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Vontade de poder ou de potência

24 fev

Um conceito pouco conhecido de Nietzsche é a vontade de poder, como uma força motriz “natural” do homem, de fato isto levou os povos a se expandirem desde o mundo primitivo, as guerras e impérios de Alexandre o Grande, do qual Aristóteles foi tutor e depois o Império Romano, e os impérios da modernidade: o português, o francês, o russo e o americano.

Há outros grandes impérios pouco citados na história: a grande dinastia manchu Qing, do norte da China invadiu e derrotou a dinastia Ming, era de uma etnia minoritária mas dominou toda a China e teve inclusive uma breve restauração em 1917 e o grande Império Mongol foi um dos maiores em extensão de área, chegando a Europa, nos séculos XIII e XIV.

Mas a potência refere-se também ao desejo individual de influência e de poder, hoje são os influenciadores digitais, que inclusive são financiados e recebem respeito e credibilidade e muitos deles são desconhecidos da grande mídia, por exemplo, o americano PewDiePie é o youtuber com maior número de seguidores, voltaremos ao assunto.

Pode-se pensar potência, como ato e potência, assim poder seria o objetivo atingida pelo potencia porém o próprio Nietzsche adverte que seu sentido é outro: “a vontade de poder não é nem um ser, nem um devir, é um pathos”, assim deve ser analisada na tríade ethos, pathos e logos.

Pathos é, portanto, aquele sentido também usado por Descartes, ainda que Nietzsche negue a razão como princípio, de ondem vem a ideia de patologia, o que se move na imperfeição.

Assim pode-se pensar vontade de poder (no sentido de Nietzsche) em três conceitos, o cosmogônico, o histórico ou o psicológico, cada um estabelece uma relação especial com os diversas propostas presentes na sociedade moderna, o cosmogônico usando terminologia de Nietzsche é uma lei originária, sem exceção, que advém da própria realidade das coisas.

Assim sua lei história não é nunca determinística nem tem nada de oculto, “… esse meu mundo dionisíaco do eternamente-criar-a-si-próprio, do eternamente-destruir-a-si-próprio, sem alvo, sem vontade…”, dito num fragmento escrito em 1885, significa que um conjunto de forças que atuam de modo difuso resultam num estado de eterno retorno, e portanto sem um fim.

Assim vontade de pode ser também entendido como o desejo insaciável de ser mais do que aquilo que se é, se visto sem um fim, pode-se entender o aspecto psicológico mais claro.

Pode parecer algo distante do pensamento moderno, mas basta olhar a realidade e se perceberá que fora do determinismo histórico, do fundamentalismo religioso, a proposta que resta parece ser esta, porém o próprio Nietzsche pode nos ajudar a organizar isto, se é possível pensar algo fora deste estado de “eterno retorno” que a vontade de potência criou.

 

A moral e seus diversos conceitos

13 fev

Pensamos em moral como moralismo, o puritanismo ou “certa” moral cristã, ela como um todo envolve o amor e assim envolve também o diálogo, mas a moral é mais confusa ainda porque se mistura com a moral idealista kantiana e a moral do estado, a chamada “justiça”.

A moral helênica, da antiguidade clássica é uma fusão da moral grega quando esta se difunde pela Ásia Menor e pelo Mediterrâneo vai se encontrar com o “direito” romano, que é uma moral de estado nascente, mas separa-se desta como uma forma de estoicismo.

Este período foi chamado pelo historiador alemão Johann Gustav Droysen (1808-1884) pela primeira vez de helênico, e incluem entre os pensadores Plotino, Cícero, Zenão e Epicuro, guardam noções geométricas e astronômicas que se fundem com as ideias morais, conhecemos grandes frases deste período, mas não o pensamento como Droysen o fez.

Pode-se sintetizar em duas correntes, o individualismo moral ou a moral “interior” e o neoplatonismo de Plotino, que é parecido ao pensamento de Agostinho de Hipona, mas diversos quanto na moral teleológica, para Agostinho o mal é a ausência de bem, não oposto.

A moral kantiana é essencialmente individualista, “age de tal forma que seja modelo para os outros” enquanto a moral do estado será as regras que geriram o contrato social (post anterior), a moral cristão enquanto correntes desde o tempo de Jesus pode ser farisaica e tradicionalista (o que se chama fundamentalista), em essência deveria ser universal.

Amar a todos incluindo os inimigos não é o que fazem a maioria dos moralistas religiosos, sua essência ainda é o “combate do mal” e não a sua superação através do amor e nunca do ódio.