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Arquivo para a ‘Real’ Categoria

Fazer a diferença

07 fev

Fazer a diferença não e portanto, perder a identidade,somente o conceito idealista de auto identidade vê assim, por isto criamos um mundo da mesmice em que tudo é muito parecido, antes de ser um elemento da cultura foi um elemento do pensamento, o imperativo categórico kantiano: “age de tal forma que seja modelo para os outros”.

Depois a indústria cultural, os meios de comunicação em massa radio e televisão desenvolveram isto criaram padrões de beleza, de consumo e até de moral, a moral do estado antes de ser uma moral individual, é uma moral “coletiva” de valores e costumes, que não significam uma ética e uma identidade “sólida”, isto inclui o amor aos símbolos pátrios e valores patrimoniais.

Fazer a diferença significa sim ter uma identidade com princípio éticos e morais, que inclui crenças e até mesmo comportamento (ver post anterior), mas que admite o diálogo e os costumes culturais diferentes do nosso, para que possa indicar para os outros um comportamento e uma ação capaz de incluí-los e mostrar a dignidade humana e social assim influenciar culturalmente mostrando a “diferença” de valores verdadeiros e eternos que beneficiam a sociedade toda.

Verdadeiras culturas e filosofias devem incentivar isto, devem fazer a diferença não de modo a impor opiniões e costumes, mas de modo a que inclua o Outro, por isto jamais acompanha o ar superior, a arrogância e a ideia de que o diferente é errado, isto é maniqueísmo e nunca amor.

A ideia Bíblia que a cultura do Amor deveria fazer a diferença, isto é ser “sal e fermento”, traz junto a ideia de que para fazer a diferença é preciso pouco, mas o sal e o fermento não podem estar estragados pois o efeito sobre os alimentos não será notada.

A verdadeira cultura cristã estabelece em Mateus (Mt 5,13): “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, como salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser pisado pelos homens e para ser jogado fora.”.

A identidade como auto afirmação, como arrogância não é outra coisa senão sal insosso.

 

Identidade e fazer a diferença

06 fev

Parecem contraditórios identidade e diferença,  já colocamos nossa posição que o problema não é lógico, mas onto-lógico, isto relativo ao Ser, e na ontologia moderna a contradição é possível e então não-Ser também pode Ser, e isto dá origem ao Devir, rompendo barreiras estáticas.-
A capacidade e integridade do Ser significa que nos conhecemos como somos, entendemos nossa visão de mundo e as limitações que ela tem, mesmo a ciência mais avançada tem limites, o conhecimento absoluto é possível com um a verdadeira espiritualidade, onde está a alma.
Dizemos de maneira imprópria que onde está o coração, nossos anseios, desejos e projeções sobre o que somos, a maioria das enfermidades, em especial as psicológicas, vem destas projeções quando são falsas, irreais ou experiência reais que nos machucaram.
O não Ser significa que entendemos o que somos e estão preparados para não Ser, para receber o Outro, o diferente e a diversidade cultural e política do mundo, o radicalismo de defender a própria identidade e apegar-se em demasia a própria visão de mundo, já dissemos não é identidade, mas auto-identidade, muitos que criticam o individualismo cultuam a auto-identidade.
Não ser é a abertura ao outro ao diálogo, de onde surge o devir passa necessariamente por um não Ser, boa parte do extremismo do mundo atual, com péssimos reflexos na política é o exercício do culto da “identidade” coletivamente, falsos coletivos e falsos “nós” que são estruturas fechadas e autoritárias.
Dentro deste radicalismo existe uma semente do Outro, do acolhimento da diferença e da verdadeira espiritualidade, é preciso que esta identidade “exacerbada” se abra ao diferente, ou contraditório e principalmente modifique sua forma de “pensamento”, e sua “cultura” fechada.
Do pensamento surgem duas tendências o simplismo que reforça a autoidentidade e a complexidade, conforme propõe Edgar Morin, que facilita e amplia a visão de mundo e de Ser.

 

Entre a Vertigem e Dois Papas

04 fev

A democracia brasileira de fato ainda não tem profundidade e maturidade, tudo é polarizado entre dois pontos de vistas exclusivos e ambos autoritários, mas nem é o caso de Democracia em Vertigem com uma clara interpretação dos fatos da jovem diretora Petra Costa, nem Dois Papas sob a direção de Fernando Meirelles, são bons diretores e tem uma visão dos fatos.
Começo por Fernando Meirelles pois foi sua entrevista no Roda Viva que me incentivou a falar sobre as indicações brasileiras ao Oscar, que devia nos orgulhar a todos, ainda que possamos discordar, precisamos aprender este direito democrático, ambos têm fundamentos culturais.
Meirelles explicou sua visão de Francisco, que seria o roteiro original do filme, que aos poucos tornou-se o diálogo e a admissão de erros papais, ambos cometeram erros, como todos nós os cometemos na vida, mas ambos conseguem dialogar e olhar para o futuro da igreja e do homem.
Falta a democracia brasileira isto admitir os erros do passado, mas é claro antes de tudo conhece-lo bem senão isto jamais será possível e neste sentido valorizo e gostei do filme de Pedra Costa.
Aliás sobre ela mesmo é preciso conhecer sua história, Elena seu primeiro filme tem aquilo que a caracteriza e parece ser o fio condutor de seu estilo, coloca o seu “olhar”, o que está claro ao por no documentário ela faz uma dança em rodopios, lembrando a irmã falecida e fecha num close-up do seu olho, quero dizer, ela própria vê que está colocando sua visão nos fatos.
Vendo o debate, e lembrando dos filmes de Meirelles: O Fiel Jardineiro (2005) e Cidade de Deus (2002), vejo que os debatedores conhecem pouco a obra dele e se fixaram nas próprias opiniões polarizadas sobre o filme, destaco ainda o pouco badalado mas excelente filme “Ensaio sobre a cegueira” (2008) que caberia muito bem para o que acontece na cultura brasileira.
Ambos o documentário de Petra e o filme de Meirelles tem emoção, tem boas imagens e fotografia, enfim são bons, mas a maioria ficará com a polarização e não com o diálogo que a arte procura.

 

Tradição e inovação tem alguma relação ?

28 jan

No âmbito cultural imagina-se muitas vezes que não, ou estabelece inovação apenas no âmbito estrito da cultura, enquanto ela tem relação com as crenças, valores, e principalmente com as formas de relações sociais que envolvem a produção de riquezas, o uso de técnicas, por exemplo, a passagem da cultura oral para a escrita, significou uma mudança profunda.
Inovação está ligada a alguma mudança cultural significativa, em geral, com influência de novas técnicas e modos de produção para consumo, mas o termo é mais amplo.
A mudança hoje é das mídias para as transmídias, isto é, as mídias se complementam pode-se fazer um vídeo a partir de um texto ou de uma exposição oral de determinada cultura, assim pode-se falar de narrativa de transmidia, ou de “storytelling”, ou seja, contar estórias.
O termo foi utilizado pela primeira vez pelo professor Marsha Kinder, da Universidade de Sourthern California (EUA), em 1991, mas em 2003 o professor Henry Jenkins criou uma definição que ficou consagrada em seu livro “Cultura da Convergência”, onde definiu-a como: “[…] uma nova estética que surgiu em resposta à convergência das mídias”.
Ao remeter a estética o termo, este ultrapassa a pura produção de produtos de consumo para atingir a arte, a cultura e de certa forma o sistema de crenças como um todo, mesmo que a rejeição em diversos âmbitos seja comum, o processo de “inovação” avança.
Também há uma redefinição de storytelling, a tradição da cultura oral de contar estórias, onde a tradição se perpetua muda para uma nova forma, agora torna-se o uso de recursos audiovisuais para transmitir uma história, que pode ser contada de improviso (como na tradição oral), mas pode também ser trabalhada e enriquecida com recursos visuais.
JENKINS, Henry. Convergence Culture: Where Old and New Media Collide. NY: New York University Press, 2006.

 

O pensamento complexo

14 jan

Nada favorece mais ao obscurantismo do que a ideia que é possível tornar o que é complexo simples, ignorar a organicidade dos problemas sociais, ecológicos e culturais e como eles se compõe, eles estão ligados.

O pensamento complexo nasce da ideia da natureza e do universo como organismos que são cada vez mais misteriosos e cuja estrutura se revela aos poucos, mediante um trabalho árduo daqueles que primeiro admitem a complexidade dos fenômenos e segundo resistem a tentação de simplificá-los imaginando que bastaria soluções e ideias simples para resolvê-los.

O próprio homem não é senão uma complexificação da natureza, concordam com isto não apenas o pensamento científico mais elaborado como também teólogos como Teilhard Chardin.

A simplificação científica chama-se reducionismo, a simplificação religiosa reducionismo, a cultural e social não tem nome específico, mas pode-se dizer que se confunde com a ignorância e o dualismo.

Esclarece Morin em Introdução ao Pensamento complexo: “a antiga patologia do pensamento dava uma vida independente aos mitos e aos deuses que criava. A patologia moderna do espírito está na hipersimplificação que a torna cega perante a complexidade do real” (Morin, 2008 p. 22).

No campo científico o explica a cegueira epistemológica: “As disputadas entre Popper, Kuhn, Lakatos, Feyerabend, etc., ignoram-se. Ora esta cegueira faz parte da nossa barbárie. Faz-nos compreender que estamos sempre na era bárbara das ideias. Estamos sempre na pré-história do espírito humano.” (Morin, 2008, p. 23).

Nada mais complexo do que reduzi-lo ao simples, como afirmava Bachelard não existe o simples, só há o simplificado, o que na maioria das vezes mutila e deforma o fenômeno, induzindo o pensamento a uma liquidez obscura.

MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. 5ª. ed. Lisboa: Piaget, 2008.

 

Verdades e falácias sobre humildade

09 jan

É pensamento corrente que a humildade seria um tipo de sabedoria revelada só aos humildes no sentido strictu da palavra, assim ela fica vinculada a uma falta de conhecimento, de instrução e, portanto, de verdade, isto não é humildade, mas apenas e tão somente ignorância.
Há ainda um tipo de pensamento medieval: “a atitude de abjeção voluntária diante da natureza miserável e pecaminosa do homem”, parece religiosa mas sequer é isto, o apostolo Paulo diz com maior clareza, segundo o mostra o Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano, ela é “a falta de espírito de competição e de vanglória”, que é presente em vários domínios, até no religioso.
André Comte-Sponville, em seu Dicionário filosófico ajuda a discernir: “não se deve confundir, portanto, humildade com o ódio a si (acrescento autopiedade), ainda menos com servilismo ou baixeza. O homem humilde não se crê inferior aos outros: ele deixou de se crer superior. Não ignora o que vale.. ou pode valer … “, assim muitos arrogantes criticam a falta se humildade, que eles próprios são portadores.
Por último quero acrescentar um argumento filosófico mais forte, o desacordo de Nietzsche com a filosofia socrática (tipo, só sei que nada sei), Nietzsche argumentava que a consideração socrática sobre a arte trágica (ele defendia a tragédia e criticava sua ocultação), nunca diz a verdade, já que ao construir um conjunto de valores conceituais sobre a vida, a empobrece e inferioriza.
Assim curiosamente o filósofo da “morte de Deus” afirma que a vida não pode ser avaliada pelos viventes, pois fazendo parte dela não podem julgá-la, sendo ilusão da realidade.
Quem quer saber um pouco sobre o pensamento de Nietzsche (isto é para iniciantes), veja o vídeo, do Professor Anderson, com a ressalva que nem todo cristianismo é maniqueísta (santo Agostinho não o era, só o foi quando ateu, sua conversão foi justamente abandonar o maniqueismo):

https://www.youtube.com/watch?time_continue=159&v=RVcastuX0c4&feature=emb_logo

V

 

Uma releitura dos reis magos

03 jan

Em tempos de fundamentalismo e intolerância religiosa, uma releitura dos reis magos que foram adotar e também “contemplar” o nascimento de Jesus é essencial para o diálogo entre religiões.

A primeira necessária é que Deus se comunicou com os “magos” do oriente, ela pode reabrir corações fechados para re-ligações (religião do verbo em latim religare que é religar), pois eles não eram sequer religiosos no sentido convencional, mas magos e Deus os religou.

A segunda é que a comunicação divina foi através de astros, que significa que eles podiam entender esta linguagem e que Deus falou na língua humana deles, ou seja, há formas além das dogmáticas de comunicação entre Deus e os homens, mesmo não crentes.

A cosmologia é uma parte antiga e fundamental da filosofia, sua evolução e composição estuda o universo, e vem desde a antiguidade, os pré-socráticos a estudavam, buscam também a explicação da origem e da transformação da natureza e do universo e constroem mitos e divindades, criando uma relação entre seres mortais e imortais.

Então Deus não é tão indiferente a isto, uma proposta universal não deve desconsiderar a cosmologia, e se deseja construir uma cosmogonia, isto é princípio e fim de toda a vida, então uma escatologia é também construída, e a escatologia cristã pode estar relacionada a esta, não é afinal Deus princípio e fim de tudo ?

Esta segunda releitura, a questão dos astros, de fato ainda hoje se buscam evidencias cosmológicas da estrela que os Reis Magos seguiam, um astro, um cometa, isto poderia ajudar a datar o natal de uma data mais precisa.

Teólogos como Teilhard Chardin não deixaram de considerar a hipótese cosmológica, a noção de um universo cristocêntrico ajuda a uma interpretação não fundamentalista de uma escatologia mais complexa, e por isso recorremos (no post de 3/4/2019) a São Gregório de Nazianzeno (a igreja católica o comemora dia 2 de janeiro).

A terceira é que os reis magos foram “contemplar” o menino-Deus, além da vita activa, Hannah Arendt também falou dela em A condição Humana (publicado em 1956, com edição brasileira de 2009), que vem da conferencia Trabalho, Obra e Ação (publicação brasileira de 2006), mas já falavam desta questão Aristóteles no bios politikos e a vita negotiosa ou actuosa em Agostinho, e, recentemente Byung Chull Han em A sociedade do cansaço.

Mas não vieram adorar apenas, onde o elemento oferecido incenso é essencialmente isto, mas também trouxeram ouro no sentido de riqueza e mirra no sentido de sacrifícios oferecidos.

Os reis magos deveriam significar a abertura do cristianismo a outras linguagens e outras culturas que também são uma expressão do infinito, do universo e da vida construída de modo sagrado em todos e em tudo.

Primeira publicação: janeiro 2019

 

Óbidos, a cidade medieval Portuguesa

22 jul

A cidade de Óbidos, considerada uma das 7 maravilhas de Portugal, ali pequenas cidades são vilas, embora tenham câmara municipal, são vinculadas a um distrito e esta cidade é vinculada ao distrito de Leiria, na província de Estremadura, o centro tem 2200 habitantes, mas a região toda tem quase 12 mil.
A cidade possui um castelo com Muralhas, considerada uma das 7 maravilhas de Portugal, onde pode-se conviver com aspectos medieval, esta semana por exemplo, tem o festival medieval, mas o projeto “Vila Literária” transformou Óbidos em Cidade Literária pela UNESCO.
Fica a 80 quilômetros de Lisboa, tem três ruas transversais, a rua Direita, a do Facho e de Josefa d´Óbidos, homenagem a principal artista barroca da cidade, post de amanhã.
Há vestígios que Óbidos seja habitado desde povos primitivos, sua logística próxima ao mar, o clima e a fortificação de defesas estiveram nesta região também os romanos, os muçulmanos e no ano 1148, após a conquista de Santarém e Lisboa por D. Afonso Henriques, também foi tomada dos árabes.
Há ali perto a Lagoa d´Óbidos, pode-se pela estrada real, sendo como lagoa mais fácil de defesa e também com saídas para o mar em vários pontos, indo da Praia de Bom Sucesso até a Praia da Foz do Arelho Mar, contornando a Lagoa.
Quanto ao nome, a palavra vem do latim Oppidus, que significa “cidade fortificada”, há sinais que o imperador Cesar Augusto tenha erigido a cidade no final do século I a.C.
Esta semana Óbidos realiza o Festival Medieval, e haverá um encontro doutoral de Arte Digital da Universidade Aberta.
O vídeo abaixo mostra o Festival Medieval do ano passado:

 

Em Balsamão, longe da agitação

19 jul

Tirar um tempo para descansar, meditar e tentar mergulhar no profundo do Ser, fora das preocupações e da agitação da vida moderna, das crises políticas, sociais e econômicas, não é um ato de alienação é um ato de sanidade em busca de respostas mais profundas.
Pode-se e deve-se depois retornar a vida do dia-a-dia, mas com energia renovada, por sugestão de um amigo chegando a Portugal fomos estar alguns dias no mosteiro de Balsamão, onde a ordem padres Marianos da Imaculada Conceição.
Fica no alto do Monte Morais, que seria um dos cinco umbigos do mundo, e que segundo os religiosos de Balsamão, é onde se experimenta o colo de Deus, rezam em função desta mística o Salmo 124, que diz: “Como Jerusalém rodeada de montanhas,/ assim o Senhor protege o seu povo/ agora e para sempre”.
Subindo da esplanada ao miradouro, tendo a Serra de Bornes ao redor, os olivais de Chacim ao fundo, e as termas da Abilheira abaixo, os tons do pôr-do-sol são vistosos neste período de sol.
A história conta que o padre polaco Casimiro Wyszynski (1700-1755) descreveu o lugar assim: “Temos aqui, cercados pelos rios, campos, pomares, vinhedos, prados, oliveiras e frutas de várias espécies. E nesse monte há florestas, árvores, belos carvalhos.”
Ele decidiu formar o mosteiro ali, onde já viviam eremitas que aceitaram o frei Casimiro com o seu companheiro o frei João de Deus, que os aceitam e dispõem-se a integrar a nova ordem.
O desejo de se retirar e meditar para ouvir a voz profunda em nós, é também o que Jesus indicava para Marta preocupada com Maria que ficava ouvindo Jesus e não ajudando os serviços da casa, ao que Jesus repreende-a (Lc 10,42): “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. 42Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada.”

 

A cidadania-mundo e a auto-identidade

10 jul

Em geral poucos autores estão fora da idolatria do Estado Moderno, mesmo que a maioria deles, em especial os hegelianos, o considerem abstrato, ou como Habermas fora do “mundo da vida”, mas este conceito é diferente do Lebenswelf de Husserl, que é fora do “estado”, pois é mundo-da-vida de modo mais amplo possível.
Um dos poucos autores que irá falar da “constituição da sociedade” é inviável no conceito de modernidade tardia, porém Giddens irá demonstrar em “Além da direita e da esquerda”, que o componente central das sociedades da chamada “modernidade tardia”, não é mais algum tipo de elemento interativo ou coletivo, ao processo é de formação da auto-identidade.
Citando Giddens em sua visão de auto-identidade: “o self é reflexivamente [entendido como auto-identidade] pela própria pessoa nos termos da sua biografia. A identidade, nesse caso, assume continuidade ao longo do tempo e do espaço: mas a auto-identidade é essa continuidade interpretada reflexivamente pelo agente.” (GIDDENS, 1991, p. 53).
Pode parecer um argumento excessivamente individualista, ou por causa do self pensar em algo apressado das novas mídias, Giddens não disse neste contexto, mas da expressão da cidadania de diversos grupos com identidades específicas, as minorias culturais, sociais ou religiosas.
Por desencaixe e sem superar a ideia abstrata de Estado, Giddens entende que o processo de elevação e deslocamento (lifting out) das relações sociais dos contextos locais, e assim a rearticulação em uma outra
Por desencaixe Giddens entende o processo de elevação e deslocamento (lifting out) das relações sociais dos contextos locais e sua rearticulação em uma outra dimensão espaço-temporal (Giddens, 1991, p. 18-21), note-se que o espaço-temporal não é tempo e espaço vistos em movimento absolutos.
Assim apesar do avanço de Giddens, ele não consegue demonstrar que self reflexivo pode gerar instituições internacionais mais democráticas e defender formas multiculturais de cidadania, ainda há um buraco nestes conceitos, que em absoluto se trata de anarquismo.
GIDDENS, A. Modernity and Self-identity : Self and Society in the Late Modern Age . Stanford, Stanford University Press, 1991.