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Crise, ontologia e kénosis
Desenvolvida a ideia da crise em uma visão mais profunda, e usando o método da decadialética de Mario Ferreira dos Santos, é possível buscar um caminho pela: “abstração de um dos opostos, cuja positividade passa a ser negada ou reduzida a outra.” (SANTOS, 2017, p. 75)
É preciso também, como indica o filósofo caminhando em seu método: “salvamo-nos do ceticismo e do dogmatismo, que são duas posições de crise sobre a possibilidade gnosiológica do homem.” (p. 79)
Queremos ir além do pensamento para apontar a superação da crise, não que o pensamento em essência de Mario Ferreira não seja suficiente em essência, mas uma atualização é necessária, para superar o que ele chama pensamento de crise, para estruturar uma filosofia da crise: “e, consequentemente, de se ter uma visão crítica da crise do existir finito.” (idem)
A diferença essencial é que Mário Ferreira vai para um caminho de síntese o que ele chama de Filosofia Concreta, que aponta no livro em diversos trechos como uma leitura complementar para entender seu pensamento, o que se propõe aqui é uma retomada ontológica radical.
Assim propõe para além da ontologia a Kénose, segundo Valodomer Koubetch, “Kenose: Kénosis, kenótico, de kenoo, esvaziar, extenuar, reduzir a nada; estado de humilhação” e isto é necessário porque devemos admitir que não temos a resposta pronta, não temos o discurso ou se preferirmos a narrativa única para o pensamento de crise, e nos amparamos no auxílio dado pelo filósofo brasileiro, para falar na Filosofia da Crise, identificando –o em essência.
Pode-se então enumerar a saída como uma ontologia trinitária, se há uma tensão entre polos opostos de discursos descritos na decadialética, pode-se pensar numa lógica do Outro, do não-eu, ou radicalmente do vazio kenótico onde pode emergir no duplo vazio, um terceiro estado.
A comparação coma trindade é inevitável, pois no discurso teológico a realidade de Jesus Cristo, Filho/Verbo de Deus que, sendo Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, aniquilou-se, humilhou-se e assumiu a condição humana, fez sua kénosis, abrindo uma nova realidade.
Pode-se esgotar o discurso do diálogo, do dialogismo e da polifonia, porém todos não são suficientes se não há a possibilidade nas tensões opostos de abrir uma Kenosis, se feito por dois discursos ou duas pessoas convictas, emerge um terceiro não-eu-tu como uma ontologia trinitária, uma superação do dualismo, não sem tensão ou sem contraditório, mas novo.
SANTOS, Mario Ferreira. Filosofia da Crise, 1ª. ed. São Paulo: É Realizações, 2017.
Dualismo e ontologia
Se tudo que há no mundo é relacional, se como diz o filósofo Mário Ferreira dos Santos: “não dizemos tudo de uma coisa, nem muito, quando apenas a classificamos em um conceito, pois sabemos que, na coisa, há muito mais, que não é do conceito que a assinala.” (pag. 56)
Portanto ver ontologicamente significa ver a relação entre os vários aspectos do ser e a relação entre os seres, o que Mário Ferreira vai chamar de decadialética, dez campos de análise da dialética, entre as quais encontramos a idealista oposição entre sujeito x objeto, “e no sujeito o campo da razão e da intuição.” (pag. 64)
A maneira única de nosso filósofo é romper o dualismo por dentro, ou seja, não refutá-lo mas incluí-lo então estabelece “um esquema fáctico-noético da coisa:, que é uma representação, com imagem, um esquema sensível do que a coisa é; ou melhor, do que a coisa simboliza em esquemas sensíveis. O esquema abstrato-noético, construído pela razão, é o conceito.” (pag. 64).
Sempre considerando as contradições, “o terceiro e quarto campo o do desconhecimento e conhecimento racionais, que operam na captação dos esquemas abstratos, que, ao mesmo tempo, implicam os que são desprezados, inibidos, ou seja, o da atualização e da virtualização racional e o da atualização e da virtualização intuitivas.” (idem)
Faz uma constatação fundamental para os dias de hoje (ele morreu em 68): “O objeto, não sendo totalmente captado por nós, podemos considerá-lo como atualidade e virtualidade.” (pag. 65)
Então atualidade e virtualidade são campos de tensão do objeto, afirma o filósofo.
Destes campos “um ser só pode atualizar o que está na sua forma. Outras possibilidades só poderão estar mais próximas se sofrerem uma mutação substancial, como ainda veremos adiante.”
É justamente neste campo que surgem os três novos campos: sétimo, oitavo e nono campos, onde vai analisar os aspectos intensos e extensos, que surgem da tensão do objeto.
O quantitativo é sempre extensivo ao objeto, enquanto o qualitativo é intensivo, e usando uma analogia, afirma que a qualidade é vertical, enquanto a extensividade é horizontal, exemplifica com a qualidade cor verde, “o verde é mais verde ou menos verde, tomando-se como medida um verde perfeito, embora sem posse atual por nós, mas apenas virtual.” (idem)
O mecanicismo, explica, é justamente a redução das intensidades à extensidade, neste caso deduz Mario Ferreira: “não há solução da crise aberta entre essas antinomias, porque a redução é meio abstrato de fugir a ela, e não compreendê-la dialeticamente”, neste caso, decadialeticamente.
‘O décimo campo, de grande importância no exame dos fatos, é o do variante e do invariante” (pag. 67), que é a consciência que devemos ter da historicidade, embora Mario Ferreira não se refira a Gadamer, provavelmente nem conheceu sua obra pelo ano que morreu, faz sua análise baseada na relatividade de Einstein.
Epistemologia e ciências humanas
Do meio do século XIX até o início do século XX, as ciências humanas viveram uma verdadeira transformação na busca de uma alternativa para os fundamentos epistemológicos do conhecimento científico, pois os velhos modelos “positivista” e “naturalista” estavam em cheque.
Dilthey, sucessor de Schleiermacher que propôs o método hermenêutico, buscou fundamentos filosóficos para uma epistemologia do conhecimento científico, assim dizia: “As ciências que têm a realidade sócio histórica como seu objeto de estudo buscam, mais intensamente do que antes, as relações sistemáticas entre elas e com os seus fundamentos.” (DILTHEY, 1989, p.59).
Gadamer vai diferenciar a paridade com as ciências naturais com as ciências humanas (Geistewissenchaften), propondo que o que ocorre com uma interpretação artística, é diferente da leitura, pois “A leitura, enquanto distintas de um ´recital´, não se coloca por si mesma; ela não é uma atualização autônoma de um padrão de pensamento, mas permanece subordinada ao texto restaurado pelo processo de leitura. ” (GADAMER, 2012, p. 11).
O modelo ideal é romântico, como chamado por Gadamer, trata consequências para a epistemologia, pois “O seu ideal é decodificar o Livro da História. Esse é o método pelo qual Dilthey espera pode justificar a auto compreensão das ciências interpretativas e sua objetividade científica. ” (idem)
Assim como os textos possuem um “sentido puro”, também a história o teria, na análise de Gadamer entretanto ”a sua auto compreensão com relação às ciências não é “verdadeiramente consoante com a sua posição fundamental em termos da Lebesphilosophie “ (filosofia da vida) (GADAMER, 2012, p. 12).
Esclarece que ela se encontra sempre “na conexão entre ´vida´, que sempre implica consciência e reflexividade (Besinung) , e ´ciência´, que se desenvolve a partir da vida como uma das suas possibilidades” (idem).
Assim, a implicação epistemológica clara: “As ciências humanas adquirem assim uma valência ´ontológica´ que não poderia permanecer sem consequências para a sua auto compreensão metodológica.” (idem)
Assim, as ciências humanas “encontram-se mais próximas da auto compreensão humana do que as ciências naturais. A objetividade destas últimas não é mais um ideal de conhecimento inequívoco e obrigatório.” (idem).
Irá buscar na Ética a Nicômacos os fundamentos perdidos, quando no livro sexto Aristóteles distingue: “do conhecimento teórico e técnico o modo do conhecimento prático, ele exprime, a meu ver, uma das maiores verdade que permitem ao pensamento grego trazer à luz a ´mistificação´ científica da sociedade moderna em que reina a especialização.” (GADAMER, 2012, pag. 13).
Referências
DILTHEY, W. Introduction to the Human Sciences. Ed. by R. A. Makkreel & F. Rodi; trad. Michael Neville. New Jersey: Princeton University Press, 1989.
GADAMER, H.G. O problema da consciência histórica, 3ª. edição, 3ª. reimpressão, Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2012.
Chineses revolucionam painel solar
Duas universidades chinesas criaram, segundo a agência EFE, painéis solares que funcionam com chuva ou nevoeiro, inclusive no período noturno, a notícia foi publicada no jornal chinês oficial o Diário do Povo.
Segundo o Professor Tang Qunwei, da Universidade Oceânica da China, o principal responsável pelo projeto: “O objetivo é elevar a eficiência de conversão da luz direta até que volte a ter mais, gerando energia suficiente em condições de pouca luminosidade tais como chuva, nevoeiro, bruma ou à noite”.
A equipe da Universidade Pedagógica de Yunnan, a parceira do projeto, os painéis poderão representar uma “revolução fotovoltaica”, princípio usado em todos os painéis solares, mas a diferença deste projeto é o uso de uma liga chamada LPP (em inglês, fósforo de longa persistência), que armazena a energia durante o dia e é usada para produzir o efeito fotovoltaico a noite, permitindo que continue a carregar a energia.
É claro que só a luz pode ser absorvida e transformada em energia, mas o LPP armazena a energia e a luz não absorvida fica perto da infravermelha, segundo o professor Tang: “permitindo a geração de energia contínua de dia e de noite”, a revolução é evidente.
Os avanços já foram publicados em revistas científicas dos Estados Unidos e da Europa, que destacaram a queda custo da energia, além de produzir uma energia “limpa”.
A ética hermenêutica
Se a ética romântica se desviava pouco do modelo moderno que se fixa na interpretação dentro do contexto e da apropriação cultural, já dissemos que a alteridade e mais que isto a compreensão do Outro (já explicamos o maiúsculo), é algo que promete colocar em incessante diálogo, relativizando métodos que implicam em colocar o correto de um só lado.
A palavra que usamos sem explicar Verstehen (“compreender”) em alemão já expressa isso: estar no lugar de alguém (für jemanden stehen), dirigir-se para os outros e falar pelos outros, dir-se-ia usando
Esperamos que tenha ficado claro que nem será possível uma consciência no sentido de uma plena identificação consigo mesmo, e também no sentido histórico, nem o alcance de uma verdade absoluta, sem uma abertura concreta ao Outro, disto advém uma ”ética”.
Esses limites também estão na ideia de finitude defendida pela hermenêutica: ninguém pode conhecer plenamente a si mesmo, nem muito menos o outro, senão aberto ao infinito.
A “ética hermenêutica do diálogo”, vem de um desenvolvimento da ideia de sabedoria prática presente nas três éticas aristotélicas, na forma da racionalidade prática (phrónesis), que na realidade, é um conceito platônico, e sabemos que Aristóteles foi um de seus discípulos.
As teses que Platão desenvolveu giraram em torno da ideia de “bem” (ἀγαθόν), mas não como a base de uma perspectiva ontológica, mas como uma pergunta pelo ético no sentido próprio, enquanto Aristóteles teve a intenção maior de criticar a teoria das ideias, além de fornecer uma base para a sua teoria da phrónesis, isto é, concretizando esta ética no estatuto humano.
Sua Etica NIcomaquéia é já ontológica, onde ele pôs os modos de comportamento (ἦθος), com regras dependiam da mutabilidade e da limitação do Ser humano e do modo de ser humano se comporta, então deve ser estabelecido no seu modo variável de escuta atentado outro, assim a linguagem e o diálogo precisam ser adequados e respeitados.
Em Gadamer, a teoria não se encontra em oposição à atividade prática, pois ambas se põe numa presentificação da práxis, o mais elevado modo de ser do ser humano, dá como prova que somos absorvidos (aufgehen) por algo, ao nos demorarmos (verweilen) observando-o e sentirmos certo “orgulho”, mas este se esvazia logo se não há o ato reflexivo da vida.
Afirmará isto de forma bem clara: “o saber hermenêutico deve recusar um estilo objetivista de conhecimento … Ora, o conhecimento ético, tal como Aristóteles nos descreve, também não é um conhecimento “objetivo”. Aqui, ainda, o conhecimento não simplesmente diante de uma coisa eu se deve constatar; o conhecimento se encontra antecipadamente envolvido e investido por seu “objeto”, isto é, pelo que ele tem que fazer.” (pag. 49)
Mas faz uma profunda diferença com o saber técnico, ao afirmar: “Ninguém pode ignorar que há diferenças radicais entre o saber ético e o saber técnico. É evidente que o homem não dispõe de si mesmo como o artesão dispõe de seu material.” (pag. 51)
O que Gadamer vai chamar de saber ético, e o faz apoiado em é distante daquele Hegeliano “saber-para-si”, pois “precisamente nessa “aplicação perfeita” que se desdobra como “saber” na interioridade de uma situação dada” (pag. 55), assim como “o justo significa o contrário não do erro ou da ilusão, mas da cegueira” (idem), e é justamente esta cegueira que “perde o controle de si e, dominado pela dialética das paixões, já não se orienta mais em função do bem.” (idem).
Assim, quase definirá ética, hermenêutica é um processo dinâmico alheio a definições, dirá que saber ético: “se opõe precisamente a um saber puramente técnico. Assim sendo, não há mais nenhum sentido em distinguir saber e experiência … uma forma absolutamente primordial de experiência, em relação à qual todas as outras experiências talvez sejam secundárias, não originais.” (p. 55)
GADAMER, H.G. A questão da consciência histórica, 3ª. Edição, São Paulo: FGV, 2006.
A natureza da natureza
Já tivemos ocasião de falar do método de Edgar Morin, em sua essência a complexidade, mas queremos penetrar no âmago daquilo que seu pensamento confronta com a modernidade: o que chamamos de natureza.
Já chamamos de natureza o domínio do homem sobre ela, o antropocentrismo julga que é o próximo homem a natureza, embora parte dela, a questão é o que é a natureza.
No Método I: a natureza da natureza, Morin afirma: “A inclusão do antagonismo no fulcro da unidade complexa é, sem dúvida, o mais grave atentado contra o paradigma de simplicidade, o apelo mais evidente para a elaboração dum princípio e dum método da complexidade” (Morin, 1997, pag. 140).
O problema da unidade é que o antagonismo não pode ser eliminado, por isso a simplicidade é burra, conforme desenvolve Morin: “não há organização que não determine, pelo menos a título virtual, antagonismos internos; as organizações mais complexas comportam jogos antagônicos mesmo no seu princípio e na sua atividade” (idem, pag. 140).
Começa como também o faz a fenomenologia, ao afirmar que as coisas são unicamente coisas, o que afirma entretanto é: “é doravante impossível encerrar a riqueza dos sistemas em noções simples e fechadas”, contradizendo o simplismo e o reducionismo da modernidade.
A complexidade o afirma (em itálico no original): “surge portanto no seio do uno ao mesmo tempo como: relatividade, relacionalidade, diversidade, alteridade, ambiguidade, incerteza, antagonismo, e na união destas noções que são, umas em relação as outras, complementares, concorrentes e antagônicas” (Morin, 1997, pag. 141).
E desvenda o mistério de nossa noção de natureza: “os objetos e conceitos perdem as suas virtudes aristotélicas e cartesianas: substancialidade, claridade, distinção … Mas estas virtudes eram vícios de simplificação e desnaturação “ (Morin, 1997, pag. 141).
Então o que é a natureza, é preciso ler todo o livro e sua complexidade, e não é evasiva, mas deixo uma dica da parte alta do livro: “a esfera noológica, constituída pelo conjunto de fenômenos ditos espirituais, é um universo riquíssimo que compreende ideias, teorias, filosofias, mitos, fantasmas, sonhos … as ideologias podem permanecer em latência ou desvio, num pequeno isolamento minoritário … mas, subitamente, a ruptura duma retroação negativa, ou qualquer outro acontecimento favorável, permite a sua multiplicação epidêmica” (Morin, 1997, pag. 310).
Não é conclusão, apenas uma pontuação deste post: “O imaginário está no coração ativo e organizacional da realidade social e política” (Morin, 1997, pag. 311).
Depois vai desenvolver o universo informacional, que nos interessa tematicamente.
MORIN, E. O Metodo: I-A natureza da natureza, Lisboa: Publicações Euro-américa, 1997.
A Natureza em Spinoza
Baruch de Spinoza (ou Espinosa como querem alguns) (1632-1677) foi um filósofo holandês de descendência portuguesa (não português como querem outros) cujo racionalismo teve muitas particularidades, uma delas a visão do Uno com a natureza.
Ele dizia que tudo é governado por uma necessidade de lógica absoluta, que nada ocorre por acaso no mundo físico, assim tudo o que acontece é uma manifestação da natureza imutável de Deus, portanto é vontade de Deus, apesar de ser excomungado pelos judeus e cristãos.
Mas a razão principal de sua excomunhão era uma espécie de panteísmo, embora hoje cada vez mais a igreja e muita gente esta revendo a visão “antropocêntrica” que temos da natureza.
Seus racionalismo, diferente do de Descartes e próximo de Leibniz que como ele era monista, pode ser expresso assim: ’A Natureza inteira é um só indivíduo cujas partes, isto é, todos os corpos, variam de infinitas maneiras, sem qualquer mudança do indivíduo na sua totalidade’’. (Idem, Prop. XIII, escólio, L. II, p. 155).
O problema dos religiosos e racionalistas egóicos cartesianos, é que ele via a natureza como inteligente, ela pensa e este pensar é a próxima essência de Deus, aqui é a origem da acusam contra ele de panteísmo, mas ele parte de um princípio inquestionável para os crentes, e de certa forma razoável para uma razão que se proponha universal, tudo parte do Uno, que para ele era Deus, mas se pensamos somente no universo, há uma natureza uma, e daí vem tudo.
Então qualquer que seja o modo como pensamos e analisamos a natureza, mesmo como rex extensa que queria Descartes, o ato de pensar ou qualquer outro atributo, só encontra alguma ordem lógica se há uma única união de causas, uma só realidade: esta realidade é o Uno, como querem agnósticos, ou mesmo que Deus seja qual for a religião.
Sobre a necessidade da existência de Deus, escreveu Spinoza: “Da necessidade da natureza divina podem resultar coisas infinitas em número infinito de modos, isto é, tudo o que pode cair sob um intelecto divino’’. (Espinosa, Ética, Prop. XVI, p. 100 ).
Com este raciocínio, Spinoza chega a conclusão que é o amor a Deus deve ocupar o primeiro lugar na mente do homem, digo da seguinte forma: ’Não existe nada na natureza que seja contrário a este amor intelectual, por outros termos, que o possa destruir’’. (Idem, Prop. XXXVII, L. V, p. 303).
È certo que teve muitos erros, mas é preciso lê-lo dentro do seu tempo, com Giordano Bruno, Leibniz e Descartes.
SPINOZA, Baruch. Ética, Tratado Político. São Paulo : Abril Cultural, 1978, Col. Pensadores.
Quase La La Land ganha
Quase porque a atrizes Warren Beatty e Faye Dunaway anunciaram erroneamente que La La Land: Cantando Estações mas o vencedor com méritos foi Moonlight: Sob a Luz do Luar., os queridinhos da crítica tiveram a melhor atriz Emma Stone – La La Land: Cantando Estações e o melhor ator Melhor Ator Casey Affleck – Manchester à Beira-Mar
Os prêmios de melhor atriz coadjuvante foi para Viola Davis – Um Limite Entre Nós e o melhor ator para Mahershala Ali – Moonlight: Sob a Luz do Luar, o filme ganhou também melhor roteiro adaptado com Barry Jenkins e Tarell Alvin McCraney – .
Melhor diretor, o agora premiadíssimo (ganhou dois Globos de Ouro), o diretor Damien Chazelle – La La Land: Cantando Estações, que ganhou também melhor fotografia com Linus Sandgren .
Melhor filme de animação foi para Zootopia: Essa Cidade é o Bicho e melhor filme estrangeiro para O apartamento, do Irã.
Sem muitas novidades, com melhor trilha sonora de Justin Hurwitz – La La Land: Cantando Estações ficou com as horas da noite, mas Moonlight, desculpem o trocadilho roubou um pouco o brilho.
Stonehenge e a antropotécnica
Antropotécnica é o nome dado a ideia que é possível ligar a antropologia e seus desenvolvimentos humanos ao desenvolvimento de técnicas que influenciaram mudança civilizatórias e até mesmo estruturais na forma de organização humana, o termo é devido a Peter Sloterdijk que tenta explicar os processos atuais de tecnologia na modernidade.
Stonehenge é um monumento do período neolítico, que se acredita ter surgido num período chamado por arqueólogos de mesolítico, entre 8500 a 7000 a.C. (Vatcher e Vatcher, 1973) e descobriu-se recentemente que faz parte de círculos maiores (figura 1)
Não se sabe como os primeiros monumentos de pedras (post-holes) apareceram ali, mas uma hipótese razoável é que alguns já existiam e depois outros foram sendo trazidos por um longo período de cerca de mil anos, alguns vindos de muito longe de regiões como o País de Gales.
Uma possibilidade estudada é que a paisagem da região de Stonehenge no passado pode ter sido especialmente aberta, que aperta de exigir alguma tecnologia para transportar as enormes pedras, haveria uma espécie de terraplanagens retangulares (a Maior chamada de Stonehenge e a menor de Cursus) que permitiu a movimentação das pedras em troncos de árvores ou mesmo em geleiras glaciares que possibilitaram o movimento das pedras (French, 2012), conforme a figura 2.
Duas pedras conhecidas como Heel Stone (calcanhar) e North Barrow foram as componentes iniciais de Stonehenge, mas a vala circular com bancos internos e externos foram construídas em 3000 a.C. e foram trazidas de fora para lá (figura 3)
É possível que características como a Pedra do Calcanhar eo montículo baixo conhecido como o Barrow Norte fossem componentes iniciais de Stonehenge, mas o evento principal mais antigo conhecido foi a construção de uma vala circular com um banco interno e externo, construído sobre 3000 aC (Field e Pearson, 2010). Esta área fechada cerca de 100 metros de diâmetro, e tinha duas entradas. Era uma forma adiantada do monumento do henge (LAST, 2011)
Dentro dos bancos e de cerca de 60 valas foram encontrados vários instrumentos de madeira, de pedras e alguns deles que chamaram a atenção por serem de cobre, como aquele que foram chamados de valas de Aubrey, as pessoas enterradas ali eram cerca de 150 individuos, sendo o maior cemitério neolítico (PEARSON, 2012).
Uma pedra (gneiss) e pinos de osso encontrados associados com restos humanos cremados nos furos de Aubrey em Stonehenge, dizem que lá foi um cemitério.
VATCHER, G e VATCHER, M., ‘Excavation of three post-holes in Stonehenge car park’, Wiltshire Archaeological and History Magazine, 68 (1973), 57–63.
FRENCH, C. et al, ‘Durrington Walls to West Amesbury by way of Stonehenge: a major transformation of the Holocene landscape’, Antiquaries Journal, 92 (2012), 1–36.
FIELD, D. and PEARSON, T. World Heritage Site Landscape Project: Stonehenge, Amesbury, Wiltshire Archaeological Survey Report, English Heritage Research Department Report 109-2010 (Swindon, 2010).
LAST, J., Introduction to Heritage Assets: Prehistoric Henges and Circles (English Heritage, 2011).
PARKER, M.; CHAMBERLAIN, A., MARSHALL, M. J., POLLARD, RICHARDS, C. THOMAS, J., TILLEY, C. e WELHAM, K., ‘Who was buried at Stonehenge?’ Antiquity, 83, 2009, 23–39.
PEARSON, M Parker, Stonehenge: Exploring the Greatest Stone Age Mystery (London, 2012), 193.
Indicações do Oscar 2017
É provável que haja contestações de Trump, alguma referência ao Oscar branco do ano passado, mas nada mais patriótico e americano do que os festivais, La la Land é interessante, mas 14 indicações diz o que de fato Hollywood é muito americana, como não lembrar os famosos musicais de Hollywood ? é bom sim, mas nem tanto assim.
Como isto La la land igualou a Titanic em 1997, e A malvada em 1950, em indicações centrais como melhor filme, melhor diretor (Damien Chazelle que já ganhou dois globos de ouro), melhor ator (Ryan Gosling) e melhor atriz com Emma Stone.
Bem atrás do musical, estão filmes com 8 indicações e o drama Moonlight: Sob a luz do luar, a ficção científica “A chegada”, e depois Manchester à beira-mar com 6 indicações e que já dissemos que não é tudo isto.
Ainda no estilo hollywoodiana não poderiam faltar um filme de guerra, a “Até o último homem”, de Mel Gibson e um faroeste moderno como a “A qualquer custo”; quanto aos dramas, estão: “Estrelas além do tempo”, “Lion: Uma jornada para casa” e “Cercas” (em inglês Fences), que é um dos meus preferidos junto com “A chegada”.
Meryl Streep, que no globo de Ouro onde foi homenageada de honra deu uma sapatada em Donald Trump, bate seu record com 20 indicações ao Oscar (só ganhou 3) como melhor atriz por seu papel em “Florence: Quem é Essa Mulher?”.
Destaco ainda a indicação da inglesa Isabelle Huppert (“Elle”) (primeira foto acima), que não deve levar, mas estou na sua torcida, junto com “A chegada” (foto da direita),
Viola Davis já ganhou o prêmio Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante, poderia ganhar de novo, mas é provável que vá para, Naomi Harris (“Moonlight: Sob a luz do luar”) (foto abaixo), sendo as outras indicações: Nicole Kidman (“Lion: Uma jornada para casa”) e Octavia Spencer (“Estrelas além do tempo”) não merecem.
Talvez Star Wars (“Rogue One: Uma história Star Wars”) (foto abaixo) tenha um premio de consolação de efeitos especiais ou mixagem de som, os aficionados esperavam mais alguma indicação.
Em animação Trolls não teve indicação, talvez Moana: uma aventura do mal talvez ganhe, fui assistir com crianças que acharam um pouco difícil a linguagem, os outros exceto Zootopia, que tem algo diferente, “Minha vida de abobrinha”, “A tartaruga vermelha” e mesmo o badalado “Kubo e as cordas mágicas” não tem nada de especial.
O prêmio será daqui um mês, dia 26 de fevereiro e será apresentado por Jimmmy Kimmel.