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Arquivo para a ‘Redes Sociais’ Categoria

A lógica paraconsistente

25 set

O paradoxo de Kurt Gödel, que um sistema completo é inconsistente foi fundamental para uma nova fase nos princípios lógico formais, e cooperou com o surgimento do computador.

Foi o filósofo peruano Francisco Miró Quesada, desconhecido de muitos estudiosos da América Latina, que cunhou a palavra paraconsistente em 1976.

O brasileiro Newton da Costa que desenvolveu esta teoria que tornou-se muito importante para diversas áreas, entre elas a filosofia e a Inteligência Artificial.

Na figura ao lado o eixo que vai de u 0 a u 1 é chamado de grau de crença, mas a verdade tem os pontos A para consistente e C para inconsistente, tendo muita aplicação ao cotidiano.

O estudo aplicado a semântica, explora principalmente os paradoxos, por exemplo, pode-se afirmar que um homem cego, enxerga sobre certas circunstâncias, também o estudo de diversas formas de percepção e habilidades poderá ajudar os parâmetros da deep mind.

Já afirmamos, que justamente o neologicismo poderá ajudar a IA nesta fase de deep intelligence, por exemplo, no estudo das linguagens naturais, a linguagem do dia-a-dia.

A ideia que possa existir A e não-A era inconcebível na filosofia ocidental, é o princípio do terceiro excluído, que vem de Parménides e foi consolidado em Aristóteles.  

As lógicas paraconsistentes são propositalmente mais “fracas”, termos para se referir a esta ruptura com a lógica clássica, pois elas resolvem poucas inferências proposicionais válidas no sentido clássico da lógica

A lógica das linguagens paraconsistentes no entanto são mais conservadoras que as de contrapartidas clássicas, e isto muda hierarquia da metalinguagem feita por Alfred Tarski.

A influencia na linguagem natural foi antecipada em 1984 por Solomon Feferman que afirmou “…a linguagem natural abunda em expressões direta ou indiretamente autorreferenciais, embora aparentemente inofensivas, todas as quais são excluídas do arcabouço tarskiano”, isto porque no cotidiano, em verdade somos paraconsistentes.

 

Projeto avançado Deep Mind

20 set

Projetos que tentavam simular sinapses cerebrais, a comunicação entre neurónios, foram anteriormente chamados de redes neurais ou neuronais, e tiveram um grande desenvolvimento e aplicações.

Aos poucos estes projetos foram se deslocando para estudos da mente e o código foi sendo dirigido para Machine Learning (Aprendizado por máquina) que agora usando redes neurais passou a ser chamado deep learning, um projeto avançado é o Google Brain.

Basicamente é um sistema para a criação e treinamento de redes neurais que detectam e decifram padrões e correlações em sistemas aplicados, embora análogo, apenas imitam a forma coo os humanos aprendem e raciocinam sobre determinados padrões.

O Deep Learning é um ramo da Machine Learning que opera um conjunto de algoritmos usado para modelar dados em um grafo profundo (redes complexas) com várias camadas de processamento, e que diferente do treinamento de redes neurais, operam com padrões tanto lineares como não lineares.  

Uma plataforma que trabalha com este conceito é a Tensor Flow, originada de um projeto anterior chamado DistBelief, agora é um sistema de código aberto, lançado pela equipe da Apache 2.0, em novembro de 2015, o Google Brain usa esta plataforma.

Em maio de 2016, a Google anunciava para este sistema a TPU (Tensor Processing Unit), um acelerador de programas de inteligência artificial programável com habilidade de alta taxa de transferência para a aritmética de baixa precisão (8 bts), que executa modelos e não mais treina como faziam as redes neurais, inicia-se uma etapa da Deep Compute Engine.

O segundo passo deste processo no Google Compute Engine, a segunda geração de TPUs alcança até 180 teraflops (10^12 números reais) de desempenho, e montados em clusters de 64 TPUs, chegam a trabalhar até 11.5 petaflops.

 

Revolucionário método para vídeos

19 set

Os pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon desenvolveram um método que sem a intervenção humana, modificam um conteúdo de um vídeo, de um estilo para outro.

O método é baseado num tratamento de dados conhecido como Recycle-GAN que pode transformar grandes quantidades de vídeo tornando-os úteis para filmes ou documentários.

O novo sistema pode ser usado por exemplo para colorir filmes originalmente em preto-e-branco, alguns já feitos como o que mostramos no vídeo abaixo, mas as técnicas eram dispendiosas e necessitavam de grande esforço humano em horas de trabalho.

O processo surgiu de experiências em realidade virtual, que além das tentativas de criar “mudanças profundas” (alterar objetos ou distorcer conteúdos, podiam aparecer uma pessoa inserida numa imagem, sem que houvesse permissão para isto, nas cenas cotidianas quase sempre acontece isto e muita gente não aceita.

Eu acho que há muitas histórias para serem contadas”, disse Aayush Bansal, um estudante de Ph.D. do Instituto de Robótica da CMU, dizendo de uma produção cinematográfica que foi a principal motivação para ajudar a conceber o método, explicou, permitindo que os filmes fossem produzidos de forma mais rápida e barata, e acrescentou: “é uma ferramenta para o artista que lhes dá um modelo inicial que eles podem melhorar”, conforme o site da CMU.

Mais informações sobre o método e vídeos podem ser encontradas em Recycle-Gan website.

 

Breve história da mentira

11 set

Desde sempre as pessoas contam estórias de maneira que sua história parece um pouco melhor do que é, entenda história com h não são aquelas dos livros, mas dos fatos para os quais há artefactos, o que em direito chama-se prova instrumental.

Poder-se-ia ir na antiguidade clássica, onde encontraríamos Diógenes a procurar um homem honesto com uma lanterna, diria hoje um homem verdadeiro. 

Em tempos de partidarismo, que mais parecem torcidas fanáticas de futebol ou algum tipo de crença fundamentalista, a verdade se distorce para todo lado, o fato recente no Brasil da facada do Bolsonaro haviam desde teorias conspiratórias de um crime mal-executado, até quem defendesse que era tudo uma encenação, isto dito por intelectuais … pasmem.

Na história recente encontro o pensador e poeta do Modernismo espanhol António Machado y Ruiz, que escreveu La verdade también se inventa, portanto fake news são mais antigos, o que mudou agora é que intelectuais de pouca notoriedade e gente ignorante mesmo também o pode fazê-lo e com isto ganhar notoriedade mentirosa, mas é de fato notoriedade.

Encontro de Antonio Machado y Ruiz três frases muito interessantes: “Nunca percas o contato com o chão porque só assim terás dimensão uma ideia aproximada de sua estatura”, e “se é bom viver, ainda melhor é sonhar, e o melhor é despertar”, mas devemos despertar sempre e as vezes isto exigem podas, cortes diria, que quanto mais maduro mais profundos.

Lembro-me da frase de Cecília Meirelles: “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira“, lembro também do Poema de Mário de Andrade, O valioso tempo dos Maduros.

No romance O Caminho Menos percorrido, Scott Peck faz uma afirmação para pensar: “Pode parecer menos censurável enganar os ricos do que os pobres, mas não deixa de ser um engano.  Perante a lei, existem diferenças entre cometer uma fraude num negócio, entregar a declaração de rendimentos falsa, usa cábulas num exame ou dizer em casa que se ficou a trabalhar até tarde quando se é infiel. É certo que uns enganos são piores que outros, mas na realidade não passam todos de mentiras e traições”, diria em politica, aos “crentes”.

Lembro mais uma vez Antonio Machado y Ruiz: “É próprio de homens de cabeças medianas investir contra tudo aquilo que não lhes cabe na cabeça”, os que mais se investem contra os outros tem verdade dogmáticas, sabedoria mediana (se as tem) e arrogância aos quilos.

Poderia fazer um longo tratado sobre o círculo hermenêutico e Verdade e Método (vols I e II) de Hans-Georg Gadamer, mas não.

Continuo a investir na educação que não seja a dogmática, nem a pragmática, mas a hermenêutica daqueles que sempre duvidam e sempre estão abertos ao pensamento do Outro.

 

A imunologia de Sloterdijk

28 ago

O conceito imunológico de Sloterdijk, bem anterior ao processo de retorno ao nacionalismo que mergulhamos em diversos países, e até mesmo na America Latina, não é apenas uma explicação de forma individualizadas de viver, mas agora também da sociedade como um todo.
Mas Sloterdijk partiu da vida individualizada (ou biós, do grego) que era caracterizada como uma fase de sucesso de sistemas imunológicos, ou seja, a fase em que a relação com o homem com a natureza era de aprendizado, a definição da biologia sistêmica, para explicar que não pode existir uma forma de vida que não se preocupe com a conservação de suas estruturas imunitárias.
Assim afirmou o autor: “Se citarmos a afirmação metabiológica segundo a qual sistemas imunológicos seriam incorporações de expectativas de lesões ou expectativas de algum dano, fica claro que as culturas humanas, na medida em que essas representam a totalidade de procedimentos preventivos – ou, podemos dizer, as tradições –, são elaboradas com maior sensibilidade contra imunidade do que as espécies animais e vegetais. E nem todo mundo sabe que o conceito da imunidade originalmente não foi um conceito biológico, mas sim jurista, que foi utilizado como metáfora na biologia” (Critica da razão cínica, 1983).
Platão tinha um sistema parecido, mas fez uso de imagens e analogias na esfera “pastoral” para falar sobre a formação do individuo, para Sloterdijk esta associação s+olida entre o professor e o pastor, alunos e rebanho, só se dissolveu com pedagogias reformadas do século XX: “Na época, isso aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, em instituições como Summer Hill, onde o aluno passou a ser pensado como um rebanho que se autoeduca” (SLOTERDIJK, 1983)
Sloterdijk acrescenta que a questão pedagógica de como educar o ser humano é sobreposta por um drama biológico evolucionário: “A segunda descoberta da necessidade de formar o ser humano como ser humano propriamente dito – ou seja, imunizá-lo com a domesticação contra a sua própria associabilidade – ocorreu no século XIX, quando Charles Darwin colocou o ser humano no final da série de evolução, em sua teoria sobre as espécies” (Sloterdijk, 1983), afirmou em sua obra.
Nosso ponto de vista é que há também uma esfera espiritual na qual o homem evolui, seu espírito evolui, a Noosfera, conforme descrevera este Teilhard Chardin.

 

Aonde vai a civilização ?

24 ago

A crise civilizatória, profunda ao menos no ocidente, é evidente, os recuos com problemas de guerras, economias em crise e intolerância cultural e religiosa, são cada vez mais evidentes, mas aonde vamos ?
Primeiro é preciso reconhecer que em diversos processos históricos houveram recuos, um dos casos mais claro foi a restauração da monarquia na França, período que foi desta a queda de Napoleão Bonaparte em 1814 até a Revolução de julho de 1830.
Peter Sloterdijk escreveu “Se a Europa despertar”, na virada do milênio, criticando também a Europa como “império do centro”, enquanto Edgar Morin fala em romper “com todas as formas de dominação, imperialismo, colonialismo, coisificação na relação com os seres vivos, nas relações com a natureza, e nas próprias relações inter-humanas …” (MORIN, VIVERET, 2013, p. 45).
Entretanto mudanças profundas culturais estão em processo, toda mudança desperta uma dose de inercia e conservadorismo, esta é a análise que fazemos do renascer de nacionalismos exagerados (é preciso diferenciar de questões culturais e étnicas que são justas), novas formas de concentração de renda e de exclusão.
Morin analisa o processo de transformação da modernidade como: “o processo de pacificação, de civilização utilizava o perigo representado pelos bárbaros, pelos estrangeiros e pelos infiéis” (Morin, Viveret, 2013, p. 57), alertando que o processo de pacificação falhou, o que está também descrito na principal obra de Peter Sloterdijk “Regras para o parque humano”, que foi uma resposta a “Cartas sobre o humanismo” de Heidegger.
Assim como alertava o antropólogo e economista Karl Polanyi em “A grande transformação”, Morin alerta para o perigo das sociedades de mercado em oposição as economias de mercado, onde ouve uma passagem do que tinha valor não tinha preço, “para o que não tem preço não tem valor” (Morin, Viveret, 2013, p. 61), onde a lógica perversa da especulação financeira e corrupção politica destrói economias e nações, isto sem falar de situações de crise humanitária por todo o planeta.
É preciso profundas mudanças estruturais: o modelo de estado e de democracia, o controle no mercado e serviços das novas mídias sociais, a reestruturação do modelo educacional que inclua a transdisciplinaridade entre diversas áreas, e a conscientização da diversidade cultural e religiosa, entre muitas outras necessárias.
É como diz a palavra bíblica em João 6,60: “Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: Dura é essa palavra, quem pode suportá-la?” isto parece bem aplicável ao momento histórico presente.
MORIN, E., VIVERET, P. Como viver em tempo de crise? Rio de Janeiro: Bertrand Russel do Brasil, 2013.

 

Crise civilizatória e tecnologia

23 ago

Não são raros os discursos de apelo ao estado forte, a líderes messiânicos e técnicas políticas já ultrapassadas, porque existem as Mídias de redes sociais na qual rapidamente um discurso pode ser dissecado, ainda que estas próprias Mídias possam ser causa de outras verdades que não aquelas que os poderes centrais desejam, chegando ao fake e ao ódio político.

Os manuais antigos de gerência politica estão sendo reabertos pelos donos do poder, de Locke, Hobbes até Maquiavel, não faltam discursos de apelo ao “soberano” prudente e habilidoso, mas a pergunta importante é: onde estão eles, ou melhor quem são eles ?

Estas receitas estão tendo eficácia, a direita ou à esquerda, justamente pelo uso ou mal uso de mecanismos de Mídias sociais, novamente como modelo de “controle das massas”, o que foi feito com Trump e tentativas na França, mas o que chama a atenção é o discurso do ódio.

Também neste campo não faltam discursos dizendo que foram as redes que potencializaram isto, porém elas não existiam no tempo de Hitler, Mussolini e nas versões da Americana Latina: Perón, Getúlio Vargas e outros, alguém poderá dizer o rádio potencializou isto, talvez, mas o essencial foi o apelo ao nacionalismo e racismo que inflamou as massas, e ele está de novo ai.

Ao desprezar, ou utilizar mal as novas mídias fazendo o mesmo discurso que estes grupos de correntes de odio e de apelos emocionais fazem, não estamos fazendo outra coisa senão dar crédito a uma visão de ódio, de intolerância e de xenofobia presente também nas Mídias convencionais: radio, TV e cinema estão ai potencializando a violência verbal e material.

A reversão disto depende de discursos que desnudem a verdade, entramos no campo que exploramos de que são tempo de encobrimento da verdade, conforme afirma Sloterdijk, e colocar luz, ir para a clareira significa desmontar a cultura esta cultura de encobrimentos.

Há corrupção, sexismo e psicologismo em abundância, discordar disto não é “politicamente correto”, não falo aqui de intolerância é obvio, que também desvelamos ao falar esta semana de Locke, Voltaire e agora também Maquiavel, cujo discurso afirma que o mesmo não pode ser:  “volúvel,  superficial,  efeminado, pusilânime, indeciso” (MAQUIAVEL, 1996, p.109).

Há conselho n´O Princípe como fugir do ódio, manter-se firme nas adversidades, etc. o que o torna bom para leitura, mas a comunicação e as Mídias evoluíram, é preciso no mínimo atualizá-lo.

 

Diálogo em tempos de intolerância

20 ago

Não se discutem propostas e projetos, mas procura-se calar a voz discordando pelo apelo dramático a determinados fatos ou situações, e são fáceis de serem encontrados justamente pela ira que se tomou toda a sociedade, mas sem uma conversa serena e razoável sobre temas centrais: educação, saúde e segurança, entre muitos inadiáveis.

Os tratados de Voltaire e Locke sobre a Tolerância podem ajudar muito, ainda que eles próprios tivessem suas próprias intolerâncias, o livro Cândido de Voltaire, por exemplo, é uma ironia ao pensamento de Christian Wolff (1679-1754) discípulo de Leibniz e leitor de Kant.

 Voltaire que via o fundamentalismo religioso levar pessoas, grupos e até países ao radicalismo, proclamou que era necessário: “diminuir o número de maníacos”, segundo Voltaire (2015, p. 4) e uma maneira de superá-lo era “submeter essa doença do espírito ao regime da razão, que esclarece lenta, mas infalivelmente os homens. Essa razão é suave, humana, inspira a indulgência, abafa a discórdia, fortalece a virtude, torna agradável a obediência às leis, mais ainda do que a força é capaz” (idem).

O seu cinismo, Peter Sloterdijk não o aborda diretamente, mas refere-se a todo racionalismo de sua época em “Critica da Razão cínica”, escreve que Voltaire afirmou sobre os egípcios que “sempre turbulento, sedicioso e covarde, povo que havia linchado um romano por ter matado um gato, povo desprezível em quaisquer circunstâncias, não obstante o que digam dele os admiradores das pirâmides” (Voltaire, 2015, p. 59).

Voltaire não demonstra nenhum traço de generosidade, de magnanimidade, de beneficência” (Voltaire, 2015, p. 73); em obra Cartas inglesas ou Cartas filosóficas, predomina uma visão desumanizada e estereotipada dos negros que seria digna de um processo racista hoje.

A tolerância, que não significa concordância, é baseada na ideia que as relações humanas entre povos de diferentes culturas, concepções políticas e religiosas podem conviver de forma que as relações entre indivíduos e comunidades seja de respeito aos valores do Outro.

Por isso uma ética da alteridade combinada com uma visão ontológica e antropotécnica de que somos seres complexos e que a relação com os outros e com as culturas devem e podem ter diferenças, deve estar fundamentada na ideia da diversidade e não da uniformidade.

O que pensamos sobre tolerância no passado deve ser ampliado e enriquecido pela diversidade.

 

VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância. São Paulo, Folha de São Paulo, 2015.

 

Rastreamento na produção de alimentos

13 ago

A IoT chegou abruptamente na agricultura, já havia chegado a algum tempo na pecuária com o rastreamento de cada cabeça de gado individualmente, agora o “suply chain”, nome técnico para o monitoramento da cadeia de produção chegou na hora, no campo e na agroindústria.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ministério da Agricultura começam a obrigar o produtor a ter um controle mais rigoroso no uso de defensivos agrícolas, o que implica um monitoramento e rastreamento em toda a linha de produção começando pelo campo, mas os problemas são enormes para a aplicação da Lei.
O sistema automatizado de monitoramento e rastreamento, se houver condições adequadas e for bem implementado fornecerá todos os elementos-chave e detalhes da produção ao longo da “supply chain”, permitindo os fabricantes responder melhor ás demandas de clientes e o controle de alimentos, num mercado atual muito competitivo internacionalmente, aqueles produtores que não se adequarem podem perder contratos valiosos.
A partir de agora, os produtos vegetais frescos, ou seus envoltórios, suas caixas, sacarias e demais embalagens devem estar devidamente identificados, de forma a possibilitar o acesso, pelas autoridades competentes, aos registros com as informações obrigatórias.
A identificação pode ser realizada por meio de etiquetas impressas com caracteres alfanuméricos, código de barras, QR Code, ou qualquer outro sistema que permita identificar os produtos vegetais frescos de forma única e inequívoca. A rastreabilidade de que trata a INC será fiscalizada pelos serviços de vigilância sanitária e pelo Ministério da Agricultura.

 

Idealismo e o pão da vida

10 ago

O livro Crítica da Razão Cínica de Peter Sloterdijk, da década de 80 é uma alusão direta ao clássico de Kant Crítica da Razão Pura, é impossível ler num só folego, e também difícil de concordar numa primeira leitura, mas duas coisas me saltam os olhos o fato que vivemos num tempo de inocências perdidas, tudo é cruel e cínico, e o fato que nos tornamos “cúmplices”, os acadêmicos e estudiosos em especial, de uma desorientação geral, da política ao sagrado.
Sloterdijk trabalhos ao lado de Rüdiger Safranski, biografo de Kant e de Heidegger, até 2012, é, portanto, leitor atento e credenciado para a leitura do mundo atual, e em especial, para a crítica de Kant, a nosso ver a mais fundamental de nosso tempo.
Em entrevista de 2016, para Fronteiras do pensamento, o filósofo esclarece o conceito equivocado de Feuerbach, que Deus é uma projeção da humanidade no céu, e para Marx, as religiões seriam uma invenção errônea da humanidade.
Antes de fazer diferença entre a ilusão ingênua, ela existe nas camadas menos esclarecidas da sociedade e a “falsa consciência esclarecida”, que é sua definição de cinismo, esclarece que as religiões são parte de sistemas imunológicos (e não é a única) mais abrangentes que ele chama de cultura.
É logo o caminho de Sloterdijk para explicar que o idealismo só podia dar nisto, faço um caminho mais curto separar sujeitos de objetos é a forma mais fácil de tornar os objetos “ideais” incluindo todas as concepções destes nas culturas (os sistemas imunológicos de Sloterdijk) e exigir dos sujeitos um comportamento “ideal” de relação aos objetos.
Faço um contraste religioso com o pão da vida, o alimento concreto da humanidade, pois o pão está em quase todas culturas e o pão não é um alimento direto da natureza, mas trigo “processado” pelo homem, dito de outra forma é um produto humano sacralizado como alimento da vida, e que no uso pedagógico de Jesus torna-se sagrado, sem deixar de ser objeto real: o pão.
Em João 6,49-50 pode-se ler a atualização do Maná do deserto, do tempo de Moisés: Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá”, relação direta entre sujeito e objeto, que nem cabe separação.