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O Big Bang pode ser outra coisa
E a Teoria da física padrão, cuja descoberta da partícula de Higgs recentemente no colisor de Hádrions fez os físicos vibrarem, agora tudo parece ter outro sentido e uma nova visão desta.
Haviam duas fortes evidencias sobre o Big Bang e a expansão do universo desde a primeira bolinha da qual saiu tudo (a constante de Hubble H0 e a medida de supernovas distantes), e agora que agora que o universo estaria numa bolha de 250 milhões de anos luz.
Nesta “bolha” onde a densidade da matéria é metade de todo o resto do universo concilia as medidas anteriores, a hipótese é de Lucas Lombriser, físico teórico da universidade de Genebra (UNIGE) e responde em qual velocidade o universo se expande.
A abordagem publica na revista “Physics Letter B”, resolve a divergência entre dois métodos de cálculos independentes que chegavam a valores diferentes em cerca de 10%, um desvio estatístico que é irreconciliável, e não precisa de nenhum novo modelo físico.
Pela teoria do Big Bang ocorreu a 13,8 bilhões de anos atrás, a proposta foi feita pela primeira vez pelo físico e presbítero belga Georges Lemaître (1894-1966) e demonstrada pela primeira vez pelo astrônomo americano Edwin Hubble (1889-1953) , observando que galáxias distantes estavam se afastando e recolocando-as junto podia-se calcular o tempo da primeira explosão.
A constante de expansão chamada de H0 foi medita num valor de 67,4 segundo dados fornecidos pela missão espacial Planck, que tem como hipótese que o universo é homogêneo e isotrópico, mas agora pode-se pensá-lo com uma bolha com densidade de matéria metade de todo o universo, ou seja, a 13,8 bilhões de luz ela explodiu dentro de um “outro” universo menos denso.
Afirmou Lombriser: “Se estivéssemos em uma espécie de gigantesca “bolha”, onde a densidade da matéria fosse significativamente menor que a densidade conhecida para todo o universo, isso teria consequências nas distâncias das supernovas e, finalmente, na determinação o H0”.
Assim a constante de 250 milhões de anos para a bolha concilia os valores da constante H0 para o Big Bang com a constante com o cálculo do afastamento das supernovas que tem influência de todo o universo incluindo a parte fora da bolha com metade de densidade, conciliando as medidas.
Lombriser, Lucas. Consistency of the local Hubble constant with the cosmic microwave background. Physics Letters B. Volume 803, 10 April 2020, Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0370269320301076?via%3Dihub
As mudanças do século XX
As mudanças do século passado, mas cujas estruturas sociais e econômicas ainda estão presentes, foi marcado pelo fim liberalismo econômico mas que era sustentado por grandes impérios, além dos coloniais na Africa e Asia (o fim do império na India, por exemplo), também os costumes sociais e econômicos foram mudando e ainda encontram-se presente no século XIX.
Seria mais oportuno falar do econômico, num momento que os impérios financeiros parecem estar derretendo nas Bolsas de Valores, o chamado mercado do Urso, do medo gerindo os negócios, mas pelo dia 8 de março que foi dia da mulher, optamos por falar da questão.
Desde o romance de Ibsen no século XIX, a Casa de Bonecas, onde por trás da estrutura afável e liberal de um casamento se escondia o machismo do marido, por sinal o momento em que ele assume um Banco de Investimentos, se escondia a opressão da esposa.
Também apontamos o desenvolvimento da questão feminina através de Doris Lessing premio Nobel da Literatura e que tinha uma posição equilibrada mas dura, longe de modismos e do politicamente correto, ela viveu e apontou a questão da mulher, mesmo branca sofreu na Africa do Sul com a questão do racismo por defender os negros.
Chegamos a economia dos “Commons” de Elinor Ostrom, ignorada pela esquerda por não ser contra o capital, e ignorada pela direita porque afirmava que a governança dos bens comuns pode ser produtiva e bem gerenciada, ao contrário do que prevê o “Tragedy of Commons”.
A mudança de postura e de cultura, é verdade que precisamos de leis e politicas para combater o machismo, porém a mudança cultural defende do olhar sobre a mulher, hoje independente, no mercado de trabalho porém ainda sofrendo as consequências de sua emancipação.
Ainda que se afirme que a visão religiosa seja machista, e muitas vezes o é, não é o que a Bibilia apresenta no novo testamento, lembrando que a cultura judaica da época era machista e o velho testamento reflete isto, entretanto a posição de Jesus sobre as mulheres era diferente.
Assim aparece no texto de João (Jo 4, 8-9): “Os discípulos tinham ido a cidade para comprar alimento. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana? “, e o texto esclarece que os judeus não se davam com os samaritanos, e a posição da mulher era inferior, aceita por elas.
Não é verdade a exegese que diz que ela sequer era religiosa, pois vejam o texto (Jo 4,19b-20): “Senhor vejo que é um profeta! Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar”, o machismo vem, portanto, das instituições e não da Bíblia.
O estado moderno e a in-formação
É impossível pensar o estado moderno, sem pensar em suas leis e o contrato social que se estabelece a partir delas, e não por acaso elas surgem após a prensa de Gutenberg (e o livro).
Pode-se pensar de modo igualmente ingênuo que isto é apenas teoria, é fácil demonstrar que não é a forma-ação da polis é impossível de se pensar sem a polis grega, e os pensamentos que vão desde os pré-socráticos até os contratualistas modernos: Thomas Hobbes, John Locke e o suíço (não era francês não) Jean Jacques Rousseau.
A in-formação do estado moderno vem da ideia básica destes pensadores é que a relação entre governantes e governos devem se estabelecer na forma de um contrato, e que discutem de fundo é que o homem é lobo do homem Thomas Hobbes, o homem é determinado pela relação social John Locke, isto é nasce bom e o meio o molda, e homem é um bom selvagem que o meio o corrompeu, o pensamento de Rousseau.
O que alguns autores contemporâneos vão dizer é que estas formas, ou estas regras de dominação social entraram em colapso, quer seja pela emancipação do espectador como advoga Jacques Rancière, quer seja pela falência das regras do parque humano como explora Peter Sloterdijk, claro há outras interpretações possível, como a conservadora em moda, retomar o estado sólido.
Identidade e fazer a diferença
Parecem contraditórios identidade e diferença, já colocamos nossa posição que o problema não é lógico, mas onto-lógico, isto relativo ao Ser, e na ontologia moderna a contradição é possível e então não-Ser também pode Ser, e isto dá origem ao Devir, rompendo barreiras estáticas.-
A capacidade e integridade do Ser significa que nos conhecemos como somos, entendemos nossa visão de mundo e as limitações que ela tem, mesmo a ciência mais avançada tem limites, o conhecimento absoluto é possível com um a verdadeira espiritualidade, onde está a alma.
Dizemos de maneira imprópria que onde está o coração, nossos anseios, desejos e projeções sobre o que somos, a maioria das enfermidades, em especial as psicológicas, vem destas projeções quando são falsas, irreais ou experiência reais que nos machucaram.
O não Ser significa que entendemos o que somos e estão preparados para não Ser, para receber o Outro, o diferente e a diversidade cultural e política do mundo, o radicalismo de defender a própria identidade e apegar-se em demasia a própria visão de mundo, já dissemos não é identidade, mas auto-identidade, muitos que criticam o individualismo cultuam a auto-identidade.
Não ser é a abertura ao outro ao diálogo, de onde surge o devir passa necessariamente por um não Ser, boa parte do extremismo do mundo atual, com péssimos reflexos na política é o exercício do culto da “identidade” coletivamente, falsos coletivos e falsos “nós” que são estruturas fechadas e autoritárias.
Dentro deste radicalismo existe uma semente do Outro, do acolhimento da diferença e da verdadeira espiritualidade, é preciso que esta identidade “exacerbada” se abra ao diferente, ou contraditório e principalmente modifique sua forma de “pensamento”, e sua “cultura” fechada.
Do pensamento surgem duas tendências o simplismo que reforça a autoidentidade e a complexidade, conforme propõe Edgar Morin, que facilita e amplia a visão de mundo e de Ser.
Das trevas para a Luz
A relação entre tradição e mudança é maior que se pode pensar, até mesmo Marx foi estudar economistas ingleses, o idealismo alemão e a política francesa para pensar sua mudança, é fato que também este pensamento hoje já faz parte da tradição, então o que será o novo ?
Iniciamos a semana falando em Buzzwords, entretanto a grande mudança que acontece em nossos dias é no aspecto da produção e consumo a mudança digital, o mercado e os apressados já usam a palavra “transformação digital”, uma forte buzzword, entretanto não se trata de ignorá-la, mas compreender no contexto das mudanças que estão em curso.
Todos os tons da mudança concordam que deve-se pensar em formas coletivas de trabalho, de pensamento, entretanto o que é chamado de coletivo está em diversos nichos sociais, econômicos e até religiosos, é um “nós” fechado em grupos e correntes de pensamento.
A tradição procura o centro, onde está o poder e a riqueza, a mudança procura a periferia.
Porém é da crise que nasce a luz, é curioso que a profecia bíblica, assim como o texto de de Mateus (Mt 4,15): ”Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos!” fala de um povo e uma terra distante da religião e para onde Jesus foi para colher seus primeiros discípulos, porque os “religiosos” eram fariseus.
E o diálogo com a tradição, sim Jesus vai dialogar o tempo todo com fariseus, que lição pode-se tomar para o mundo contemporâneo e sua crise cultural e espiritual.
O novo precisa de “odres novos”, assim vinho novo em barril novo, mas não se despreza a cultura do vinho e sim melhora sua apreciação e produção, não se trata de um processo novo, e sim de um plantio em solo novo, em terra fértil e onde os corações estejam abertos.
Uma releitura dos reis magos
Em tempos de fundamentalismo e intolerância religiosa, uma releitura dos reis magos que foram adotar e também “contemplar” o nascimento de Jesus é essencial para o diálogo entre religiões.
A primeira necessária é que Deus se comunicou com os “magos” do oriente, ela pode reabrir corações fechados para re-ligações (religião do verbo em latim religare que é religar), pois eles não eram sequer religiosos no sentido convencional, mas magos e Deus os religou.
A segunda é que a comunicação divina foi através de astros, que significa que eles podiam entender esta linguagem e que Deus falou na língua humana deles, ou seja, há formas além das dogmáticas de comunicação entre Deus e os homens, mesmo não crentes.
A cosmologia é uma parte antiga e fundamental da filosofia, sua evolução e composição estuda o universo, e vem desde a antiguidade, os pré-socráticos a estudavam, buscam também a explicação da origem e da transformação da natureza e do universo e constroem mitos e divindades, criando uma relação entre seres mortais e imortais.
Então Deus não é tão indiferente a isto, uma proposta universal não deve desconsiderar a cosmologia, e se deseja construir uma cosmogonia, isto é princípio e fim de toda a vida, então uma escatologia é também construída, e a escatologia cristã pode estar relacionada a esta, não é afinal Deus princípio e fim de tudo ?
Esta segunda releitura, a questão dos astros, de fato ainda hoje se buscam evidencias cosmológicas da estrela que os Reis Magos seguiam, um astro, um cometa, isto poderia ajudar a datar o natal de uma data mais precisa.
Teólogos como Teilhard Chardin não deixaram de considerar a hipótese cosmológica, a noção de um universo cristocêntrico ajuda a uma interpretação não fundamentalista de uma escatologia mais complexa, e por isso recorremos (no post de 3/4/2019) a São Gregório de Nazianzeno (a igreja católica o comemora dia 2 de janeiro).
A terceira é que os reis magos foram “contemplar” o menino-Deus, além da vita activa, Hannah Arendt também falou dela em A condição Humana (publicado em 1956, com edição brasileira de 2009), que vem da conferencia Trabalho, Obra e Ação (publicação brasileira de 2006), mas já falavam desta questão Aristóteles no bios politikos e a vita negotiosa ou actuosa em Agostinho, e, recentemente Byung Chull Han em A sociedade do cansaço.
Mas não vieram adorar apenas, onde o elemento oferecido incenso é essencialmente isto, mas também trouxeram ouro no sentido de riqueza e mirra no sentido de sacrifícios oferecidos.
Os reis magos deveriam significar a abertura do cristianismo a outras linguagens e outras culturas que também são uma expressão do infinito, do universo e da vida construída de modo sagrado em todos e em tudo.
Primeira publicação: janeiro 2019
Além do cansaço, viver o presente
Vários fatores conseguiram podem colocar nossa vida em desarmonia, mesmo que sejam involuntários, mortes, tragédias, incompreensões, etc . pode parecer que pouco ou nada pode fazer para mudá-los, uma fórmula já conhecida que é a meditação e/ou a oração, pode até parecer fuga.
Há várias correntes culturais que pensam como uma apelação ou religiosas que as associam ao new age, mas a sociedade do cansaço descobriu a contemplação, Byung Chul Han escreveu sobre isto, Sloterdijk seu mestre alertou para “uma ascese desespiritualizada”, ambos não são cristãos, e em ambos podem se encontrar aspectos que chamam co-imunidade ou mesmo a contemplação.
Aos poucos a mente turbada vai voltando a ficar clara, escolher um pensamento ou uma atitude para tornar o dia melhor, buscar um modo de acalmar e relaxar e superar situações de conflito.
A psicopolítica, e a tentativa que ressurge de controle das pessoas, deve ter uma reação calma e afirmar que isto não está funcionando, sem se indispor com ninguém a sua volta e evitar que se perca o momento, ou tentar controlar atitudes das pessoas que estão ao seu lado.
Por último o que foi postado ja aqui, mesmo em meio a turbulência, até mesmo na guerra, são possíveis momentos de trégua, de felicidade se vivermos desapegados do que já passou e não existe mais.
O número de problemas sociais que se avolumam vai requerer atitudes para não cair em alguma forma de doença psíquica, depressão, desanimo, abatimento ou síndromes mais pesadas.
Há um lado profundamente positivo nisto tudo, tornou-se urgente alguma forma de espiritualidade e até aí residem perigos pois não são poucos os que prometem o que não entregam: paz de espírito, pois a paz social vai demorar e os obstáculos a serem removidos são enormes, mas também teremos que fazê-lo.
Ao ver filmes, livros e cultura, claro de alto nível, tudo parece apontar para lá, uma retomada do Ser, unir objetividade e subjetividade, ação e contemplação enfim poderá custar, mas algo haverá de reflorir e alavancar um futuro mais “humano” além do humanismo fragmentário do moderno.
Terra-planetarismo, uma cosmovisão planetária
Já mencionamos que a cosmovisão depende de uma visão do cosmos e da própria vida, falta ainda uma cosmovisão cidadã, o Edgar Morin chamou de terra-pátria e que chamo de terra- planetarismo.
Ver o planeta como Pátria, como “casa comum” na visão místico- religiosa, como Gaia em uma visão mitológica, incorporam esta visão, pois o próprio planeta, os seres viventes incluindo animais e plantas e as culturas que são a cidadania dos povos viventes no Planeta, ampliam uma visão cosmo-planetária da Terra que habitam.
No livro de Edgar Morin ele traça nos capítulos 2 e 3 o que seria esta identidade planetária, e ao mesmo tempo revela um esgotamentos e uma agonia planetária, há algo que envolve além das tradições e das questões culturais em jogo, esta cosmovisão depende de como o homem se vê como um todo, e isto implica numa cosmovisão avançada, que admite os novos telescópicos, que fizeram a revolução copernicana, que agora são presentes nas novas mídias e numa visão ampla do universo.
O terraplanismo é o lado mais extremo desta visão, mas o apego a uma visão anterior a física quântica, aos buracos negros, a visão de um multi-verso, implica que a cosmovisão planetária ainda é iluminista e idealista, presa a uma ideia de cidadania, de estado e de planeta que já está a muito superada, e agoniza em sucessivas crises.
No livro de Morin e Anne Brigite Kern, apontam que o fenômeno-chave para entender esta crise de proporções planetárias é “o subdesenvolvimento moral, psíquico e intelectual” (Morin e Kern, 2011, p. 115) inclusive do que é desenvolvimento, e a proliferação de ideais geras “ocas e de visões mutiladas, a perda do global, do fundamental e da responsabilidade” (idem).
Ampliar esta visão requer abandonar princípios pseudo-planetários que são eurocentristas, terceiro-mundistas, imperialistas e neocolonizadores presentes em “salvadores da pátria” sejam de esquerda ou direita, em geral pouco solidária e de cosmovisão limitada.
Uma nova visão planetária, que respeito a própria natureza, exige uma visão de um universo ainda mais amplo que foi visualizado por Copérnico, Galileu, Newton e os iluministas, o eterno dualismo materialismo x idealismo, a religiosidade imperial de algumas religiões.
Falta sabedoria aos humildes e humildade aos sábios, é tempo de repensar o pensamento, como queria Edgar Morin, tempo de transdisciplinaridade de multi-verso (vários universos).
MORIN, E., KERN, A.B. Terra pátria. Trad. Paulo Neves. 6ª. edição, Editora Sulina, 2011.
Esta apresentação no SESC em São Paulo Brasil, fala sobre este tema:
Cosmologia, Cosmovisão e diálogo
A origem da palavra grega “kosmos” está ligada a ideia de ordem, universo (ou multi), beleza e harmonia, também o cosmo através da posição das estrelas ajudaram a organizar o calendário na origem da história humana, hoje pode estar ligado também as cosmogonias e visões do início e fim do uni-multiverso, da natureza e do homem.
A ausência de uma cosmovisão empobrece também a visão do Ser, Emanuel Lévinas examinando o tema fez em seu livro Ética e Infinito, uma crítica radical da categoria da totalidade, típica da filosofia ocidental que levou ao culto do Mesmo e do Neutro, do pensamento absoluto que levou a tiranias e ideologias totalizantes.
Na Física aristotélica, anterior a física moderna e impensável naquela momento uma astrofísica do multiverso, ele elaborou um modelo estático, de eterno fluxo do devir, submetido a uma ordem, a revolução copernicana colocou tudo em movimento, e a astrofísica moderna recuperou o modelo do “infinito”, onde a matéria e a energia escura dominam 96% do universo.
As cosmogonias são fundamentais para entender a formação de culturas e pensamentos religiosos de diversos povos, as lendas e mitos geralmente podem ser pensadas em torno de uma metafísica, e as crenças que as tornam possíveis como explicação do mundo.
A cosmovisão está presente em qualquer forma de pensamento, assim o materialismo, o idealismo e o espiritualismo são cosmovisões, como uma apreensão parcial da totalidade e a solução e encontro do Outro são feitos em função desta cosmovisão.
Assim num diálogo de culturas, imperativo para um mundo globalizante e a exigência de uma cidadania global ainda que não reconhecida, é necessário esclarecimentos desta cosmovisão, de modo não totalizante e ao mesmo tempo que admita o infinito como mistério e devir.
Encontramos no Dicionário básico de Filosofia (Jupiassu, Marcondes, 2008) que a cosmologia supõe a possibilidade de um conhecimento do mundo como sistema e como expressão de um discurso, o postulado de uma totalização do mundo, se feito pelo saber, torna indispensável a ideia de uma eventual cosmologia do próprio saber.
JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
O video below mostra a visão cósmica de David Southwood da ESA (European Space Agency):
A maioria e o identitário
Poucos conhecem este nome, o contrário de transsexual é cis, também o cristianismo e o fato de ser branco pode ser uma dificuldade de diálogo com outros grupos, entretanto a democracia e os direitos exigem que estes diálogos também sejam feitos.
Não se trata apenas de uma posição ideológica ou partidária, porém é assim que se vê a maioria, no caso religioso há ainda uma coisa única no Brasil que poderia ser positiva e não o é, o chamado sincretismo religioso.
Diria mais no caso brasileiro, os negros se contados pardos e mulatos são maioria, o que seria então a guerra ideológica que boa parte da direita pensa, nada além da recusa do diálogo.
A dicotomia que se estabeleceu na sociedade brasileira é prejudicial ao conjunto dos brasileiros, e a chamada “guerra cultural” pode levar o país a extremos nunca pensados antes.
O identitário que no caso americano levou determinada direita ao poder, a oposição não é bem uma esquerda, no caso brasileiro pode abrir fendas profundas na nação, pensando em povo e não em símbolos pátrios apenas, sem que isto leve a uma perspectiva a curto prazo.
A longo prazo somente uma retomada do diálogo tornará possível novos avanços e novas formas de democratizar direitos e deveres aos seus cidadãos, construir uma nova cidadania identitária requer que vejamos o conjunto da sociedade como ela: uma miscigenação de povos, raças e religiões.
Os estudos feitos por Mario de Andrade para Macunaíma pode ser um bom início para este diálogo, embora é claro haverá quem o torne demoníaco também.
O processo de “estranhamento” da sociedade brasileira com sua própria identidade, que é sem dúvida uma miscigenação, pode ter dois caminhos negar uma metade da população com efeitos catastróficos, ou incluir as duas metades e levar o país a um exemplo de tolerância.
Eu torço e luto pelo segundo caso, embora neste momento pareça quase impossível.
Entre as várias resenhas que encontrei na internet, a de Luana Werb é boa introdução a leitura de Macunaíma, caso tenha interesse acesse o link abaixo: