Arquivo para a ‘Redes Sociais’ Categoria
Pandemia pode se agravar no Brasil
Os dados deste último domingo, ainda sobre forte influencia da política anterior dá um aumento de 101% no número de mortes, porém deve lembrar a defasagem entre a coleta e a amostragem (por isto há influência da política anterior), que “na hora que o exame é colocado na linha do tempo, ele precisa ser colocado na data que foi coletado” (Paulo Lotufo, USP), e isto significa uma defasagem de 10 a 15 dias, além do fato da infecção levar até 14 dias para se manifestar.
Assim, a política atual, que mesmo que dita de modo pouco claro, é de não usar o isolamento social, o fato de fazer testes em massa (precisa ver se haverá testes suficientes) significa ver o quanto a sociedade como um todo está sendo infectada, ganhando “imunidade” (isto ainda não é provado cientificamente) e qual o “comportamento do vírus” no nosso ambiente, estamos no final de outono e início de inverno e as condições sanitárias do país são precárias.
A capacidade de resposta do sistema de saúde está se esgotando, e a curva que vemos acima ainda indica estar longe de um patamar (o número de mortes não é projeção, é real), e se observa ainda uma subida e sem um platô a vista, o pico dizem a maioria dos especialistas, está por vir.
Defendíamos o #LockDown, se vier agora será um pouco tardio, e aparentemente o clima político não é favorável, o governo central é contra (curiosamente há quem defenda a intervenção militar, mas política e não sanitária) e a sociedade se sente apreensiva e insegura com o que pode ocorrer.
Se houver um agravamento, não é o que desejamos pois isto implica em vidas, a capacidade de resposta vai ficando reduzida, entramos com medidas preventivas no início da pandemia, porém não demos consequências a ela, e não podemos afrouxar antes do tempo, será um colapso.
Qualquer pessoa sincera e humanista deseja o melhor, deseja que tudo dê certo, porém o risco de abrir o comércio, quando o número de mortes é ainda muito alto é enorme, pouco prudente.
Não podemos pagar para ver, o custo será alto de vidas e muito mais ainda econômico.
É reconfortante ver que em muitos países que tomaram medidas duras, o afrouxamento já pode começar a acontecer, não esqueçam que diante da crise tomaram medidas duras.
A face do Outro na Pandemia
Embora o chamado isolamento horizontal tenha recebido o nome (no caso brasileiro) de “isolamento social”, um nome que seria mais próprio e menos agressivo seria o recolhimento familiar, em outros países também chamado de confinamento, como na França.
O reconhecimento do Outro nos familiares leva também a uma melhoria no relacionamento social, exceto os casos de famílias onde a relação familiar já se encontrava em situação de conflito extremo, a tendência será a de praticar atos de solidariedade e tolerância.
Isto é necessário para um bom convívio social, e para encontrar o rosto do Outro, que não é o mesmo, termo muito difundido na filosofia, Paul Ricoeur, Emmanuel Lévinas, Habermas, Agamben e Byung Chul Han, certamente esqueço vários já que o tema é presente na filosofia atual.
O instinto de auto defesa, que deve estar aliado a uma mudança do comportamento social, pode fazer do vírus um catalisador de uma mudança cultural, a do pensamento está em curso e a religiosa depende essencialmente daquilo que pensam aqueles que proclamam a fé e que deveriam sair da sacralidade de seus pensamentos para a substancialidade do mundo.
Teremos que socorrer pessoas para poder socorrer empresas, o trabalho e a própria educação, em todo mundo ferramentas de EaD (Educação a Distância), vídeo conferencias e os chats, que partindo das famílias podem ser reeducados, estão sendo largamente utilizados, o Brasil teve uma reunião inédita do Supremo Tribunal Federal por Skype, reuniões de condomínio, etc.
Alguns países como a Dinamarca e a Finlândia já anunciam a reabertura de escolas primárias, mas com alguns pais tendo restrição e medo de enviar os filhos, os adultos poderão se virar com formas de educação a distância, ao menos por enquanto.
Como será a reeducação religiosa com templos fechados, um pastor tocava sax para seus fiéis, outro colocou fotos dos paroquianos em sua celebração, mas um passo ainda maior precisa ser dado para que apareça a fé além da solidariedade social (muitas campanhas de alimentos para os mais pobres) que é o ato de misericórdia, o único capaz de fazer enxergar o rosto do Outro sem preconceitos e “exclusão social” daqueles que tem uma visão diferente da religião.
A crise do pensamento ocidental e a pandemia
Velhas análises ainda fundamentadas no idealismo, que estudam o modelo do estado, os problemas econômicos e os modelos antropocêntricos não dão conta da nova realidade, a pandemia mundial foi causada por um vírus e pegou toda sociedade desprevenida, só em parte isto é verdade, no aspecto da saúde.
As análises líquidas continuam com discursos sobre obviedades, somos um só planeta, o problema é de todos, temos que rever valores, etc. porém aquelas que apontam para o futuro ainda vivem na penumbra de um pensamento sobre ideais que se esgotaram, mas não os discursos.
Edgar Morin que de longa data vem apontando para uma cidadania planetária, se aproximando dos 100 anos e mantendo uma cabeça lúcida, numa entrevista ao L´Observateur de 18/03 afirmou: “O confinamento pode nos ajudar a desintoxicar nosso modo de vida”, e na mesma entrevista aponta que “essa crise nos mostra que a globalização é uma interdependência sem solidariedade”, e que produziu uma unificação tecno-econômica do planeta.
Na mesma linha Byung Chul Han escreveu na Sociedade do Cansaço, que estamos todos na vida activa e ignoramos a vida contemplativa, no entanto a pandemia nos retirou do ativismo e ainda não sabemos o que fazer com o “ócio” de ficar em casa, há até discurso religioso que a chama de túmulo, mas falaremos nisto ao falar da noite de Deus e da religiosidade instrumentalizada de hoje.
Aos que não acreditam nesta análise, lembro que programas de sucesso como “reality show” agora são de fato realidades porque cada um a vive na sua casa, e “master chef” agora tem que acontecer na prática nas famílias porque restaurantes estão fechados.
Quanto ao aspecto tecno apontado por Morin não podemos esquecer que além dos noticiários globais, agora para o trabalho, para a educação e até mesmo para o lazer as videoconferências agora são realidades, ainda há quem pragueje contra elas, mas é esquizofrenia porque elas agora são necessárias e até para manter o comércio são imprescindíveis, até para as compras online, também os shoppings estão fechados.
A desintoxicação de nosso modo de vida não veio por um plano de governo, nem por uma grande mudança cultural, embora a pandemia sugira isto, mesmo nas nossas casas ainda procuramos as irrealidades da vida contemporânea, a pandemia, entretanto provoca uma mudança desta visão.
O oriente e alguns países, cito o caso de Portugal, estão tendo sucesso por causa de uma certa disciplina no #ficarEmCasa, quando Peter Sloterdijk em As regras para o parque humano falou sobre a falência da “domesticação humana”, não imaginava que um vírus podia demonstrar sua tese, sairão da crise mais cedo e terão menos mortos países com maior disciplina social.
Por ultimo as Redes Sociais (não confundir com as mídias tecno que falamos acima), a dinâmica da propagação do vírus segue a lógica das redes, e assim se estes estudos forem levados a sério poderemos estar mais prontos na defesa das vidas, não por acaso o infectologista Carl Latkin é um dos cientistas com maior publicação nesta área.
Isolamento social e pequenos mundos
Já foi explicado que #LockDown é diferente o isolamento social, reduzir a dinâmica da proximidade física entre as pessoas e o isolamento social, porém a explicação que estamos em redes, que faz com que uma pessoa da periferia de São Paulo ou do Rio de Janeiro se desloque até o centro, é o fato que as redes (que podem se comunicar por mídias chamadas de “virtuais”) neste caso são redes físicas.
O contato entre pessoas para o contágio por um vírus se dá porque muita gente vive nas chamadas cidades dormitórios e precisam se deslocar até os grandes centros para o trabalho, e os trabalhos essenciais: transportes, funcionários de postos de saúde e mercados, moram em periferias e devem retornar por suas casas.
No estudo de Redes Sociais existe um fenômeno chamado de “seis graus de separação” que foi nome de uma peça em 1990 do dramaturgo John Guare, e de um filme de Fred Schepisi (veja a figura), onde um personagem diz: “… todas as pessoas neste planeta estão separadas entre si por apenas seis outras pessoas. Seis graus de separação. Entre nós e qualquer outra do planeta”, eis os mundos pequenos, cada pessoa diz o personagem no filme “é uma porta que se abre a um novo mundo”.
É uma ideia profunda, diz também no filme, da dinâmica de grandes massas vamos par uma forma de microssociedade onde cada um tem um papel e pode propiciar um novo mundo, uma mudança na cosmovisão, e uma coisa importante neste momento é a defesa da vida, quiçá a boa economia.
Nos fixemos na proposta do isolamento social, ele retarda mas não reduz o número de infectados dizem os especialista e apelam para a ciência, no entanto, a ciência das redes mostra que os mundos pequenos tornam esta interação possível, então um “tipo” de isolamento vertical faz sentido, se pensamos nos mundos pequenos.
Não se trata apenas dos idosos, grupo de risco, mas as periferias onde o contágio chegando pode causar a chamada exponencial do contágio, devido tanto as condições de proximidade física como as condições sanitárias, é aqui que colocamos o problema sério, e nenhum estudo foi feito ainda.
O Ministério da saúde disse que faria este estudo no final de semana, mas a má política prejudicou, o mundo pequeno da política sofreu um contágio, que dentro do próprio governo sofreu um isolamento vertical, mas já havia um isolamento social, 76% da população apoia no Brasil a política do Ministério da Saúde, porem a análise da expansão na periferia ficou de lado.
#LockDown já
Entramos numa semana decisiva da pandemia, em especial no Brasil, mas também em muitas partes do mundo o contágio chegará a zonas e países mais pobres, onde as condições sanitárias e a concentração de pessoas podem levar a maior tragédia humana, mas é semana da Páscoa e tenho esperança.
Um imenso #LockDown poderia produzir um efeito fulminante contra o contágio e isto auxiliaria o combate a pandemia, estudos de redes (no sentido da relação entre dois nós, neste caso é a proximidade de pessoas) mostram que o efeito rede existe, e a única possibilidade de interromper é criar clusters, setores isolados da sociedade e um único nó de contato produz efeito viral.
Carl Latkin além de ser um eminente infectologista que trabalha em programas de saúde Globais, é também um dos mais produtivos pesquisadores em Redes Sociais, nosso estudo de co-citações em trabalhos de Redes Socais demonstrou isto (um doutorado em andamento), porém um dado importante deste pesquisador é o que mostra a presença do HIV em homossexuais afro-americanos.
Este estudo feito com uma amostragem de 234 homens afro-americanos, mostrou que o fato de estarem em redes sexuais mais densas, estão mais propícios ao contágio.
A analogia com o COVID-19 é que as populações de periferia estão em redes populacionais mais densas e a relação no âmbito familiar é mais forte, por serem famílias mais numerosas, como não temos tempo para fazer amostragens locais, além do período de quarentena, estamos fazendo uma simulação e o risco é real, mesmo a equipe do ministério admite uma explosão do Covid-19.
Acontece que trabalhadores de apoio aos serviços essenciais: caminhoneiros, funcionários de limpeza e assistentes de centros médicos, secretárias, etc. vem da periferia e já o deslocamento é um problema, andam em ônibus lotados e sem condições necessárias de higienização.
A necessidade é urgente de um #LockDown durante esta semana do final da quaresma, não só os feriados podem ajudar, mas uma atitude política de enfrentamento frontal pode ajudar muito.
Carl Latkin, Cui Yang, Karin Tobin, Typhanye Penniman, Jocelyn Patterson, Pilgrim Spikes, “Differences in the Social Networks of African American Men Who Have Sex With Men Only and Those Who Have Sex With Men and Women”, American Journal of Public Health 101, no. 10 (October 1, 2011): pp. e18-e23.
O sinal de e Lázaro e a pandemia
A pandemia veio nos alertar que não é a vida que importa mais a economia, postamos nesta semana que não é a oeconomicus da casa e da agricultura (dos alimentos diríamos hoje, pois o processamento de alimentos já faz parte da história), é a da especulação dos bancos e bolsas.
Ora é a vida que regime a economia e não o contrário, talvez um darwinismo econômico pudesse dizer na origem era o dinheiro e depois veio o homem, nada mais insensato, porém é claro que se uma economia vai a ruina a manutenção da vida fica no limite, fica assim nas guerras, vem a fome.
Porém o sinal da pandemia ainda mal lido até mesmo pelos economistas, e mais perdidos ainda alguns líderes e mesmo religiosos é o sinal de Lázaro (sua tumba ao lado), mais de meio milhão de infectados e a morte chegando não é razão suficientemente para a economia ainda mais forte do planeta querer parar.
A leitura atenta da bíblia revela que Jesus sabia da morte de Lázaro (Jo 11: 4-7) e não foi antes porque os judeus relutavam em mudar o estilo de vida da “lei” e da tradição, e queriam apedrejá-lo, porém Jesus explica aos discípulos que não queriam voltar a Judéia por medo, que isto deveria acontecer para que o povo de lá entendesse que era necessário uma mudança.
Que mudança o mundo espera, sim que vençamos a pandemia, mas o esforço global, a ideia de parar e reviver a economia doméstica que inclui a relação e o bem estar dos que nos são próximos requer uma “conversão”, uma mudança de atitude cultural, cuidar do que está ao nosso lado e se cuidar para não ser “infectado”, o sinal de Lázaro é que a morte vem, mas a cura também virá.
O importante é o que faremos depois para que nova crise não se instale, já tivemos a influenza e no Brasil a vacinação está começando, mas será que estaremos preparados para outra pandemia, sem entender que hospitais e a saúde econômica do povo, em especial, do povo simples é essencial, não entenderemos nada.
Lázaro não ressuscitou (mais tarde ele morreu de morte natural), ele apenas reviveu e Jesus afirmou que esta doença “não mata”, quer dizer a humanidade não será exterminada, mas a lição dura deve ser apreendida é a vida que rege a economia e não o contrário, e façamos nossa parte #FicarEmCasa e aplaudir os agentes de saúde.
Co-imunidade: curarmo-nos
Estamos a espera de um milagre, aqueles que não acreditam ou fazem pouco caso da ciência, esperam agora que os cientistas encontrem a vacina, enquanto vacina para as antigas infecções gripais estão começando a estar disponíveis nos postos de saúde no Brasil.
A lição do ponto de vista médico é que esta doença que tomou aspectos de pandemia nos ensina já são definitivas, que a saúde das pessoas é mais importante que a doença, que podemos todos nos ajudar se cada um fizer bem sua parte, e que ninguém fará nossa parte por nós, o governo e as autoridades sanitárias podem conscientizar, mas dependem de atitudes individuais, culturais.
O filósofo |Peter Sloterdijk trabalhou num sentido mais ampla a ideia de imonologia e co-ímunidade, a ideia que não podemos nos livrar de todos os vírus e microorganismos que sempre fizeram parte da vida, e que agora se atacados e trabalhados pelo conjunto da sociedade podem ter seus efeitos reduzidos, embora eles pareçam cada vez mais agressivos, a influenza alguns anos atrás parece uma gripe comum perto do corona vírus e seu alcance e agressividade.
Herdeiro da fenomenologia, mas misturado a Nietzsche, e co-herdeiro de Heidegger com Byung Chul Han, criou uma nova e surpreendente antropologia para o além do humano, ao definir o homo sapiens como resultado de uma inacabada e infinita autopoiesis (do grego auto próprio e poiesis, criação), assim vamos em cada embate com a natureza nos auto “criando” e revendo.
A revisão deste momento é interessante e será inacabada porque os resultados para a economia e a própria estrutura social futura ficarão indefinidos e dependentes de decisões, porém o combate conjunto de povos e nações a pandemia cria uma nova “ação conjunta”, que Sloterdijk chama de co-imunidade, isto é, criar defesas conjuntas e uma imunologia além do humano.
Em relação a Heidegger ultrapassa o ser-aí para o ser-com, não apenas porque cria uma visão antropológica da relação humana, mas que mostra a eficiência de ação conjunta onde cada um faz sua parte, e a imunidade do todo, depende do rearranjo em rede de cada parte individual.
Em resposta a uma pergunta feita em 2018 a ele (do programa Fronteiras do pensamento) explica sua imunologia assim: “Não nos esqueçamos: a palavra “imunologia” é uma metáfora emprestada por juristas aos biólogos. Eu dou um passo adiante, estendendo o conceito de immunis (que em latim significa “livre dos deveres”) à dimensão religiosa.”.
Comparando-a ao sistema de Luhmann afirmou, continuando o pensamento anterior:
“Enquanto para Niklas Luhmann o sistema legal seria o sistema imunológico do sistema social, a esferologia afirma que a religião é o sistema imunológico original da sociedade”, e este seria a antropologia para além do humano, entrando numa dimensão de transcendência religiosa.
Ao relacionar o problema da imunologia com a ecologia, ele a elabora em relação a natureza:
<iframe width=”780″ height=”415″ src=”https://www.youtube.com/embed/EKbfweNE1zw” frameborder=”0″ allow=”accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture” allowfullscreen></iframe>
Uma noite escura da humanidade
Uma noite cai sobre a humanidade, mas é preciso notar que esta noite vinha acontecendo o vírus que atingiu todo o planeta é um catalisador e apesar de ser letal e trazer muitos cuidados pode nos acordar de uma noite que vinha acontecendo: noite da cultura, noite de Deus, noite da ciência reduzida a especialidades e métodos questionáveis e principalmente noite do homem.
A vida desenfreada e muitas vezes sem sentido, a busca pela eficiência e produtividade, a ideia que o crescimento econômico traz felicidade e principalmente a exclusão do Outro, agora parecem se inverter com a necessidade de ficar em casa: #StayAtHome.
Esta noite provocou uma cegueira coletiva, a cultura é “qualquer coisa serve”, rabiscos e borrões se tornaram arte, expressões puramente genitais sem qualquer afetividade de tornou sexo, e a cultura religiosa que ajudava as pessoas a encontrarem paz de espírito se tornou pura superstição, apelo a riqueza e ao dinheiro, ou a mera pobreza de outro lado, sem qualquer coisa que a faça entender o sentido profundo do desapego e do viver na essência da vida.
A noite religiosa ou noite de Deus é um apego dos homens aos seus círculos fechados agora, se forem prudentes, também impedidos de se reunir, a manipulação grosseira, a leitura fundamentalista da bíblia, que são a pior cegueira contemporânea, também reduz o homem a ser-para-a-morte e não o ser-para-a-vida.
Contemplar o mistério do universo além daquilo que já conhecemos, pouco sabemos da massa e energia escura que compõe 94% do universo, e que este pode ainda ter uma além de sua “bolha”, pode abrir os olhos daqueles que acham que sabem tudo porque aprenderam a ciência, ou porque leram a bíblia com seus olhos de cegueira cultural e seu círculo de “eleitos” fechado e pequeno.
Jesus ao curar o cego assusta os fariseus que querem que o cego se cale, a ciência ajudou um pouco este abandono de superstições e ajudou a iluminar a inteligência humana, também posta a prova pelo vírus, é o que lemos na passagem bíblica lemos em Jo 9:7-9:
E [Jesus depois de por-lhe barro no olho] disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé” (que quer dizer: Enviado). O cego foi, lavou-se e voltou enxergando. Os vizinhos e os que costumavam ver o cego — pois ele era mendigo — diziam: “Não é aquele que ficava pedindo esmola?” Uns diziam: “Sim, é ele!” Outros afirmavam: “Não é ele, mas alguém parecido com ele”. Ele, porém, dizia: “Sou eu mesmo!”, e os religiosos queriam proibir-lhe de falar.
As mudanças do século XX
As mudanças do século passado, mas cujas estruturas sociais e econômicas ainda estão presentes, foi marcado pelo fim liberalismo econômico mas que era sustentado por grandes impérios, além dos coloniais na Africa e Asia (o fim do império na India, por exemplo), também os costumes sociais e econômicos foram mudando e ainda encontram-se presente no século XIX.
Seria mais oportuno falar do econômico, num momento que os impérios financeiros parecem estar derretendo nas Bolsas de Valores, o chamado mercado do Urso, do medo gerindo os negócios, mas pelo dia 8 de março que foi dia da mulher, optamos por falar da questão.
Desde o romance de Ibsen no século XIX, a Casa de Bonecas, onde por trás da estrutura afável e liberal de um casamento se escondia o machismo do marido, por sinal o momento em que ele assume um Banco de Investimentos, se escondia a opressão da esposa.
Também apontamos o desenvolvimento da questão feminina através de Doris Lessing premio Nobel da Literatura e que tinha uma posição equilibrada mas dura, longe de modismos e do politicamente correto, ela viveu e apontou a questão da mulher, mesmo branca sofreu na Africa do Sul com a questão do racismo por defender os negros.
Chegamos a economia dos “Commons” de Elinor Ostrom, ignorada pela esquerda por não ser contra o capital, e ignorada pela direita porque afirmava que a governança dos bens comuns pode ser produtiva e bem gerenciada, ao contrário do que prevê o “Tragedy of Commons”.
A mudança de postura e de cultura, é verdade que precisamos de leis e politicas para combater o machismo, porém a mudança cultural defende do olhar sobre a mulher, hoje independente, no mercado de trabalho porém ainda sofrendo as consequências de sua emancipação.
Ainda que se afirme que a visão religiosa seja machista, e muitas vezes o é, não é o que a Bibilia apresenta no novo testamento, lembrando que a cultura judaica da época era machista e o velho testamento reflete isto, entretanto a posição de Jesus sobre as mulheres era diferente.
Assim aparece no texto de João (Jo 4, 8-9): “Os discípulos tinham ido a cidade para comprar alimento. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana? “, e o texto esclarece que os judeus não se davam com os samaritanos, e a posição da mulher era inferior, aceita por elas.
Não é verdade a exegese que diz que ela sequer era religiosa, pois vejam o texto (Jo 4,19b-20): “Senhor vejo que é um profeta! Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar”, o machismo vem, portanto, das instituições e não da Bíblia.
A primeira mulher Nobel de Economia
Elinor Ostrom foi a primeira mulher economista a receber o Nobel de Ciências Econômicas junto com Oliver E. Williamson, em 2009, por “sua análise da governança econômica, especialmente com os bens comuns”, os chamados “Commons” que hoje dominam também o mundo da difusão científica, tais como os Creative Commons, onde mantem-se direitos do autor com permissões de uso.
Mas é claro, a teoria de Elinor é muito mais geral, e visava principalmente desmentir a ideia que era então “consagrada” do “Tragedy of Commons”, que ficou conhecido pelo artigo escrito pelo filósofo e biólogo americano Garret Hardin em 1968.
O conceito moderno que Elinor explorou de “Commons”, são os bens comuns universais tais como água, oceanos, rios, unidades populacionais de peixes, estradas e rodovias (privatizadas quase no mundo todo), e até mesmo uma geladeira de escritório ou um espaço público compartilhado.
Elinor Ostrom demonstrou em seu livro “Governing of Commons” dando exemplo de comunidades que se autogeriram se regulações de cima para baixo ou privatizações, com sucesso econômico.
Em 1973 fundou com o marido Vincent Ostrom, o Workshop de Teorias e Análise Política na Universidade de Indiana, e uma de suas últimas atividades foi a preparação para a conferência Rio+20 na chefia do comitê científico da Planet Under Pression, que exerceu forte influência na conferência, embora Elinor tenha falecido em 2012.
Seu último livro Working together : Collective Action, The Commons, and Multiple Methods in Practice, escrito em conjunto com A. Poteete e M.A. Janssen, dá lições praticas de ações coletivas que podem potencializar o trabalho em torno dos “bens comuns”.