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Covid: tsunami na Europa e falta de protocolos
A Europa iniciou o ano com 4,9 milhões de contágios em uma semana (59% a mais que a semana do Natal), é um contágio sem precedentes, com predomínio da variante ômicron, com 10 países enfrentando as taxas mais altas do mundo, liderados pela Dinamarca (2.045), Chipe (1.969) e Irlanda (1.974), a Europa toda ultrapassou 100 milhões de contágios, a região que vai da Costa Atlântica, até os limites da Rússia e Azerbaijão (veja o mapa de infecções por 100 mil hab. na Europa).
O Brasil ainda com taxas baixas de infecção e mortalidade, mas já com alguns casos de surtos, um cruzeiro que desembarcou no país e alguns locais onde houve festas e aglomerações (no Rio de Janeiro os casos triplicaram após as festas, conforme o site uol), mostram que a nova variável é realmente propícia a um contágio alto, e as vacinas não são eficazes, mesmo aos que tomam a terceira dose.
Há um discurso, vindo principalmente da área política, que a nova variante significa uma imunidade de rebanho, isto é seria a fase final da pandemia, porém não está provado que esta infecção causaria algum tipo de imunidade e que não haveria novas possibilidades de variantes, e já há casos de infecção dupla de H3N2 e a variante ômicron, chamada de flurona, são vírus diferentes é claro e o tratamento é mais complexo por isto, também os efeitos desta combinação deve ser analisado de modo mais preciso.
Há medidas pontuais em cidades e estados, enquanto o governo segue sua linha de negacionismo, porém a ausência de protocolos gerais indica a pouca consciência, após dois anos de pandemia, da importância da co-imunidade, isto é, nenhum tratamento deveria ser isolado ou apenas pontual, mas ter protocolos gerais, por exemplo, para voos, navios que atracam nos portos, cidades com grandes populações, eventos e festas, etc.
A simples vacinação, que não deve parar é claro, pode ser ineficaz para o combate a uma variante que dribla os efeitos da vacina e ter um poder disseminador muito maior.
Também monitoração, que é necessária e deveria ser acompanhada de testes, é uma medida de protelar os perigos e prevenções que devem antecipar ao perigo de uma tragédia.
O que esperar de 2022
Não há nenhum salto quântico de um ano para outro, é um dia de um ano que sucesso ao primeiro dia do ano seguinte, embora para efeito fiscal, político o último dia do ano seja de balanços econômicos e fiscais, e de início de um novo orçamento para o ano que se inicia.
Tradicionalmente o primeiro ano é também o dia da Paz, e na cosmogonia cristã a visita dos reis magos (não cristãos) que visitam o menino-Deus que nasceu e fogem das ameaças de Nero, é também uma referência ao diálogo entre os povos.
O dia de ontem foi marcado por uma conversa bilateral entre Joe Biden e Vladimir Putin, solicitada por este segundo a CNN, na pauta embora tenha sido falado que são as “relações diplomáticas bilaterais”, está a tensão na Ucrânia devido a concentração de tropas na fronteira e a chamada Bucareste Nine, nove nações da OTAN (Romênia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Bulgária, Estônia, Letônia e Lituânia).
Qualquer avanço sobre a Ucrânia significaria uma resposta da OTAN através da Bucareste Nine, porém o envolvimento global no conflito não é impossível, assim este diálogo tem uma importância fundamental para se manter a paz.
A nossa maior esperança é o fim da pandemia, mas temos a ameaça da nova cepa e ainda da gripe H2N3 cuja vacina já está pronta e funciona, assim é fundamental uma boa campanha de vacinação que abranja toda a população, agora numa perspectiva de co-imunidade, isto é, que todos os países tenham vacina disponível, com ajuda da OMS.
A variante ômicron avança, porém, as medidas preventivas não estão sendo tomadas, quer seja pelo esgotamento das forças de contenção (a população está cansada das restrições) quer seja pela fragilidade política dos governos, quer seja por um negacionismo, agora estrutural, que avança, uma vez que “as vacinas não funcionam”, em parte é verdade, mas elas restringem a gravidade das infecções.
Não se pode esquecer o equilíbrio ecológico, é preciso um avanço significativo nesta direção, não basta a mudança política, é preciso que elas promovam mudanças estruturais.
Com tudo isto é preciso ter esperança, é preciso lutar e ter sempre em frente alguma coisa boa para pensar, agir e solidarizar com os que sofrem.
2021 foi um ano da esperança
O início da vacinação contra a covid 19, o reequilíbrio das forças políticas (Joe Biden tomou posse nos EUA, Olaf Scholz substitui a primeira-ministra Ângela Merkel depois de 16 anos do poder e a recente eleição do ex-lider estudantil Gabriel Boric como presidente do Chile), mostram que a guinada para o conservadorismo está contida, mas houve guinadas a direita como a retomada de militares em Myanmar depondo a presidente eleita Aung Suu Kyi.
Embora com muitos acordos e notícias promissoras, a Bélgica por exemplo vai desativar suas usinas nucleares (porque apresentam perigo inclusive), o desiquilíbrio ambiental é tema não apenas daquilo que ocorre com a vegetação viva do planeta, as águas e clima, mas principalmente fenômeno naturais que emergem de forma perigosa: vulcões em atividade, incêndios florestais, tempestades (recente tragédia na Bahia), polos magnéticos e preocupação com terremotos e movimentação das placas tectônicas, fenômenos espaciais por enquanto estão no campo da ficção e da imaginação fértil.
Apesar do avanço da vacinação terminamos o ano preocupados com a nova variante ômicron, já é a maioria dos casos de infecção, preocupa a Europa e tem um avanço significativo em outros países, incluindo o Brasil, e vem aliada a uma nova gripe H3N2 que já tem vacina, entretanto a variante ômicron parece driblar as vacinas atuais, mesmo com 3ª. dose.
A esperança persiste, embora cansados do isolamento, que teve breves momentos de relaxamento nas medidas preventivas, porém é preciso precaução e resiliência.
O final de ano, as férias e a tendencia de aglomerações no Brasil são preocupantes, em meio a outras tragédias como a das enchentes na Bahia, as autoridades parecem com pouca ou nenhuma capacidade de reação e intervenção diante de uma nova onda possível no país, o número de óbitos que havia caído da faixa da centena, voltou a se elevar para 117 no dia de ontem (29/12), e alguns hospitais já percebem a elevação do número de casos, o país já tem 80% de vacinação na população-alvo.
A palavra “esperança” parece ser a predominante para caracterizar este ano, o que se espera para 2022 dependerá não apenas desta palavra como do uso de medidas preventivas corajosas e não apenas “monitoramento” da situação que é uma medida protelatória, que não evitará a infecção quer seja da gripe H3N2 quer seja da variante ômicron.
Esperança ativa, não apenas esperar e sim agir para que ela aconteça, o lançamento do telescópio espacial James Webb seja para olhar não apenas nosso passado e nossa origem, mas um futuro promissor capaz de construir uma nova humanidade, um mundo mais justo e fraterno.
Os inocentes e a epistasia
Muito se comentou em tom irônico sobre possíveis variações genéticas por causa da pandemia, o fenômeno existe, embora raro ele ocorre quando há a interação de genes para influenciar alguma característica da espécie, o caso clássico foi estudo por Bateson e Punnett, que estudaram um tipo de crista que aparece em galinhas, e é determinado por dois genes independentes (que equivale a dois pares de alelos), claro não é o caso das vacinas, apenas para esclarecer a questão científica.
A inocência reside em entender a mutação do vírus como capaz de induzir ou influenciar uma mutação genética humana, claro o nosso sistema imunológico é afetado, como estudos que tentam correlacionar HIV com a variante ômicron, mas isto não significa até o momento nenhuma mutação genética humana.
Entretanto a epistasia tem sido importante para estudar a variante ômicron, neste caso o vírus e não a vacina, segundo reportagem da BBC News, o professor Ed Feill, professor de evolução microbiana da Universidade de Bath, na Inglaterra: “Se a variantes tem mais mutações, isso não significa que seja mais perigosa, mais transmissível ou que tenha maior capacidade de evadir o efeito das vacinas”, e muitas conclusões prematuras sobre esta variante não tem uma base científica sólida.
A confusão é que o vírus sofre variações, mas não tem fundamento imaginar que estas mutações afetem o código genético humano, diz o professor: “na medida que um vírus evolui, ele pode acumular um grupo de mutações que, por sua vez, podem criar uma variante”, “… e para detectar as novas variantes: “os cientistas rastreiam a sequência genômica do vírus”, e neste caso os estudos de epistasia são fundamentais para detectar variantes.
O biólogo evolucionista americano Jesse Bloom, em artigo recente no jornal americano The New York Times, chamada a atenção para a variante alpha que tem uma mutação chamada de N501Y, que está associada a capacidade de infecção.
É importante compreender que a variante ômicron não está completamente decifrada, justamente por causa do seu número de mutações em sua epistasia mais difícil de detectar e entender: “isso abre mais espaço evolutivo para isso”, afirmou Feil na reportagem, e assim a pesquisa tem que observar combinação que não foram vistas antes.
Nem inocência de afirmar que há alguma mutação genética humana, nem inocência de afirmar que a variável ômicron está controlada porque oferece “menos perigo”.
A OMS tem uma classificação de variantes em “preocupação” e “interesse” conforme o quadro acima.
Cuidados devem continuar e a variante ômicron
Os protocolos e cuidados continuam sendo fundamentais para evitar a transmissão do coronavírus, é o que diz qualquer nível de governo ou responsáveis pela saúde, em todo o mundo e também no nosso país, por isso, todas pessoas, incluindo as vacinadas, devem continuar com todas as medidas de prevenção individual e coletiva.
Os números no país têm caído, embora já haja uma manifestação de transmissão coletiva e em paralelo do novo vírus da gripe H3N2, porém os casos de transmissão comunitária (aquela que não veio do exterior) da variante ômicron já se manifesta em várias regiões do país,
Escolhido pela revista Nature como um dos 10 cientistas mais influentes em 2021, o brasileiro Tulio de Oliveira foi chefe da equipe que descobriu a variante ômicron, e disse que as punições a países quando novas variantes são identificadas, como restrições e fechamentos de fronteiras, desestimulam cientistas a publicarem os fatos para evitar estas punições.
Segundo entrevista dada a um portal brasileiro, Oliveira disse que “Eu acho importante agir rápido e a transparência cientifica”, disse. “Porque isso deixa preparar os hospitais e o mundo. A gente tem a variante super transmissível, a ômicron, mas os hospitais foram preparados. A gente não está tendo os hospitais completamente cheios, o oxigênio foi preparado, então a mortalidade está baixa”, explicou ao mesmo tempo que denunciou a influência política que pode afetar as divulgações científicas.
Os casos ainda são poucos, mas podem crescer, os cientistas são unanimes em afirmar que a transmissibilidade da variante ômicron é grande, no Brasil há 56 casos suspeitos em 9 municípios do Rio de Janeiro, em vários estados como São Paulo, já há casos de transmissão comunitária, e o alerta das secretarias de saúde ainda é pequeno, mas monitoram.
Os sintomas são parecidos a um resfriado com dor de garganta, coriza e dor de cabeça, porém não significará que a covid leve ocorra sempre, haverá casos graves.
A capacidade da ômicron de bular as vacinadas significam que há um potencial maior para atingir mais pessoas que a variante delta, e não se sabe ainda o que vai ocorrer com idosos, a maioria dos casos no Reino Unido, por exemplo, é abaixo dos 40 anos.
Nova onda pandêmica e gripe
A Europa aumentou as restrições devido ao avanço da Covid-19, a nova cepa ômicron já é predominante nas infecções, a Dinamarca proibiu locais de aglomerações e a Holanda decretou novo lockdown, o Reino Unido já estuda como inevitável a retomada de restrições de movimentação e vários países europeus retomaram estas medidas.
Já há casos comunitários no Brasil, isto é, infecções em pessoas que não tiveram viagens recentes ao exterior, mas vendo a crise externa a preocupação deve se manter, e o passaporte da vacina, fonte de crise entre o governo e a área judicial, é importante para manter uma barreira para a propagação da variante, que promete ser rápida criando uma nova onda pandêmica.
O vírus da gripe H3N2 já está em 10 estados do Brasil, seus sintomas são: tosse, congestão nasal, febre e dor muscular, mas pode ser confundido com outras doenças incluindo a covid para isto é necessário um exame PCR para ter certeza qual o vírus responsável pela infecção, no estado do Rio de Janeiro, um dos mais atingidos pela gripe, são 20 mil infecções e 5 mortes, Alagoas e Bahia também registraram mortes.
Embora a vacina para gripe influenza não funcione para esta nova cepa, é importante tomá-la porque aumenta a imunidade, pois foram projetadas para H3N2, mas a variante presente no Brasil chamada Darwin escapa desta imunidade.
Embora haja controvérsias sobre estes dados, parecem exagerados, o Ministério da Saúde informou que 67,9 milhões de doses da vacina contra a gripe foram aplicadas no país, isto representaria uma cobertura vacinal de 71,2% do público-alvo da campanha.
Outro caso recente que foi crise entre o governo e área judicial é a aplicação da vacina Pfizer em crianças, a faixa menos vacinada da população, aprovada e recomendada por médicos, o governo tentou proibir sem êxito, mas o problema do passaporte da vacina segue ainda num imbróglio jurídico pois o STF entrou em recesso.
Nova pandemia com mutação do vírus
Embora os dados ainda não sejam definitivos, e algumas vezes são contraditórios como é o caso da vacina Pfizer, é certo que a eficácia de proteção contra a nova variante ômicron é muito pequena, na casa de 10 a 20% dos casos e há vacinas que não tem eficácia nenhuma provavelmente porque os laboratórios não dizem nada.
Em relação a Pfizer, a Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA, em inglês) afirmou na sexta-feira passada (10/12) que “Essas estimativas iniciais devem ser tratadas com cautela, mas indicam que alguns meses após a segunda dose há um risco maior de pegar a variante ômicron em comparação com a Delta”, declarou Mary Ramsay, chefe de imunização do UKHSA, ao jornal CNN.
Na mesma notícia o jornal indica que quando a dose se reforço é feita com a vacina Pfizer, a eficácia aumenta 70% para os que receberam inicialmente a AstraZeneca e 75% para os que receberam a vacina Pfizer, porém os laboratórios de ambas trabalham acelerados para uma nova vacina que combata a variante.
A OMS declara que os dados ainda são insuficientes para estabelecer o quadro clínico da gravidade provocado pela ômicron, mesmo que muitos dados indiquem até o momento que os casos na África e Europa onde os sintomas são “leves a moderados” é preciso aprofundar as análises e estudos para entender o que a variante provoca nos infectados.
O número de óbitos registrados no sábado no Brasil foi inferior a 100, mas 9 estados e o Distrito Federal não mandaram dados, enquanto se observa já uma elevação de infecções e mortes nos estados do Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Sergipe, a transmissão comunitária da variante ômicron teve o primeiro caso em São Paulo, é considerada comunitária quando o paciente não tem histórico recente de viagens ao exterior.
O que fazer diante da gravidade do quadro e a eminência de uma nova pandemia, é fato que todos estamos cansados das restrições e do avanço das dificuldades sociais e econômicas, porém a vida deve ser um valor superior a qualquer outra dificuldade e assim os cuidados devem ser retomados e mantidos conforme o caso.
A OMS diz que estamos mais preparados, de fato, mas tanto o sistema de saúde como a população estão cansados pelos esforços redobrados durante a pandemia e este quadro também deve ser analisado, criar mecanismos que as pessoas estejam menos pressionadas e possam de alguma forma extravasar as energia e manter o equilíbrio social, pessoal e econômico.
Catástrofes naturais e sociedade
Embora a ciência ainda tenha dificuldades de prever catástrofes naturais, a imprevisibilidade é um grande tema atual para diversos campos de estudo, a ação humana sobre que podem ampliar a problemática destas catástrofes devem ser repensadas.
Não se trata apenas de interferir em terremotos, rotas de asteroides, problemas climáticos e as mudanças no campo magnético do planeta, o problema é a dimensão social que cada catástrofe pode tomar, assim o vulcão Cumbre Vieja em La Palma, que não vítimas fatais, mas o problema da qualidade do ar, do desalojamento de famílias, da perda de renda familiar entre outros, o que preocupa é a possibilidade de uma catástrofe social, no momento, o governo de lá declara que o vulcão pode adormecer.
A catástrofe de Semeru na Indonésia, que contabilizou 34 mortos até o dia de ontem, e cuja previsibilidade não foi possível é uma fatalidade, porém o tsunami em Fukushima em 2011 que afetou uma usina atômica e tornou toda uma região inabitável tem a imprudência humana de construir usinas em áreas sujeitas a catástrofes, alerta para um grave e antigo problema: as usinas nucleares, os milhões de litros de água usada para resfriar a usina agora inativa, mas radioativa, foi despejado no mar.
Países europeus são os que mais usam usinas nucleares, e uma crise de abastecimento de combustível fóssil, em sua maioria vindo da Rússia, é um problema correlato, que agrava ainda mais o perigoso social, olhando o mapa (figura) percebemos também que muitas usinas estão na beira-mar e o risco de tsunamis é ainda mais grave, Fukushima ensinou.
No mundo 17% da energia utilizada é nuclear, 40% ainda é de carvão, o combustível mais antigo típico da primeira revolução industrial, o fóssil (petróleo) é 40%, hidráulico e eólica é apenas 2% com previsão de 3% para 2024, um crescimento muito pequeno para ser considerado um esforço que possa revelar uma mudança de cenário, claro que há interesses econômicos associados.
O grave problema das usinas nucleares, que podem ter elas próprias, acidentes como o de Chernobyl, não pode ser menosprezado o problema grave de alguma catástrofe natural que possa afetar os problemas das usinas, com enormes perdas sociais (em geral só se pensam as econômicas, que estão associadas é claro) que um desastre poderá causar.
No mundo são 440 usinas em funcionamento e 23 sendo construídas, a Europa tem 207 usinas e 7 em construção, pelo mapa se observa o enorme número a beira mar, em regiões habitadas e sujeitas a terremotos (as falhas tectônicas por exemplo), depois da Europa segue a América do Norte com 123 usinas, Japão, China e Coréia com 82 e 7 em construção.
Catástrofes naturais ocorrem, a Alemanha decidiu que não vai instalar novos reatores e que os atuais serão desativados após sua vida útil (32 anos no seu caso), a Turquia também abandonou a ideia de construir sua primeira Usina, no sentido oposto o Brasil após a inauguração de Angra-2 (situada a beira-mar) já discute Angra-3.
Uma completa consciência social deve antever também problemas graves que uma catástrofe nuclear poderia causar, e as consequências seriam duras para a humanidade.
Entre a ciência e a superstição
Sempre que o tempo se altera: chuvas, enchentes, tempestades, furacões e agora vulcões e terremotos alguma coisa nos preocupa, é preciso separar aquilo que de fato é sobrenatural do natural que existe mesmo que catastrófico, a ciência ajuda, mas nem sempre tem respostas prontas.
Foi assim como problema da Covid-19 e está chamando a atenção agora o vulcão de La Palma por sua imprevisibilidade, porém ele tem ajudado a ciência que tem coletado um número bem maior que em outras erupções e sua variação também ajuda a estudar diversas influências, forma do solo, os terremotos e temperaturas próximas ao vulcão, o tipo de solo (no caso lá com várias fissuras em profundidade) e o tipo de efusão da lava.
Um recente artigo de opinião, a vulcanologia não é uma ciência que consiga fazer previsões, na verdade na opinião de físicos como Werner Heisenberg e filósofos como Edgar Morin suas previsões mesmo que possíveis são hipóteses, porém no caso da vulcanologia o Cumbre Vieja, vulcão de La Palma, tem ajudado.
Um artigo publicado na revista Science e que foi motivo de matéria no jornal El Pais, do pesquisador Marc-Antoine Longpré elaborou uma série de opiniões, entre elas que: “A previsão de curso prazo baseia-se na tecnologia e no reconhecimento de padrões de comportamento dos vulcões, bem como no aprimoramente constante, à medida que os vulcanologistas reúnem mais dados”, como é o caso desta erupção do Cumbre Vieja, em La Palma, nas ilhas Canárias.
O artigo publicado na prestigiosa revista Science, começa explicando que o mesmo teve 50 anos de repouso e historicamente é o mais ativo das Ilhas Canárias, entrou em erupção no dia 19 de setembro de 2021, e completará um dos mais longos períodos de erupção no dia 19 de dezembro, quando atingirá 3 meses de erupção e o artigo informa que a mais longa que se tem registro foi de 3 meses e 3 semanas.
Porém os padrões sísmicos se iniciaram na data de 11 de setembro, fiz o artigo: “o número de terremotos detectados aumentou rapidamente para várias centenas por dia, dos quais apenas um subconjunto foi localizado”, e agrupados em profundidades muito menores (<12 km) e de sismicidade menor que a anterior (em torno de 3 a 4 graus na escala Richter), e com um deslocamento para a área do vulcão que entrou em erupção no dia 19, isto já marca um padrão para erupções (veja os gráficos do autor).
Outro fato observado foi o aparecimento de duas fissuras, além da elevação do solo e a formação do cone vulcânico, cada fissura medindo cerca de 200 m de comprimento, a 1 km acima do nível do mar e 2 km da aldeia El Paraèso que foi rapidamente evacuada sem chegar a atingir os moradores.
O autor informa que a erupção não mostra sinais de diminuição, e fala do drama social para a população local e compara dizendo que é semelhante ao Kilauea, e pergunta se as partes interessadas, claro está incluindo os interesses financeiros e políticos, se a longo prazo será possível reduzir permanentemente o risco associado ao desenvolvimento urbano nos flancos do Cumbre Vieja?
Este é o fato social importante, prevenir mortes como aconteceu recentemente com a erupção do Vulcão Semeru na Indonésia onde foram registradas 14 mortes (hoje subiu para 34), o artigo foi profético neste sentido, uma vez que foi publicado dias antes desta erupção, sim são possíveis coisas extraordinárias e até mesmo sobrenaturais, mas quem tem autoridade para afirmá-las ? é preciso evitar fake news e clima de terror que em nada contribui, porém a cautela, como é o caso da Pandemia, é necessária e prudente.
Nova Pandemia e coimunidade
Mesmo tratando-se do mesmo virus é uma nova pandemia, a nova variante chamada pela OMS de ômega tem a de driblar as vacinas, sabíamos isto já de outras doenças infeciosas, se não erradicada a doença pode voltar e neste caso em que as variantes se manifestam cada vez mais complexas uma nova de infecção se espalha.
Muitos ativistas, cientistas e também a OMS defenderam que uma distribuição mais equânime das vacinas pelo globo auxiliariam o combate a covid 19, por isto a terceira dose (necessária, mas em outra etapa) eram retiradas de vacinas que poderiam ser doadas aos países mais pobres, como a maioria dos países da África, a Necropolítica do sociólogo Mbembe dos Camarões lembra isto, escolher quem deve morrer, mas neste caso ela implica numa Necropolítica global, pois sem uma coimunidade a Pandemia volta.
A palavra coimunidade cunhada por Sloterdijk foi pensada num sentido mais amplo, muito anterior a pandemia, ela faz sentido agora que olhamos um problema global.
A notícia boa é que mesmo podendo infectar pessoas já vacinadas, a infecção é menos grave se já vacinados, segundo o geneticista brasileiro Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genetika do Paraná, já estava claro que a variante não estava sujeita a infecção inicial, tanto infectados como vacinados não estão imunes a esta cepa ômega.
O número de infecções cresce na Europa, segundo dados da Reuters a cada três dias está se registrando um milhão de novos casos, que no total desde o início da pandemia já ultrapassa 75 milhões de infectados, o número de mortes também cresce: a Itália registrou 43 mortes, os inúmeros países que seguem em queda são a Rússia e a Ucrânia, porém ressalta-se que foram os primeiros a crescer em infecções e os números ainda são elevados.
Mesmo assim seguem protestos contra novas medidas de restrições devido a nova onda, a Alemanha teve manifestação neste final e semana.
O problema da Europa ainda não é a variante ômega e sim a baixa taxa de vacinação, chamada de hesitação vacinal, e ainda dizem que é um fenômeno global, no entanto em muitos países a vacinação avança, no Brasil já estamos próximos dos 80% vacinados embora não dê imunidade a variante ômega, reduz sua letalidade.
No Brasil várias festas de final de ano foram canceladas, e medidas de proteção devem ser pensadas urgentemente.