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Pequena história da Ucrânia
No século III a região foi habitada pelos godos (250-375), a região era chamada de Aujo, ali havia uma cultura cherniacove, os ostrogodos se estabeleceram em 350 com influência dos Hunos, ao norte havia um povo que tinha uma cultura de Quieve (depois mais tarde Kyiv ou Київ).
A origem da Ucrânia de hoje está em tribos eslavas que chegaram a este território nos séculos V e VI, no século IX chegaram invasores vikings, chamados variagi, os mongóis invadem em XIII, o rei Igor I com uma jovem adolescente variagi chamada Olga uniu os povos, este reino chamado Rus tinha como capital Kiev, o rei vai ser morto e Olga assume o poder com grande vigor e coragem, e domina os povos, Olga ocupará um papel especial e depois se converterá ao cristianismo com grande obra a favor dos pobres.
Olga é um capítulo a parte, depois de ser uma rainha forte e até certo ponto cruel com seus inimigos, o filho assume o reinado e ela se converte ao cristianismo, construiu igrejas, fez campanhas de evangelização, não conseguindo, porém, converter o filho Sviatoslav (Esvetoslau I), ajudou de tal forma os pobres e as pessoas doentes que se tornou uma santa reconhecida pela igreja ortodoxa no ano e pela igreja católica de rito bizantino, seu filho não se converteu, porém seu neto Vladimir I se converteu e também foi declarado santo.
Os variagi comandavam vários pontos estratégicos na Rússia e exploravam o transporte e o comércio, assim durante o século X e XI, o território da Ucrânia tornou-se centro de um estado poderoso e prestigioso na Europa, chamado na época de Rússia de Kiev (lembre era o reino de Rus) e também foram base para muitas nações eslavas subsequentes (como a Grande Bulgária e a Bielorussia, por exemplo), além dos próprios russos que eram então apenas tribos eslavas dispersas.
O estado foi conquistado por Casimirio IV da Polônia, enquanto o cerne da antiga Rússia de Quieve passaram ao controle do Grão-Ducado da Lituânia, mas o casamento do Grão-Duque Jagelão da Lituânia com a Rainha Edviges da Polônia, trocou o controle dos soberanos lituanos para a maior parte do território ucraniano e assim retornou a Ucrânia.
Damos um salto na história, que é também rica do período medieval, uma guerra civil que durou 4 anos depois da revolução russa (1917) em 1921 a Ucrânia se torna república socialista soviética, com expurgos e apropriações de terras que os agricultores ucranianos se recusavam a entregar, a Ucrânia é uma grande produtora de grãos.
O período stalinista e a ocupação nazista de seu território, que causaram mais de 10 milhões de mortos entre 1930 e 1945, a Ucrânia resistiu a coletivização russa e a invasão nazista, a Ucrânia no período soviético era responsável por ¼ da produção soviética no setor agrícola produzindo 40 milhões de cereais, um recorde para a época.
Por fim a problemática do território da Criméia, que tem origem na guerra de 1853 e 1856 onde houve um conflito entre a Rússia e uma aliança formada pela França-Reino Unido-Reino da Sardenha (hoje parte da Itália), em 2014 a guerra renasce com a tomada pela Rússia, seja esclarecido que havia um contrato entre a Ucrânia e a Rússia numa espécie de leasing para concessão do porto dos balcãs onde está a maior frota marítima da Rússia, em Sebastopol que era assim um território independente da Ucrânia.
Assim entre as análises mais absurdas, está aquela que diz que a Ucrânia seria inviável como estado independente, está fragilizada por uma guerra interna e sob pressão Russa.
Pandemia aumenta e países relaxam
A notícia é da BBC em português diversos países (Reino Unido, França, Holanda, Dinamarca, Espanha, Áustria, Finlândia, Bélgica, Grécia e Suécia), cansados da alteração da rotina muitos países, ambientes e até mesmo sanitaristas relaxaram no controle porque o isolamento é de fato difícil, no Brasil o número de mortes voltou a casa de milhares.
A pressão na realidade é política e econômica, e as autoridades se virão sob pressão de reabrir a economia e com isto liberar ambientes de comércio e convívio social, porém o custo econômico também poderá ser grave com o número de pessoas que vão se afastar, mesmo que seja por casos menos graves, é visível em alguns setores, no caso do Brasil, que muitos funcionários contraem o Covid na variante Omicron, e neste caso devem se afastar por ao menos 10 dias, mas também aqui foi reduzido para 5 dias, ou seja, menor precaução e mais contágio.
Na terça-feira passada (1/2) a OMS declarou a preocupação com este relaxamento, mas os comissários e sanitaristas europeus se apressaram em dizer que o fim da pandemia está próximo, há pequenos sinais de que o pico (ainda estamos nele) possa atenuar, mas é cedo demais para inferir que podemos relaxar, o normal seria esperar a curva baixa (gráfico).
Segundo a Agência Brasil o brasil registrou 197.442 mil casos na sexta-feira e 1.308 mortes em 24 horas, isto totaliza 26.473.273 casos e 631.802 óbitos, pelo alto número é muito improvável que os casos sejam apenas de não vacinados ou de crianças.
A vacinação das crianças em sua grande maioria ainda é a primeira dose, e em muitos estados no dia de hoje já estarão de volta as aulas, podiam ao menos esperar um pouco, mas os países que retornam aos postos de trabalham precisam ter onde deixar os filhos, assim a motivação também é econômica e não de preocupação de fato com as crianças.
É muito provável que a Pandemia entre num ciclo de arrefecimento, talvez não desapareça completamente, porém os cuidados deveriam ser mantidos e não é o que se observa, a menos de alguns países asiático onde procura-se elevar a tolerância a zero, um exemplo são as restrições da olimpíada de Inverno e no mundo árabe, o Campeonato Mundial de Clubes disputado em Abu Dhabi que são notícia no mundo todo, basta fazer uma comparação das medidas lá e as medidas aqui.
Olhar mais profundo sobre a guerra
Em tempos de crise o mais difícil é entender a profundidade e a extensão da crise: social, política, ecológica e humana, a pandemia acelerou a níveis maiores e não há grandes análises nem pensamentos que deem conta da realidade, na verdade, muito achismo e sofismo, saídas fáceis para problemas complexos, o pior deles uma possível guerra.
Karl Kraus reclamava do jornalismo e da mentalidade de sua época sobre a possibilidade de uma nova guerra, que de fato aconteceu a Primeira Guerra mundial, em sua ironia assim se expressava: “existem imbecis superficiais e imbecis profundos”, e pouco a pouco a guerra de fez.
A crise instalada entre a Rússia e os Estados Unidos retorna a tensão sobre a qual a humanidade viveu todo o período da guerra fria, que aparentemente havia se afastado, mas lembramos da crise de 2014 na própria Ucrânia onde a Criméia voltou a ser posse russa, as várias crises com o Irã e o Afeganistão, a crise com a Coréia do Norte e a permanente crise com a China, que vai desde o campo comercial até o bélico.
Em meio a uma crise humanitária sem precedentes, já é tão grave quanto a gripe espanhola e a peste negra, a covid 19 agora se aproxima de uma endemia, uma doença com a qual teremos que conviver, mas é bom lembrar que os cuidados devem ser mantidos, e as autoridades de saúde não podem perder de vista o controle e medidas preventivas.
Peter Sloterdijk e Edgar Morin reclamam uma maior profundidade no olhar sobre a crise humanitária, já reclamavam antes da pandemia, certamente agora tem um olhar ainda mais aguçado e crítico sobre a superficialidade com que tratamos de temas tão graves e com necessidade de uma análise profunda, neste momento: uma possível guerra.
Olhando as análises parece que a mídia está interessada em possibilidades de vitória de um dos lados, de estratégias e posicionamentos que cada lado pode tomar, um possível corte no gás russo que abastece a Europa que está em pleno inverno, mas as consequências humanitárias e mundiais para todos, com maior gravidade para Rússia e Ucrânia é claro, pode ter consequências que tornem o próprio planeta e a civilização irreconhecíveis se o alarme de guerra soar, todos perderão e os mais pobres serão levados a penúria total com aumento de preços e escassez de alimentos.
Sim as etapas de negociação continuam, a Rússia reafirma que não invadirá, mas o acúmulo de forças em torno da Ucrânia é uma escalada proporcional apenas ao período da segunda guerra mundial, o posicionamento é também estratégico para uma guerra, o conselho de segurança da ONU que no processo de revezamento agora tem a Rússia na presidência, se reúne para tentar viabilizar a via diplomática.
Quem cederá, o que é possível cada lado ceder, a OTAN não tornar a Ucrânia país membro e a Rússia deixar de dar apoio as forças que atuam internamente na Ucrânia, porém o raciocínio de que há uma polarização ideológica planetária não pode ser deixado de lado, a origem da tensão é esta polarização e ela está presente hoje em todos país, uma nova cultura de paz é necessária para a humanidade, e esta profundidade da reflexão não pode ser deixada de lado.
Covid 19: avanço do número de mortes
O ritmo e a curva em cada país são diferentes, a Europa ainda em pleno inverno viu a curva aumentar exponencialmente e só depois tomaram medidas sanitárias, em alguns países inclusive com lockdown, os países asiáticos em especial China e Japão enfrentaram com medidas rigorosas de isolamento e tiveram sucesso no controle da nova onda, as olimpiadas de inverno que estão para começar em Pequim não terão público e as medidas para as delegações tem sido de um rigoroso controle de testagem.
Uma epidemiologista da OMS Maria D. Kherkhove alertou para a suposição de que o vírus ficará mais suave com as mutações: “Não há garantia disso”, é claro esperamos que sim: “mas não há garantia disso e não podemos apostar nisso”, justificando que medidas sanitárias continuam sendo extremamente necessárias.
No Brasil observa-se um número crescente tanto de infecções diárias, que se aproximam do recorde de 200 mil (gráfico), e um aumento de mortes diárias que ultrapassa as 800, com uma média móvel em torno de 500, o aumento é significativo e não há nenhuma tendencia de estabilização ou queda visível, vários estados registram alta, apenas Pernambuco, Pará e Rondônia registram estabilidade.
A política que acredita, por hipótese, que a pandemia está passando ou pode tornar-se uma endemia é ainda sem dados científicos claros, a própria gravidade da ômicron que é menos letal não tem uma avaliação precisa, trabalhar no preventivo quando se trata da vida é o mais prudente que as autoridades podem fazer.
Esperamos e como dissemos na semana passada, acreditamos no poder do pensar positivo e acreditar na esperança, que tudo pode estar próximo a um fim da pandemia, porém é necessário ainda cautela com decisões que liberam as pessoas e os eventos públicos que podem ser responsáveis por um número maior de infecções e mortes.
Forças cotidianas para a paz
Assim como podemos cultivar, a partir de nosso pensamento, em palavras e atos diversas atitudes que levamos ao dia-a-dia para a paz ou para sua ausência, podemos entender que não apenas a meditação, oração ou invocação da presença de alguém superior possa levar o mundo mais próximo ou distante da paz, são atitudes que brotam no coração.
Tomás de Aquino estabeleceu que a fé é um suplemento da razão, acreditar e ter esperança significam uma atitude de fé num futuro melhor, em tempos de pandemia e as suas consequências podem ser mais difíceis as atitudes positivas se pensamos apenas individualmente, mas se entendemos que é um problema social e que cabe a todos colaborar e aprofundar laços de solidariedade e ajuda mútua pode-se caminhar e evoluir para a paz.
A dificuldade de entender estes valores é porque nos fixamos em nosso pequeno mundo ao redor, ao invés de ouvir vozes mais amplas que clamam por Paz e solidariedade em todo o mundo, é preciso dar voz também aos que estão próximos e pedem por maior colaboração, conforme alerta a Bíblia Lc 4,24: “em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”, todos pensam por ser uma pessoa comum que suas palavras valem pouco ou que não deveria ser levada muito a sério, conforme esta passagem, logo após a leitura do trecho de Isaias em que Jesus confirma sua missão (libertar os cativos, dar visão aos cegos e anunciar a Boa Nova aos pobres) as pessoas de sua cidade Nazaré diziam: “Não é este o filho de José ?“, assim não poderiam as pessoas comuns expandir e propagar a boa nova e anunciar a paz.
É das ambições de poder e influência que os poderosos ampliam os conflitos e estendem suas redes, elas não trazem maior solidariedade ou sabedoria, trazem uma confusão de ideias e a profusão da divisão no seio social em situações de conflito e incompreensão.
A paz precisa de uma pausa de solidariedade, o reconhecimento que mesmo estando em menor condição de força, tem também seu direito a vida saudável e a paz social.
A guerra é sempre um contrassenso do que é justo e bom para todos, é assim uma visão unilateral da verdade que em geral desconhece o anseio e pensamento da pessoa simples.
Há forças que podem mudar uma catástrofe
A ideia de alguma catástrofe eminente para acontecer está no ar, não são apenas apocalípticos, mas cientistas da natureza que veem o esgotamento planetário (geleiras, extinção de espécies, alterações climáticas, terremotos, etc.), cientistas políticas sobre o tensionamento ideológico que volta a lembrar a guerra fria, e seria possível evitar ou ao menos ter uma reação positiva perante ela, a pandemia parece que foi um treino e o ensaio não parece bom.
Uma das descobertas misteriosas recentes feita por astrônomos é de um objeto em nosso “quintal galáctico”, que significa a 4 mil anos luz, foi encontrado um objeto espacial, já que ser uma estrela de neutros ou anã branca são apenas hipóteses, no qual este objeto produz poderosos raios de energia, o objeto estranho (foto) lança o feixe de poderosa energia que cruza a linha de visão da terra observado por astrônomos e publicado na revista Nature (disponível em ICRAR), são algo incomum nas observações espaciais.
Natasha Hurley-Walker, do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia da Universidade de Curtin, lidera a equipe que fez a descoberta e declarou: “Este objeto estava aparecendo e desaparecendo durante horas em nossa observação …. foi meio assustador para um astrônomo porque não há nada conhecido no céu que faça isso”, declarou.
Há também forças poderosas que agem em nosso meio, não se trata apenas de explorações baratas de orações ou sentimento positivo que possam levar a melhoria de um ambiente e das pessoas, um conjunto de palavras e ações levadas num sentido positivo para determinado problema pode e deverá conseguir resolver ou mudar situações em que o problema ou condições são grandes.
Além da pandemia, que alguns querem decretar o fim como se fosse simples assim, temos a tensão de uma guerra eminente, e não devemos ter dúvidas que todas as pessoas que possam falar, pedir, meditar ou orar para que uma atrocidade deste tamanho não ocorra devem fazê-lo, na guerra só os civis, os pobres e os mais fracos que sofrem, não há nenhuma solução palpável ou saudável que venha de catástrofes provocadas.
Um apelo para a paz
A tensão nas fronteiras entre a Rússia e a Ucrânia crescem, depois de estacionar mais de 100 mil homens na região norte da Russia, ao norte, enquanto uma boa região da Ucrania segue com conflitos onde estão as cidades de Luhansk e Donesk, onde os rebeldes pró-Rússia ainda controlam parte do território e é uma região onde mais de 50% da população fala o russo como língua nativa.
A crise teve já um apogeu em 2014, quando os ucranianos depuseram o presidente pró-Rússia Viktor Yanukovych, em manifestações que ficaram conhecida como EuroMaidan porque a maioria dos ucranianos apoiavam a adesão à Zona do Euro e o presidente não, após diversas batalhas, algumas sangrentas com lutas armadas, o presidente foi deposto e foi eleito Petro Poroshenko, que prometia combater a corrupção e pacificar o pais, e em 2019 foi eleito o roteirista e ator Volodymyr Zelensky, a Ucrânia é semipresidencialista, então o primeiro ministro efetivamente governa, atualmente é Denys Shmygal.
As eleições acontecerão no próximo ano e o presidente ocupa a terceira posição, assim a Rússia sabe da fragilidade interna, enquanto tornar a Ucrânia um país da Otan significa a derrota das forças pró-Russia que atuam na região da Luhansk e Donesk.
As conversações que acontecem hoje com a presença da França, Alemanha e da Ucrânia com a Rússia terá como pauta principal a questão do conflito interno no norte da Ucrania, já que os Estados Unidos e o Reino Unido seguem uma linha de confronto com Putin e não descartam punições econômicas, e em caso de invasão retaliações, ambos países já enviaram tropas e armamentos de apoio à Ucrânia, também o fizeram a Lituânia, Estônia e Letônia, enquanto a Bielorrússia (que faz fronteira com a Ucrânia) recebeu caças e armamentos.
A Rússia fez exercícios bélicos no Mar Negro e deverá fazer um treino conjunto com a Bielorrússia no próximo mês, na medida que as negociações aumentam Putin ao mesmo tempo que aumenta a pressão com forças militares nas fronteiras repete que não pretende invadir a Ucrânia, mas a lista de exigências que faz é enorme, a principal delas é que a Ucrânia não ingresse na Otan, mas não cede em nada.
A posição da China é discreta até o momento, basta lembra que a China é a maior parceira comercial da Ucrânia e grande compradora de grãos e carne.
Entretanto a crise atual já é comparada a crise dos misseis em Cuba na década de 60, mais precisamente em 1962 em que o mundo ficou perto de uma guerra mundial.
No dia de hoje (26/01) os sites do governo da Ucrânia sofreram forte ataque de Hacker entretanto poucos sistemas do governo ficaram fora do ar, em resposta o sistema de ferrovias da Bielorrussia sofreu um ataque atrapalhando os comboios russos.
Faltam dados e sobram fatos
A Covid avança e embora a predominância seja da variável ômicron, já há uma nova variante IHU detectada na França, a pouca testagem e o número de casos assintomáticos indicam que os números podem ser bem maiores e por isto alarmantes, se de fato muitos casos são leves, a expansão é grave porque pode levar a muitas pessoas com as comorbidades necessárias para tornar os casos complicados.
Todo mundo tem um parente, amigo ou conhecido com a Covid agora, isto além das figuras públicas: jogadores e técnicos, jornalistas, apresentadores de televisão, artistas, etc. o número de casos é provavelmente muito maior do que as estatísticas públicas que são divulgadas.
A vacinação de crianças começou, mas é importante dizer que o maior número de internados continua sendo de adultos, não são dados precisos, mas basta perguntar a algum amigo ou parente que trabalhe em unidade de saúde para confirmar, assim é preciso também uma política de protocolos para os adultos, muitos cientistas e autoridades, a própria OMS, insistem que a pandemia não acabou.
Pela poderá tornar-se uma endemia é verdade, podemos caminhar para lá em alguns meses dizem alguns da comunidade científica, como a BBC, expressando a opinião do professor David Heumann, de epidemiologia de doenças infecciosas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres: “ela continuará por um bom tempo tornando-se endêmica”, disse referindo-se ao fato que todos os vírus tornam-se endêmicos e são tratados de modo sazonal como as gripes e outros coronavírus.
Mas o próprio jornal faz questão de ressaltar que a Covid-19 evoluiu de forma bastante imprevisível e, segundo especialistas, a variante Delta poderia ter sido muito pior, o fato é que naquele caso houve uma política sanitária e um enfrentamento da pandemia, agora tanto o público quanto as autoridades parecem pensar que a variante ômicron é boa, há até quem ache o absurdo que seria bom a tal “imunidade de rebanho”, isto é, a grande maioria das pessoas terem passado pelo vírus.
O diretor geral da OMS Tedros A. Ghebreyesus declarou na semana passada: “Não se enganem, a ômicron provoca hospitalizações e mortes, e mesmo os casos menos graves submergem os estabelecimentos de saúde”.
Lembramos que esta era a tese negacionistas original, e reafirmá-la agora, mesmo reconhecendo que a variante predominante hoje é menos grave, seria um erro muito grande.
Covid: Sistema de saúde pressionado e aumento de casos
O aumento registrado nas primeiras semanas de janeiro no Brasil dos casos de Covid, com predominância da variante ômicron é muito alto e não há tendência de estabilização, o sistema de saúde está pressionado pelo aumento das internações e pela presença da gripe H3N2 que também já apareceu, em geral é esperando só no começo do inverno por volta de abril e maio, mas este ano chegou mais cedo.
Os números são incertos porém há um significativo aumento (veja o gráfico), há pouca testagem e uma pane nos dados do Ministério da Saúde que se arrasta por mais de um mês, isto prejudica a adoção de política e o controle efetivo da pandemia, conforme explicou aos órgãos de imprensa o infectologista e pesquisador da Fiocruz: “A gente não consegue planejar a abertura de novos serviços hospitalares, de centros de testagem, abertura de novos leitos e entender as regiões onde o impacto da nova variante é maior” e os números deverão crescer no mês de fevereiro.
É um fato que a infecção desta variante é menos grave, porém não é certo que esta seria um indicativo de final pandêmico e os cuidados deveriam se manter, as festas de final de ano e a liberação de eventos públicos, já há algum retrocesso nestas medidas, foram vetores de propagação da variante que é mais infecciosa que as anteriores.
O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis negou que a variante ômicron possa ser o final da pandemia salientando que probabilisticamente as mutações são caóticas e não é possível prever a próxima variante ou algum ponto de enfraquecimento linear do vírus, o provável é que tenhamos que conviver com ele ainda por um bom tempo, e o neurocientista alerta o que já está acontecendo na Inglaterra e Estados Unidos onde o sistema de Saúde pode colapsar a qualquer momento, uma vez que está pressionado. e alerta que é possível chegarmos a um ponto de Covid crônica, isto é um estado que o sistema hospitalar não pode mais dar conta do volume de casos que acontecem e com tratamentos paliativos apenas sem conseguir tratar efetivamente a doença.
Com os números deste final de semana no Brasil, chegou-se a próximo de 50 mil casos diários, a expectativa é devem crescer até o final de fevereiro e o sistema de saúde já pressionado poderá entrar em colapso, enquanto as autoridades monitoram sem dados realmente válidos e confiáveis da pandemia.
A vacinação de crianças começou no Brasil, na idade de 5 a 11 anos, com a vacina Comirnaty ( Pfizer/BioNTech) porém o número de doses disponíveis é incerto, as secretarias de saúde tem aberto inscrições para agendamento que além de evitar aglomerações poderá fazer uma previsão na medida que tiverem doses disponíveis.
Caos pandêmico e negacionismo estrutural
As medidas de restrições deveriam ter continuado, mas o que se observa é uma liberação de aglomerações e ausência de protocolos claros, em todo mundo há um aumento de caos, aproximando-se dos 3 milhões diários, no Reino Unidos há uma explosão de casos (ver gráfico), estudos da França revelaram 46 variantes, a ômicron ainda é predominante, porém há o risco de novas mutações se a pandemia não for contida e a única arma disponível é a vacinação, entretanto, medidas sanitárias rigorosas já deveriam ter sido tomadas, aos poucos: voos, restaurantes e aglomerações voltam a ser proibidas (lá), mas sem a força necessária das autoridades públicas.
Não é diferente no Brasil, onde chegou-se a mais de 56 mil internações só na cidade de São Paulo, porém o discurso público é que são apenas pessoas que não tomaram vacina ou que os casos não são tão graves, porém a própria OMS alerta para a gravidade da ômicron, sendo o primeiro efeito imediato colocar o sistema de saúde em colapso, em São Paulo a ABLOS (Associação Brasileira de Lojistas Satélites) pedirá aos shoppings redução de horário de funcionamento pela falta de funcionários devido a covid.
Estudo da Universidade de Washington indica que o Brasil poderá chegar a um milhão de casos diários, em curto prazo, até o final do mês de janeiro, a influenza H3N2 avança, no entanto, a maioria dos casos ainda é da covid 19 com a variante ômicron. A China estoca alimentos não está declarado que seja apenas pela questão da ômicron ou há algo mais.
O líder indígena Ailton Krenak, do povo da região devastada do rio Doce, disse em entrevista no programa Bom para Todos da TVT que falar em novo normal é muito próximo ao negacionismo, aquilo que precisa ser mudado e não é significa que achamos bom o estado anterior de despreocupação com a vida e com a natureza, é a própria natureza que nos impele a uma mudança de hábitos, a um novo modo de viver, e se não aprendermos rápido ficaremos presos a novas pandemias e crises cíclicas.
É assim mesmo, não tem como mudar, diz o discurso conformista, ou pior aquele que deseja devastando vidas voltar a uma normalidade ainda impossível não apenas devido a pandemia, mas agora também por uma realidade social sofrida e com apagões e dificuldades de reestruturação, como alerta Krenak não há novo normal é preciso lidar com a realidade por mais dura que ela seja.
Mesmo com a ausência de dados claros, desde o final de dezembro o Ministério da Saúde vive um apagão de dados, causado por hackers, porém não conseguiu se reestruturar, também a testagem e controle em atividades coletivas foram suavizadas, basta ir a qualquer evento social, a restaurantes ou igrejas, já não há medida de temperaturas e as necessárias observações de distanciamento, é o que chamamos aqui de negacionismo estrutural.
Espera-se alguma medida, mas de cima para baixo, parece uma política intencional, há um descontrole em ações e uma relativização da gravidade pandêmica.