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O inverno e a guerra
A Ucrânia anunciou uma contraofensiva na região do Oskil onde conquistaram pontos importantes e começa uma contraofensiva em Kherson prometendo chega até mesmo a região ocupada da Criméia.
Como o Russia poderá reagir e qual a importância desta retomada da Ucrânia? Antes de qualquer análise é preciso reconhecer que o colapso das forças russas na frente de Kharkiv são séria derrota e é pouco provável que Putin não reaja, o problema é qual é a reação.
As notícias de diversas fontes são que as tropas ucranianas fizeram importantes incursões na frente de Kharkiv, por exemplo, o Institute for War, com sede nos EUA, alo em torno de 2.500 quilômetros quadrados foram recuperados das forças russas.
As forças ucranianas empurraram a linha de frente de Kharkiv cerca de 70 km para o leste até o rio Oskil, conquistando vários pontos estratégicos importantes, em especial na região de Izyum, onde os corpos estavam em falas comuns com marcas de torturas e na margem ocidental de Kupyansk.
O inverno está chegando, e a Rússia além de controlar fontes de energia, também a usinas nucleares que estão sobre seu domínio, pode cortar o gás e sufocar não só a Ucrânia, mas boa parte da Europa.
Porém o que preocupa mais é a reação da Rússia se as derrotas se prolongarem, o uso de armas nucleares estratégicas pode provocar uma reação em cadeia da OTAN e um cenário difícil pode se desenhar.
Entraremos no Outono da Europa, que corresponde ao nosso inverno no hemisfério sul, e as tensões tendem a se agravar.
É preciso que forças pacificadoras se mobilizem e evitem uma crise que possa levar a atitudes drásticas e a um horror ainda maior.
A idolatria da perfeição
Os mitos e ídolos foram criados justamente para desviar a compreensão da natureza humana, eles mudam de acordo com os contextos e com a evolução das linguagens, porém sempre estiveram presentes na história da humanidade e assim eles próprios devem ter considerações humanas.
Nietzsche nos alertou sobre os riscos de vivermos alimentados por ídolos (ou ideias, que para ele eram sinônimos), mostrou que ao dominar nossa mente e condicionar nosso pensar, sentir e agir no mundo nos tornamos rigorosos com a nossa vida e a dos outros, dizia ser uma força monstruosa, como mito pode-se dizer que sua expressão máxima é Narciso (imagem) e este conduziu a mesmice, a falta de originalidade e de diversidade, a exigência do igual.
Em nome de algum idealismo, e na modernidade ele próprio se tornou uma filosofia a partir de Kant, as pessoas são capazes de ferir e atingir o outro que está fora de seu modelo, e até não deixar construir na vida aquilo que se deixou conquistar por ela.
Também o modelo da eficiência, da produtividade e do rigor social é um modelo de perfeição.
Isso acontece porque o modelo idealista formula que há um modelo ideal a seguir e a realidade que é sempre imperfeita e assim preferem seguir a perfeição das ideias e chegam ao absurdo de submeter os outros a seu modelo de perfeição, acreditam que há um topo a ser atingido.
Então não é possível formular um modelo humano a ser seguido, é claro que sim se entendemos a imperfeição humana como parte de um processo de hominização e de civilização no qual todos os outros humanos devem ter igual possibilidade de viver e de compartilhar o ambiente comum.
Edgar Morin chamou isto de “cidadania planetária”, muitos modelos políticos e religiosos falam de solidariedade, de rejeição ao ódio, mas é preciso observar se não constroem algo que exclui.
Hoje é dia da nação brasileira, tão diversa e rica em raças e etnias, qualquer modelo que não suporte o outro é o tipo de idolatria da perfeição que deve-se rejeitar, não conduz a solidariedade.
A Ética spinoziana, um forte contraponto a ética idealista, formulava que a realidade é sempre igual a perfeição, pois a perfeição só tem sentido quando é realidade não coisa imaginada ou pensada, assim perfeição é realidade na mesma medida que a realidade é perfeita.
Sem o amor e o respeito ao Outro, à diversidade e a tolerância, todo modelo ideal é imperfeito.
Crise energética e tensão no oriente
A retaliação de Moscou às sanções impostas após a invasão da Ucrânia, começam a causar impacto na economia europeia e no Reino Unido causou a renuncia do primeiro ministro Boris Johnson, embora o problema seja mais amplo de inflação que em 2023 pode ir até acima dos 20%, o principal impulso é a alta do gás natural em toda Europa, a Rússia acusa a Alemanha pela crise.
Os países da União Europeia procuram estocar gás natural para o período de inverno que virá.
Tomou posse a primeira ministra Liz (Elizabeth) Truss, em eleição interna do partido Conservador contra o ex-ministro do Tesouro, Rishi Sunak, ela é conhecida por ser camaleão, adotar discurso conforme o contexto, na verdade parecida a muitos líderes da atualidade.
Foi contrária, por exemplo, ao Brexit e depois de ter sido adotado tornou-se a favor.
A população de Taiwan observando a guerra da Ucrânia sempre citada em noticiários locais, atentam para uma possível guerra com a China, e preparam-se para eventuais crises com exercícios, treinamentos de primeiros socorros e logística para fugir de bombardeios.
Na semana passada um drone foi derrubado viajando em território Taiwanês, segundo notícias da Deustche Welle, reproduzida no portal G1, desde março uma ONG chamada Forward Alliance além de oferecer treinamentos de defesa civil procura melhorar a resiliência nacional.
Segundo Enoch Wu, fundador da Forward Alliance: “O objetivo é manter as comunidades funcionando, e os treinamentos ajudam a preparar os cidadãos contra crises naturais ou provocadas pelo homem”, mas o pano de fundo é uma possível guerra com a China.
A tensão sobe entre China e EUA devido o anuncio da venda de 1,3 bilhão de dólares de armamentos para Taiwan, a China promete resposta ao que considera “destruição da paz”.
Pode ser um despiste, mas os principais treinamentos que a primeira-ministra de Taiwan participa estão na ilha de Penghu (Pescadores), ela é pequena e embora possua uma estrutura de defesa é isolada e distante da Ilha Formosa que é de fato o território de Taiwan.
A aflição e a salvação
Ao contrário do que pensa o senso comum, os aflitos não estão entre os desgraçados, mas entre os injustiçados, é preciso então pensar na vida do justo e na sua salvação.
Conforme escrevemos anteriormente: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados, bem aventurados os mansos porque possuirão a terra”, e, versículo 9: “bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” e estes são os justos e sofrem afliação.
Mas a ajuda fundamental de Kierkegaard é sobre a questão da identidade, definições enquanto ser-em-si e ser-no-mundo, e, o conceito de eterno que é um lançar-se no “infinito” que é onde está a salvação, ainda que o filósofo não o declare exatamente assim.
Assim é preciso ser que o cálculo que fazemos quando enfrentamos injustiças está entre uma conta que só diante do infinito e das consequencias ela pode ser definida, e como postamos ao contrário a queda se poderia colocar os trechos bíblicos do novo testamento as bem aventuranças em Mt 5,1-12, do versículo 5:“bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”.
Assim é preciso entender este cálculo quando feito ao se referir ao cálculo da salvação feito em Lc 14,28-30: “Com efeito, qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’”.
Esta paz é diferente da “paz perpétua” proposta por Kant e pelo idealismo (veja nosso post), ela resultou em duas guerras e na crença que o estado poderia resolver todos conflitos.
A assimetria negativa: humildade
Se todas relações são de certa forma assimétrica, isto é, envolve algum poder e alguma forma de dominação ou ao menos uma tentativa, a única forma de se contrapor a ela é a humildade, que não é autoflagelação, a desvalorização ou a resignação, é uma forma de não se opor ao poder imposto, como tirar o corpo de uma ação violenta e assimétrica.
Ela é assimétrica no sentido negativo, porque o poder e a comunicação o é no sentido positivo, como poder significa evitar que o espírito de dominação, vingança e depreciação do Outro passe por você, como comunicação significa ouvir com atenção e esperar para discordar do que é não simétrico, que é mais geral que o assimétrico, demonstra a assimétrica positiva, por isso a nega.
Assim uma resposta a violência com violência é uma assimetria positiva, a resposta com a bandeira da paz é desmoralizadora e eficiente contra um inimigo violento, Ghandi a usou para libertar a Índia do domínio inglês.
Também quando a violência é arrogante e desumana, por exemplo a morte de civis, crianças e idosos nas guerras, faz a máscara do poder cair e demonstra toda sua assimetria e arrogância.
Para inverter a lógica da guerra e instaurar a lógica da paz é preciso sim vencer as injustiças e o desrespeito as diversidades sociais, porém a guerra é exatamente o oposto: a contraposição ao respeito da diversidade, a imposição de uma visão unilateral e o agravamento das injustiças.
Assim o que devemos buscar e o banquete dos humildes, a glória dos últimos e a paz daqueles que não tem armas e preferem a comida da mesa ao alimento metálico dos poderosos.
O verdadeiro cristianismo não se une ao poder, mas que estão na base da pirâmide, diz o Evangelista Lucas (Lc 4,12-14): “quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir.”
Parece uma lógica equivocada, porque não é a lógica imposta pelo poder, mas é a lógica dos justos.
A posição do poder e a simetria
Conforme elaboramos no post anterior, o poder é sempre uma posição hierárquica e assim a decisão final e os instrumentos de opressão estão as posições somente daqueles que ocupam os postos maiores na hierarquia e o que resta a base da pirâmide é a rebeldia ou a resignação.
Se o poder é necessário cabe a quem está no posto exercê-lo com discernimento e generosidade, o ideal era que de fato estivessem a serviço, mas salvo raras exceções, a maioria serve-se do posto, e de modo geral a eles todos aqueles que sofismam com o poder.
O modelo platônico e aristotélico supôs que a polis poderia ser governada por aqueles que eram bem preparados e para isto criaram instrumentos de formação do cidadão da polis, por excelência, o político.
A evolução deste modelo chegou ao iluminismo, e praticamente todos modelos atuais (há algumas exceções na África e em países da Ásia) este é o modelo de poder da maioria das nações, pela força, pelo voto ou por aquilo que Byung Chul Han chamou de psicopolítica, iludindo os povos.
Mas é importante lembrar que existe o poder disseminado por toda a estrutura social, e também que existem as redes (podem ou não usarem mídias) e através delas cada um pode exercer sua ação para um mundo melhor, mais simétrico e com maior reciprocidade entre os co-cidadãos.
Sloterdijk criou o modelo da co-imunidade, mas elas pressupõem que sempre algum “mal” impera, algo como o “mal estar da humanidade” o que aqui chamamos de crise civilizatória, a ausência de um modelo real para se contrapor aos modelos ditatoriais vigentes ou em escala crescente, há uma volta ás crises do início do século, justamente por não haver se oposto a raiz do modelo: o iluminista e o idealista.
As razões econômicas são consequências e não raiz destes modelos, como pretendia Edgar Morin ao enfatizar que não há como mudar sem mudar a raiz do pensamento, também Heidegger afirma que abandonar a revolução do pensamento é não permitir uma mudança real na sociedade, e que é no fundo a razão pela qual voltamos as teses anteriores a primeira guerra, ou seja, repetimos a história.
A simetria, a reciprocidade, a compreensão da diversidade humana e o respeito a ela quase sempre é ignorada pelos modelos do início do século passado, voltar a eles não é senão prenuncio de uma tragédia maior: a crise civilizatória de raízes mais profundas que as anteriores.
Quem sofrerá mais será a base da pirâmide do poder, porém o volume de poder bélico pode levar a uma catástrofe humanitária sem precedentes, só a solidariedade, a fraternidade e a reciprocidade podem evitar e redirecionar esta crise.
Guerra: atualidade e possíveis cenários
A liberação de um navio de grãos da Ucrânia é um fator simbólicoimportante, embora a Ucrânia bombardeado o QG da Rússia na Criméia enquanto a Rússia tenha matado Oleksly Vadatursky, fundador e proprietário de uma das maiores empresa agrícola da Ucrânia.
O simbolismo é importante e representa um alívio porque o confisco de grãos poderia causar uma onda de alta de preços em cascata que afetaria o preço dos alimentos em todo mundo.
A guerra, entretanto, está longe de ter um anúncio de paz e denuncias de atrocidades por parte da Ucrânia (um vídeo de castração de um soldado ucraniano por russos foi retirado do twitter) e da Rússia que protestou pelo ataque ao QG da Criméia.
Há polêmica entre especialistas do futuro de 20% do território da Ucrânia que já está ocupado pela Rússia, a maioria considera impossível a retomada destas áreas sem mortes de civis e isto seria para a Ucrânia uma virada em sua narrativa de colocar a Rússia como impiedosa e cruel.
Em pleno verão europeu, a União Europeia consegue uma redução de 15% do consumo de gás, para tentar garantir um estoque para o inverno, mas dependentes da Rússia estarão mais vulneráveis a partir do final de outubro, os gasodutos são mais simples do que o transporte de gás liquefeito que inclusive o torna mais caro, na Alemanha por exemplo, a demanda é grande.
No cenário futuro mais preocupante, recomeçará a 10ª. Conferência de Revisão do Acordo de Não-proliferação das Armas Nucleares, ontem Biden fez um pronunciamento esperando que haja “boa-fé” para realizar o acordo, esclarecendo que mesmo na guerra fria nunca houve ruptura de conversas e o cenário da guerra agora preocupa mais profundamente.
De acordo com os dados de maio de 2019, a Associação Nuclear Mundial (WNA, na sigla em inglês), existem 447 reatores nucleares em operação no mundo e que estão em 30 países, cada um deles é também um perigo nuclear, quer por desastre natural como em Fukushima em março de 2011, quer por erros de operação como Chernobyl em abril de 1986.
Vale lembrar que cada usina é também uma bomba em potencial e que poderiam ser bombardeadas em uma guerra, é provável que o novo acordo nuclear incluam este aspecto.
Covid 19: origem e futuro possível
Um estudo recente, publicado pela revista Science, com pesquisadores de 18 países, revela que a origem do vírus da Covid 19 foi mesmo no mercado de carnes de Wuhan que comercializa carnes de caça e de tipos impróprios ao consumo humano: como raposas, morcegos e cães.
Os estudos haviam sido publicados on-line como prepints (publicações provisórias em sites de compartilhamento) em fevereiro e tiveram agora a publicação oficial na na revista Science.
Um dos pesquisadores que publica o estudo Kristian Andersen, esclareceu a agência de notícias Associated Press que não refutaram a teoria do vazamento de laboratório, mas “acho que o que é importante aqui é que existem cenários possíveis e plausíveis e é realmente importante entender que não significa igualmente provável” em função do mapeamento dos casos iniciais do vírus.
Na semana passada o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom voltou a afirmar que a pandemia “está longe de terminar”, porém ressaltou que a situação atual é “muito diferente de um ano atrás” com lições importantes como vacinar os grupos certos e que esta avaliação “não é teórica, isso é real” apontando para vários países onde o número de internações é crescente.
Os dados atuais da Covid demonstram que ainda está longe do fim, no Brasil tem uma média móvel de casos abaixo dos 40 mil e o número de mortes ainda acima de 200, com uma ligeira que da de 10% em relação a semana anterior.
Na China, os habitantes de Xangai que estão sob uma longa e dura etapa de Lockdown já se irritam e manifestam cansaço das limitações impostas pelas autoridades, em Wuhan local de origem novos 4 casos fizeram disparar um novo lockdown e a China segue na política criticada de zero casos.
No Ocidente a política é confusa e varia de país para outro, podendo-se dizer que não há um protocolo padrão e quando há, raramente é observado pela população e fiscalizado, o mecanismo de testagem é particular e ineficiente.
Dia Internacional da Amizade
A data do Dia Internacional da Amizade, foi instituída pela ONU para lembrar a solidariedade entre os povos, o respeito a diversidade e faço uma repostagem especial de um conteúdo deste blog a este respeito:
O filósofo Platão definiu a amizade como “a predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro”, Agostinho de Hipona afirmava que “o ser amigo nos funde na amizade do ser; os amigos são uma só alma” e Aristóteles parece fundir os dois pensamentos: “a amizade é uma alma com dois corpos”.
Foi Aristóteles em Ética a Nicómaco dedicou dois livros ao estudo da philia e da amizade, que definiu a amizade em três tipos: por interesse, aquela por prazer, por interesse e a amizade verdadeira, a primeira é fácil de identificar por é a busca do prazer recíproco, a segunda por que são úteis entre si, e a terceira, é possível entre homens bons porque desejam o bem por si mesmo e não colocam o prazer nem o interesse acima da amizade.
No capítulo IXI o filosofo peripatético afirma:
“Talvez possamos dizer que nada há de estranho em romper uma amizade baseada no interesse ou no prazer quando nossos amigos já não possuem os atributos de serem úteis e agradáveis; na realidade éramos amigos desses atributos, e quando eles desparecem é razoável não continuar amando.” (ARISTÓTELES, IX, 3, 1165b) .
No capítulo “O sócio e o próximo” do livro “História e Verdade” de Paul Ricoeur ele vai discorrer sobre a diferença entre estas relações, discorre sobre a caridade: “A caridade não precisa estar onde aparece; também está escondida na humilde e abstrata agência dos correios, a previdência social; muitas vezes é a parte oculta do social ”, Paul Ricoeur, Le socius et le Prochain (1954).
Somos lembrados pelo filósofo que assim como as instituições podem ter apenas relações de societárias, pode-se passar por elas também relações interpessoais, de afeto e de solidariedade e que tornam elas menos frias e menos burocráticas, onde se vê não um cliente ou um serviço a mais, mas um próximo pelo qual pode-se interessar.
Não por acaso é um capítulo de História e Verdade, porque a verdade só é estabelecida entre amigos verdadeiros e que são próximos, e se são sócios serão apenas para estarem mais próximos.
O site Twinkl fez referência a este post em função deste dia e agradeço a lembrança.
Vaidade e verdadeiros tesouros
Para muitos o mundo, a história e até mesmo a felicidade pessoal se desenvolve em torno de riqueza, falsos tesouros e algum reconhecimento público, na verdade, tudo é vaidade e nela se consomem grande parte das energias humanas, sem encontrarem verdadeira alegria, não aquela da euforia, do frenesi ou da catarse, mas aquela do gáudio e da paz interior.
Socialmente significa colaborar para que todo o bem a nossa volta se propague e todos possam estar felicidades não com grandes empreendimentos, festas vultuosas ou mesmo outroas alegrias passageiras, tudo isto é juntar tesouros falsos.
Há uma alegria nas verdadeiras perenes, aquela conforme diz um versículo bíblico “onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam” (Mt 6,19), mas aquelas que existem nos laços entre pessoas boas, como definia Aristóteles para o tipo de amizade verdadeira.
Acumular valores verdadeiros, amizades verdadeiras e bens verdadeiros que não são aqueles que só a riqueza material confere, significa mais que ter uma vida virtuosa, é uma estrada que leva a paz interior e a uma felicidade equilibrada que está além daquilo que passa e por isto tem gosto de eternidade.
Em tempos de guerras, ódios e falsas polarizações (não se tratam de polos entre aquilo que é verdadeiro e falso eternamente, mas sim rivalidades temporais), experimentam apenas o gosto de uma felicidade passageira, narcótica e se uma embriguez passageira e curta.
É melhor cultivar valores e sentimentos que tenham durabilidade, e eles precisam de amor e dedicação com asceses espirituais, do que apegar-se ao passageiro que depois exigirá um tipo de renúncia mais difícil e sofrida justamente porque não tem sabor de eterno.
Homens sábios, santos e grandes filósofos buscaram este tipo de gaudio (uma felicidade mais equilibrada e duradoura) porém é impossível consegui-la com apegos temporais: vaidades, ganâncias, opressões e sentimentos de baixa moralidade porque não podem ter durabilidade justamente pelo que representam: sua limitação em um lapso temporal.
Numa sociedade da performance, do ativismo e da baixa ou pouca capacidade de perceber, viver e contemplar o que realmente é belo e eterno, só os que vão além da vaidade e do prazer temporal, podem alcançar este tipo de gáudio, as jóias preciosas da vida eterna.