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Tecnologia, ciência e renascimento
A arquitetura dos monges cirtercienses, foi seguida da gótica das catedrais medievais e os avanços técnico com uso de arco (sustentação de vão livre de telhados e até de pontes) foi produto da idade média, a invenção da prensa móvel (os tipos móveis chineses já existiam) e mais tarde a compreensão interiorizada (o silêncio da leitura era novidade) foi importante como o primeiro passo para a democratização da escrita e o aprendizado “scholar”, cuja palavra tem a raiz latina “escolástica”.
Entre as bibliotecas mais belas do mundo (veja a lista das top 10) está a da Abadia de Admont funda em Admont na Áustria em 1074 e embelezada 1776 com tons dourados, e a biblioteca e a biblioteca do monastério de Strahov na república Tcheca além da 1143, e fato pouco citado, os monges construída cerca de 3.500 bibliotecas no mundo medieval, o saber não era popular era verdade, mas foi um período de construção que culminou com a prensa escrita.
A disseminação da cultura escrita através de livros, vai iniciar um processo de democratização do aprendizado, que não era possível sem a reprodução de livros e inclusive a invenção dos óculos já que grande parte da população era míope, e permitiu uma propagação mais rápida das ideias, que facilitará o caminho para a expansão da razão, das ideias e da cultura.
tecnologia das grandes navegações permitirá não apenas a expansão marítimo-comercial Europeia, porém serão os avanços científicos que descobrirão um número extraordinário de novas espécies de animais e plantas, além de novas formações geológicas e climáticas.
Tudo isto está em cheque incluindo a própria tecnologia, devo mudar para um pensamento complexo e olhar para o planeta como uma pátria de todos, mas não se pode jogar fora o progresso e o avanço que o renascimento deu origem, talvez um novo re-renascimento.
No afresco do teto de Strahov (foto) feito no século XVIII foi chamado de O esforço da humanidade para obter a verdadeira sabedoria, penso que é este nosso esforço.
Eclipse da razão, indivíduo e humanismo
O homem pode pela primeira vez na sua história assistir de maneira consciente e intencional uma mudança de época, assim como se tivéssemos a consciência de hoje mas assistíssemos o final da idade média, agora não com a razão.
O que é a razão, um dos escritos mais brilhantes é de Max Horkheimer “Eclipse da Razão” li-o em um exílio voluntário, num período para uma reflexão sobre nossos objetivos, afetos e apegos, li naquela época: “repetidas vezes, quando a raça cultura urbana atingiu seu cume, como, por exemplo, em Florença no século XV, realizou-se um equilíbrio semelhante ao das forças psicológicas” (Horkheimer, 2002, p. 136).
É por esta questão social, e não individual, que tantas pessoas estão em busca de uma força salvadora, de manuais de autoajudas, de doutrinas que sejam de alguma forma algo que aponte para o equilíbrio, mas não encontrarão no individual e apenas em alguns grupos.
O indivíduo sujeito ao estado, dotado de poderes quase divinos sobre o indivíduo do qual deveria ser seu protetor, é seu espoliador e não consegue sustentar seus direitos mínimos, de saúde, de educação e sobretudo de paz.
Acusar este indivíduo de individualismo, é tomar a parte pelo todo, este indivíduo desprotegido e isolado vê-se obrigado a buscar refúgios para subsistência e vida digna e o individualismo daí decorrente é efeito e não causa da “eclipse” que a sociedade vive.
O eclipse da razão provém também do ser em pedaços: ser social, ser individual e ser espiritual, a fragmentação dos saberes também e fragmenta o homem em partes, esquecendo –se de sua unidade de Ser projetado ao infinito, como ser essencial, e mutável e finito apenas na aparência daquilo que se transforma no acordo das necessidade contextuais e provisórias, mas são para as necessidades essenciais que fomos projetados: sociabilidade, amor e paz.
Trocamos o essencial pelo emergencial, trocamos as estruturas e entes pelo Ser, e nele o indivíduo perece e pena por uma existência sempre sujeita ao “eclipse” de um fim de época.
Fórum mundial e as tecnologias
Além das discussões econômicas, dos sérios problemas políticos e sociais que muitas regiões do planeta atravessam, também as tecnologias tem seu lugar, o forum apontou tecnologias que não param de crescer: carros sem fio, alimentação molecular, uso de sensores que nos fazem comunicar com “coisas” a nossa volta (ubiquidade), sensores para monitorar a saúde o tempo todo que podem ser incluídos no corpo e algumas outras.
Uma das tecnologias que podem ajudar muito a humanidade, estamos vivendo uma crise hídrica em muitos lugares, uma tecnbologia para dessalinizar a água a baixo custo foi discutida e pode ser uma saída altamente sustentável, porque o nível do mar está aumentando, elas vão reduzir o consumo de energia em 50% ou até mais.
Os carros elétricos chegaram, o problema ainda é a autonomia de abastecimento, mas carros sem fio e com maior autonomia já estão sendo pensados, a idéia é abastecer em movimento a partir de um campo eletromagnético instalados nas estradas, pois o problema são viagens longas, já há testes deste tipo em Seul, na Coréia do Sul.
Técnicas modernas poderiam acabar com a desnutrição em milhões de pessoas no mundo, usando proteínas naturais essenciais ao ser humano, a biotecnologia promete levar a alimentação ao nível molecular, no entanto, fundamentalistas podem se opor como sempre.
Cientistas trabalham a muitos anos para colocar circuitos “orgânicos” dentro do corpo humano, eles poderiam produzir medicamentos na dosagem certa dentro do próprio corpo, agindo de modo localizado em torno da célula doente.
A tecnologia está aí para ajudar ao homem, mas muita mentalidade atrasada perdura.
Ranciére: imagem e tecnologia
Jacques Rancière afirma que a imagem já encontrou seu destino (The Future of the Image , 2007) e não se trata de fetichismo, para ele o poder contínuo delas afetam diretamente o homem e ao mesmo tempo são registros e marcas na história para educar e transformar.
Mas é importante e possível coloca-las em uma relação ao ser, se lembramos da categoria da diferença e repetição (Heidegger, Deleuze e outros), as operações temporais da imagem e a imagem-tempo, prefiro a categoria imagem dinâmica, pode-se pensar que esta imagem pertence ao futuro que emana dela.
Não se trata mais do quadro do pintor ou da fotografia, embora elas persistam e continuem tendo uma importância ontológica do registro, mas agora pode-se falar em combinações e interrupções do visível e do dizível ad infinitum, como pensa Rancière.
O que no fundo Rancière afirma, claro é apenas um visão de um interprete, é que política não é apenas a luta pelo poder, mas deve ter sempre uma certa partilha do sensível, uma redefinição das formas de ver e organizar o real, e isto também são as redes e o virtual.
Esta certa forma de agenciamento do sensível que dá visibilidade às coisas de um modo que anteriormente elas não tinham, e abre na pessoa que se apropria das novas ferramentas em boas formas para trabalhar em as potência para falar e atuar em alianças sociais, não apenas partidárias ou em grupos setorizados.
Nas leitura de Ranciére observa-se a preocupação com a possibilidade dos atos estéticos propiciarem sempre novos modos de sentir comum às novas formas de subjetividade política (Rancière, 2000) e penso que as tecnologias possibilitam e empoderam esta possibilidade.
RANCIÈRE, Jacques (2000), Estética e Política. A Partilha do Sensível, com entrevista e glossário por G. Rockhill, trad. V. Brito. Porto: Dafne, 2010.
Teatro independente em risco
A forma de manifestação cultural mais popular, mais avançada continua sendo o teatro, e o teatro independente exerce um papel fundamental nisto, emerge da cultura nacional e paulista de forma mais livre e democrática.
Devido a especulação imobiliária, aconteceu ontem no Centro Cultural paulista o primeiro protesto que mostra a situação de fragilidade dos grupos teatrais paulistas independente, que podem perder seus espaços ou serem deslocados para lugares de menor visibilidade.
O fato já aconteceu em novembro passado com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, que é uma mistura de teatro épico e hip-hop, com 15 anos de estrada e mesmo com o aluguel em dia, o grupo teve que entregar o espaço de um galpão na Pompéia (zona oeste de São Paulo), veja a foto do despejo acima.
Um Manifesto intitulado manifesto “Em Defesa dos Territórios Culturais Ameaçados” quer o reconhecimento público que os 22 grupos teatrais são Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade de São Paulo, um trecho do documento afirma “Não é possível que o direito aos bens de mercado privado de poucos seja mais importante que o patrimônio cultural de muitos”.
As redes sociais ajudaram o grupo Brincante a permanecer no local, Vila Madalena (zona oeste) com a campanha #ficabrincante, por decisão da justiça o instituto permanecerá lá em 2015.
Acesso a internet deve ser direito humano
É o que indica uma pesquisa divulgada no Canadá e feita em 24 países, com 23.376 entrevistados que indicaram que o acesso a internet é chave para um futuro econômico, importante para a liberdade de expressão política, por isto deveria ser um direito humano.
A pesquisa foi feita, pelo Instituto Ipsos, para o GCIG (Global Commission on Internet Governance), e apresentada no início de uma reunião de dois dias, em Ottawa, sobre a governança na internet.
A Comissão Mundial sobre Governança na Internet, a principal anfitriã da conferência de Ottawa, revelou que o mundo está num caminho de disputa pelo poder e muitos grupos e governos tem interesse em manter influência sobre todos os aspectos da internet.
Mas o estudo desta comissão defende que a maioria das pessoas não quer nenhuma nação ou organização com controle da rede mundial de computadores, sendo, portanto uma questão de cidadania planetária, e o problema é quem deveria regulamentar o acesso e uso da internet.
A ideia é que um grupo formado por uma combinação de especialistas, engenheiros e grupos não governamentais, seja os escolhidos por 57% daqueles que seriam encarregados desta tarefa, mas 50% consideraram que as Nações Unidas poderiam realizar estes trabalhos e há ainda 36% que defendem que os Estados Unidos deva assumir a liderança neste tema.
A pesquisa foi feita de 7 de outubro a 12 de novembro nos países: África do Sul, Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Egito, França, Hong Kong, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Nigéria, Paquistão, Polônia, Quênia, Reino Unido, Suíça, Tunísia e Turquia.
A CGIG que é presidida pelo diplomata e ex-político suíço Carl Bildt, deverá apresentar seu relatório final para futuro da governança na internet em 2016.
Neutralidade nos EUA
Enquanto no Brasil já temos uma lei que garante a neutralidade na rede (o Marco Civil), nos EUA o debate ainda esquenta, e os internautas pressionam o congresso americano para que não faça o que está sendo chamado de “segmentação da rede”, velocidades diferentes conforme os conteúdos e planos das operadoras.
Desde que o presidente da FCC (Federal Communications Commission) Tom Wheller, revelou em abril que comissão que regula as comunicações nos EUA, estariam mudando as regras que regulam como os provedores de internet administram o tráfego de dados, os internautas começaram a protestar, este mês chegou a 3 milhões de e-mails recebidos na FCC.
O presidente americano Barak Obama defende a neutralidade da rede, em documento deixou claro que “não podemos permitir que os provedores de internet restringissem o melhor acesso ou escolham vencedores e perdedores no mercado online de serviços e ideias”.
As 36 principais empresas de internet que incluem a Google, Netflix e Amazon, defendem a neutralidade, mas os provedores e as operadoras pressionam no sentido contrário.
Os e-mails e comentários foram de consumidores, advogados, companhias e congressistas sobre as regras propostas para a chamada neutralidade de rede, na medida em que se aproxima o prazo final para análise do tema e o debate no congresso americano esquenta.
Embora não exista prazo formal, e a FCC já tenha realizado uma série de workshops sobre aspectos tecnológicos, legais e econômicos das novas regras, a pressão aumenta e é pouco provável que a matéria seja aprovada ainda em novembro.
Código do Android 5 é liberado
Na prática isto significa que não só os fabricantes mas também desenvolvedores podem baixar a imagem do sistema e seguir as instruções do link para instalar a versão que está sendo chamada de Lollipop, e já está anunciada esta versão para o Nexus 4, 5 6 (versões até 2012) e 7 (versão de 2013) para os dispositivos Google Play Edition.
Estas versões estarão disponíveis nas próximas semanas, por enquanto está disponível apenas a versão l para o tablet Nexus 9, lançado esta semana nos EUA.
E os outros fabricantes Motorola, Asus, HTC, Sony e OnePlus, também há atualização para estes dispositivos que estão disponíveis neste link.
Quanto CyanogenMod conforme havia avisado deve ter agora começado no Lollipop pois havia dito que assim que o código-fonte da versão atual fosse liberado começaria esta atualização.
É possível que o Android 5.0 chegue em breve, nos mais variados dispositivos já nas memórias ROMs (já previamente gravados no próprio hardware).
Compartilhando recursos comuns
A incompreensão das vantagens e de uma nova ação política coletiva, leva a muitas instituições e ações humanitárias coletivas a um cooperativismo pouco fértil e ao assistencialismo puro e simples, sem compreender de fato os ganhos que uma ação coletiva pode obter, sendo sustentável, em escala e podendo trazer benefícios sociais muito promissores.
A tese básica da “ação coletiva” foi lançada no livro de Mancur Olson ( A Lógica da Ação Coletiva. São Paulo: EDUSP, 1999), cuja tese central é “mesmo que todos os indivíduos de um grupo grande sejam racionais e centrados em seus próprios interesses, e que saiam ganhando se, como grupo, agirem para atingir seus objetivos comuns, ainda assim eles não agirão voluntariamente para promover esses interesses comuns e grupais” (Olson, 1999, p. 14).
Tese parecida é a de Elinor Ostrom, primeira mulher prêmio Nobel de Economia (2009), no livro (Governing the Commons, Cambridge Univ. Press, 1990) onde desmente o raciocínio da Tragedy of Commons (HARDIN, Garrett, Science, v. 162, p. 1243-1248 , 1968), que indica que a propriedade privada é o único meio de proteger os recursos comuns (água, ar, florestas, etc.) da ruína e do esgotamento. Ostrom desmentiu em sua teoria econômica isto, e desenvolveu a teoria como as comunidades cooperam para compartilhar unidades de recursos para compartilhamento e o uso, o que significa na esfera pública e para o futuro do planeta.
Ostrom demonstrou a eficácia com dados documentados em diversos exemplos eficazes semelhantes de “governar os comuns” em sua pesquisa no Quênia, Guatemala, Nepal, Turquia e Los Angeles.
Começa o NETmundial
Com destaques para os discursos de Tim-Berners-Lee que elogiou a aprovação do Marco Civil feito pela Câmara e Senado brasileiro e sancionado exatamente no dia que se iniciou o evento, que contou ainda com as presenças e discursos de Vint Cerf, criador dos protocolos TCP para internet e representante da Google, e também da presidenta do Brasil Dilma Roussef que tentou capitalizar o Marco Civil, que é uma conquista de muitas entidades e militantes digitais.
Representando o setor privado Vint Cerf, vice-presidente da Google também fez elogios à promulgação da Constituição brasileira para a Internet, Cerf defendeu a “governância multissectorial” da web. “[…] os protocolos de Internet devem estar disponíveis livremente e abertamente a qualquer interessado, sem nenhuma barreira de adopção e uso”, mas a neutralidade não foi enfatizada, sendo um dos ganhos do Marco Civil.
Os progressos na legislação brasileira são contestados por setores com interesses privados, e o desejo de orgãos de inteligencia os quais retiveram dados de muitos países que foram alvo de espionagem pela NSA, com os Estados que controlam o acesso e o conteúdo da Internet.
A esperança é que o evento abra caminho para uma “governança aberta, participativa, multipartida, tecnologicamente neutra, sensível aos direitos humanos e fundada nos princípios de transparência e de responsabilidade” confirme afirma um dos documentos do evento.