Arquivo para a ‘Recursos comuns’ Categoria
A variante Delta e suspeitas da vacinação
Uma nova variação do vírus Delta originado na Índia apareceu e já se espalha, chamado de Delta Plus o vírus é mais letal e já há casos em vários países do mundo, no Brasil uma gestante é o primeiro caso noticiado, tinha 42 anos e faleceu dias após o contágio.
O crescimento de 30,6 % de infecções e 17,2% de mortes no Chile levantou suspeitas sobre a vacinação com ouso da CoronaVac, as mídias de redes sociais espalharam esta notícia, já que lá 90% da vacinação foi feita com a vacina, e não há variante Delta ainda e o país era um exemplo.
Segundo notícia dada por diversos centros de informação de imprensa (entre eles a AFP) esta correlação não é verdadeira porque o número de mortes não é proporcional a infecção, e entre os infectados e mortos são principalmente não há vacinados, disse a médica chilena Vivian L. Farias.
Outro aumento foi na Rússia, 20 mil casos novos, sendo 7.916 em Moscou, o maior número de casos confirmados num único dia desde 24 de janeiro, quando a vacinação não tinha se iniciado, as autoridades atribuem este aumento a variante Delta que estaria em alta no país, novas medidas de restrições estão sendo tomadas.
O grande problema lá é também a desconfiança da população, sobram vacinas e nem todos procuram a vacinação, os restaurantes estão pensando em servir apenas pessoas vacinadas e outras medidas neste sentido podem ser tomadas.
A vacinação no Brasil atingirá 70 milhões de vacinados com a primeira dose, a vacina Jannsen começa a chegar ao país, ela precisa apenas de uma dose, é de alta eficácia e em BH os primeiros a receber foram moradores de rua, a Pfizer enviou mais 936 mil doses e chega a 2,4 milhões de doses, 6 mil litros de insumos para a CoronaVac chegaram ao Brasil, dá para 10 milhões de doses.
Em junho, nos primeiros 24 dias, a média de vacinação por dia foi de 1 milhão de doses, porém por causa do aumento da demanda 2ª. dose da AstraZeneca em julho, ela tem um espaço de 12 semanas da primeira dose, a vacinação pode sofrer problemas, é preciso atentar a este aspecto.
Até o dia 20 de junho, o Ministério da saúde havia distribuídos 46,6 milhões de doses da AstraZeneca para a primeira aplicação (fonte uol), entretanto seriam necessários a partir de julho igual número de doses mais aqueles que receberão a primeira dose, assim seria necessário quase dobrar a fabricação mais 21,3 milhões de doses são os cálculos dos agentes de saúde.
A preocupação da Organização Mundial da Saúde com a nova variante Delta que já está em 85 países é o temor que esta nova cepa consiga modificar-se a ponto de driblar as medidas de prevenção, tratamento e vacinas disponíveis, o próprio presidente da OMS acentuou este fato (vários órgãos de imprensa, no Brasil o Correio Braziliense e outros).
A cepa Delta e novos perigos
A nova cepa indiana, chamada pela OMS de Delta, volta a infectar e pode se tornar dominante, ela é 40% mais transmissível e pode apresentar o dobro de risco de internação, além disso os sintomas enganam porque parecem mais um forte resfriado e as pessoas continuam a sair, segundo afirma o jornal inglês The Guardian.
Isto está fazendo o Reino Unido reavaliar a data de flexibilização, anteriormente prevista para o dia 21 de junho, e que agora deverá retardar.
A vacinação continua, porém, a eficácia de algumas vacinas começam a ser colocadas em cheque, a própria AstraZeneca já admite revezes na terceira fase de testes, feitos em escala maior de vacinados, alguns jornais falam em 33% porém a indicação oficial da OMS é de 63,09% um pouco acima da Coronavac que é em torno de 51% e abaixo da Pfizer que é de 70%, porém com a 2ª. dose os números ficam parecidos em torno dos 80%.
Um avanço nas pesquisas, feitas pelo hospital Beaumont em Dublin, finalmente explicou porque a coagulação de sangue em pacientes com Covid 19 que são níveis elevados de moléculas de VWF (Fator de von Willebrand) pró-coagulação e níveis baixos de ADMTSS (uma protease plasmática que é anticoagulante), devido a alterações em proteínas em casos graves de covid.
O Basil recebeu um lote de 824,4 mil doses da vacina Pfizer/BioNTech do consórcio Covax Facility que chegou no aeroporto de Viracopos em Campinas (SP), o primeiro lote desta vacina pelo consórcio, os outros foram comprados.
O Brasil chegou a triste marca de 500 mil mortes, com um número de mortes acima de 2 mil, e com um número de infectados na casa de 80 mil, ainda são números altos, porém o salto acima dos 3 mil significariam uma terceira onda que continua a nos ameaçar.
De acordo com o consórcio de empresas do Brasil mais de 63 milhões de pessoas receberam a primeira dose, totalizando quase 30% da população, e quase 80% das vacinas disponíveis foram utilizadas, acredita-se que este número possa chegar a 100 milhões e totalizar perto dos 50% da população com a primeira dose, número que reafirmamos será suficiente para segurar a 3ª. onda.
É preciso redobrar os cuidados e evitar aglomerações, medidas de isolamento mais rigorosas precisam ser tomadas.
Curva e eficiência da vacinação
A curva mostra um avanço nas primeiras doses, mas as segundas doses ainda podem ser um problema, é preciso ter um protocolo para os vacinados de modo a incentivá-los a segunda dose.
Os estudos que envolvem o pós-vacinação e sua eficiência começam a ser divulgados, é chamada de fase quatro, como explica por exemplo, o professor Guilherme Werneck do Instituto de Estudos em Saúde coletiva da UFRJ.
A conclusão destas pesquisas pode levar até dois anos, os dados positivos são animadores, e afirmam o impacto positivo da vacinação, porém o problema da 2ª. dose está detectado e apontado, além do problema da imunidade também prejudica os resultados conclusivos da pesquisa.
Estes estudos são chamados de farmacovigilância (que investiga efeitos adversos da vacina) e a efetividade dos imunizantes na contenção da pandemia e redução da mortalidade, já postamos sobre o case de Serrana (SP), com a imunização de toda população, onde os casos de Covid-19 despencaram.
O número da vacinação no Brasil é para uma população total de 201.103.330, foram vacinadas na primeira dose 53.224.020 (26,5%), na segunda dose 23.534.567 (11,7%), dá um total de 37,17 doses para cada 100 pessoas, a média mundial é de 30,07 para cada 100 pessoas.
A vacina Janssen começa chegar ao Brasil (precisa só de uma dose) na terça-feira e a promessa é de 3 milhões de doses.
A reunião do G7 que acontece estes dias, segundo anúncio no Downing Street que doará 1 bilhão de vacinas com objetivo de colocar um fim na Pandemia até 2022, o número de pessoas vacinadas na primeira dose ainda não atingiu 1 bilhão de pessoas, para uma população mundial de 7 bilhões.
A terceira onda é atenuada no Brasil
Postamos aqui que era possível atingir números de vacinação próximos a 50% até o final de junho e que a primeira semana era decisiva, os dados indicam uma inversão da curva, mas é preciso não vacilar e continuar a vacinação, o Brasil recebeu novas doses da Pfizer (mais de 500 mil) e a vacinação da “nacionais” continua indo, e a previsão é de 40 milhões de doses até o final do mês.
Pode-se afirmar que neste momento há uma atenuação, o número de mortes da sexta-feira é 1689 enquanto de infecção acima de 66 mil, números que mostram a importância da vacinação pois o número de infecção ainda é muito alto e sem a vacinação o de óbitos continuaria alto.
A desaceleração da vacinação é apontada em algumas mídias, porém não fica clara se é a distribuição ou aplicação, pode ainda ser uma terceira coisa operacionalização o que seria muito lamentável já que o INSS e as secretarias de saúde possuem boa estrutura e distribuição.
Em porcentagens o número de vacinas distribuídas, o governo fala de um número acima de 100 milhões e os estados dizem ter recebido 90 milhões, sendo que há vacinas em estoque, em porcentagem seriam 52 milhões da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz, 47,1 milhões da Coronavac e 3,5 milhões da vacina Pfizer/BioNtech, não deixa de ser interessante esta variação pela eficácia para diversas idades.
A distribuição realizada até o momento já permitir a aplicação de doses, ao menos a primeira dose, em 18 dos 28 grupos prioritários do PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19), que foi definido pela vulnerabilidade social e riscos maiores de comorbidades.
A etapa atual começa a priorizar comorbidades em diversas faixas etárias e profissionais da saúde, porém do comércio que seria extremamente importante não está incluído no plano.
Os números do mundo ainda são preocupantes, veja o gráfico, ainda há países com possibilidades de uma terceira onda e uma lição definitiva da Pandemia é que devemos nos preocupar com todos.
Pandemia e a hora do planeta
Os dados observados pelo site Opera Mundi, ali pode se ver os números da pandemia em todo mundo, demonstram que nos ciclos da pandemia, apesar da vacinação que segundo o site chegou na noite de domingo a 1,5 bilhão de doses administradas (se a população mundial é em torno de 7.5 bilhões de pessoas) isto significa 20% de vacinação em todo mundo, claro varia em muitas regiões. O número de mortes cai, mas o de infecções cresce, a vacina é este fator.
A Índia por exemplo, que é o pior caso da Pandemia neste momento, é o terceiro que mais vacinou com mais de 179 milhões de doses, porém tem uma população de quase 1,4 bilhão de pessoas e isto dá 7% apenas de vacinados, bem abaixo da média mundial (acima) de 20%.
O Brasil com aproximadamente 37 bilhões de vacinas para pelo menos a primeira dose (o número de mais de 50 bilhões de vacinas é somando a primeiro com a segundo dose, que conta os que tomaram a 2ª. dose duas vezes) significa ainda também um número abaixo da média, com uma população de mais de 200 milhões de habitantes (211 na última estimativa) isto dá 20% o que significa na média, porém a gravidade da Pandemia exige ainda esforços maiores.
A compra de 100 milhões de doses da Pfizer poderia nos deixar otimistas, se não fosse para outubro, e o valor de 6,6 bilhões de reais significa isto significa 66 reais por dose, algo em torno de 10 euros ou 9 libras esterlinas no cambio atual, preço caro e a vacina exige uma logística especial por que deve ser mantida a baixa temperatura (gelo seco, transporte refrigerado, geladeiras, etc.).
Tudo isto poderia nos deixar otimistas, mas a realidade não é bem esta, observa-se que mesmo em países onde houve uma queda acentuada (Inglaterra e Portugal por exemplo) não se pode baixar a guarda porque o mundo é uma aldeia global e mesmo com poucos voos as pessoas circulam, e um caso de infecção, e existem novas cepas do vírus, pode deflagar todo processo de novo.
É hora do planeta, podemos e devemos tomar uma atitude planetária, ainda não o fizemos, e mesmo os órgãos reguladores, governos e agencias sanitárias parecem ainda estarem aquém das medidas a serem tomadas, por exemplo, no caso da Índia e na criação de protocolos para viagens, é necessário um plano global.
Existe uma preocupação justa que isto seja feito exclusivamente por critérios políticos e não técnico-sanitários o que é um fato, porém como a política não tem ajudado, podemos ajudar a política com atitudes sanitárias, numa linguagem atual: uma política pública sanitária.
A campanha é simples e global: vacina para todos, protocolos globais em relação a tipos de vacinas, por idade, tipo de comorbidade, distribuição equânime (por exemplo, chegar a 20% de vacinação em todos os países como meta para este mês), poderíamos pensar 50% até julho que seria uma tentativa audaciosa, mas fazendo as contas: haverá a produção de 3.5 bilhões de doses até julho contando todas as vacinas (estamos já em 1.4 bilhões) não parece um número impossível.
Vacina para todos !!! socorro aos países pobres e aos países de crise pandêmica maior.
É grave, mas pode haver esperança
Enquanto a Europa experimenta a 3ª. onda, o número de infectados e a gravidade da doença torna a pandemia uma crise humanitária no brasil, a esperança é aumentar a taxa de vacinação.
Na Europa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen reconhece que o bloco dos 27 países membros “não está onde queria” com a imunização, e disse que os esforços devem acelerar, apesar das 2 bilhões de doses contratadas, para uma população de 450 milhões, as taxas ainda estão abaixo de 10% o que é muito pouco pelo esforço já feito.
Enquanto Itália, Alemanha e França vacinação 10,3% fora do bloco o Reino Unido já chegou a 36,5%, no Brasil perto de 13% já receberam a primeira dose, os dados oficiais são de 15.503.373 para a primeira dose, enquanto 4.699.784 para a segunda dose, num total de mais de 20 milhões, mas a taxa de infecção e mortalidade cresce, se pensarmos que 12,5 milhões já tiveram covid-19 pode-se dizer que em número há uma pequena vantagem.
Porém não é bem assim, seria necessário que metade da população tivesse já a primeira dose, mas olhando o caso mais otimista que são os 38% do Reino Unido, vemos que o caminho a percorrer é grande.
A esperança vem dos dois institutos que desenvolvem a vacina no Brasil, o Butantã de São Paulo e a FioCruz do Rio de Janeiro, acredita-se que poderão estar vacinando em abril já as pessoas com mais de 60 anos, isto levaria a uma taxa de pouco mais de 20% no mês, sem contar os contratos externos que podem aumentar muito este número, chegando a uma taxa otimista de 35%.
Isto porque a promessa de 57.179.258 doses caiu para 47.329.258 doses, entre as que diminuíram o número estão a Pfizer e a de Oxford, mas com a promessa de vacinas vindas do exterior esta taxa poderá atingir a meta esperada em maio para 47 657 058 pouco abaixo da planejada.
A taxa somente irá ultrapassar a planejada no mês de agosto onde se espera mais de 82 milhões de doses em vez das 35 milhões planejadas, assim somente em setembro pode-se esperar uma queda nas infecções e mortes, espera-se que o sistema de saúde em pane consiga chegar lá.
A esperança continua sendo o crescimento de vacinas disponíveis no mercado.
A proximidade em Ricoeur e no papa Francisco
A citação de Paul Ricoeur na encíclica papal Fratelli Tutti é de uma dimensão filosófica e teológica que poucos ainda compreenderam, ao separar sócios de próximos, inspirado nas categorias de Ricoeur o papa dialoga com a contemporaneidade tanto com a filosofia como com a teologia e abre um caminho novo para um fraternalismo concreto.
Embora o pendor de teor utópico que a palavra Fraternidade (o nome da encíclica é Fratelli lembremos) toma dimensão nova ao transcorrer a leitura de Socius et Prochain de Ricoeur.
Pode-se dizer que desenvolve uma verdadeira cultura da proximidade, ou seja, não são os amigos daquele grupo que estou ligado, daqueles que compartilham certa “identidade”, a encíclica também esclarece estes falsos conceitos de identidade que nos isolam dos próximos.
A menção que faz de Ricoeur merece nota: “a caridade reúne as duas dimensões – a mítica e a institucional –, pois implica um caminho eficaz de transformação da história que exige incorporar tudo: instituições, direito, técnica, experiência, contribuições profissionais, análise científica, procedimentos administrativos” (FT §164), e assim incorpora realidades humanas no mítico.
Pode-se dizer que é um realismo realista de uma utopia de um mundo melhor possível, que não se reduz a um sentimentalismo religioso pouco eficaz que ameaça certas concepções que tanto a mística como a boa filosofia contemplam, ir de encontro ao Outro, a proximidade.
Outro ponto essencial da encíclica é o mal uso da categoria identidade, dirá a Encíclica que “quando agarram a uma identidade que os separa dos outros” e está no capítulo III que fala justamente do pensar
E alerta a Encíclica: “Existem periferias que estão próximas de nós, no centro duma cidade ou na própria família”. (FT §97), e novamente em Paul Ricoeur encontramos: “o vizinho é a própria conduta de se fazer presente (…) a ciência do vizinho é imediatamente bloqueada por uma práxis do vizinho: não temos um vizinho; Sou o próximo vizinho de alguém” (Ricoeur, 1968).
É a incompreensão desta categoria que leva a má filosofia a não entender o que significa o outro e o dar-se e isto pode ser visto em toda história da filosofia nas diferenças concepções de identidade, o conceito está em Stuart Hall e também de Heidegger é que identidade é o grau de compreensão que cada um tem da própria cultura, mas o tema é polêmico e voltaremos a ele.
RICOEUR, Paul “O socius e o próximo”, in História e Verdade, trad. F. A. Ribeiro (Companhia Editora Forense: Rio de Janeiro, 1968),
PAPA FRANCISCO, Carta Encíclica Fratelli Tutti (FT), Vaticano, outubro de 2020. Disponível em:
Fratelli tutti (3 de outubro de 2020) | Francisco (vatican.va)
Vacinas e lockdown urgentes
Entramos numa fase critica da pandemia no Brasil, mesmo o estado economicamente mais avançado já dá sinais de seu esgotamento hospitalar e já há uma ameaça de uma crise humanitária em curso.
Agora falar sobre soluções que não aconteceram, propostas que não foram a frente, os hospitais de campanha que sumiram, e a crise de oxigênio no Amazonas não adiante, para salvar vidas é preciso agir com firmeza e rapidez: vacinação e lockdown.
Uma leve esperança vem do consórcio Covax Facility, liderado pela OMS, desembarcou em Guarulhos, na Grande São Paulo, 1.022.400 doses de imunizantes no dia de ontem (foto), e há uma perspectiva de mais de 42 milhões de doses ainda neste ano, é a vacina AstraZeneca/Oxford, fabricada pelo SK Bioscience da Coreia do Sul, a mesma fabricada pela Fiocruz já com registro definitivo pela Anvisa (a Associação de Vigilância Sanitária do Brasil).
Já as 8 milhões da AstraZeneca que virão do Instituto Serum da India irão atrasar (chegaram 2 milhões apenas).
Já a Coronavac do Butatan disponibilizou 24,6 milhões de doses da vacina para todo o país, o cronograma até o final de abril prevê 46 milhões de doses, de onde virão as que faltam?
A Anvisa já concedeu o registro definitivo para a vacina Pfizer, o que autoriza sua importação, mas o imunizante ainda não está disponível em solo brasileiro, com a prorrogação da extensão do lockdown o Ceará assinou contrato para a compra direta da vacina russa Sputnik V, o estado quer adquirir 5,8 milhões de doses desta vacina.
O laboratório União Química tem direitos de produção da Sputnik V no Brasil, mas a Anvisa cobra a entrega de dados para uso emergencial, os dados publicados no periódico cientifico The Lancet, indicam que a eficácia desta vacina é de 91%.
O governo assinou contrato para adquirir 100 milhões de doses do imunizantes da Pfizer, e mais 38 milhões restantes da Janssen, que, entretanto, não tem ainda registro definitivo.
Diversos relatórios e dados científicos mostram que a combinação de lockdown com a vacinação é necessária, o sucesso do Reino Unido e Portugal, onde o número de internações caiu drasticamente, enquanto o resto da Europa começa a enfrentar uma 3ª. onda.
Embora seja difícil é preciso ter esperança na vacinação e não abrandar as medidas de isolamento social.
Dar uma “alma” a Terra
A ideia de dar ao homem de nosso tempo uma cidadania planetária, vivemos o tempo da mundialização ou da globalização, e isto implica em direitos, só terá sustentabilidade se na contrapartida este caminho apontar também para uma “alma” terrena onde todos se vejam como codependentes entre si, a pandemia já deveria ter despertado isto, mas ainda não aconteceu.
Diz Chardin no livro que estamos analisando: “o homem de nossa época passará ainda um período de grande ilusão, imaginando que, chegado a um melhor conhecimento de si mesmo e do Mundo, não tem mais necessidade de Religião” (Chardin, 1958) e isto piora quando vemos a noite de Deus que paira sobre a humanidade, confusa entre ideologias e fundamentalismos.
Via o imperativo que “da evolução universal Deus emerge nas nossas consciências”, e via que era preciso superar “a religião entendida como simples apaziguamento das nossas dificuldades, um ‘opio’. Sua verdadeira função é de sustentar e estimular o progresso da Vida” e notem que os sistemas propostos contra ela não foram capazes de se mostrarem eficientes nesta direção.
Explica que a função religiosa é “nascida da ´hominização´, e ligada a esta só pode continuamente com o Homem mesmo”, e perguntará: “Não é isto que podemos constatar em nossa vida? Em que momento, na Noosfera, existiu uma necessidade mais urgente de procurar, de encontrar uma Fé, uma Esperança para dar um sentido, uma alma ao imenso organismo que nós construímos?
Dava a entender que este processo de hominização, como ponto alto da complexificação do Cosmos, sua forma “mais avançada” se encontra “personalizada”, e ela faz surgir uma dupla condição necessária para o futuro: super-animar a Pessoa (anima e alma tem a mesma origem etimológica), mas sem a destruir, e uma convergência universal “deve ainda possuir (eminentemente) a qualidade de uma Pessoa”, invertemos de propósito, pelos eventos atuais.
Chardin imaginava que a pessoa cresceria junto com esta “super-anima” (aqui no sentido de alma) mas vemos que a Pessoa ficou em segundo plano, ou como preferem existencialistas mais atuais, o Ser e o Ser-com-o-Outro, que deveria ter evoluído junto com a super-anima, mas não ocorreu.
Nos escritos de Pequim datados de 1937, ele especula sobre esta energia humana motora de tantos avanços e esta força de “ser-mais” sob uma forma mais primitiva e mais selvagem: a Guerra.
Acreditava que virá o tempo em que “aqueles que triunfam dos mistérios da Matéria e da Vida” ao contrário de ser usada para a guerra, dos exércitos e frotas, “dobrar esta outra potência que a máquina tornará livre, e uma maré irresistível de energias disponíveis levará aos círculos mais progressivos da Noosfera”.
Como uma primeira conclusão, os textos ainda irão a frente, afirma: “O amor, assim como o pensamento, está sempre em pleno crescimento na Noosfera. Torna-se cada dia mais flagrante o excesso de suas energias em relação às necessidades cada mais restritas da propagação humana.”
CHARDIN, T. Construire la Terre. Paris: Editions du Soleil, 1958.
A cura, a alma e a lei
A pandemia segue um percurso ainda mais perigoso que é a produção de novas variantes ou novas cepas, toda humanidade quer a cura, mesmo os chamados negacionistas, todos sofremos e porque a cura não vem, o que falta para a ciência, ou para a compreensão do vírus que não acontece, na verdade temos outras doenças que são comorbidades sociais: fome, miséria, ignorância e intolerância que não dão trégua também, e a doença da alma humana da qual não se fala ou apenas da “religiosa”.
Ah sempre foi assim, não temos outra solução, falamos no post anterior sobre a próxima pandemia, se não nos curarmos é claro, há um caso diferente e emblemático.
Em 1977, Ali Maow Maalin, um cozinheiro de um hospital na Somália, pegou varíola, ele não sabia, mas era a última pessoa do mundo a contrair naturalmente a doença, ela infectou 1 bilhão de pessoas e matou 300 milhões no século 20, quando ficou curado entrou para a história, a varíola foi considerada erradicada, duas coisas foram necessárias: a vacina e gerenciar a doença.
O gerenciamento deve ser global e a OMS deve ter um papel essencial nesta luta, identificar os focos e agir com rapidez e firmeza para evitar que doenças infecciosas se alastre.
A doença que impede isto é a doença da alma, estamos quase sempre em polos de radicalização e não permitimos um avanço fraterno e geral de todos os países e em todos os países pela OMS, este problema da “alma” humana não será resolvido apenas pela lei, política e repressão, é preciso educar.
As religiões poderiam ter um papel essencial nisto, criados para tornar a família humana filha de um só Pai e assim todos seus filhos, limitados que somos diante de doenças sanitárias e sociais, não se realiza porque a alma humana segue doente, e só a “lei” não resolve é preciso mudar a mentalidade, só a radicalização produziremos mais ditaduras e menos fraternidade.
Na passagem Bíblia que Jesus cura um paralítico, e ele sai levando a cama, os judeus dizem que não era permitido carregar a cama no sábado (João 5,10-13) e Jesus já havia perdoado seus pecados, isto é curado sua alma, e nós permanecemos doentes do pecado e da mentalidade.
Teilhard Chardin escreveu “Construire la terre” (Ed. Soleil, 1958) onde fala da “alma comum”, voltaremos ao tema.