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Resistência ou catástrofe
Assim diz o artigo do centenário pensador e educador Edgar Morin, no artigo para o Jornal italiano La Reppublica, estamos “nos encaminhando para prováveis catástrofes”.
E pergunta: Isso é catastrofismo? Essa palavra exorciza o mal e dá uma serenidade ilusória. A policrise que estamos vivendo em todo o planeta é uma crise antropológica: é a crise da humanidade que não consegue se tornar Humanidade, a palavra policrise já foi utilizada pelo autor em outros contextos: a do pensamento, a crise ecológica e social, agora acrescenta uma antropológica, outros autores dizem a crise da idade do antropoceno.
Ele como outros autores apontaram para esta crise, mas acreditavam que era possível uma mudança de rumo, agora já parece tarde demais, “não sabemos se a situação mundial é desesperadora ou realmente desesperada”, não significa com ou sem esperança, como ou sem desespero, temos que passar para uma Resistência, e agora diferente daquela da 2ª. guerra na qual a França estava ocupada pelos nazistas (foto), agora o mundo está ocupado pela polarização e pelo ódio.
Os fatos e situações nos arrastam para uma guerra sem precedentes, “estamos condenados a sofrer a luta entre dois gigantes imperialistas com a possível intervenção bélica de um terceiro”, assim diz o autor, “a primeira resistência é aquela do espírito, que deve ser capaz de resistir à intimidação de todas as mentiras espalhadas como verdade e o contágio de todas as embriaguezes coletivas”, pede um espírito de sobriedade e de quem crê, de fé e esperança.
Hoje devemos saber como resistir ao ódio e ao desprezo, “requer o esforço de compreender a complexidade dos problemas sem nunca ceder a uma visão parcial ou unilateral. Requer pesquisa, verificação das informações e aceitação das incertezas” escreveu Morin.
Esta “resistência também implica na coordenação de associações que se dediquem à solidariedade e à rejeição do ódio. A resistência prepararia assim as jovens gerações a pensar e agir pelas forças da união, da fraternidade, da vida e do amor”.
Não se trata de achar onde há justiça em algum tipo de ódio, mas odiar o próprio ódio, não se trata de fazer torcida para este ou aquele lado da guerra, mas fazer guerra a própria guerra.
A resistência que Morin pede deve envolver todas as pessoas de boa vontade e a solidariedade entre aqueles que realmente além do discurso, sabem as consequências de uma guerra assim.
Ucrânia sem avanços, Hamas em apuros e Guyana
O inverno está só no início e a Ucrânia vive em constantes bombardeiros feitos por drones em Kiev, no front poucos avanços a chamada contraofensiva não aconteceu devido a estratégia da Rússia de instalar minhas no front de combate, único avanço da Ucrânia foi atravessar o rio Dnipro ao Norte, no campo das negociações pouco ou nada se faz.
Com o domínio da Rússia e o recuo na ajuda à Ucrânia, não só nos países do ocidente, mas também nos EUA, onde as promessas de apoio são barradas no congresso, crescem o número de governos nacionalistas e que preverem manter as reservas nacionais do que apoiar uma guerra externa, já a Finlândia e Suécia que temem um ataque russo reforçam seu arsenal, e no caso da Finlândia fechou-se a fronteira.
Com um ataque em meio a guerra, o Hamas viu Israel sair das negociações de tréguas e a guerra reiniciou, não há perspectiva de paz e os países árabes tentaram aprovar uma resolução na ONU de trégua, porém os Estados Unidos, aliado de Israel, vetou.
O Hamas segue sofrendo pesadas baixas com Israel presente maciçamente ao norte da faixa de Gaza (foto), certamente os líderes devem estar fora do país, porém sua estrutura bélica em Gaza vai sendo destruída, mesmo o complexo de túneis construídos que davam ao Hamas segurança e mobilidade, alguns feitos debaixo de hospitais que usavam como escudo humano.
O perigo que o Hamas não contava era o apoio estratégico e militar dos EUA, porém é cada vez mais forte a oposição do Irã e de alguns países árabes, onde há grupos parecidos ao Hamas, como é o caso do Hezbollah no Líbano, nas últimas oras Hassan Fadlallah, liderança política do grupo disse que os ataques aéreos de Israel são uma nova escalada de guerra contra o grupo.
Há mais de 70 pequenos conflitos em todo globo, não são esquecidos aqui, falamos dos golpes e violência na África Subsaariana, no oriente há sempre tensão entre China e Taiwan, porém na escalada de uma terceira guerra entra em cena a disposição da Venezuela de invadir a região de Essequibo, hoje pertencente a Guyana que é rica em petróleo.
O Brasil já enviou tropas para a fronteira, no momento trata-se apenas de preservar o território nacional, porem Lula oscila entre apoio e crítica a Maduro que aprovou uma consulta popular sobre o assunto, os Estados Unidos mandaram aviões para a região em exercício militar aéreo em apoio a Guyana.
A boa notícia é que há uma rodada de diálogo marcada para a próxima quinta-feira (14/12) entre Guyana e Venezuela, porém para a Guyana não está em questão ceder parte do seu território, a região de Essequibo representa mais de 70% do território e é rica em petróleo.
O problema da água
Uma das graves diferenças entre os países desenvolvidos os em desenvolvimento é a grave crise mundial dos recursos hídricos ela tem uma correlação direta com as desigualdades sociais.
Em regiões onde a situação de falta d´água estão em índices críticos, como alguns países árabes e até mesmo da américa latina e principalmente no continente africano, onde a média de consumo de água por pessoa é de dezenove metros cúbicos/dia, ou de quinze litros/pessoa pode parecer exagerada, mas deve-se considerar banhos e lavagem de utensílios e roupas.
Só para efeito de comparação em Nova York há um consumo de água doce trata e potável de dois mil litros/dia por pessoa, claro que é um exagero, lava-se roupas e utensílios com água potável.
Segundo a Unicef menos da metade da população mundial tem acesso à água potável, a irrigação corresponde a 73% do consumo de água e 21% vai para a indústria, apenas 6% é para o consumo doméstico enquanto um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população mundial) não tem acesso a água tratada.
Na America Latina onde o problema de uso dos recursos hídricos é tratado, há uma grande negligencia com o saneamento básico em regiões carentes.
Um bilhão e 800 milhões de pessoas não contam com serviços adequados de saneamento básico e assim tem a constatação que dez milhões de pessoas morrem em decorrência de doenças intestinais transmitidas pela água, um recurso básico para a vida a água é negligenciado.
Dar de beber a quem tem sede não é uma frase de efeito, é uma necessidade vital.
Ações concretas contra a miséria
A primeira vista as soluções podem parecer simplistas: injetar capitais e distribuir bens aos pobres, porém a médio e longo prazo é preciso medidas concretas e políticas públicas.
Os recursos humanos necessários para produzir, combater e socorrer em casos extremos de pobreza são necessários e isto significa produção, como se houvessem equipamentos muito avançados, mas sem pessoas que saibam operá-los, avançados neste caso é distribuição.
Necessitamos melhorar os recursos humanos, ou melhor a nossa humanidade em torno de problemas sérios de seguridade social, dado ao estado de miséria em valores bastante altos para um mundo que pode ter problemas de escassez de alimentos, de açúcar por exemplo devido ao aquecimento e de grãos devido às guerras.]
Os números são altos, no Brasil dados divulgados na imprensa afirmam 32 milhões de pessoas, na Argentina em crise os jornais afirmam 40% da população, e injetar recursos é pouco se não houver projetos de média e longa duração que sejam sustentáveis.
No passado os planos de reconstrução da Europa do pós-guerra bastou a injeção de capital, já que a mão de obra disponível era adequado, foi o período que se criou o Banco Mundial, cujo nome era Banco Internacional de Reconstrução e Fomente (BIRF), o resultado foi alcançado, mas é preciso saber que a Europa explorava as colônias, aliás este era um conflito oculto.
Já os recursos de fomente no chamado “terceiro mundo” através do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) não conseguiram grandes resultados e vez outra há países em crise, com inflação alta e perda de recursos nos setores produtivos.
A pobreza tem aumentado e continua aumentando, por duas razões: o crescimento em regiões mais pobres é maior que em países ricos, sem uma política de pleno emprego e maior distribuição de renda, e a falta de capacidade de ajuste as novas condições de mudanças tecnológicas ampliam o fosso entre países pobres e ricos.
Assim é necessário política públicas concretas para reduzir a pobreza e capacitar os recursos humanos e estabelecer políticas de combate a pobreza em escala mundial, se há tanto dinheiro para armas (vejam os preços de aviões, navios e munições das guerras), porque não haveria para o combate à pobreza?
Este problema é o que agrava a polarização política, uma ausência de planos de combate a miséria a curto e médio prazo.
O verdadeiro compromisso com o bem comum
Maus gestores e ditadores também prometem trabalhar pelos excluídos e pelo bem comum, o que acontece é que seus verdadeiros interesses pessoais permanecem ocultos.
Ninguém diz abertamente que vai fazer o mal, a não ser psicopatas declarados que já estão num grau de enfermidade mental que não conseguem mais disfarçar seus desejos.
As análises políticas e sociais escondem interesses de violência, de ódio e de guerra aos opositores, não faltam justificativas, porém qualquer iniciativa de exclusão já é um indício de que nenhum bem comum será bem gerenciado por estes gestores.
Começam com pequenas ações que inicialmente confundem as pessoas de boa fé e que querem de fato o bem comum a todos, a vida pacífica e equilibrada para todos, porém aos poucos os verdadeiros desejos pessoais de posse pessoal dos bens vão se revelando.
A corrupção também começa assim, pequenos furtos não coibidos levam aos grandes quando não há impunidade, pais que corrigem e educam sem filhos sabem disto, é preciso estar sempre atento as ações e ao que cada pequeno gesto leva, educadores também sabem disto.
Como diz uma leitura bíblica, um dono de uma vinha arrendou-a e viajou, depois de certo tempo mandou os empregados cobrarem a parte do arrendamento (Mt 21,33) bateram nele e o mandaram de volta, mandou outros e também apanharam e voltaram sem nada e finalmente mandou o filho, então os arrendatários pensaram matamos ele e ficamos com a vinha, e Jesus lembra ao final da parábola de si próprio: a pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se a pedra angular.
É assim que o bem se estabelece, com aqueles que os maus rejeitaram, oprimiram e depois de muito sofrimento é possível estabelecer a paz e o bem comum.
A resiliência e o desenvolvimento do bem é maior que as grandes maldades, embora evita-las significa também evitar injustiças, desiquilíbrios sociais e principalmente mortes inocentes.
Um inverno europeu frio e perigoso
Entramos na primavera do hemisfério sul e no outono do hemisfério norte, na Europa a preocupação com o estoque de combustíveis para o inverno devido ao embargo russo é crescente, há perigo de racionamento e uma corrida ao uso de carvão, na Polônia por exemplo já há filas para comprar os estoques.
Mas este não é o único aspecto, a redução da oferta de diesel pela Rússia afetará todo mercado mundial e o preço dos combustíveis fósseis pode disparar, segundo a Abicom a defesa no Brasil é de 7% em relação ao mercado internacional e 12% no caso do diesel, e poderá aumentar.
Outra crise é a dos alimentos, porque a Ucrânia manteve boa parte de sua produção o que ajuda o mercado internacional, mas há um conflito do escoamento através da Polônia onde os produtores do país tem proteção e é famoso o porto de Gdansk, já que no mar Negro cresce o embate militar na Criméia.
A crise geopololítica é o problema mais grave, se a Ucrânia perder parte de seu território, países bálticos como Estônia e Letônia que fazem fronteira com a Rússia e Bielorrússia, e Lituânia que faz fronteira com a Bielorrússia se sentem ameaçados (mapa), e a pergunta é quem será o próximo alvo.
O noticiário fala da ajuda da OTAN, porém estes pequenos países devido a sua fragilidade têm apoiado militarmente e materialmente a Ucrânia, há inclusive vários relatos de alistamento de militares na guerra da Ucrânia.
Os Estados Unidos anunciaram mísseis de longo alcance (tipo ATACMS) e o inverno é sempre uma estratégia durante a guerra devido as dificuldades de logística e mobilidade das tropas, agora também devido às provisões e energias para aquecimento.
A Ucrânia propôs um plano de paz que foi rechaçado pela Rússia, Zelenski foi até a assembleia que se realizava e teve conversas bilaterais, inclusive com o Brasil, o que certamente irritou a Rússia, mas além e princípios de paz e ajuda mútua não há qualquer indicio de um posicionamento brasileiro no confronto.
O que se pode esperar para o inverno, não havendo paz é perigoso não apenas para os países em conflito, mas para toda Europa pela proximidade e todo mundo pelas questões econômicas, os combustíveis são só um aspecto.
Administrar o bem comum e a paz
Pensei em fazer um silêncio e apenas escrever hoje PAZ, PAZ, PAZ, mas seria calar diante do perigo da guerra.
Administrar o bem comum é fazer a paz prosperar, desconsiderá-lo é permitir um grande espaço para o ódio, a intolerância, a violência e em uma escala maior: a guerra.
O dia 21 de setembro foi instituído pela ONU como dia internacional da Paz, o secretário geral António Guterres citou em vídeo o efeito de conflitos que expulsam um número recorde de pessoas das suas casas, e não deixou de falar também destes fatores pessoas, outros fatores como: incêndios fatais, cheias e altas temperaturas, aliados à pobreza, às desigualdades e às injustiças numa realidade de desconfiança, divisão e preconceito.
Na Itália um grupo com inúmeras iniciativas sociais lançou uma campanha “Itália unida pela paz”, a Comunidade de Santo Egídio se destaca por uma visão desapaixonada e bilateral sobre os problemas das guerras e da paz, tem autoridade para falar de paz.
Já haviam promovido nos dias 10 a 12 de setembro em Berlim na Alemanha, um encontro religioso que intitularam “A ousadia da paz”, e não faltaram reflexões sobre as desigualdades sociais, as intolerâncias e as injustiças presentes em vários âmbitos em todo planeta.
Precisamos administrar aquilo que a Natureza, o Planeta e o próprios desenvolvimentos humanos nos deram para permitir um mundo mais fraterno, mais justo e mais humano.
Para quem crê tudo isto é dádiva divina, mas é preciso administrá-la bem pois seremos cobrados de alguma forma pelas consequências de nossos atos, como diz a parábola bíblica dos empregados aos quais foram confiados os talentos através do dono de uma vinha.
Chegam os trabalhadores contratos, mas como precisava de mais foi a praça e contratou também os que estavam desocupados, e perguntou porque estavam ali sem trabalho, eles responderam: “porque ninguém nos contratou” (Mt 20,7) e então também foram contratados.
Ao final da tarde pagou o mesmo salário 1 moeda de prata a todos, e alguns que estavam ali desde o início não acharam muito justo, mas o patrão lembro que o combinado era uma moeda de prata então todos estavam recebendo o combinado.
Assim o sentido do bem comum é este todos tem direito ao salário digno, mas é preciso a administração correta e a honestidade e zelo de quem paga, o justo é todos receberem o salário digno.
Mas a paz requer também um coração aberto ao justo e digno direito do outro excluído.
Urgente: terremoto no Marrocos
As noticias começaram a surgir na madrugada do Brasil, um terremoto de 6.8 na escala Richter atingiu o centro do Marrocos aproximadamente ao meio do caminho entre as cidades históricas de Agadir e Marrakech, a região chama-se Adassil, segundo o ministério do interior do país já se contou 820 mortos (o número subiu acima de 2 mil na madrugada de domingo), 672 pessoas feridas e 205 em estado grave, são as últimas informações.
As pessoas correram para as ruas e o terremoto foi sentido em Portugal, Espanha e na Argélia, um tremor secundário de magnitude 4,9 foi sentido 19 minutos depois.
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o epicentro foi nas montanhas conhecidas com Alto Atlas, a 71 km de Marrakech, a uma profundidade de 18,5 km, a cidade foi fortemente atingida e tem um centro histórico declarado como patrimônio mundial, ocorreu no meio da noite, mas os jornais on-line não informam a hora precisa.
Diversos governos declararam solidariedade e prometeram ajuda, a dor é dura, mas desperta solidariedade, até mesmo Zelesnky da Ucrânia e Putin da Rússia declaram pesar.
Toda solidariedade ao povo marroquino, a seleção sub-20 do Brasil está lá e não houve feridos.
Impostos, lucro e dizimo
Sempre que se aponta ao horizonte uma crise a tentação mais comum é sobrecarregar a sociedade e a questão da tributação está em pauta não só no Brasil, mas no mundo todo.
Os problemas no país são enormes, o mais comum é a bitributação (impostos em serviços sobre os quais já há imposto, taxa rodoviária por exemplo), mas os governos são insaciáveis, precisam alimentar as mesas fartas daqueles que os sustentam no poder.
Para que benefícios sejam incorporados a vida civil, o estado necessita de impostos, porém eles não devem servir para regalias do estado uma vez que é um serviço prestado a sociedade, e impostos incorporados aos custos e preços distorcem e podem estrangular os investimentos, a poupança pública e privada e inibir à exportação.
O lucro deve ser pensado como tendo três finalidades, a manutenção dos serviços sociais que servem também as empresas, os bens e a seguridade social que servem a todos cidadãos, em especial aos trabalhadores e ao crescimento da própria empresa e do país em investimentos.
Por último a contribuição aos interesses culturais, sociais e religiosos de grupos específicos, tanto podem ser vistos como uma sociedade, ao qual todos optam livremente, como de caráter compulsório desde que haja um prévio acordo para isto.
O importante é entender que relações de fraternidade que são espontâneas, diferem de obrigatórias que implicam num tipo de sociedade que uma vez rompida se perde o vínculo, e este deve ser o caso do dízimo, da doação espontânea e da ação “entre amigos”.
No campo filosófico, Paul Ricoeur escreveu sobre estas relações do sócio e do próximo (Le socius et le Prochain, 1954) e
Aqueles que duvidam que isto seja bíblico, recomendo a leitura de Mt 17,25 ao serem indagados se eles pagavam o imposto do templo: Pedro respondeu: “Sim, paga”. Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: “Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?” ao que Pedro respondeu dos estranhos, mas Jesus para “não escandalizar” mandou que se pagassem os impostos.
Os três comportamentos não estão muito distantes: lucros desonestos, tributo alto e impostos dos templos.
Bem vindo a policrise
Isto foi escrito o artigo de Adam Tooze, professor de história da Universidade de Yale (EUA) escrito no Financial Times em 2022 que chamou bastantes a atenção: pandemias, secas, inundações, mega tempestades, incêndios florestais, guerra na Ucrânia e preço elevado de combustíveis e alimentos, como é próprio da revista e do mundo atual o aspecto econômico se sobressai.
Mas a policrise de Edgar Morin via mais a fundo, o autor reconhece a origem do termo, mas desconhece o que de fato é o pensamento de Edgar Morin e de muitos outros filósofos que apontam para a raiz mais fundamental destes males: o nosso modo de pensar e a visão de mundo que criamos a partir dele e implantamos em nossas sociedades.
O termo citado por Morin foi dito a primeira vez em 1990, porém em entrevista ao Le Monde em 20 de abril 2020 o educador francês atualizou a palavra: “A crise da saúde desencadeou uma engrenagem de crises que se concatenaram. Essa policrise ou megacrise se estende do existencial ao político, passando pela economia, do individual ao planetário, passando pelas famílias, regiões, Estados. Em suma, um minúsculo vírus em um vilarejo ignorado na China desencadeou a perturbação de um mundo”.
Em sua visão a policrise atravessou os nossos modos de ser, de conviver, de produzir, de consumir e de estar no mundo, desafiando a pensar todos os nossos paradigmas, muito do que escreveu fala em métodos novos como hologramático e o perigo da hiperespecialização da ciência que conduz “a um novo obscurantismo” que é nossa incapacidade de enxergar o todo na modernidade.
É verdade que atravessamos outras crises, mas o artigo de Tooze mostra as implicações da guerra da Ucrânia e da pandemia em acelerar estas crises (Mapa), no aspecto pragmático do econômico ela é clara, no aspecto espiritual e ontológico ela ainda não é tão clara, porém poderá estar mais clara em breve.