes, alerta para um grave e antigo problema: as usinas nucleares, os milhões de litros de água usada para resfriar a usina agora inativa, mas radioativa, foi despejado no mar.

Países europeus são os que mais usam usinas nucleares, e uma crise de abastecimento de combustível fóssil, em sua maioria vindo da Rússia, é um problema correlato, que agrava ainda mais o perigoso social, olhando o mapa (figura) percebemos também que muitas usinas estão na beira-mar e o risco de tsunamis é ainda mais grave, Fukushima ensinou.

No mundo 17% da energia utilizada é nuclear, 40% ainda é de carvão, o combustível mais antigo típico da primeira revolução industrial, o fóssil (petróleo) é 40%, hidráulico e eólica é apenas 2% com previsão de 3% para 2024, um crescimento muito pequeno para ser considerado um esforço que possa revelar uma mudança de cenário, claro que há interesses econômicos associados.

O grave problema das usinas nucleares, que podem ter elas próprias, acidentes como o de Chernobyl, não pode ser menosprezado o problema grave de alguma catástrofe natural que possa afetar os problemas das usinas, com enormes perdas sociais (em geral só se pensam as econômicas, que estão associadas é claro) que um desastre poderá causar.

No mundo são 440 usinas em funcionamento e 23 sendo construídas, a Europa tem 207 usinas e 7 em construção, pelo mapa se observa o enorme número a beira mar, em regiões habitadas e sujeitas a terremotos (as falhas tectônicas por exemplo), depois da Europa segue a América do Norte com 123 usinas, Japão, China e Coréia com 82 e 7 em construção.

Catástrofes naturais ocorrem, a Alemanha decidiu que não vai instalar novos reatores e que os atuais serão desativados após sua vida útil (32 anos no seu caso), a Turquia também abandonou a ideia de construir sua primeira Usina, no sentido oposto o Brasil após a inauguração de Angra-2 (situada a beira-mar) já discute Angra-3.

Uma completa consciência social deve antever também problemas graves que uma catástrofe nuclear poderia causar, e as consequências seriam duras para a humanidade.

 

Vulcões e possibilidades de terremotos

24 nov

Além da crise civilizatória, as forças da natureza parecem estar mais despertas que o normal, o vulcão das ilha La Palma, do arquipélago das Canárias, território da Espanha, desperta grande interesse pelo volume de lava que espero chegando perto já de dois meses e sem dar sinais de trégua.

Os terremotos, o número de bocas abertas pelo vulcão (já são 5), a gravidade da situação da ilha que apesar de estar confinada ainda não foi feita nenhuma evacuação de grande volume, tem suscitado debates até mesmo no mundo científico, o último é sobre um terremoto de profundidade 3,4 ou 34 km que aconteceu nestes dias, isto porque a profundidade menor indicaria novas bocas de lavas e um maior risco para a alguma mudança abrupta na estrutura da ilha que é composta de falhas no seu interior e falésias, grandes depressões rumo ao mar.

Há vários terremotos ativos, alguns são do tipo estramboliano, são vulcões com erupções explosivas como emissão de lava essencialmente efusiva, e ejeção de cinzas e gazes como enxofre, em lavas incandescentes, também lançam bombas vulcânicas de rochas que são lançadas de dezenas a centenas de metros de altura, o vulcão Cumbre Vieja de La Palma é deste tipo, além do aspecto chamar mais atenção é de fato mais perigoso, pelos terrenos onde as lavas podem chegar, pelos gazes e em alguns casos pela deformação do terreno.

Eles estão ligados aos terremotos que são resultados das movimentações das placas terrestres, e a preocupação maior não é esta ilha situada no Oceano Atlântico, mas porque ela pode ser a representação em pequena escala do que pode acontecer numa escala maior no oceano pacífico onde há um grande círculo de fogo, nome dado a uma grande junção planetária de regiões de vulcões e terremotos bastante frequentes e onde é especulado a possibilidade de um Big One, um grande terremoto a partir da falha de San Andres, na placa americana.

A possibilidade real em La Palma é um pequeno tsunami próximo a ilha, as consequências seriam sem dúvida devastadoras, seriam de grandes terremotos no círculo de fogo, ou a erupção de grandes vulcões como a cadeira vulcânica Yellowstone, o vulcão Havaiano Kilauea sobre os quais existem apenas especulações sensacionalistas.

As consequências em La Palma ainda é uma incógnita, mas o vulcão continua ativo e ao contrário de acalmar, estes dias foram de grandes explosões e terremotos fortes.

 

Vulcões, entre a ciência e as superstições

28 set

O vulcão nas ilhas Canárias que arde a mais de uma semana, e por enquanto apenas aumento o volume e a quantidade de lavas incandescentes despertaram perguntas e medos, nem tudo é realmente certo, os vulcanólogos e geólogos não tem previsão para o esfriamento do vulcão e nem todas as superstições vieram apenas de profecias e apocalípticos.

A possibilidade de um megatsunami, partindo do meio do Oceano Atlântico, o Oceano pacífico tem mais vulcões e terremotos no chamado círculo de fogo (foto) que o Atlântico foi estudado após o maremoto da Indonésia que ganhou notoriedade, porém foi o do Japão, que afetou a Usina de Fukushima o mais assombroso.

O alerta não partiu de supersticiosos, mas de pesquisadores britânicos em artigo de 2001 (Ward & Day, 2002), o artigo ganhou notoriedade por citar diretamente as Ilhas Canárias (veja foto acima), e foi publicado na revista científica Yearbook of Science and Technology, fez outros estudos em casos já acontecidos, como o de 1º. de abril 1946 nas ilhas Aleutas onde houve um deslizamento de terra semelhante ao da costa de Papua Nova Guiné.

Cita que o maior deslocamento de terra, que provocou megatsunami, foi o deslizamento de terra em 1929 devido a um terremoto, no parque Nacional de Terra Nova, Canadá, na península de Burin, que chegou até a costa da Escócia e Holanda, mas só foi percebido por causa de fragmentos que foram depositados nas costas destes países.

O artigo fez experimentos por simulação em computador, que mostra que a eficiência de geração de tsunami aumenta com a velocidade e o volume do deslizamento de terra, e fez uma simulação justamente com o vulcão Cumbre Vieja (fig. 3 acima), na ilha de La Palma (uma das ilhas da Gran Canarias), e escreveram textualmente: “movimentos contínuo e recentes dos flancos de uma série de vulcões de ilhas oceânicas incluindo o Kilauea no Havaí e o Cumbre Vieja em La Palma, nas Ilhas Canárias, são possibilidades que estes podem romper [os flancos] durante uma erupção num futuro não muito distante” (Ward & Day, 2001).

O volume tem aumentado desde o domingo passado (19/09) e um dos flancos se abriu, mas não desmoronou e as lavas ainda não tinham chegado ao mar até a presente o dia de ontem.

Tivemos no ano outros vulcões em erupção, na Itália o Etna, na Rússia o vulcão Ebeko nas ilhas Curilas e na Islândia o Fagradalsfjall, mas estes não oferecem perigo, no caso da Islândia houve um período de interrupção do tráfego aéreo na região.

Outros vulcões no mundo se manifestaram este ano, na África o Nyiragongo no início de junho, na Indonésia o Sinabung no início de março, na Guatemala o Vulcão de Fogo, mas que já cessou a erupção, há outros pelo mundo, os vulcões ativos (mas não em erupção) são ao todo mais de mil, o Brasil está longe das placas tectônicas que além de vulcões provocam terremotos.

Por algumas horas o Vulcão Cumbre Vieja cessou de jorrar lava, mas voltou, se a duração e volume de material será suficiente para um tsunami, depende da intensidade e duração, nem vulcanólogos e nem os geólogos que acompanham o vulcão sabem dizer com certeza.

Ward, N. and Day, Simon. Suboceanic Landslides. Steven Yearbook of Science and Technology, McGraw-Hill, 2001. Disponível em: ward&day.pdf (ucsc.edu)

 

O Deus-Homo e a possibilidade da eternidade

04 jun

É mais antigo do que se pensa a pretensão humana de chegar aos céus, Homo Deus é a atualização bem escrita e bem-feita desta história do homem de busca do “céu” aqui na terra, o paraíso perdido já deu vários ensaios e livros, a ideia de um Deus próximo acalenta muita gente.

Diz Harari, a mais digna atualização desta narrativa que os impérios, corporações, acumulação e riquezas desde a deificação dos Faraós e dos imperadores romanos, são as narrativas que por escrito: “a escrita também fez com que fosse mais fácil aos humanos acreditar na existência dessas entidades ficcionais porque habitou as pessoas a experimentar a realidade por meio da meditação e de símbolos abstratos” (Harari, p. 171).

Embora acredite que as religiões tenham cooperado no aspecto ético, ele afirma que “religiões apresentam a tendência irritante de transformar declarações factuais em juízos ético, criando com isso uma grande confusão e obscurecendo o que deveriam ser debates muito simples.” (p. 202).

As interpretações de Morin, Sloterdijk e Chul Han vão na direção contrária, Morin parte da complexidade: “O mundo torna-se cada vez mais um todo. Cada parte do mundo faz, mais e mais, parte do mundo e o mundo, como um todo”, Sloterdijk vai explorar na “Crítica da razão cínica” a ideologia como “falsa consciência”, como uma visão deturpada, e por isso, falsa, da realidade e vai por isto criticar o humanismo contemporâneo.

Chul Han penetra na alma humana, ao diagnosticar a ausência de conclusão, da busca pelo eficientismo e a incapacidade de morrer, num sentido figurado, mas que também é a busca pela eternidade, por aquilo que permanece e que cada conclusão adiada levaria a ela.

A fantasia divina de tornar o homem também eterno, foi na expressão de Jesus, divino humano e homem divino, o Deus-homo que Harari, como bom judeu, tem dificuldade de acreditar.

Na passagem em que Jesus começa a “abrir o verbo” em Mc 3,20 que diziam que “Ele está possuído por um espírito mau” e que até mesmo sua família foi repreendê-lo , Ele irá responder que são sua família (seus amigos) o que ouvem a palavra de Deus e as vive, para dizer que só os são capazes de viver a ética e a conduta humana de Amor ao Outro são de fato sua família.

O Deus-Outro nos convida a viver esta realidade já aqui na terra, sem deixar de ter problemas.

HARARI,  Yuval  Noah. Homo  Deus: uma  breve  história  do  amanhã. Trad. Paulo Geiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

 

Crise civilizatória e morte

05 nov

Retomando o pensamento de Pablo Picasso que o pior perda da vida não é morrer, mas morrer enquanto vivemos é a que melhor explica o estado civilizatório, mesmo os que devem a fraternidade, o diálogo, o planeta como casa comum parecem sem esperança e por isso cansados, não aquele da Sociedade do Cansaço que é parte uma crise, mas aquele de quem deixou de encontrar o que une, o positivo e o verdadeiro na vida.

Dir-se da pós-verdade, o sofisma é pré-socrático, e a mentira pública também já foi veiculada por jornais e meios televisivos, conforme o lado político que tomam, no fundo todos acabam concordando que se não está do lado politicamente correto, não é verdade, então ficamos no relativismo e no dualismo, mesmo aos que pregam contra, Edgar Morin tem razão é uma crise do pensamento, e Peter Sloterdijk também “não é um tempo favorável ao pensamento”, é mais fácil tomar um lado, embora hajam erros e acertos em vários lados, porque não são apenas dois.

Vi no Instagram que dois vídeos muito populares são de uma jovem artista que faz fantoches com esqueletos, pássaros e figuras fúnebres e outro de uma menina cujo cabelo foi decorado como um cemitério (figura acima), é uma triste realidade os pós-góticos parecem dominar a fantasia juvenil.

Em reportagem a BBC do dia 31 de outubro, o banqueiro dos pobres Muhammad Yunus declarou: “Precisamos redesenhar o sistema garantindo uma nova economia de três zeros: zero pobreza, zero desemprego e zero emissões líquidas de carbono. E sabemos como fazer. O problema é que somos muito preguiçosos e estamos muito confortáveis ​​no sistema que temos, não queremos sair da nossa zona de conforto”, é um novo pensar pode não dar certo, mas sem dúvida as pessoas, os pobres e o planeta precisa de respostas, as velhas criam mais polarização e equívocos, além de pós-verdades, neste caso com um novo sentido, do ponto de vista ideológico elas foram verdades um dia, hoje são pós-verdadeiras.

Há situações e penso que o próprio planeta poderá reagir, uma reação aórgica, o inorgânico sobre o orgânico, afinal viemos do pó, de alguma reação química e com certeza se não mudarmos a rota iremos voltar ao pó, não aquela fatalidade da vida, a morte pessoal física, mas o morrer em vida.

A pergunta que fica é se esta reação do inorgânico planeta poderia mudar algo no orgânico humano, a sua mente, o seu ser, para algo melhor.

 

Um grande Iceberg se separa da Antártica

24 jul

Um dos dez maiores se desprendeu da Antártida, o continente gelado do polo sul, a ponto Antarcticade fazer com que este continente modifique sua geografia perdendo uma das pontas, garantiu Adrian Luckman, professor da Universidade de Swansea e principal investigador do projeto Midas, que monitora esta plataforma desde 2014.

Segundo Luckman “O iceberg é um dos maiores registrados e seu progresso futuro é difícil de prever”, e acrescentou que esta ilha de gelo,  “poderá continuar reunido em um único pedaço, mas é mais provável que se separe em fragmentos. Parte do gelo pode continuar na área durante décadas e partes do iceberg podem flutuar para o Norte e entrar em águas mais quentes”.

O iceberg pesa mais de um trilhão de toneladas, e mede 5.800 quilômetros quadrados (área que é, por exemplo, quatro vezes maior que a cidade de São Paulo ou equivalente ao Distrito Federal), se soltou da plataforma de gelo Larsen C da Antártida, entre o dias 10 e 12 de julho de 2017, segundo os pesquisadores Universidades de Swansea e de Aberystwyth, no País de Gales, e do Instituto de Pesquisa Antártico Britânico (BAS, na sigla em inglês), o site do projeto Midas entretanto não afirma que seja devido ao aquecimento global, esta prova “científica” é um pouco mais complexa.

O evento, ainda que tenha ocorrido algo semelhante em 2013, torna mais inquestionável o aquecimento do planeta e as consequências que podem ser devastadoras ao longo dos anos se continuarmos em desequilíbrios climáticos, como os incêndios registrados na Europa e frio no sul da America Latina, como vivemos na semana passada.

É bom lembrar que o governo Trump rompeu unilateralmente os acordos sobre o clima, e apesar de toda pressão, em especial a Europeia, continua reticentes contra as evidências de que devemos tornar o planeta sustentável, e que podemos caminhar para uma enorme catástrofe climática com consequências na vida de todo o planeta

 

A questão climática esquenta

19 jun

As diversas mobilizações em torno do encontro mundial sobrePapaEnciclica questões climáticas em Paris, no final do ano, agora tiveram a entrada oficial do Papa Francisco com uma encíclica específica tocando no problema da água.

Tomás Insua, um dos co-fundadores do MCGC( Movimento Católico Global para o Clima), da Argentina disse ao receber a encíclica das mãos do papa “Francisco até brincou, dizendo que estamos competindo com a sua encíclica. O endosso dele ao nosso trabalho é muito importante para incentivar a conscientização nos círculos católicos globalmente, assim como para conseguirmos mais assinaturas.”

A Conferência do Clima tem aval da respeitada UNFCCC (Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), e pelo caminho que está percorrendo e a divulgação que vem acontecendo, será a cúpula climática com maior participação oficial, desde Copenhague, em 2009.

Um dos objetivos de organizadores e organizadores de entidades em defesa da ecologia, é limitar a elevação do aquecimento global em até 2ºC, isto é, níveis pré-indústrial, pois diversos cientistas alertas que os níveis atuais são problemáticos.

A realização da Conferência do Clima será entre 30 de novembro e 11 de dezembro de 2015 e promete.