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Acordos possíveis e conflito iminente
Ataques que aconteceram no final de semana nas regiões de separatistas Donesk e Lugansk podem minar as possibilidades diplomática em torno da Ucrânia, tanto a Ucrânia quanto a Rússia através dos separatistas querem estabelecer os limites territoriais antes de um possível acordo, porém os testes realizados com foguetes com carga nuclear na região de fronteira são mais provocativos que parecem, enquanto a Russia reconhece os governos denominados República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk.
As agências de notícias informaram nesta segunda feita que “o presidente disse que planeja assinar o relevante decreto num futuro próximo”, referindo-se ao reconhecimento das regiões separatistas e informou os líderes Emmanuel Macron (França) e Olaf Sholz (Alemanha) de suas intenções.
Com isto o protocolo de Minsk que estabelecia um equilíbrio de forças nas três regiões em lítio, pois também a Criméia fazia parte daquele acordo, parecem estar rompidos e o objetivo expansionista de Moscou fica claro, agora com objetivo definidos, a Ucrânia deve abrir mão de parte do seu território para as Repúblicas Populares, e a Criméia sequer é citada sendo portanto uma região já considerada anexada a Rússia, a duvida agora é se os desejos do Kremlin param ai, as tropas nas fronteiras não dão sinal de limites.
Os cálculos de analistas da inteligência americana é que 75% das forças militares russas estão voltadas ao conflito, tudo leva a crer que não se trata apenas de apoio tático aos rebeldes das repúblicas em litígio, agora o que se espera é o reconhecimento dos países por esta independência, infelizmente é um sinal para todas nações e assim torna o conflito mundial, embora ainda o envolvimento bélico sejam das forças da Otan e da Rússia, além de Ucrânia é claro que ainda não é membro da OTAN.
É possível a diplomacia atuar, sempre é possível mesmo a beira de uma guerra, o que se avizinha com bombardeiros na região de Donesk e Logansk é uma guerra civil interna, se tanto as tropas da Otan como da Rússia se envolverem os frágeis limites de pacificação podem rapidamente se romper.
A Rússia não se fechou a diplomacia, porém o comunicado de uma ação de reconhecimento é claramente um pedido de recuo para a Ucrânia, enquanto há acusações militares de ambas as partes.
Pode parecer que é um conflito local, mas lembremos como nasceram os conflitos da primeira e segunda guerra que eram por domínio em regiões limítrofes e que pareciam problemas apenas locais.
Serão com uma forte diplomacia nesta região que pode ser evitada uma escalada mundial.
Quadro de Covid-19 é indefinido no Brasil
Enquanto seguem as apostas numa queda da Covid-19, enfatizamos que seria mais seguro pensar num segundo semestre em relação aos protocolos em especial de distanciamento, o quadro de mortes mostra uma indefinição neste mês (veja o gráfico), e o estudos sobre a nova variante ômicron BA.2 ainda estão no início, e a OMS investiga outras subvariantes, embora a BA.2 tenha apontado com a principal no aumento de novos casos, no estado de São Paulo já foram detectados 3 casos.
Ela está sendo chamada de “ômicron furtivo” (stealth) por conseguir escapar das vacinas, com gravidade menor, porém as subvariantes ainda estão sendo estudadas, tanto a gravidade (que por enquanto é menor, mas não deixa de ser letal), enquanto se observa neste mês de fevereiro a ômicron é dominante e um aumento dos da subvariante BA.2.
Enquanto a maioria dos estudos aponta para menor gravidade, cientistas do Japão das Universidade de Tóquio, Kumamoto, Hokkaido e Kyoto apontam que a subvariatne pode ser mais agressiva que a original, porque afeta mais gravemente os pulmões, e já sabemos que este tem sido o fator mais grave, e por isto chamado de SARS-Covid (SARS, Síndrome Respiratória Agude Grave).
Em nossos círculos de relacionamentos todos os dias recebemos notícias de funcionários em trabalho presencial, professores e alunos infectados, como há pouca testagem muitos casos nem são contabilizados, pois há muitos casos assintomáticos.
Kei Sato, pesquisador da Universidade de Tóquio que conduziu o estudo, argumentou que o mais importante neste momento seria monitorar mais de perto e “estabelecer um método para detectar a BA.2 especificamente seria o primeiro passo” em muitos países, conforme já havíamos postado ter uma política de testagem neste caso “nova”.
Se olharmos os dados da Dinamarca onde os casos de BA.2 são muitos altos (dados do Our World in Data
Continuamos pedindo um protocolo mais claro, com distanciamento e política de evitar aglomerações, porém parece que por razões políticas isto foi abandonado.
Amar os inimigos e evitar as guerras
Falamos na semana passada de como a fome, as pestes e as guerras tinham estreita correlação, no post de ontem demonstramos como foi a “divisão” da Europa no pós-guerra, aparecem logo abaixo os primeiros países do norte da África que estavam sob domínio a França (Líbia e Tunísia) e da Espanha (Marrocos), e discorremos sobre as guerras que ainda hoje ocorrem lá devido a mineração de fosfato.
Praticamente toda África era colonial, exceto a Libéria e a Etiópia, este último que é manchete até hoje de fomes e guerras junta-se a ele agora a Somália, que foi colônia italiana, no pós-guerra a influência russa nas lutas de libertação aumentaram a influência em diversas regiões, como Angola, Moçambique e Guiné Bissau, mas praticamente toda a África entra neste processo de ebulição, e as forças aliadas que haviam formado a Organização das Nações Unidas, o Japão vencido na guerra teve que reconhecer a independência da Coréia (até então unificadas) e a concessão das ilhas Curilhas para a União Soviética, mas que recentemente alimentaram a tensão entre a Rússia e o Japão.
Assim as Nações Unidas não foram capazes de promover a independência sem grandes e sangrentas guerras na África, algumas ainda persistem, a descolonização é apenas uma nova maneira de dependência, assim como na América a dependência das lutas ideológicas, estas culturais e internas, nunca permitiram uma real paz e fim da guerra fria.
A queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, com vários países se tornando independentes e voltando a sua cultura original, é mera ilusão achar que elas são soterradas pelas ideologias, parecia fazer surgir um mundo onde a diversidade política, cultural e religiosa seria tolerada, embora a tensão árabe nunca tenha acontecido, a primavera árabe foi um alento, mas as forças que continuam vivas dentro destas nações ainda atuam de forma vigorosa, veja-se tensões na Líbia, no Congo, no Saara e muitas outras, também a América Latina vive uma polarização ora para um lado ora para outro.
A força econômica e política que a China ganhou, as novas influencias geopolíticas da Rússia, a tensão hemisférico norte e sul pobre, as crises das democracias tudo isto parecem acelerar um processo de estabelecimento de uma Nova Ordem Mundial, algumas correntes mais fatalistas a chamam pela sigla NOM, porém de fato tudo isto é só a ebulição de questões que o pós-guerra não resolveu, as Nações Unidas ainda não são aquilo que prometeram ser um real “concerto de nações” que vivam em paz e negociem os conflitos.
Assim vivemos uma tensão bipolar em vários sentidos, norte-sul (foto), colônias e colonizadores, tensão ideológicas que atuam hoje mais internamente do que externamente, e uma pandemia que acelerou todo este processo, se o mundo poderia ser polarizado poderia ser unipolar, há uma perspectiva positiva que seria o real “concerto de nações” e outra ruim que é a polarização em um dos perversos fatores que já atuaram sobre a humanidade.
Como conviver com diferenças culturais e políticas tão grandes, não basta um princípio de amizade ou de paz sempre ameaçada, é preciso aceitar e defender a diversidade, ultrapassar o conceito de “inimigo” dentro da forma de ódio e intolerância (escrevemos vários posts para explicar isto), aquilo que em termos da cultura cristã é chamado de “amar o inimigo”, diz a leitura Lc 6,27-28: “A vós, que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam”, em outras palavras nem unipolar nem bipolar, mas um mundo multipolar.
O ódio e a intolerância na história
É preciso conhecer o processo histórico para entender as bases em que uma polarização mundial e uma pretensa nova ordem mundial, um termo bastante vago e sujeito a muitas interpretações, que levaram a polarização no período da guerra fria e que parece retornar com moldes novos, onde o fermento do ódio pode florescer.
As razões que levaram a formação do Eixo, aliança com os nazistas na segunda guerra mundial, foram: a expansão territorial com a criação de impérios com base em conquistas militares e a derrubada da ordem internacional do período pós Primeira Guerra Mundial, e a destruição e neutralização do comunismo soviético.
A Alemanha e Itália assinaram em 1º. de novembro de 1936, uma semana depois de anunciarem um pacto de amizade, a criação do Eixo Roma-Berlim e depois em 25 de novembro de 1936 o Pacto Anti Internacional Comunista (Comintern) em oposição à União Soviética, a Hungria, a Bulgária e a Eslováquia entraram no eixo no mês de novembro de 1940, mais tarde entraria a Croácia, a Finlândia em 1941 se associaria a URSS e em abril daquele ano a Iugoslávia foi invadida e desmembrada pelas forças do Eixo e depois a União Soviética.
No início da guerra, em 1º. de setembro de 1939, os aliados eram a França, Polônia e o Reino Unido, assim como os estados dependentes da Coroa Britânica: a India, a Austrália, Canadá, Nova Zelândia e África do Sul, após a invasão da Bélgica, além dela os Países Baixos e a Grécia se uniram aos aliados, a União Soviética apoia a invasão da Polônia, porém percebendo que seria traída pelos nazistas se torna também aliada, os Estados Unidos entrariam totalmente na Guerra após o ataque a Pearl Harbor (7 de dezembro de 1941), apoiavam com dinheiro e armamento até então, em dezembro de 1941 se torna um membro aliado com tropas e envio de armamento pesado para a Europa.
A China tinha uma prolongada guerra com o Japão desde o Incidente da ponte Marco Polo em 1937, que foi um incidente do sumiço de um soldado e de tropas aquarteladas dos dois lados desta ponte que é próxima da Manchúria (região em disputa), por isso a China juntou-se oficialmente aos Aliados em 1941.
Com o Eixo praticamente derrotado, foi realizada a Conferência de Teerã com as primeiras divisões territoriais das tropas de ocupação em cada país, isto é importante para compreender os avanços soviéticos constituindo o leste europeu, o Dia D do desembargue das tropas na Europa foi realizada no dia 7 de dezembro de 1941.
As conferências de Potsdam e Yalta foram realizadas respectivamente 17 de julho e 2 de agosto de 1945, antes da bomba de Nagasaki e Hiroshima dias 6 e 9 agosto.
Duas atitudes devem ser analisadas nos acordos pós-guerra, um é a reintegração do território alemão a guerra nos limites anteriores a primeira guerra, com a ressalva que o local onde estava a antiga Königsberg depois Stalingrado e hoje Kaliningrado foi tomada pela URSS e os alemães foram expulsos, o negativo foi a bomba nuclear sobre Nagasaki e Hiroshima quando a guerra estava praticamente terminada, e os efeitos da bomba marcaram a história da humanidade para sempre, lançada em agosto de 1945.
Analisaremos no próximo post o avanço e o quase final da guerra fria e aquilo que pode causar um desequilíbrio e criar uma Nova Ordem Mundial, sigla usada de diversas formas.
Tolerância, guerras e história
Cresceu ainda mais em meio a pandemia, que nos forçou a uma reclusão involuntária, uma espécie de intolerância ao Outro, aquilo que na filosofia atual tem-se chamado da exclusão do Outro, escreveram sobre isto Habermas, Paul Ricoeur, Emmanuel Lévinas entre outros, e mais atualmente Byung Chul Han.
No iluminismo, Voltaire já havia escrito algo parecido em seu “Dicionário Filosófico”: “O que é a tolerância? É o apanágio da humanidade. Somos todos cheios de fraquezas e de erros; perdoemo-nos reciprocamente as nossas tolices, tal é a primeira lei da natureza.” (VOLTAIRE, 1978, p. 290)
Na época o livro foi proibido de circular na França tamanha era a intolerância entre católicos e protestantes, e foi isto que levou Voltaire a chamá-los de maníacos.
O iluminista afirmava que “sem a tolerância” o mundo continuaria desordenado, como continuou, e radicaliza ao dizer: “o melhor meio para diminuir o número de maníacos, se ainda restam, é de confiar esta doença do espírito ao regime da razão, que lenta, mas infalível ilumina os homens” (idem), assim acreditava porque era próprio do espírito das luzes e a religião no seu tempo, pela divisão entre os cristãos da Reforma e os católicos, eram intolerantes ao contrário do evangelho que pregavam sobre o perdão e a misericórdia.
Sobre a questão religiosa, John Locke muda a argumentação para defender a tolerância religiosa partindo exatamente da separação entre Estado e Igreja e estabelecendo funções diferentes para cada uma dessas instituições, assim como poderes próprios para a realização de suas devidas funções, mas foram preciso duas guerras para que o conceito fosse amadurecido.
A questão da Tolerância religiosa ficou estabelecida no Tratado de Paz da Vestfália, histórico para as relações internacionais, que na verdade foram dois tratados nas cidades alemãs de Münster e Osnabrück, em 1648, colocando fim na chamada Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) no qual as disputas religiosas levaram a lutas entre reinados.
A Declaração de Princípios sobre a Tolerância foi adotada em 16 de novembro de 1995 pelos Estados-membros da UNESCO, nela afirma-se que a tolerância não é a indulgência nem a indiferença e sugere “o respeito e a apreciação da rica variedade das culturas do mundo e formas de expressão”, lançando um olhar diferente a culturas e religiões diferentes.
Os maníacos de Voltaire podem agora serem traduzidos como fanáticos, defensores de territórios e de poder, motivações da primeira e segunda guerra mundial, onde os territórios levaram a tensões entre a Tríplice Entente (também conhecida por Aliados: França, Reino Unidos e Russia) e a Tríplice Aliança (que eram as Potências Centrais: Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro), os territórios reduzidos da Alemanha e expandidos da Rússia e da França, a região da Alsácia-Lorena será disputada pela Alemanha) alimentarão a futura segunda guerra mundial, e estes tratados mal feitos vão levar a novas disputas de território, vê-se o caso da Finlândia (que ficou estabelecida como neutra em relação a antiga União Soviética) como o caso citado em recente conversa de Putin com Macron sobre a atual crise da Ucrânia, que poderia ter uma espécie de “solução finlandesa”, nas últimas horas houve uma retirada de pequena parte de tropas da Rússia da fronteira com a Ucrânia.
Qualquer tratado agora precisa ter bases seguras, a ideia de que uma “nova ordem mundial” está em curso esconde desejos expansionistas e de intolerância política.
Horas de tensão para a paz
O presidente da Ucrânia Voldymyr Zelenskiy afirmou no dia de ontem (14/02) ter ouvido que a quarta-feira será o dia fatal para uma possível invasão russa, e chamou o povo a “unidade” e a manifestar-se este dia pela Ucrânia e pela paz, ele tenta minimizar a possibilidade de um ataque e se mostra disposto a fazer concessões para a paz.
Do outro lado a Rússia afirma também estar disposta a paz, mas ao contrário de concessões reafirmar suas exigências, entre elas a não inclusão da Ucrânia na OTAN, que seria uma ameaça ao território russo, Putin esconde o que todos sabem sobre os desejos expansionistas, que na visão russa é apenas a reintegração de seus territórios do tempo da URSS.
Crescem os aparatos bélicos nas fronteiras da Ucrânia, não apenas ao norte na fronteira com a Rússia e a Belarus, mas também ao sul na região da Moldávia e no território da Criméia que está sob a posse russa, mas que é reivindicado pela Ucrânia, também nestes países as delegações diplomáticas americanas estão sendo retiradas.
O padrão do discurso russo é repetitivo, assim como o do Ocidente (EUA, Alemanha e Reino Unido, principalmente), apenas a França e a própria Ucrânia admitem concessões, do lado russo há uma lista de reivindicações para uma possível paz enquanto faz a retórica de que não desejam a guerra, além do apoio chinês, também a Argentina além da aliada Venezuela e o inesperado apoio brasileiro parece dar força aos desejos russos, Bolsonaro está em visita ao país em tempos conturbados.
Não haverá paz sem concessões, e tanto do lado russo que diz que há chance para paz se suas exigências forem aceitas, como do lado aliado que diz que a resposta será rápida e severa, mais parecem preparar a guerra do que dispostos a qualquer acordo de paz.
São dias tensões, em especial para o povo ucraniano, mas também para boa parte da Europa, a Rússia tem uma base de mísseis nucleares supersônicos Zircon, tanto no exclave (território descontínuo da Rússia) quanto próximo a Criméia no mar Negro, estes mísseis que foram testados no final do ano passado podem alcançar os países da Europa e são mais rápidos que as baterias antiaérea internacionais, além da questão de carregaram capsulas nucleares.
Apesar de ter um grande exército, o exército ucraniano é muito inferior em tecnologias e armas, o apoio da OTAN é apenas estratégico, mas o povo resistirá (foto)
Mais do que concessões é preciso entender as inseguranças e visões de lados opostos, não se pode chegar a um acordo sem a capacidade de enxergar o “outro lado”.
Covid: início de uma provável queda
Enquanto a média móvel e o número de infecções se mantem em patamares ainda altos, já há indícios de uma tendência de queda, 58.056 casos nas últimas 24 horas, no entanto o número de mortes permanece em alta na maioria dos estados (880 mortes na média móvel), estando em estabilidade apenas em 4 estados: SC, AM, RR, GO, não divulgaram TO e DF, é necessário ressaltar que estados dados sempre se referem a “casos conhecidos” pois não existe uma política de testagem em massa.
O pesquisador Raphael Guimarães da Fiocruz defende que a adoção de políticas públicas de controle coletivo da pandemia, além das medidas de higiene que são mantidas, podem levar o país ao controle da pandemia já no primeiro semestre de 2022: “Neste momento, o Brasil reúne algumas condições favoráveis para bloquear o vírus”, explicou o pesquisador a órgãos de imprensa.
A manutenção do distanciamento, por exemplo, e a limitação em número de pessoas em eventos coletivos são importantes quando adotadas, mas o que se observa é que o distanciamento não é o comportamento coletivo da população e a fiscalização deixou de existir na maioria dos casos, salvo raras exceções, o resultado são hospitais ainda lotados, une-se a isto a vacinação da influenza que é ainda pequena e a vacinação de crianças que tem ainda apenas a primeira dose.
Enquanto na Europa a tendência de queda já observada, na América Latina 63% das pessoas já estão vacinadas, porém a cobertura continua desigual, dados de órgãos de saúde da região (OPAS) indicam que 14 países já vacinaram 70% da população enquanto os demais não conseguiram atingir nem 40% desta cobertura, informa a diretora da OPAS: Carissa F. Etienne: “Estes dados são cruciais para projetar campanhas de vacinação direcionadas, maximizar o impacto das doses e salvar vidas”, que agradeceu a países doadores de vacinas.
A diferença entre Europa e o hemisférico Norte com o sul tem fatores sazonais como o clima, lá estão no final do inverno, aqui estamos no final do verão e o período de frio é favorável aos vírus.
Os doadores que “ajudaram nossa região a garantir doses quando os suprimentos eram limitados”, citando as doações dos Estados Unidos, Espanha, Canadá, Alemanha e França, que totalizaram 26 milhões de doses, mas espera neste início de ano atingir o patamar de 100 milhões de doses de doação.
As políticas públicas devem ser mais afirmativas e não renunciar à necessária fiscalização, assim podemos imaginar um segundo semestre mais tranquilo quanto a Pandemia.
Felizes os que promovem a paz
O ciclo peste, fome e guerra em qualquer ordem que ele tenha acontecida na história é retroalimentado porque sucumbem as forças que promovem a paz e entre elas estão também as forças espirituais verdadeiras que desejam o progresso da alma humana, que é inseparável da substancialidade da vida, não apenas humana, mas de todo planeta.
O século XX além da segunda guerra mundial, todos que a viveram narram o horror deste período e as privações que passaram, em especial os mais pobres, foi marcado também pelos regimes autoritários e Franco, Salazar e De Gaule na Europa, as lutas de libertação coloniais, e a guerra civil na Espanha, todos envoltos em atrocidades e muitas mortes.
Com um fim da pandemia próximo, porém é preciso ressaltar que ainda avança no hemisfério sul, um ciclo de privações sociais se aproximando uma guerra seria o menos desejável e não há forças diplomáticas que consigam evitá-la, quais seriam as consequências de uma insanidade deste tipo é para todos os analistas, imprevisível em proporção e extensão.
Há nos subterrâneos das sociedades forças que lutam pela paz, o pronunciamento de hoje (11/02) do Papa Francisco é uma destas forças, porém mesmo no interior de religiões e espiritualidades (já discorremos sobre as verdadeiras asceses) há aqueles que sadicamente (porque não viveram e não leram testemunhos da guerra) não se incomodam com este perigo.
O papa disse de maneira contundente: “a guerra é uma loucura”, e pede o diálogo, várias tentativas diplomáticas foram feitas porém as vias de algum acordo bilateral parecem estar fechadas, de certa forma porque as partes não parecem dispostas a ceder em pontos problemáticos (a presença da Otan e da própria Rússia na Ucrânia, por exemplo), o papa também pediu que este diálogo fosse “sério” e que realmente cada lado estivesse disposto a ouvir e a ceder para um possível acordo.
Com o passar das horas as tentativas parecem estar se esgotando, aos cidadãos comuns de ambos países, aos pobres e aos vulneráveis, em sua maioria jamais aprovariam uma guerra, resta a esperança e a fé de que sejam minimamente poupados se o absurdo acontecer.
As vésperas de um mundial de clubes de futebol, onde a disputa se encerra com o final de uma partida e em meio as Olimpíadas de Inverno, apesar de todas rivalidades, neste caso o desejável é que além das torcidas em lados opostos, tudo se consuma a partir de determinado ponto final, e neste caso a torcida de dois ou mais times, é mais humana que a disputa insana por territórios e vantagens bélicas de uma guerra de consequências imprevisíveis.
Diz a liturgia bíblica, na passagem em que Jesus encontra seus discípulos e uma multidão numa planície (todos no mesmo plano) de Tiro e Sidônia (Lc 6,20=21): “bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque havereis de rir!” e explica que os ricos e poderosos já tiveram o consolo neste mundo e os falsos profetas que são aplaudidos, porque não tiveram coragem de dizer a verdade.
Tenhamos esperança que um resto de serenidade, tolerância e equilíbrio restem nas grandes forças bélicas mundiais e a guerra seja evitável.
Fome, pandemias e guerras
Grandes períodos de fome na antiguidade eram devidos as guerras de conquistas e pilhagens, o período babilônico, assírio, depois os persas e gregos e finalmente o império romano, segue-se o período dos Hunos e dos bárbaros do Norte da Europa.
A fome neste período era principalmente devido a pilhagem e a transformação dos povos dominados em escravos, na Antiguidade Grega é pensada pela primeira vez a ideia do Estado (cidades-Estado), porém ainda haviam escravos e na população havia a diferença social dos plebeus, era preciso ser “educado” como cidadão e não deixava de haver virtudes e certa religiosidade.
Também a história Bíblia, muitos fatos foram comprovados historicamente, grande número de guerras, pestes e fome são narrados, de modo especial no período de dominação egípcia, calcula-se que o período da fuga do povo hebreu do Egito se deu por volta de 1391 a 1271, outros historiadores sugerem 1592 (Jerônimo) e James Ussher sugeriu 1571 como período inicial.
Neste período teria acontecido as famosas 10 pragas e portando seguidos de fome naquela região, há muitas controvérsias sobre esta história.
A primeira grande fome devido a crises sociais e também climática foi datada de 1315-1322 que atingiu quase toda Europa, um ano de uma primavera com temo ruim de 1315, seguiram-se dois anos de muita seca e calor, neste período há um grande número de guerras quando foram se estabelecendo reinados e grão-ducados, porém depois seguiu-se o período da peste negra (ou bubônica) de 1347 a 1351, onde calcula -se que morreram de 75 a 200 milhões de pessoas (quadro de (Peter Bruegel “O triunfo da morte”, 1562).
Um período de fome também aconteceu na Irlanda no período de 1849 a 1852 devido um fungo aniquilou a plantação de batatas, onde a alimentação era bastante dependente na alimentação deste produto, enfrentou a fome, a mortalidade e a redução de 25% da população por morte ou imigração.
Ao período da guerra de Secessão de 1861 a 1865, basicamente pela defesa da escravidão para mantinha o sul e parte do leste num modelo agrário, para o Norte e Oeste mais industrial e que seguiu-se a um período de industrialização e que faz os Estados Unidos despontar como potencia industrial no período seguinte.
A Europa fodeste período mantinha quase toda a África (exceto a Libéria e a Etiópia) quase toda num modelo colonial, apesar disto no início do século começa um ciclo de crise financeira e superação do modelo agrário e superação do período nacionalista com muitos países, em especial França, Reino Unidos e a Russia com desejos expansionistas e a queda do chamado Império austro-húngaro.
Segue-se a este período em que é deflagrada a primeira Guerra Mundial com mais de 10 milhões de mortos, o período da gripe espanhola e de fortes imigrações de populações rurais para a própria África e para a América Latina, o Brasil recebeu além de populações italianas, alemãs e espanholas, também pequenas populações da Ucrânia, Polonia e até mesmo de japoneses.
A quebra financeira e a má solução da primeira guerra, nos tratados de Versalhes foram fermento para a segunda guerra mundial, a fome na Ucrânia no período estalinista foi feita em post desta semana e a fome que permanece no continente africano está feita no post de ontem.
A fome no mundo
O relatório Welthungerhife mostra o mapa da fome no mundo, nele fica evidente a concentração na África onde estão os países mais pobres e também restos de um período de colonização (ainda há esta presença lá) que pouco de importou com a população.
Ali estão concentrados os países com mais baixa renda per capita, em dólares: Somália: $ 953, República Centro Africana $996, República do Congo $1203, Moçambique $ 1338, Niger: $ 1503, Malawi $ 1503, Libéria $ 1623 e Madagascar $ 1630, também há guerras por divisão de territórios, diamantes e extração de minérios:, como é o caso do minério de fosfato no qual estão envolvidos: a Espanha, Marrocos e Mali, mas também rebeldes do Saara Ocidental lutam por independência em território reivindicado por Marrocos.
A guerra que tem interesses econômicos e neocolonização por trás sempre estiveram presentes ali, a Somália é um exemplo típico disto pois levou o país a uma miséria ainda maior e a Pandemia fez a crise tornar mais alarmante.
Ainda não existem estudos conclusivos sobre o real impacto da pandemia neste território, um recente relatório denominado “O Estado de Insegurança Alimentar e Nutrição no mundo (SOFI) de 2021 trans alguns esforços de agências das Nações Unidas para mapear e traçar uma política e estima que um décimo da população global, avaliado em torno de 811 milhões de pessoas no mundo estão subalimentados neste período da Pandemia, o que mostra um quadro alarmante.
Uma guerra de proporções mundiais poderia agravar ainda mais este quadro, também políticas sanitárias mais igualitárias (uma distribuição de vacina proporcional ao número de habitantes, por exemplo) são medidas necessárias para evitar que além da pobreza o número de mortos continue a crescer no rescaldo da pandemia.