Arquivo para a ‘Redes Sociais’ Categoria
A variante Delta ainda preocupa
Os casos da variante Delta e da nova variante Alfa, que veio do Reino Unido ainda preocupam, é necessário monitoramento, controle de movimentação, e no caso do Brasil o estado do Ceará que tem 43 casos dá um exemplo, tendo criado um centro de monitoramento e triagem para viajantes, o Ceará tem 43 casos da Delta e já há um caso da variante Alfa vinda do Reino Unido.
Os casos do Ceará são 24 mulheres e 19 homens, a maioria (33) são entre 20 e 39 anos, o que faz sentido pois são as idades que a segunda dose ainda está acontecendo, há casos vindo de Nova Friburgo (RJ) e São Paulo, e os outros são residentes em 20 municípios diferentes do Ceará, todos tiveram sintomas leves, moderados ou assintomáticos.
É um momento de cautela e a flexibilização de muitos governos estaduais pode ser prematuras, a curva de mortes e infecções está num patamar estável, e com a vacinação a expectativa era que fosse de queda.
Conforme informou o consórcio de veículos de imprensa, o número de pessoas que receberam a primeira dose é de 122 milhões enquanto 54 milhões tomaram as doses necessárias (uma vacina usa só uma dose), eram os dados do último sábado (21/08).
Como a segurança para a variável delta é necessária a imunização completa, o número exato de 54.890.099 pessoas (24,92%), o que dá um quarto da população é muito baixo para as novas variantes Delta e Alfa (que já começam avançar no país), a possibilidade de chegar a 60% de imunes é ainda distante, setembro será um mês fatal, e o patamar de infecções e mortes é ainda alto e estável.
Alguns estados estão um pouco acima Mato Grosso do Sul (40,59%), São Paulo (32,40%), Rio Grande do Sul (31.62%) e Espírito Santo (28,33%), os demais estão próximos ou abaixo da média de 25% de imunização completa, segundo o consórcio dos órgãos de imprensa.
Os dados recentes indicam que o Sudeste puxa a curva de infecção para cima em 7%.
Devemos aprender com os países do sudeste asiático vem as infecções crescerem devido a baixa taxa de vacinação, mesmo países como China, Japão e Coreia do Sul estão vendo surtos crescentes, conforme informa o site da CNN, dados de O Globo indicam os dados de alguns países da região, em azul as infecções e em preto o número de mortes (figura).
A policrise e palavras duras
Já falamos da crise do pensamento, o excesso de especialíssimos que perdem a visão do todo, a prisão idealista, que nasceu num idealismo pré-socrático apontou Popper, e um vazio da capacidade de renovar o pensamento.
A proposta de Morin reformar o pensamento, é abrir as gavetas do pensamento e articulá-las num modelo complexo (do latim complexus, o que é tecido junto) fora da “especialidade” e do conceitualismo.
O que antes parecia um alerta agora já se faz presente em diversos discursos além dos ecologistas: o planeta dá sinais de esgotamento, temperaturas extremas, mesmo em locais onde pareciam impossível: frio no hemisfério sul e calor intenso no hemisfério norte, também a vida animal vai perecendo, a notícia atual é a quase extinção do pinguim imperador, que eram grandes colônias.
O núcleo planetário também se manifesta, o número de vulcões e terremotos cresce, o Haiti pede socorro após um novo terremoto e um furacão que enfraqueceu ainda mais aquele país pobre.
A volta do Taliban ao poder no Afeganistão, os militares em Myanmar e outros neototalitarismos, tudo isto parecem palavras duras e pessimistas, claro sempre temos esperança, não é a primeira crise da humanidade, mas talvez esta seja a mais global e a mais geral de todas e poderá se tornar uma crise civilizatória, em meio a uma pandemia que persiste, e é neonegacionismo dizer que passou, as novas variantes são ameaçadoras, e a própria OMS e muitos cientistas fazem o alerta.
Talvez um plano pouco perceptível é o da religiosidade, além do desrespeito a diversas crenças, há internamente uma crise que podemos chamar de uma “ascese desespiritualizada”, usando uma palavra de Peter Sloterdijk, que aqui traduzimos por sua raiz, ascese “sem” admitir o espírito.
Diz uma passagem bíblica em que Jesus está questionando seus discípulos que achavam que sua palavra era dura demais (Jo 6,61-63):
“Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. Mas entre vós há alguns que não creem”.
Está falando para seus discípulos e para os que creem, e se não tem espiritualidade não tem fé.
Vigilância genômica e Precauções
De acordo com o José Eduardo Levi, coordenador do Projeto Científico de Vigilância Genômica (Genov) 11 entre as 1380 analisadas entre maio e junho apresentaram uma mutação chamada de P681H, na qual o aminoácido prolina é substituído por um outro, a histidina, e está sendo chamada de Gama plus.
A variante Delta já está espalhada pelo país com um registro de 760 casos até 5 dias atrás, entretanto a Gama-plus: “uma mutação convergente com característica da Delta, variante que geralmente apresenta essa alteração estrutural” disse o coordenador do projeto Genov.
Muitos especialistas tem alertado que a flexibilização pode ser prematura, e talvez tenhamos que conviver com restrições por ainda mais um tempo, embora a taxa de vacinação tenha avançado, ela ainda não tem uma margem de segurança suficiente além do risco das novas variantes.
A morte do ator Tarcísio Meira por complicações da covid-19, sendo que havia tomado as duas doses da vacina reacendeu o debate da eficácia das vacinas, porém especialistas são taxativos ao dizerem, baseados em estudos da USP e UNESP, que 91,49% das pessoas que morreram não tinham a segunda dose ou a dose única no caso da vacina Janssen.
Por outro lado, as variantes Delta, Delta-plus e Gama-plus preocupam infectologistas de todo mundo e muitos países estão revendo as medidas de flexibilização, entretanto a própria OMS alerta para a “falsa sensação de segurança” em função que 80% dos casos de infecção das 4 últimas semanas são da variante Delta.
Também deve-se ressaltar que a população mais jovem, a mais propensas a atividades que podem provocar aglomerações, ainda não tem a segunda dose completa e é importante que se mantenham as restrições para que as novas variantes mais letais não causem nova onda de mortes da Covid 19.
A maiêutica e parir o conhecimento
O método socrático era que o filósofo acreditava que ninguém tinha respostas definitivas para suas perguntas e desse modo andava pelas ruas de Atenas fazendo questões que considerava básicas sobre política, moralidade e a verdade, a jovem democracia estava se corrompendo.
Assim fazia que cada pessoa pudesse “parir” respostas, e a cada respostas fazia novas perguntas, assim definia-se como “parteiro de ideias”, procurava assim instruir os “cidadãos”.
Seus adversários eram os sofistas que se baseavam apenas na arte da persuasão, e objetivo era bajular os governantes e dar respostas que as pessoas queriam ouvir.
Mas muitas pessoas, especialmente os jovens, eram envolvidos por sua sabedoria e ensinamentos, entre eles estava o discípulo Platão que é quem descreve os diversos diálogos socráticos.
Assim seu método era oposto aos dos sofistas baseados na retórica e na arte da persuasão, suas teses eram as mais diversas, Górgias por exemplo, defendia que “nada existe”, Protágoras que “o homem é a medida de todas as coisas”, além disto cobravam pelas aulas.
Aristóteles vai defini-lo como “a sabedoria (sapientia) aparente, mas não real”, mas ela não desapareceu por completo, foi ao longo da história mudando de forma e de discurso, porém essencialmente é a retórica, hoje por exemplo, pensadores performáticos e autorreferenciais.
A grande oposição de Sócrates aos sofistas era que eles, com recurso da persuasão e retórica, proclamavam apenas “opinião” chamadas de doxa e Platão, discípulo e divulgador de Sócrates, vai organizar a “episteme”, o conhecimento deve ser organização a partir dos seus “cortornos, limites, de seus aspectos e de sua aparência”, descritos como sua “dialética”.
Também Bachelard em nosso tempo critica a opinião como não científica: “A ciência, tanto em sua necessidade de acabamento como em seu princípio, opõe-se absolutamente à opinião” em sua obra: A Formação do Espírito Científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento.
Sócrates, acusado de subverter os jovens e não prestar cultos aos deuses do estado, foi condenado a morte, Platão desenvolverá seu método e criará uma escola de pensamento.
Variante delta e vacinação lenta
A variante delta da covid 19 acendeu alerta em todo mundo, que a pandemia pode não estar ainda controlada, no Brasil, o recente Boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirma após estudo que há uma combinação perigosa, alto contágio da Delta e lenta vacinação.
O risco da explosão de uma nova onda de contaminação e infecção é preocupante, o estudo aponta que o Brasil já tem 435 casos confirmados da variante Delta e em 19 estados os níveis de contaminação são perigosos apesar de estar em queda.
Em entrevista ao canal CNN, na última sexta (06/08) o vice-diretor Jarbas Barbosa da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) fez um alerta que os casos confirmados da variante Delta no Brasil é apenas a “ponta do iceberg” e salientou a importância “que a grande maioria dos casos da variante é de assintomáticos ou leves, que não percebem e não são testados”.
Não podemos afrouxas as medidas de prevenção e de isolamento, lembrou Jarbas Barbosa, dos casos do Chile e Uruguai que após afrouxarem medidas tiveram uma nova onda de infecções, embora o Uruguai tenha anunciado um fim de semana sem mortes pela primeira vez.
A comparação de contágio que é feita da variante Delta é didática, tão contagiosa quanto a catapora, pode provocar sintomas mais graves que as variantes anteriores e são transmissíveis também entre os vacinados, assim afirmam os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), em artigo publicado no jornal The Washington Post, em nota assinada por Maíra Menezes, o postal da Fiocruz alerta também para o perigo desta variante.
A vacinação é importante, que ainda anda lenta os números atuais são próximos de 45 milhões para as duas doses e 100 milhões para a primeira dose, é possível acelerar e como ainda não há uma explosão da variante Delta no país se combinar com medidas preventivas podemos evitar nova onda de infecções, lotações de hospitais e mortes.
Tanto as infecções como as mortes que caiam lentamente no Brasil, tem uma tendência de estabilidade com leve aumento, é cedo para dizer que é a variante Delta, mas uma política de testagem e prevenção seria importante, a pesquisadores da Fiocruz alertam para a falta de um plano B.
O perigo da variante delta e vacinação
Crescem as preocupações com a variante delta do coranavirus, a indicação é que algumas vacinas podem não estar combatendo esta variante, o número crescente de infecções, mesmo em países com vacinação avançada, é preocupante.
O diretor da OMS Tedros Ghebreyesus, afirmou dois dias atrás aos vários órgãos de imprensa em uma coletiva: “Novos casos de contaminação e mortes continuam a subir. Foram 4 milhões de novos casos em uma semana. Nesse ritmo, vamos ultrapassar a marca de 200 milhões de infectados em duas semanas, sendo ainda que sabemos que esse é um número subestimado”, apontou.
Desde a terceira semana de julho, a Europa e Estados Unidos voltaram a registrar um crescimento de infecções devido a variante delta.
Até mesmo na China, que havia controlado a pandemia este número voltou a crescer, ainda pequeno (200 casos), mas já está espalhado por diversas regiões, o surto começou na cidade de Nanjing de 9 milhões de habitantes, o aeroporto foi fechado e toda cidade será testada.
No Brasil a média móvel está abaixo das mil mortes diárias, cai lentamente na medida que a vacinação avança, mas os casos da variante delta já aparecem no país, e preocupam a real eficácia da vacina em relação a esta variante, há um monitoramento precário em alguns estados, a testagem deveria começar imediatamente e em massa, não há indícios.
A ideia de flexibilizar as medidas continua e provavelmente não voltarão atrás até novo surto, só um estado (o Rio de Janeiro) registra alta, 8 estados em estabilidade e 15 em queda (São Paulo é um destes).
A OMS e o Banco Mundial pedem a urgência de aplicação das vacinas nos países pobres, a média em países de alta renda é de aplicação de 98,2 doses a cada 100 habitantes; enquanto nos de baixa renda, número é de 1,6 dose a cada 100 pessoas.
Independente da eficácia das vacinas, a vacinação deve continuar e as restrições também.
Mal-estar da civilização e do ser
A frase bastante usada na literatura, as vezes no domínio público é de uma obra de Freud: O Mal estar da civilização, no entanto, não é apenas no campo da psicologia que ela se confina, diz o autor ser: “impossível desprezar até que ponto a civilização é construída sobre a renúncia ao instinto, o quanto ela pressupõe exatamente a não satisfação (pela opressão, repressão, ou algum outro meio?) de instintos poderosos. Essa “frustração cultural” domina o grande campo dos relacionamentos sociais entre os seres humanos. … Não é fácil entender como pode ser possível privar de satisfação um instinto. Isso não se faz impunemente. Se a perda não for economicamente compensada, pode-se ficar certo de que sérios distúrbios decorrerão disso”. (Freud, 1930/1997, p. 118).
Vejam que “opressão, repressão ou algum outro meio” é do autor, que mal imaginaria um mundo digital capaz disto, e frustração cultural colocada em aspas pelo autor domina os relacionamentos, e que afirma ainda mais curiosamente, que a busca da “compensação econômica” é um refúgio.
Mas isto foi registrado também em outras áreas, escreveu Edmund Husserl sobre a crise das ciências: “Na urgência de nossa vida – ouvimos dizer – esta ciência nada nos tem a dizer. Ela exclui de um modo inicial justamente as questões que, para os homens dos nossos desafortunados tempos, abandonados às mais fatídicas revoluções, são as questões prementes: as questões acerca do sentido ou ausência de sentido de toda existência humana” (A crise das ciências europeias), também pode-se falar da crise ou noite de Deus, da identidade e o esquecimento do Ser.
Assim na Pós-modernidade, se dispensamos os recursos superegoico no sentido freudiano, o que nos assegura uma máscara cultural é a disputa entre nações e uma nova forma de defesa da honra, por exemplo que são disfarces para os diversos tipos de violência urbana, a drogadição, a nova presença agora da psicopolítica que nos impulsiona ao consumo e a polarização e nos encoleriza.
Esta onipresença da violência camuflada nas diversas relações sociais, é o que caracteriza o fim do respeito que caracteriza uma distância saudável entre Eu e o Outro, ou incluímos o igual que é o meu espelho, ou repelimos violentamente como um Outro.
FREUD, S. (1997). O mal-estar na civilização. In Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira (Vol. 21, pp. 75-174). Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1930).
Tendência de queda e vacinação
Segundo o consórcio de veículos de imprensa o número de doses da vacina no Brasil chegou a 83.794.712 para a primeira dose, enquanto 28.108.088 a segunda, a este valor deve ser acrescido 2.465.295 doses únicas, num total de 114,3 milhões de doses aplicadas, espera-se que cresça para manter a curva de declínio que se observa nas infecções e mortes.
Em percentagens significa 14,4% que já receberam ou a segunda dose ou a Janssen que é dose única, enquanto a percentagem que recebeu a primeira dose fica próximo aos 40% isto está sendo importante para conter as variantes mais ofensivas, a delta e a delta plus, que já estão no país.
É preciso salientar que as análises clínicas indicam que a segunda dose é necessária para a nova variante, e uma faixa mais larga acima dos 60% começa receber a segunda dose, mas a aplicação da Janssen é a que deixa mais otimista porque o número de pode fazer a imunização crescer.
Quando atingiremos a chamada imunidade de rebanho que permitirá o relaxamento das medidas de proteção é a questão que todos queremos saber, Anthony Fauci, chefe do National Institute of Allergy and Infectious Diseases dos EUA, um dos médicos que lidera os esforços contra a covid-19 nos lá, faz a estimativa de que se deve chegar aos 70% da população, porém há outros que indicam que seria de 80 a 90%, pois o problema maior é a mutabilidade do vírus.
Pouco se comenta, mas as Ilhas Seychelles na Africa Oriental é o país mais vacinado do mundo, com 70% da população e o número lá ainda não caiu, há estudos tentando desvendar o mistério.
O Japão que tem números próximos ao Brasil, 17% para as duas doses e acima de 30% para a primeira dose já anunciou que não haverá público nas Olimpíadas que se iniciam daqui uma semana, e as viagens dos atletas serão monitoradas com todas medidas de proteção.
No ritmo da vacinação ainda são precisas todas as cautelas, sempre que houve algum relaxamento se verificou um aumento de casos e de mortes, esperamos que a curva se mantenha em queda
Não haverá retorno a frivolidade
Embora filosóficos midiáticos e otimistas fora de contexto desejam algum retorno a algum tipo de normalidade, já temos duas mudanças estruturais irreversíveis, a necessidade de compreender a total interdependência, ninguém está isolado e a reestruturação da vida social e urbana.
A Inglaterra prestes a voltar a normalidade e os Estados Unidos que comemorou seu dia da independência pensando em comemorar a independência do coronavírus admitem o fracasso, em ambos países as autoridades declararam que deveremos conviver com esta dificuldade, também no Reino Unido.
O conceito de coimunidade foi desenvolvido por Peter Sloterdijk em outro contexto, uma espécie de mutualismo em que todos são responsáveis por todos, encontrar bodes expiatórios seja na criação do vírus seja no combate ineficaz tornaram-se teorias conspiratórios de difícil aceitação, em ambos os casos o oportunismo político está presente, ainda que se possa perceber um combate nem sempre eficaz.
Sobre o compromisso individual voltado à proteção mútua, Peter Sloterdijk pensa que nem é chegado o momento de recolhimento nacional, nem o mundo ficou pequenos para todos, o consumo existe graças a frivolidade, não há público consumo se não houver apelo a ele.
O que deverá acontecer é uma exigência nova do mutualismo, ela ainda é só uma tendência, mas a ideia que não sairemos fácil da convivência com o perigo do vírus e de novas mutações nos leva a necessidade de uma nova consciência de comunidade, além daquela falada e não praticada.
O que Sloterdijk chama de mutualismo pode tornar-se algo ainda mais amplo, disse em entrevista ao jornal El País: “A necessidade de um escudo universal que proteja todos os membros da comunidade humana não é mais algo utópico. A enorme interação médica em todo o mundo está provando que isso já funciona”, o problema é que as disputas e os nacionalismos impedem isto.
A resposta de Sloterdijk é bem interessante: “esses movimentos não são operacionais, que têm atitudes pouco práticas, que expressam insatisfações, mas que de modo algum são capazes de resolver problemas. Acho que serão os perdedores da crise”, eu concordo com ele.
A única ressalva é que estas disputas podem levar a embates irreversíveis, que seriam catastróficos para toda a humanidade e mais ainda, um tema que ele também toca, as democracias estão em risco.
Sua resposta é: “no futuro, o público em geral e a classe política terão a tarefa de monitorar um retorno claro às nossas liberdades democráticas”, o desejo de suprimi-las está todo dia em pauta em muitas cabeças políticas, é uma tentação numa crise.
O conhecimento e o fazer
A sociedade que vivemos é uma sociedade do desempenho, assim a chama Byung Chul Han que fez seu doutorado em Heidegger, é uma sociedade do fazer, mas não do saber-fazer.
Recordar “velhos teóricos”, endeusar teorias antigas que tiveram um funcionamento temporal determinado constitui o ocaso e a crise da filosofia, do pensamento não, porque o homem enquanto Ser é capaz de desvelar e descobrir, mas há um esquecimento do Ser.
O conhecimento não fechado em lógicas, com abertura e possibilidade de novas descobertas é o movimento constitutivo do tempo, não há algo totalmente compreendido e acabado, ele é constitutivo daquilo que acontece no tempo, e ele é que está sujeito a história, é um saber prático e da vida, um Lebenswelt como o chamava Husserl.
Heidegger partiu daí com influência direta de Husserl, o significado de sua Fenomenologia, supõe esta abertura para que se vejam as coisas como se manifestam, princípio do saber.
Assim não há algo compreendido, acabado, o que há é uma compreensibilidade num constante devir, implicando num saber prático, um saber-fazer mais do que objetivo de ciência, deve ser o fundamento de todo ato compreensivo como aquele que busca o conhecer.
A abertura essencial não é para a consciência hermenêutica como vista por Heidegger um ato primeiramente racional, é uma disposição afetiva, uma das estruturais existências do ser-ai, se mostra que compreender é sempre um compreender afetivamente, no sentido de “afetar”.
Segue-se ao afeto a interpretação, mas o que é interpretar aqui senão revisões e elaborações de sentido, postas em movimento, assim interpretação é para Heidegger:
“A interpretação de algo como algo funda-se essencialmente por ter-prévio, ver-prévio e conceito-prévio. A interpretação nunca é uma apreensão sem-pressupostos de algo previamente dado […]” (HEIDEGGER, 2014, p.427).
Um dos problemas filosóficos centrais de Heidegger é a questão acerca das possibilidades da linguagem, é a partir dela que o Ser elabora sua visão de mundo, da qual não pode escapar, ela que nos possibilita compreender o mundo, ela que elabora o ser-no-mundo.
Ser no mundo que implicaria num saber-fazer depende da visão de mundo, empobrecida e obscurecida pelo desempenho, pela exigência de eficiência e pela má articulação com o tempo.
HEIDEGGER, M. Ser e tempo Tradução, organização, nota prévia, anexos e notas de Fausto Castilho. Campinas, SP: Editora da Unicamp; Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2014.