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Adventos da esfera-pública, estado social e o homem-novo
Morin falou do Patria-Mundo, Habermas fala da esfera-pública e podemos falar de mundo unido, tentando contextualizar um espaço para este “novo homem” antropológico, o importante é reconhecer que o discurso filosófico da modernidade que já parte da investigação sociológica, ao menos a sociologia de alguma profundidade, tem ao menos duas noções clara, dentro da questão de espaço-público, ou seja:
A Primeira é aquela que liga o público a visibilidade, própria do mundo das redes eletrônicas, mas remetendo a um modelo histórico da esfera pública representativa, é disto que falam alguns quando dizem sobre “portais da transparência”, mas onde está a nova atitude! Num modelo mais teatral, podemos pensar no papel dos homens públicos, segundo algumas convenções que orientam a vida em pública ou as relações públicas (ver autores como: Goggman, 1973; Sennet, 1979).
O Segundo é aquele que vem das ideias iluministas, mais especificamente de Kant, a novação de vida pública era associada a noção de publicidade e de uso público da razão. Esta idéia liga público a fazer propaganda pública, confusão daqueles que reclamam da mídia, mas Habermas está dizendo outra coisa: “opinião verdadeira, renegerada pela discussão crítica na esfera pública”, por isto ao meu parecer, está falando de algo como a Web, ou meios de comunicação democráticos.
Então o novo esfera-público é o lugar onde devem acontecer de forma normativa domínios de comunicação onde:
a) a teoria da democracia (o espaço público é o quadro no qual se discutem as questões prático-morais e políticas, e no qual se formam a opinião e a vontade coletivas);
b) a análise político-administrativa e a teoria do Estado social (o espaço público é a instância mediadora entre a sociedade civil e o Estado, entre os cidadãos e o poder político-administrativo);
Embora se fale de um estado-social, ele está longe de acontecer se não pensarmos: mecanismos de combate a corrupção, legislação regulatória dos bancos e respeito à opiniões não “partidarizadas”, mas é claro que tudo isto fala de um homem-novo.
Ora esfera-pública, visibilidade e transparência não são senão os temas mais importantes para a internet (meio físico) e a Web (sua aplicação).
Sociabilidade e linguagem na Web
A primeira coisa básica, saber sobre a rede, é que há três níveis de relações que envolvem as Redes Eletrônicas: as redes de relacionamento (com ou sem uso da Web), a internet que é a possibilidade de conexão eletrônica convergente das diversas mídias (inclui até TV e telefone) e a Web que é uma plataforma (ou aplicação) sobre a rede eletrônica da Internet.
Porque confundir isto é tão problemático? porque as redes já existiam antes da internet, ela apenas deu nova tônica a estes tipos de relacionamentos, e a convergência, porque dá para saber de onde vieram as informações, os textos e até mesmo as fofocas, sendo a Web um suporte para isto.
Em terceiro lugar a Web, que são o conjunto de ferramentas sobre a aplicação de um protocolo que é o HTTP (HiperText Transfer Control Protocol), ou seja, uma linguagem para a Web.
No livro Como a web transforma o mundo: a alquimia das multidões, Pisani e Piotet (2010, p. 33) afirmam que o que os jovens realmente amam na internet são “as redes de relacionamento sociais e todas as suas ferramentas”, ou seja, redes pessoais e as ferramentas que ajudam isto, e a internet é apenas um meio.
A Web é uma realidade mutável (a linguagem pode mudar), mas a internet está aí então a segunda questão importante é quais são as “coisas-a-saber” (informação) (PÊCHEUX, 2008), a partir das quais as novas tecnologias digitais, permitem ao sujeito uma posição deste em relação aos objetos, e assuma posições no mundo social e das coisas.
Formulada esta linguagem, surge à terceira condição do sujeito com as possibilidades deste conhecimento contemporâneo, e como as tecnologias digitais e pelas mídias sociais afetam o seu discurso e atitude nos 3 níveis: redes, internet e Web.
PECHEUX, M. O discurso: estrutura ou acontecimento. 5. ed. Tradução de Eni Orlandi. Campinas: Pontes, 2008.
PISANI, F.; PIOTET, D. Como a web transforma o mundo: a alquimia das multidões. Tradução de Gian Bruno Grosso. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.
Ansiedade e necessidade da informação
O ser humano tem necessidade de informação quase da mesma forma que alimentação e lazer.
Não há dúvida que existem pessoas ansiosas, mas se formos à um médico dificilmente ele creditará isto a tecnologia, podendo até acontecer, mas da mesma forma que ter fome e ter ansiedade e comer muito, querer tomar um drink e descontroladamente beber, os que foram fumantes conhecem bem este efeito e que tem a ver com a tecnologia tanto quanto aos sistemas, as crenças e medos conforme os especialistas.
A síndrome do pânico, por exemplo, é um tipo específico de ansiedade e em raros casos tem a ver com tecnologia, criam-se fobias específicas e irracionais.
O termo foi cunhado por Richard Wurman, que o tornou famoso ao participar do Fórum Mundial em Davos, na Suiça, em 1994, mas estas coisas encontram guarida no pensamento ocidental porque temos má relação com as coisas, no dizer filosófico com os “objetos”.
O livro deste autor, Ansiedade da Informação (Editora de Cultura – 2005 – 299 páginas) em alguns aspectos é bem consciente, embora trate de um segmento desta patologia que é a ansiedade, ao referir-se aos diversos pontos que temos “necessidade” apenas de informação para: negócios, empreendimentos, design de algo, comunicação, simples conversas, mapas, ou necessidades educacionais.
Ele dá exemplo de como a informação pode tornar-se “compreensível”, isto é, não tornar-se pura ansiedade sem “satisfação”, ou seja, seu uso correto e responsável para tornar aquilo que é necessário da informação em facilidade de uso e acesso.
Embora ele seja arquiteto, e talvez por isso se intitule arquiteto da informação, não espero do livro nenhuma profundidade em usabilidade e acessibilidade, aí o autor é simplista.
Empregos nas nuvens devem crescer
As previsões são do instituto IDC que indicam a tendência de expansão do mercado de serviços nas clouds junto com a Tecnologia da Informação (TI) de um modo geral, a estimativa é de 13,8 milhões de novos empregos para serviços relacionados às “nuvens”.
A estimativa é que surgirão mais de 13 milhões de postos de trabalho até 2015, sendo a China devido a seu parque industrial e uma política consistente de mercado e formação de trabalhadores, deverá ter 4,6 milhões de novos postos, seguida da Índia, Estados Unidos e Indonésia no ranking dos que mais abrirão oportunidades no setor, o Brasil deverá ser o 5º, fazendo uma estimativa dos 85 mil empregos criados em 2012, num crescimento em torno de 400% ao ano, deverá atingir 415 mil vagas no ano de 2015.
Caso esta tendência se confirme as nuvens corresponderão a 0,37% da força de trabalho no pais, estimando que a TI acumule 1% neste período, isto significa mais de um terço para as clouds.
Embora sejam uma tendência diversos fatos externos podem influenciar como a desaceleração da economia do país, os investimentos e taxas para o setor, e a principalmente delas que é a existência de mão de obra qualificada, o que dependerá de políticas educacionais para isto.
Outro aspecto importante é a terceirização destes serviços que neste setor é grande, e poderia reduzir custo e abrir espaços a novas pequenas e médias empresas no setor, o que pode dar agilidade, reduzir custos e ampliar a presença brasileira na área.
Depois das redes, as conexões dos tecidos
O trabalho é de um amigo pessoal, Luciano da Fontoura Costa, em projeto financiado pela FAPESP e que já lhe valeu uma publicação, nada mais nada menos que na Nature Communications, uma relevante revista para pesquisadores de alto nível nesta área.
Uma pequena reportagem sobre o projeto pode ser lido na revista eletrônica da FAPESP, intitulado Arquitetura dos Tecidos, ele desenvolveu métodos computacionais para analisar imagens de células do epitélio, tecido que recobre interna ou externamente os órgãos e verificar o tipo de ligação entre elas.
Para estudar as ligações, existe um modelo matemático chamado grafo, uma espécie de diagrama, onde as ligações são representadas como um conjunto de pontos (nós ou vértices) ligadas por retas.
Segundo Luciano, “o estudo é consequência de anos de colaboração dele com os pesquisadores Madan Babu e Luis Escudero”, ambos do Laboratório de Biologia Molecular de Cambridge, na Inglaterra, sendo o objetivo principal da pesquisa “investigar a organização epitelial de uma forma mais abrangente e sistemática, usando não apenas medidas da forma de cada célula, mas também uma rede de contatos entre elas”, explicou.
Os tecidos podem ter uma caracterização geométrica, os pesquisadores ingleses buscaram esta caracterização geométrica em cada célula registrada em imagens microscópicas do epitélio de asas e olhos de embriões de frango e da pupa de drosófila, a mosca-das-frutas, enquanto Luciano montou uma rede de contatos entre as células e realizou a análise multivariada dos dados, e através do tratamento estatístico dos dados buscou algum tipo de padrão.
Deixando de resmungar sobre o futuro
Este visionário da comunicação Marshall McLuhan (1911-1980), já profetizava em seu livro “Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem” sobre o novo mundo das tecnologias como a internet e um mundo digital sem fios, mas todo dia sai um livro de alguém que acha que estes meios tem um monstrinho por trás deles, nada como as conclusões deste sábio da comunicação: “aldeia global” que nos tornamos (desde aquele tempo) e os meios “como extensões do homem” e portanto permitem um alcance maior de nossas habilidades e capacidades.
Mas como polêmica vende, depois de alguns pensamentos líquidos e de alguns apocalípticos e pseudo-integrados (novos humanismos e novas ideologias para tentar reabilitar as senis já conhecidas), leio alguns recentes para saber o que os falsos profetas e apocalípticos tem em mente para paganizar a humanidade atual.
Nada disto é novo: em 1996, no encontro dos decadentes governantes e economistas de plantão em Davos, dentre eles havia John Perry Barlow, que lançou um manifesto político “A declaração de independência do ciberespaço” nada mais curioso e patético, mas a internet é livre até para ele.
Já no congresso estadunidense, conservadores de pseudo-“moral” tentavam impor controles, ao estilo do que sempre fizeram em rádios e TV, sobre os conteúdos de sítios da Internet.
Mas nem tudo e todos estão tão pessimistas, o livro do premiado Mcluhaniano, Richard Barbrook escreveu o recém-lançado no Brasil: “Futuros imaginários – Das máquinas pensantes à aldeia global”, que aborda o desenvolvimento tecnológico, sem deixar de levar em consideração suas motivações políticas e econômicas, sem esquecer o impacto e a repercussão social, o desafio da Internet e Web posto aos jovens.
Internet das coisas
O termo foi criado no Laboratório Auto-ID do MIT, e pretende recorrer ao novo sistema de identificação por radio-frequência (RFID, em inglês, Radio Frequency IDentification) e sensores de redes Wireless para registrar os bens e recursos das coisas na Web e prepara uma nova revolução tecnológica, mas no momento depende do desenvolvimento de sensores e da nanotecnologia para sua plena implantação.
O sensores com identificação por rádio frequência, por exemplo, poderão substituir sistema confusos de numeração, códigos de barra e demais sistemas de identificação e produtos, será fácil por exemplo, saber o preço, a origem, a data de fabricação, etc. de qualquer produto, é muito provável que nossos smartphones e celulares em breve terão estes sensores.
No aspecto da nanotecnologia, significa que cada objeto poderá aumentar o poder da rede de devolver a informação processada para diferentes pontos e terem capacidade de interagir e conectar, por exemplo, estando numa loja e supermercado, saber o preço do produto por seu RFID e ligação com a loja, informar data de validade e até mesmo o preço em outros lugares.
O Brasil já realizou dois congresos nesta área, o 2o. Congresso da Internet das Coisas que aconteceu em outubro de 2011, em Búzios, RJ.
As redes na Rio+Social
Engraçado que defensores da TV, do rádio e das mídias controladas em geral por poderes econômicos e governos, em geral são bastante críticos com as mídias sociais chegando a creditar a elas: o isoladamento e individualismo, o consumismo e até a crise cultural e econômica; mas antes da internet não havia isto ?
Nada mais injusto, Mahmmad Yunus, fundador do Grameen Bank e prêmio Nobel da Paz, acredita ao contrário que estas mídias são aliadas desta geração e estão dando força a ela.
A referência foi de Richard Branson, da Virgin Foundation, na Rio+Social, e setenciou: “Não há planeta B, então temos que tomar conta do que temos”, alegando que agora podem expressar seus valores e opiniões, mas acrescento: infelizmente a maioria herdados dos mais velhos.
Pete Cashmore, fundador e CEO do Mashable, acredita que a conectividade torna as pessoas mais ativas diante das questões de hoje: “Tem muito valor para transformar o mundo e resolver os problemas que enfrentamos” e Leonardo Tristão, diretor de negócios do Facebook Latin America, destacou e deu exemplo do que aconteceu no Japão após o tsunami. “Mais de 4,5 milhões de mensagens foram enviadas e ajudaram na localização das pessoas”, enfim as redes podem ser usadas para solidariedade, para promover o bem comum e até para as mudanças políticas.
Como não lembrar da primavera árabe, com blogueiros e twiteiros combatendo os ditadores, enfim há esperança porque há liberdade de opínião
Tricô por computador: criação artística
Pesquisadores e artistas gráficos adicionam diversos tipos de textura em um trabalho apresentado no SIGRAPH, a 39ª. Exposição Internacional de Computação Gráfica e Técnicas Interativas, que aconteceu de 2 a 9 de agosto em Los Angeles, Califónia, EUA, e noticiado pelo site da Cornell University.
O trabalho apresentado foi desenvolvido por Cem Yuksel da University of Utah, Jonathan Kaldor, Ph.D. do Facebook, e pelos professors associados da Cornell University Steve Marschner e Doug James.
Geralmente para colocar a roupa em seus personagens, os artistas gráficos simulam os panos em um computador, adicionam algum tipo de textura e espera que a máquina de tricô faça o resto, agora para tornar a imagem mais realista, o computador simula toda a superfície até o intrincado entrelaçamento de fios e então os cientistas da computação estão em vigor ensinar o computador a fazer tricô.
O método desenvolvido para a construção de tecido é feito de forma que malha é simulada em uma matriz de pontos individuais e depois o tricô é feito em um ponto único constituído por fios de puxados através de um loop repetitivo, até construir cada pedaço de uma malha desejada limitando os comprimentos de cada linha do tricô.
As fileiras de pontos, construídas nos circuitos formados por linhas anteriores vão se repetindo até tornar a peça finalizada. O fio pode ser puxado através de uma variedade de formas ou várias vezes, criando várias formas e texturas. Para simular este realisticamente, um artista gráfico de computador modelou meticulosamente a estrutura 3-D de cada ponto, mas agora esta estrutura não é mais só plana mas 3-D e com isto as combinações são mais criativas e com texturas bem variadas.
Pode-se prever algumas novidades futuras, tais como, malhas em materiais novos e sintéticos, como roupas a prova de bala ou adaptáveis ao clima (seria bom neste clima maluco atual).
A queda das grandes instituições
É o que pensa o filósofo francês Gilles Lipovetski, que está hoje na USP, para ele vivemos um momento da civilização ocidental (o oriente e o mundo islâmico vivem outros momentos) em que predominam o hedonismo, personalização dos processos de socialização e coexistência pacífico-lúdica dos antagonismos como se estes fossem a mesma coisa”.
Desde seu primeiro livro, Gilles Lipovetsky (A era do vazio, de 1983) explora quais são as diversas faces das pessoas de hoje, e que ele deixa claro a concepção “de uma racionalidade para a qual existem não mais afins, e sim apenas os meios” (A era do vazio, 1983, p. 8).
O autor irá enfatizar a sociedade hipermoderna que se caracteriza pelo esfriamento das relações humanas e por uma cultura aberta a tudo e a qualquer coisa.
Demonstrando a crise das grandes instituições e suas eminentes quedas, sem deixar de criticar também os países do BRICS como perspectiva capitalista, ele aponta que na Europa há uma “crise do Estado‑Previdência, pela fragilização do nível de vida, pela degradação da condição salarial, pela acentuação das desigualdades” (A cultura-mundo, resposta a uma sociedade desorientada, 2008).
Desde a antigüidade, a idéia da maioria dos filósofos e escritores era a simples condenação do presente, mas é preciso conhecer e entender o presente como um fato, para então poder direcioná-la a algum futuro promissor, claro entendendo o que é importante, por exemplo, desenvolver para que e para quem.
Se por um lado é desejável a unidade e a paz entre os homens (dia 14 foi dia da unidade entre os homens), por outro lado é na diversidade e na tolerância que podem se estabelecer critérios de diálogo e dialogia.
Apresentada ao vivo, neste momento pela IPTV USP: http://www.iptv.usp.br/portal/home.jsp#