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O livro dourado
Escrito em 1962 e considerado um dos grandes romances do século XX o Livro Dourado (Caderno Dourado em espanhol, na foto), conta a história de Anna Wulf, uma escritora imersa em uma crise pessoal que decide contar sua história, a partir do livro negro para sua vida literária quando morou na África do Sul, o livro vermelho sobre sua militância política de esquerda, o amarelo sua vida emocional e azul seu cotidiano.
Doris Lessing que ganhou o Nobel de Literatura aos 85 anos (2007) quando não esperava mais nada, ela própria fez uma piada sobre isto, porém o reconhecimento foi merecido e pouco se sabe hoje desta feminista consequente e que se recusou a aderir a modas e conjunturas seguia sua luta.
Temas como amizade, maternidade e sexualidade tem tons e contornos bem mais profundos nesta autora, em romances como por exemplo “As avós” (2007) onde a velhice é vista por um outro prisma, em especial para as mulheres, ou sobre política no seu livro “O sonho mais doce” que ela sugere como autobiográfico, e que faz reflexões profundas sobre sua visão humanitária.
Mas se tivesse que destacar um romance dela, meu preferido da juventude “Prisões que escolhemos para viver” (1987), ataca de modo sutil e extraordinário a questão da retórica política (ou o que resolveu-se chamar de politicamente correto) onde instiga os indivíduos a saírem das coerções sociais e a construir um mundo melhor, de fato e acima da moda cotidiana.
Não deixa de atacar neste romance a ignorância e a falta de responsabilidade pessoal no desejo de aplausos e mera repetição de lemas, quanta atualidade no seu discurso, diria antecipando os tempos, pois foi justamente pelo excesso de retórica e ausência de atos concretos que caímos em ciladas e ajudamos a ignorância e demagogia contemporâneas.
Sua frase que parece resumir este seu pensamento era: “Não posso e não vou ferir minha consciência só para aderir a moda do dia”, e dizia isto não para conservadores, mas para as posições aparentemente avançadas de seu tempo que não se dirigiam a atitudes concretas.
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A Casa de Bonecas
Escrito em 1878 e construída em 1879, o romance norueguês de Henrik Ibsen (1828-1906), Casa de Bonecas é uma das primeiras manifestações da exclusão das mulheres numa sociedade dualista e machista, feito para o teatro teve sua primeira encenação no teatro Kongelige, de Copenhagen na Dinamarca, já em 1879. Na foto dois filmes da década de 70, um com Claire Bloom outro com Jane Fonda no papel da personagem Nora Helmer.
O romance causou grande alvoroço na época, entretanto Ibsen era de família abastada e respeitada da cidade de Skien, na Noruega, é considerado um dos fundadores do modernismo.
A ambientação é o período natalino, e o casal Nora e Torvard Helmer estão se preparando para a festa, e ele comenta sobre os gastos da mulher, a qual trata com apelidos que a reduzem a infantilidade: “cotovia”, “esquilo” e “minha menininha” como uma criança peralta que ainda sabe pouco da vida adulta.
No primeiro ato chegam uma mulher viúva Cristina Linde e o Dr. Rank, que vai ao escritório conversar com Holmer enquanto Cristina que é uma antiga colega de Nora, conversam sobre a morte do marido de Cristina, antiga colega de Holmer. Enquanto Holmer vai ao escritório com o amigo, Nora e a colega Cristina conversam sobre a vida pessoal de ambas.
Nora conta que o marido receberá o cargo de gerente num banco de investimentos e isto trará estabilidade a família, enquanto Cristina também a trata como uma “criança crescida”.
A campainha toca novamente e a criada anuncia o Sr. Krogstad, que vem falar sobre negócios com o banco no novo cargo de Helmer, Cristina o reconhece como tendo “negócios de toda espécie”, o Dr. Rank sai do escritório vem a sala e também conhece a Sra. Linde.
Quando Nora fica a sós com o Sr. Krogstad que lhe fizera um empréstimo, e o Sr. Holmer não sabia, do período que a família esteve ruim das finanças, o Sr. Krogstad lhe diz que sabe que a assinatura do pai dela como avalista fora falsificada pois eram 3 dias depois do falecimento deste, e aqui o romance entra no seu enredo.
Cristina na verdade teve um romance com o Sr. Krogstad e ela poderá ajudar Nora, retomando o relacionamento com ele, que o convence a enviar a promissória a Holmer, mas já havia enviado uma carta dizendo do empréstimo que a esposa fizera com ele falsificando a assinatura do pai dela.
O final é surpreendente, Holmer abre a carta de Krogstad que conta o “segredo do empréstimo”, depois em seguida recebe a promissória e a rasga, mas a reconciliação com Nora já era impossível porque dissera palavras duras sobre o empréstimo dela, e ao final Nora vai embora deixando-os com os filhos, que ele dissera não ter capacidade e educa-los, sem dúvida um romance chocante para a época, e que recebeu duras críticas.
A mulher e as novas mídias
O dia da mulher foi ontem e a perspectiva de uma sociedade não-machista está muito distante, mesmo em países europeus contatei com tristeza que o machismo ainda é cultura geral, por exemplo, o assédio na França tem índices elevados e em Portugal há casos recentes, onde até um juiz do Supremo manifestou seu machismo num caso de violência doméstica que julgava.
O Wikipedia é o 5º. Site mais acessado no mundo, possui mais de 6 milhões de verbetes, e apesar de ter problemas de edição e corrupção nos seus verbetes, o que é tratado mas pode ficar online e causar confusões, sua importância é inegável, e negá-la é não estar vivendo a realidade presente.
Nas novas mídias não é diferente, o Wikipedia o 5o. site mais lido no mundo, teve recentemente a divulgação que a maioria das mulheres influentes em investigações científicas são ignoradas pelo site.
O artigo escrito por James Vicent em agosto de 2018 na Revista The Verge, consta que 82% das biografias são escritas sobre homens, cita o exemplo de Teresa Woodruff, uma cientista que não tinha entrada no Wikipedia (agora tem), e foi nomeada uma das pessoas mais influentes em investigações e Inteligencia Artificial pela revista Time em 2013.
Outra influente investigadora citada é Jessica Wade, física do Imperial College London que escreveu a nova entrada de Pineau, um sistema chamado QuickSilver, e falou sobre o Wikipedia:
“… é incrivelmente tendencioso e a sub-representação de mulheres na ciência é particularmente ruim”.
O artigo teve como foco as pesquisas na área de IA e citou ainda a investigadora de robótica Joële Pineau.
Entretanto as novas mídias deram poder e voz também as mulheres, é inegável que um número de grupos sociais excluídos, culturas quase desaparecidas, e muitas minorias tem voz agora graças as novas mídias.
Nas mídias de redes sociais, facebook e instagram são inúmeros os casos de exposição de imagens e conteúdos machistas, nem sempre denunciados e punidos por práticas ofensivas.
Vicent, James (2018) AI spots 40,000 prominent scientists overlooked by Wikipedia, The Verge, Disponível em:
https://www.theverge.com/2018/8/8/17663544/ai-scientists-wikipedia-primer, Acessado em: 20/10/2018.
Podres poderes e o Outro
Há algo além da vontade de poder, sim há um não ser, que não despersonaliza nem implica em perda de identidade, mas em dialogia com o Outro, com aquele que não é meu espelho.
A afirmação, o empoderamento de pessoas e grupos em fechamentos lógica de identidade, não são nem originárias no sentido de preservar o diálogo com as tradições culturais, nem são de fato poder porque implica em submeter o Outro que é um a alguma identidade que não é a dele.
Assim a verdadeira identidade ontológica, ao contrário da lógica que é individualista ou de fechamento em grupos, muitos vezes criticamos o individualismo do Outro porque não admitimos sua identidade originária (aquela que vem de raças, culturas e tradições) e em última análise não admitimos o seu Ser, e para admiti-la é preciso um não Ser, ou seja, ver o Outro como ele é.
Os poderes na modernidade cresceram por causa das imposições que as leis do Estado, as regras de conduta e aquilo que historicamente se chamou de “Contrato” que não é senão tornar o direito a consciência algo que seja submetido as regras e leis do Estado.
Não se trata de anarquia, regras de convivência social existente desde o homem primitivo que já se sabia vivia originariamente em grupos: em cavernas, nômades ou estabelecidos em territórios.
O que leva a violência é sempre submeter o Outro a nossa própria vontade, as nossas culturas, olhando para a do Outro como menor, menos culta, menos “evoluída” ou outra justificativa para não entender e respeitar culturas, crenças e etnias diferentes, então chega-se a violência.
O culto do Estado, Hegel chegou a dizer que ele era eterno e não é, muitos se modificaram ao longo da história desde a Cidade-Estado grega até as modernas sociedades democráticas, agora num novo reboliço.
A passagem bíblica que o “diabo” oferece os poderes terrenos a Jesus e ele rejeita é esta (Mc 4,8-10): “novamente o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, e lhe disse: “Eu te daria tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. Jesus lhe disse: “vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ´Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a Ele prestarás culto´.”.
Coloquei o diabo entre aspas, não para negá-la como existência ôntica, mas para ampliar a visão que se tem, onde os “reinos” que o diabo queria dar não são somente os Estados, mas também outras formas de Poder que estão dentro da humanidade, como Nietzsche afirmava em sua categoria “vontade de Poder”, que seria originária de todo homem e impossível de superá-la.
Coronavirus, eutanásia, mídias e poder
Já pontuamos sobre o poder das novas mídias, o conceito de psicopoder foi também explorado por Byung Chul Han, escrevemos um post sobre isto, mas agora voltamos ao biopoder.
Conforme pensava Foucault o biopoder tem duas formas distintas: uma chamada anátomo-política do corpo e outro da biopolítica da população, a primeira são dispositivos disciplinares encarregados do extrair do corpo humano sua força produtiva, mediante controle de tempo e espaço, no interior das instituições (vejam quantas fazem isto, incluindo as educacionais) e a segunda forma volta-se a regulação das populações inutilizando taxas de natalidade, fluxos de migração, epidemias e aumento da longevidade.
Veja-se discussões do corona vírus, migrações na Europa e problemas de longevidade na previdência social dos idosos, mas agora o caso perverso da “morte assistida” que evita gastos com idosos e permite que morram “assistidos”, claro cadeira elétrica também tem assistência, mas é para criminosos, ao menos supostamente, pois há enganos.
O coronavirus ameaça fugir do controle e os controladores do poder se assustam, poderiam pensar morrer uns poucos, talvez a maioria pobres, mas não é o que acontece, atinge a todos, no Irã até um vice-ministro da Saúde está doente, e diversos eventos estão ameaçados, alguns já cancelados e os testes para as Olimpíadas já estão ameaçados e até podem ser canceladas.
O biopoder, portanto, está fora de controle e o próprio poder pode sofrer com isto, bolsas caem, economias entram em colapso, o turismo e as viagens caem, enfim o biopoder também tem limites, mas tanto ele quanto a psicopolítica estão ainda majoritariamente no controle do estado.
As redes sociais, e nem sempre suas mídias formam redes, estas sim podem protagonizar novo e poderes e empoderamento de grupos, culturas e etnias que estão sob a tutela do estado.
Uma ontologia incompleta: a afirmação do Ser
A roda da Fortuna é o acaso porque a lógica do laissez faire, o acaso levado à economia, é também a lógica da afirmação do Ser, no sentido clássico; o Ser é e o Não-Ser não é, não há um devir.
O não-Ser também é Ser, a afirmação, a vontade de Poder, leva consigo a lógica da guerra, o dualismo, o maniqueísmo e seu destino falta é a guerra, a dificuldade de compreensão do Outro, o diálogo feito como forma de hipocrisia, porque no fundo, é a negação do Outro e a afirmação do Ser, na lógica “nós temos a verdade”, mesmo que dita de forma religiosa, é sua negação.
A impossibilidade do convívio, de onde surge a violência física, até a violência psíquica e moral, o desejo inconsciente de desmoralizar e minar o Outro, que é nesta lógica não-Ser, e assim vive-se de modo falso o momento que passa, como fugaz e com o sentido de máximo afirmação do Ser.
Parece loucura dizer que o não-Ser também é, mas é justamente no seu exercício que negamos a guerra, negamos o conflito como necessário, fazemos o dualismo tornar-se diálogo sincero e podemos entrar na lógica do Outro e descobrir um complemento do Ser, enquanto não-Ser.
Afirmar que o Não-Ser é destrói a lógica do poder, da exclusão, do conflito, porque permite ao Outro sua existência, nega a psicopolítica porque não tem necessidade de opressão “psíquica” do Outro, para afirmação do Mesmo, do espelho, mesmo que exercido coletivamente, é um nós egoísta e vinculado exclusivamente ao próprio poder e prazer.
Assim dizem os discursos contemporâneos sobre a filosofia, que enchem plateias e enaltecem filósofos e eloquentes religiosos: “você veio para vencer, afirme-se, diga que é o melhor”, etc.
A ontologia completa, é oposta também ao fundamentalismo religioso e ao farisaico, porque é exercida também enquanto não-Ser, diz o evangelista Mateus sobe o ensinamento do Mestre aos seus discípulos (Mt 5.38-39): “Vós ouvistes o que foi dito (ainda o é em nossos dias): olho por outro e dente por dente!, Eu porém, vos digo: “não enfrenteis que é malvado” Pelo contrário se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda!”, eis a lógica “oculta” do não-Ser.
A meia ontologia da afirmação do Ser não é a vivência do momento presente, é só a vivência somente em momentos de euforia, não é “eudaimonia” no sentido grego, porque é alegria do Ser físico e não da alma, não experimenta o gaudio, a alegria do Ser em sua totalidade, corpo e alma.
Felicidade e idealismo, entre sujeitos e objetos
O desenvolvimento do pensamento idealista, o mais forte e profundo da modernidade, deu ao homem um sentimento de domínio não só sobre a natureza, mas também sobre suas próprias possibilidades e alcance de suas vontades, achando que poderia determinar o futuro da história e de sua existência.
Assim da exploração dos recursos naturais, agora com sinais de esgotamento, assim como a exploração de povos e das forças de trabalho fizeram empreendimentos humanos alçarem voos e pretendendo agora a conquista de planetas e do universo, mas descobrimos os limites humanos.
O primeiro e o principal deles é a finitude da vida, mesmo as culturas mais antigas elaboraram sempre alguma escatologia sobre a vida anterior e futura da humanidade, a modernidade entretanto tentou explorar ao máximo a sua finitude, o que vale é o máximo de felicidade na curta vida de todos nós, explorá-la ao máximo é o que basta neste ideário.
Mas o idealismo apontou limites, se é um projeto inacabado ou se já mergulhamos em outro projeto, modernidade tardia ou pós-modernidade pouco importa, a essência deste projeto era a finitude, e o que chamou-se de iluminação, felicidade, vontade e liberdade mostrou-se não apenas a finitude, como também os aspectos monstruosos desta concepção: ausência de imaginação (a subjetividade como é dito nesta forma de pensar), o desiquilíbrio humano e de forças naturais, e a ausência de paz.
O edifício idealista construiu uma sociedade cheia de objetividades, de construções maravilhosas, do alcance das forças produtivas quase até seu esgotamento, porém guerra e ódio cultural, religioso e principalmente ideológico, é parte importante neste edifício para manter a dualidade e com isto não se constrói a paz.
Separar o humano em dois pedaços, para depois esquadrinhá-lo, subjetividade e objetividade, não foi outra coisa senão apenas um edifício monumental que desconsiderou o essencial humano: a ausência de formas de felicidade reais que contemplem a todos e a busca de meios solidários de poder.
Não se trata que Deus morreu, mas que matamos ele, se não há um laço divino entre os homens, ele jamais poderá existir de forma transcendente (em uma verdadeira ascese), aliás, a transcendência idealista não é outra coisa que a separação entre sujeito e objetos, unificados por esta falácia da objetividade.
Sem recuperarmos os sonhos reais, a felicidade real, e os meios sociais para isto, andamos como sonâmbulos no escuro, como afirmou Edgar Morin.
A importância do legado de Droysen
Afirmamos na semana anterior (ver o post) que tanto a perspectiva do helenismo de Droysen (ele cunhou o termo) quanto a perspectiva do verdadeiro significado da história sua eram mais amplas, muito antes das críticas de Gadamer ao historicismo “romântico”, este autor que foi aluno de Hegel, já o tinha feito e com muita propriedade pois além de aluno, penetrou neste conceito do qual Hegel é fundador na filosofia moderna.
Johann Gustav Droysen (1808-1884) questionava o princípio da historicidade, e, muito antes do seu tempo questionou os historiadores sobre os fundamentos “científicos” de um certo perspectivismo e relativismo, assim como também indiretamente questionava Dilthey na tentativa de usar a história para fundamentar as Ciências do Espírito.
Droysen em seu Compêndio sobre a História (Grundriss der Historik) que não era adequado à História, tendo esta a pretensão de ser ciência, tomar seu método emprestado de outra perspectiva do conhecimento, que é a ciência natural, mesmo que como “exemplo”.
A solução por ele apresentada, parecida a de Gadamer, sintetizável na noção metodológica de Compreensão Investigativa (forschendes Verstehen), visava dar a História a possibilidade de uma ciência autônoma, assim para ele existe algo que precede ao dualismo explicação x compreensão, que é a história, o que chamamos na semana passada de “forma” do pensar.
A sua obra Compêndio da Historia (Grundiss der Historik) de 1857/1858 está disponível em versão espanhola (1983) e versão italiana (1989), ainda ser versão em português.
É de interesse particular, pelo menos o foi para mim, o capítulo 3 que trata do problema hermenêutico da compreensão, que dá uma noção da aplicabilidade do seu método.
A ligação que podemos e devemos fazer com a questão moral, do tópico anterior, pode ser encontrada na página 386 de seu trabalho Teologia dela Storia (tradução italiana):
“… nós temos a necessidade de um Kant, que examinasse criticamente não a matéria histórica, mas o movimento teórico e prático diante e no interior da história, e que demonstrasse, a exemplo de qualquer coisa análoga a lei moral, um imperativo categoria da história, a fonte viva da qual jorra a vida histórica da humanidade. ” (DROYSEN, 1966, p. 386).
Droysen observa naquilo que chama de “Sistemática” três tipos de comunidades éticas: “as comunidades naturais”, “as comunidades ideais” e “as comunidades práticas” (figura acima), e a elas relaciona da história, dito assim: “a nossa sistemática resultou da noção de que o mundo história é o mundo ético, mas enquanto concebido sob um determinado ponto de vista; porque o mundo ético pode ser considerado sob outros pontos de visa …” (Droysen, 1994, p. 413).
O seu devir, portanto, está longe da dialética hegeliana, mas ao mesmo tempo dialoga com ela.
DROYSEN, J. G. Teologia dela Storia. Prefazione ala Storia dell´Ellenismo II – 1843. In: Istorica. Lezioni sula Encilopedia e Metodologia dela storia. Trad.: I. Milano – Napoli: Emery, 1966.
_______. Istorica. Lezioni di enciclopédia e metodologia dela storia. Trad. Silvia Caianiello. Napoli: Guida, 1994.
O estado moderno e a in-formação
É impossível pensar o estado moderno, sem pensar em suas leis e o contrato social que se estabelece a partir delas, e não por acaso elas surgem após a prensa de Gutenberg (e o livro).
Pode-se pensar de modo igualmente ingênuo que isto é apenas teoria, é fácil demonstrar que não é a forma-ação da polis é impossível de se pensar sem a polis grega, e os pensamentos que vão desde os pré-socráticos até os contratualistas modernos: Thomas Hobbes, John Locke e o suíço (não era francês não) Jean Jacques Rousseau.
A in-formação do estado moderno vem da ideia básica destes pensadores é que a relação entre governantes e governos devem se estabelecer na forma de um contrato, e que discutem de fundo é que o homem é lobo do homem Thomas Hobbes, o homem é determinado pela relação social John Locke, isto é nasce bom e o meio o molda, e homem é um bom selvagem que o meio o corrompeu, o pensamento de Rousseau.
O que alguns autores contemporâneos vão dizer é que estas formas, ou estas regras de dominação social entraram em colapso, quer seja pela emancipação do espectador como advoga Jacques Rancière, quer seja pela falência das regras do parque humano como explora Peter Sloterdijk, claro há outras interpretações possível, como a conservadora em moda, retomar o estado sólido.
O Oscar do Parasita
Estava convencido que a Academia daria este ano o Oscar ao Coringa, mas não por razões políticas, parecia por retornar a valores nacionalistas e autoritários pelos filmes.violentos e autocráticos.
Diferenciando autocracia difere da ditadura, quando o poder (Kratos) é exercício por si próprio (auto) significa o poder pelo poder, enquanto ditadura é a negação da democracia, e o que emergiu no mundo contemporâneo é uma mistura das dois pessoas, em eleições livres.O Coringa teve o premio justo é uma boa atuação, é razoável que se dê o Oscar de melhor ator, embora o personagem seja uma mistura patológica de ingredientes maldosos, com a indicação a 11 categorias e foi um sinal de certo “exagero” pelo filme, mas foi o que resultou foi justo, e a Academia provou que está viva e mantém o senso crítico.
Lembro que A Malvada (1950) e Titanic, além do recente La la Land que tiveram 14 indicações.
Os Dois prêmios dados, por critério exclusivamente artístico (esquecendo o ético e o político), para mim seria apenas de ator mas ganhou também melhor trilha sonora.
Barbadas foram Brad Pitt melhor ator coadjuvante, melhor roteiro adaptado Taika Waititi em Jojo Habbit e Bong Joon Ho diretor de Parasita.
Tinha decidido não comentar, mas a indicação de Dois Papas (do brasileiro Fernando Meirelles) e o polêmico documentário A democracia em vertigem, a propósito do que afirmo aqui, ia na contramão do Coringa, mas O Parasita ganhou e mereceu as 4 estatuetas, e premio de consolação para roteiro adaptado de Dois Papas.
Deixo meu protesto, sem dúvida 1917 (3 estatuetas) tem grandes qualidades e poderia ganhar mais, e parabenizo quem assistiu Parasita (Oscar de direção) sabe que merecia, o filme quase nos hipnotiza e Era uma vez em Hollywood (2 estatuetas) mereciam mais, surpresa a melhor atriz para Renné Zellweger em Judy: Muito Além do arco-íris.
Por último como animação a estatueta foi para Toy Story 4 que julgo merecido.