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Arquivo para a ‘Tecnologia Calma’ Categoria

Entre o público e o privado: a transparência

19 jun

O termo parece um slogan de propaganda político, e de fato pode ser, a ideia que tudoSociedadeTransp pode ser revelado e o controle de aparatos, principalmente presidenciais, sobre o que pode e deve ser divulgado pode ao contrário do que anunciam muitos, estar fortalecendo serviços feitos às sobras, o desaparecimento da privacidade, o colapso da confiança e aspectos cruciais para manter a democracia e o controle econômico.

O livro de Byung-Chul Han é uma denúncia que o ideal da transparência pode ser tão falso quanto as piores utopias e mitologias modernas: a desconfiança de todos e a falta de privacidade por uma “homogeneização” da interpretação dos fatos.

Qualquer pessoa com instrumentos adequados pode obter informação sobre praticamente qualquer assunto, desde que disponha de instrumentos e muitas vezes força econômica para fazê-lo, e isto já revela uma das possíveis manipulações.

Grupos poderosos, grupos perigosos e principalmente políticos mal-intencionados podem usar a informação disponível para fazer uso inadequado da informação disponível.

Depois de publicar A Sociedade da Transparência, A Sociedade do Cansaço e A Agonia de Eros do filósofo germano-coreano Byung-Chul Han entra em outra seara.

Sociedade da Transparência é uma tradução de Miguel Serras Pereira direta do texto alemão Transparenzgesellschaft, no original, de Byung-Chul Han. Em Portugal o livro foi publicado em Setembro de 2014, na colecção Antropos, da editora Relógio D’Água.

Byung-Chul Han denuncia neste livro: “A Sociedade da Transparência” (Editora Espelho d´Agua, 2014) é que a transparência total é um ideal falso, e segundo o autor a mais forte e perigosa das mitologias contemporâneas, revela sua ingenuidade e estranheza “quando chegou na Alemanha: De filosofia não sabia nada. Soube quem eram Husserl e Heidegger quando cheguei a Heidelberg” (HAN, 2014).

Critica o que chama de “transparência é desprovida de transcendência” (idem, p. 59): “A sociedade positiva evita toda a modalidade de jogo da negatividade, uma vez que esta detém a comunicação. O seu valor mede-se exclusivamente em termos de quantidade e de velocidade da troca de informação. A massa da comunicação aumenta também o seu valor econômico. Os vereditos negativos toldam a comunicação (HAN, 2014, p. 19).

Qual o remédio, há informações que devem permanecer privativas, mas quais ? quem as controlará ? eis as questões que devem ser respondidas.

Han, B.C. A Sociedade da Transparência. Lisboa: Relógio D’Água, 2014.

 

Elo perdido ou novo homo sapiens ?

12 jun

Em artigo publicado na Nature de 7 de junho, um novo esqueleto de um humanoide,HommoSapiens o fato de ser um homo sapiens é controverso, sugere que a uma raça de humanídeos viveu no Norte da África, região onde é o Marrocos, há mais de 315 mil anos atrás.

Isto muda a concepção anterior que afirmava o surgimento do homo sapiens cerca de 100 mil anos atrás, as medidas foram feitas por equipamentos de laser em diversos institutos da europa, incluindo a Alemanha, onde o estudo no Max Planck Institute se originou.

Jean-Jacques Hublin, autor do artigo da Nature e diretor diretor Instituto para Antropologia Evolucionária em Leipzig, explicou:” Até agora, o conhecimento comum era que nossa espécie surgiu provavelmente, bastante rapidamente, em algum lugar do ´Jardim do Éden´ que se localizava provavelmente na África subsaariana”, mas agora completou: “Eu diria que o Jardim do Éden na África é provavelmente a África – e é um grande e grande jardim”, indicando uma área mais extensa para o surgimento do homem.

Hublin visitou o sitio arqueológico de Jebel Irhoud pela primeira vez na década de 1990, mas não tinha tempo nem dinheiro para escavar até 2004, depois de ter se filiado a Sociedade Max Planck Society, alugou um trator para remover cerca de 200 metros cúbicos de rocha que bloqueavam o acesso a parte mais profunda do sitio.

Inicialmente, uma liderada pelo cientista arqueológico Daniel Richter e o arqueólogo Shannon McPherron, também no Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, dataram do site e todos os restos humanos encontraram entre 280.000 e 350.000 anos usando dois métodos diferentes, mas depois outros países também fizeram medidas usando métodos com uso de laser e a data aproximada é de 315 mil anos.

Hublin diz que sua equipe tentou e não conseguiu obter DNA dos ossos de Jebel Irhoud.

Esta análise genômica poderia ter estabelecido claramente se os restos moram na linhagem que leva a humanos modernos, mas tudo indica que pode ser um elo mais que humanóides claramente identificados com a raça humana, podendo ser o elo perdido entre nós e os primeiros primatas.

 

 

Crise, ontologia e kénosis

09 jun

Desenvolvida a ideia da crise em uma visão mais profunda, e usando o método daEsvaziarSe decadialética de Mario Ferreira dos Santos, é possível buscar um caminho pela: “abstração de um dos opostos, cuja positividade passa a ser negada ou reduzida a outra.” (SANTOS, 2017, p. 75)

É preciso também, como indica o filósofo caminhando em seu método: “salvamo-nos do ceticismo e do dogmatismo, que são duas posições de crise sobre a possibilidade gnosiológica do homem.” (p. 79)

Queremos ir além do pensamento para apontar a superação da crise, não que o pensamento em essência de Mario Ferreira não seja suficiente em essência, mas uma atualização é necessária, para superar o que ele chama pensamento de crise, para estruturar uma filosofia da crise: “e, consequentemente, de se ter uma visão crítica da crise do existir finito.” (idem)

A diferença essencial é que Mário Ferreira vai para um caminho de síntese o que ele chama de Filosofia Concreta, que aponta no livro em diversos trechos como uma leitura complementar para entender seu pensamento, o que se propõe aqui é uma retomada ontológica radical.

Assim propõe para além da ontologia a Kénose, segundo Valodomer Koubetch, “Kenose: Kénosis, kenótico, de kenoo, esvaziar, extenuar, reduzir a nada; estado de humilhação” e isto é necessário porque devemos admitir que não temos a resposta pronta, não temos o discurso ou se preferirmos a narrativa única para o pensamento de crise, e nos amparamos no auxílio dado pelo filósofo brasileiro, para falar na Filosofia da Crise, identificando –o em essência.

Pode-se então enumerar a saída como uma ontologia trinitária, se há uma tensão entre polos opostos de discursos descritos na decadialética, pode-se pensar numa lógica do Outro, do não-eu, ou radicalmente do vazio kenótico onde pode emergir no duplo vazio, um terceiro estado.

A comparação coma trindade é inevitável, pois no discurso teológico a realidade de Jesus Cristo, Filho/Verbo de Deus que, sendo Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, aniquilou-se, humilhou-se e assumiu a condição humana, fez sua kénosis, abrindo uma nova realidade.

Pode-se esgotar o discurso do diálogo, do dialogismo e da polifonia, porém todos não são suficientes se não há a possibilidade nas tensões opostos de abrir uma Kenosis, se feito por dois discursos ou duas pessoas convictas, emerge um terceiro não-eu-tu como uma ontologia trinitária, uma superação do dualismo, não sem tensão ou sem contraditório, mas novo.

SANTOS, Mario Ferreira. Filosofia da Crise, 1ª. ed. São Paulo: É Realizações, 2017.

 

Dualismo e ontologia

08 jun

Se tudo que há no mundo é relacional, se como diz o filósofo Mário FerreiraDecadialéticaPt dos Santos: “não dizemos tudo de uma coisa, nem muito, quando apenas a classificamos em um conceito, pois sabemos que, na coisa, há muito mais, que não é do conceito que a assinala.” (pag. 56)

Portanto ver ontologicamente significa ver a relação entre os vários aspectos do ser e a relação entre os seres, o que Mário Ferreira vai chamar de decadialética, dez campos de análise da dialética, entre as quais encontramos a idealista oposição entre sujeito x objeto, “e no sujeito o campo da razão e da intuição.” (pag. 64)

A maneira única de nosso filósofo é romper o dualismo por dentro, ou seja, não refutá-lo mas incluí-lo então estabelece “um esquema fáctico-noético da coisa:, que é uma representação, com imagem, um esquema sensível do que a coisa é; ou melhor, do que a coisa simboliza em esquemas sensíveis. O esquema abstrato-noético, construído pela razão, é o conceito.” (pag. 64).

Sempre considerando as contradições, “o terceiro e quarto campo o do desconhecimento e conhecimento racionais, que operam na captação dos esquemas abstratos, que, ao mesmo tempo, implicam os que são desprezados, inibidos, ou seja, o da atualização e da virtualização racional e o da atualização e da virtualização intuitivas.” (idem)

Faz uma constatação fundamental para os dias de hoje (ele morreu em 68): “O objeto, não sendo totalmente captado por nós, podemos considerá-lo como atualidade e virtualidade.” (pag. 65)

Então atualidade e virtualidade são campos de tensão do objeto, afirma o filósofo.

Destes campos “um ser só pode atualizar o que está na sua forma. Outras possibilidades só poderão estar mais próximas se sofrerem uma mutação substancial, como ainda veremos adiante.”

É justamente neste campo que surgem os três novos campos: sétimo, oitavo e nono campos, onde vai analisar os aspectos intensos e extensos, que surgem da tensão do objeto.

O quantitativo é sempre extensivo ao objeto, enquanto o qualitativo é intensivo, e usando uma analogia, afirma que a qualidade é vertical, enquanto a extensividade é horizontal, exemplifica com a qualidade cor verde, “o verde é mais verde ou menos verde, tomando-se como medida um verde perfeito, embora sem posse atual por nós, mas apenas virtual.” (idem)

O mecanicismo, explica, é justamente a redução das intensidades à extensidade, neste caso deduz Mario Ferreira: “não há solução da crise aberta entre essas antinomias, porque a redução é meio abstrato de fugir a ela, e não compreendê-la dialeticamente”, neste caso, decadialeticamente.

‘O décimo campo, de grande importância no exame dos fatos, é o do variante e do invariante” (pag. 67), que é a consciência que devemos ter da historicidade, embora Mario Ferreira não se refira a Gadamer, provavelmente nem conheceu sua obra pelo ano que morreu, faz sua análise baseada na relatividade de Einstein.

 

Epistemologia e ciências humanas

31 mai

Do meio do século XIX até o início do século XX, as ciências humanas CienciaNaturalptviveram uma verdadeira transformação na busca de uma alternativa para os fundamentos epistemológicos do conhecimento científico, pois os velhos modelos “positivista” e “naturalista” estavam em cheque.

Dilthey, sucessor de Schleiermacher que propôs o método hermenêutico, buscou fundamentos filosóficos para uma epistemologia do conhecimento científico, assim dizia: “As ciências que têm a realidade sócio histórica como seu objeto de estudo buscam, mais intensamente do que antes, as relações sistemáticas entre elas e com os seus fundamentos.” (DILTHEY, 1989, p.59).

Gadamer vai diferenciar a paridade com as ciências naturais com as ciências humanas (Geistewissenchaften), propondo que o que ocorre com uma interpretação artística, é diferente da leitura, pois “A leitura, enquanto distintas de um ´recital´, não se coloca por si mesma; ela não é uma atualização autônoma de um padrão de pensamento, mas permanece subordinada ao texto restaurado pelo processo de leitura. ” (GADAMER, 2012, p. 11).

O modelo ideal é romântico, como chamado por Gadamer, trata consequências para a epistemologia, pois “O seu ideal é decodificar o Livro da História. Esse é o método pelo qual Dilthey espera pode justificar a auto compreensão das ciências interpretativas e sua objetividade científica. ”  (idem)

Assim como os textos possuem um “sentido puro”, também a história o teria, na análise de Gadamer entretanto ”a sua auto compreensão com relação às ciências não é “verdadeiramente consoante com a sua posição fundamental em termos da Lebesphilosophie “ (filosofia da vida) (GADAMER, 2012, p. 12).

Esclarece que ela se encontra sempre “na conexão entre ´vida´, que sempre implica consciência e reflexividade (Besinung) , e ´ciência´, que se desenvolve a partir da vida como uma das suas possibilidades” (idem).

Assim, a implicação epistemológica clara: “As ciências humanas adquirem assim uma valência ´ontológica´ que não poderia permanecer sem consequências para a sua auto compreensão metodológica.” (idem)

Assim, as ciências humanas “encontram-se mais próximas da auto compreensão humana do que as ciências naturais. A objetividade destas últimas não é mais um ideal de conhecimento inequívoco e obrigatório.” (idem).

Irá buscar na Ética a Nicômacos os fundamentos perdidos, quando no livro sexto Aristóteles distingue: “do conhecimento teórico e técnico o modo do conhecimento prático, ele exprime, a meu ver, uma das maiores verdade que permitem ao pensamento grego trazer à luz a ´mistificação´ científica da sociedade moderna em que reina a especialização.” (GADAMER, 2012, pag. 13).

Referências

DILTHEY, W. Introduction to the Human Sciences. Ed. by R. A. Makkreel & F. Rodi; trad. Michael Neville. New Jersey: Princeton University Press, 1989.

GADAMER, H.G. O problema da consciência histórica, 3ª. edição, 3ª. reimpressão, Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2012.

 

Chineses revolucionam painel solar

05 abr

Duas universidades chinesas criaram, segundo a agência EFE, painéis solares que funcionam PainelSolarcom chuva ou nevoeiro, inclusive no período noturno, a notícia foi publicada no jornal chinês oficial o Diário do Povo.

Segundo o Professor Tang Qunwei, da Universidade Oceânica da China, o principal responsável pelo projeto: “O objetivo é elevar a eficiência de conversão da luz direta até que volte a ter mais, gerando energia suficiente em condições de pouca luminosidade tais como chuva, nevoeiro, bruma ou à noite”.

A equipe da Universidade Pedagógica de Yunnan, a parceira do projeto, os painéis poderão representar uma “revolução fotovoltaica”, princípio usado em todos os painéis solares, mas a diferença deste projeto é o uso de uma liga chamada LPP (em inglês, fósforo de longa persistência), que armazena a energia durante o dia e é usada para produzir o efeito fotovoltaico a noite, permitindo que continue a carregar a energia.

É claro que só a luz pode ser absorvida e transformada em energia, mas o LPP armazena a energia e a luz não absorvida fica perto da infravermelha, segundo o professor Tang: “permitindo a geração de energia contínua de dia e de noite”, a revolução é evidente.

Os avanços já foram publicados em revistas científicas dos Estados Unidos e da Europa, que destacaram a queda custo da energia, além de produzir uma energia “limpa”.

 

A ética hermenêutica

17 mar

Se a ética romântica se desviava pouco do modelo moderno que se fixa na interpretaçãoDialogo dentro do contexto e da apropriação cultural, já dissemos que a alteridade e mais que isto a compreensão do Outro (já explicamos o maiúsculo), é algo que promete colocar em incessante diálogo, relativizando métodos que implicam em colocar o correto de um só lado.

A palavra que usamos sem explicar Verstehen (“compreender”) em alemão já expressa isso: estar no lugar de alguém (für jemanden stehen), dirigir-se para os outros e falar pelos outros, dir-se-ia usando

Esperamos que tenha ficado claro que nem será possível uma consciência no sentido de uma plena identificação consigo mesmo, e também no sentido histórico, nem o alcance de uma verdade absoluta, sem uma abertura concreta ao Outro, disto advém uma ”ética”.

Esses limites também estão na ideia de finitude defendida pela hermenêutica: ninguém pode conhecer plenamente a si mesmo, nem muito menos o outro, senão aberto ao infinito.

A “ética hermenêutica do diálogo”, vem de um desenvolvimento da ideia de sabedoria prática presente nas três éticas aristotélicas, na forma da racionalidade prática (phrónesis), que na realidade, é um conceito platônico, e sabemos que Aristóteles foi um de seus discípulos.

As teses que Platão desenvolveu giraram em torno da ideia de “bem” (ἀγαθόν), mas não como a base de uma perspectiva ontológica, mas como uma pergunta pelo ético no sentido próprio, enquanto Aristóteles teve a intenção maior de criticar a teoria das ideias, além de fornecer uma base para a sua teoria da phrónesis, isto é, concretizando esta ética no estatuto humano.

Sua Etica NIcomaquéia é já ontológica, onde ele pôs os modos de comportamento (ἦθος), com regras dependiam da mutabilidade e da limitação do Ser humano e do modo de ser humano se comporta, então deve ser estabelecido no seu modo variável de escuta atentado outro, assim a linguagem e o diálogo precisam ser adequados e respeitados.

Em Gadamer, a teoria não se encontra em oposição à atividade prática, pois ambas se põe numa presentificação da práxis, o mais elevado modo de ser do ser humano, dá como prova que somos absorvidos (aufgehen) por algo, ao nos demorarmos (verweilen) observando-o e sentirmos certo “orgulho”, mas este se esvazia logo se não há o ato reflexivo da vida.

Afirmará isto de forma bem clara: “o saber hermenêutico deve recusar um estilo objetivista de conhecimento … Ora, o conhecimento ético, tal como Aristóteles nos descreve, também não é um conhecimento “objetivo”. Aqui, ainda, o conhecimento não simplesmente diante de uma coisa eu se deve constatar; o conhecimento se encontra antecipadamente envolvido e investido por seu “objeto”, isto é, pelo que ele tem que fazer.” (pag. 49)

Mas faz uma profunda diferença com o saber técnico, ao afirmar: “Ninguém pode ignorar que há diferenças radicais entre o saber ético e o saber técnico. É evidente que o homem não dispõe de si mesmo como o artesão dispõe de seu material.” (pag. 51)

O que Gadamer vai chamar de saber ético, e o faz apoiado em é distante daquele Hegeliano “saber-para-si”, pois “precisamente nessa “aplicação perfeita” que se desdobra como “saber” na interioridade de uma situação dada” (pag. 55), assim como “o justo significa o contrário não do erro ou da ilusão, mas da cegueira” (idem), e é justamente esta cegueira que “perde o controle de si e, dominado pela dialética das paixões, já não se orienta mais em função do bem.” (idem).

Assim, quase definirá ética, hermenêutica é um processo dinâmico alheio a definições, dirá que saber ético: “se opõe precisamente a um saber puramente técnico.  Assim sendo, não há mais nenhum sentido em distinguir saber e experiência … uma forma absolutamente primordial de experiência, em relação à qual todas as outras experiências talvez sejam secundárias, não originais.” (p. 55)

GADAMER, H.G. A questão da consciência histórica, 3ª. Edição, São Paulo: FGV, 2006.

 

A natureza da natureza

03 mar

Já tivemos ocasião de falar do método de Edgar Morin, em sua essência a complexidade, mas queremos penetrar no âmago daquilo que seu pensamento confronta com a modernidade: o que chamamos de natureza.
Já chamamos de natureza o domínio do homem sobre ela, o antropocentrismo julga que é o próComplexidadeximo homem a natureza, embora parte dela, a questão é o que é a natureza.
No Método I: a natureza da natureza, Morin afirma: “A inclusão do antagonismo no fulcro da unidade complexa é, sem dúvida, o mais grave atentado contra o paradigma de simplicidade, o apelo mais evidente para a elaboração dum princípio e dum método da complexidade” (Morin, 1997, pag. 140).
O problema da unidade é que o antagonismo não pode ser eliminado, por isso a simplicidade é burra, conforme desenvolve Morin: “não há organização que não determine, pelo menos a título virtual, antagonismos internos; as organizações mais complexas comportam jogos antagônicos mesmo no seu princípio e na sua atividade” (idem, pag. 140).
Começa como também o faz a fenomenologia, ao afirmar que as coisas são unicamente coisas, o que afirma entretanto é: “é doravante impossível encerrar a riqueza dos sistemas em noções simples e fechadas”, contradizendo o simplismo e o reducionismo da modernidade.
A complexidade o afirma (em itálico no original): “surge portanto no seio do uno ao mesmo tempo como: relatividade, relacionalidade, diversidade, alteridade, ambiguidade, incerteza, antagonismo, e na união destas noções que são, umas em relação as outras, complementares, concorrentes e antagônicas” (Morin, 1997, pag. 141).
E desvenda o mistério de nossa noção de natureza: “os objetos e conceitos perdem as suas virtudes aristotélicas e cartesianas: substancialidade, claridade, distinção … Mas estas virtudes eram vícios de simplificação e desnaturação “ (Morin, 1997, pag. 141).
Então o que é a natureza, é preciso ler todo o livro e sua complexidade, e não é evasiva, mas deixo uma dica da parte alta do livro: “a esfera noológica, constituída pelo conjunto de fenômenos ditos espirituais, é um universo riquíssimo que compreende ideias, teorias, filosofias, mitos, fantasmas, sonhos … as ideologias podem permanecer em latência ou desvio, num pequeno isolamento minoritário … mas, subitamente, a ruptura duma retroação negativa, ou qualquer outro acontecimento favorável, permite a sua multiplicação epidêmica” (Morin, 1997, pag. 310).
Não é conclusão, apenas uma pontuação deste post: “O imaginário está no coração ativo e organizacional da realidade social e política” (Morin, 1997, pag. 311).
Depois vai desenvolver o universo informacional, que nos interessa tematicamente.
MORIN, E. O Metodo: I-A natureza da natureza, Lisboa: Publicações Euro-américa, 1997.

 

A Natureza em Spinoza

02 mar

Baruch de Spinoza (ou Espinosa como querem alguns) (1632-1677) foi um filósofo SpinozaPortholandês de descendência  portuguesa  (não português como querem outros) cujo racionalismo teve muitas particularidades, uma delas a visão do Uno com a natureza.

Ele dizia que tudo é governado por uma necessidade de lógica absoluta, que nada ocorre por acaso no mundo físico,  assim tudo o que acontece é uma manifestação da natureza imutável de Deus, portanto é vontade de Deus, apesar de ser excomungado pelos  judeus e cristãos.

Mas a razão principal de sua excomunhão era uma espécie de panteísmo, embora hoje cada vez mais a igreja e muita gente esta revendo a visão “antropocêntrica” que temos da natureza.

Seus racionalismo, diferente do de Descartes e próximo de Leibniz que como ele era monista, pode ser expresso assim: ’A Natureza inteira é um só indivíduo cujas partes, isto é, todos os corpos, variam de infinitas maneiras, sem qualquer mudança do indivíduo na sua totalidade’’. (Idem, Prop. XIII, escólio, L. II, p. 155).

O problema dos religiosos e racionalistas  egóicos cartesianos, é que ele via a natureza como inteligente, ela  pensa e este pensar é a próxima essência de Deus, aqui é a origem da acusam contra ele de panteísmo, mas ele parte de um princípio inquestionável para os crentes, e de certa forma razoável para uma razão que se proponha universal, tudo parte do Uno, que para ele era Deus, mas se pensamos somente no universo, há uma natureza uma, e daí vem tudo.

Então qualquer que seja o modo como pensamos e analisamos a natureza, mesmo como rex extensa  que queria Descartes,  o ato de pensar ou qualquer outro atributo, só encontra alguma ordem lógica se há  uma única união de causas, uma só realidade: esta realidade é o Uno, como querem agnósticos, ou mesmo que Deus seja qual for a religião.

Sobre a necessidade da existência de Deus, escreveu Spinoza: “Da necessidade da natureza divina podem resultar coisas infinitas em número infinito de modos, isto é, tudo o que pode cair sob um intelecto divino’’. (Espinosa, Ética, Prop. XVI, p. 100 ).

Com este raciocínio, Spinoza chega a conclusão que é o amor a Deus deve ocupar o primeiro lugar na mente do homem, digo da seguinte forma: ’Não existe nada na natureza que seja contrário a este amor intelectual, por outros termos, que o possa destruir’’. (Idem, Prop. XXXVII, L. V, p. 303).

È certo que teve muitos erros, mas é preciso lê-lo dentro do seu tempo, com Giordano Bruno, Leibniz e Descartes.

SPINOZA, Baruch. Ética, Tratado Político. São Paulo : Abril Cultural, 1978, Col. Pensadores.

 

Quase La La Land ganha

27 fev

Quase porque a atrizes Warren Beatty e Faye Dunaway  anunciaram erroneamente queMoonlight La La Land: Cantando Estações  mas o vencedor com méritos foi Moonlight: Sob a Luz do Luar., os queridinhos da crítica tiveram a melhor atriz Emma Stone – La La Land: Cantando Estações e o melhor ator Melhor Ator Casey Affleck – Manchester à Beira-Mar

 

Os prêmios de melhor atriz coadjuvante foi para  Viola Davis – Um Limite Entre Nós e o melhor ator para Mahershala Ali – Moonlight: Sob a Luz do Luar, o filme ganhou também melhor roteiro adaptado com Barry Jenkins e Tarell Alvin McCraney – .

       

Melhor diretor, o agora premiadíssimo (ganhou dois Globos de Ouro), o diretor Damien Chazelle – La La Land: Cantando Estações, que ganhou também melhor fotografia com Linus Sandgren .

 

Melhor filme de animação foi para  Zootopia: Essa Cidade é o Bicho e melhor filme estrangeiro para  O apartamento, do Irã.

Sem muitas novidades, com melhor trilha sonora de Justin Hurwitz – La La Land: Cantando Estações ficou com as horas da noite, mas Moonlight, desculpem o trocadilho roubou um pouco o brilho.

 
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