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Hegel: o ápice do idealismo
Georg Wilhelm Friedrich Hegel(1770-1831) pode ser considerado o ápice do idealismo mesmo para leitura divergentes, e para outros o máximo desenvolvimento da modernidade em seus três grandes projetos: o idealismo “puro”, o cientificismo e o estado democrático de direito.
Suas três grandes obras, os escritos de juventude e a formação cristão luterana também são importantes, Fenomenologia do espírito (ou da mente, já explico) de 1807), Ciência da lógica (1812-17) e Enciclopédia das ciências filosóficas (1817) (consideradas aqui como contíguas) e Princípios da filosofia do direito (1820), e é claro há vários outras obras.
Esclarecemos três equívocos o primeiro é sua filosofia do espírito, mas que pode ser considerada também da mente, a segunda é seu método que seria análise-síntese-antítese, o que foi escrito por um de seus comentaristas Heinrich Moritz Chalybäus (1762-1862), e no terceira é que sua historicidade é aquela da história numa dimensão temporal da existência humana, a da teoria da história que inclui fatos culturais e sócio-políticos.
Na filosofia do espírito a palavra em alemão Geistes (espírito) tem a raiz geist que indica mente, em inglês existem as duas versões, e alguns historiadores da filosofia (como Stephen Trombley) consideram que isto foi proposital de Hegel), pode-se explicar isto pelo fato que ao falar de espírito, dirá em Fenomenologia do Espírito: “A razão é o espírito quando a certeza de ser a realidade se eleva à verdade, e [quando] é consciente de si mesma como de seu mundo e do mundo como de si mesma”.
O tema da consciência é importante e será ele que guiará Hegel em suas obras sobre a lógica e as ciências filosóficas, não por acaso escreveu em Fenomenologia do Espírito sobre Ciência da experiência da consciência, assim como sua obra mais importante a filosofia do direito.
Nesta obra Hegel definirá eticidade como: “…a ideia da liberdade enquanto vivente bem, que na consciência de si tem o seu saber e o seu querer e que, pela ação desta consciência, tem a sua realidade”, vinculando a vontade subjetiva individual e a realidade.
São categorias essenciais para entender Hegel em-si, de-si e para-si se pode compreender melhor o que é de fato o conceito da moral hegeliana e sua relação com a pessoa, aqui não apenas por acaso chamado de indivíduo e sujeito, conceitos caros a todo o construto idealista.
Empirismo é racionalismo ?
Seguindo nosso autor-guia Peter Kreeft, em seu imaginário diálogo de Sócrates com Hume, agora Sócrates perguntará sobre o método e o que é verdade para Hume, tentando mostra-lo como racionalista, ao Hume afirma que não o é, Sócrates responde:
“SÓCRATES: Em sua teoria epistemológica, sim, mas não em seu método. O teu método, assim como o deles, consiste em reduzir ou dados à explicação, o complexo ao simples, a rica variedade da experiência às simples fórmulas universais.
HUME: Mas esse é simplesmente um dos elementos do método científico.
SÓCRATES: E isto significa que deva ser um dos elementos do método filosófico ?
HUME: Não há nada de absolutamente verdadeiro, ou falso, com relação a um método … um método é apenas uma ferramenta, um meio prático no fim de se encontrar a verdade. O que deveríamos debater é a verdade.
SÓCRATES: Concordo. Mas não pode ser a verdade que o método científico não é mais adequado para o filósofo que um método não científico para um cientista?
HUME: E que método usarias para comparar o método científico a qualquer outro método?
SÓCRATES: Eu usaria o método universal da lógica.
HUME: É justo.
SÓCRATES: E digo que o reducionismo viola as leis da lógica.” (Kreeft, 2014, p. 34)
O reducionismo é a base do racionalismo e também do empirismo, isto é a simplificação da realidade em fórmulas e processos aparentemente explicados, mas que são complexos.
O tema é anterior a modernidade, no final da idade média, o nominalista inglês William Ockham criou o método: “entre duas explicações escolha a mais simples”, e por causa dele isto ficou conhecido como Navalha de Ockham.
Gotas de Filosofia: no início era Sócrates
Conhecemos Sócrates por Platão, isto é aparece nos diálogos da Platão e como
boa filosofia, é uma conversa na qual um raciocínio vai sendo engendrado em uma lógica como afirmava Leibniz: na qual uma verdade leva a outra, e assim alguém se contradiz ou é refutado no meio da conversa, enfim são diálogos.
Diálogos não são aforismas, máximas que ditas de maneira quase dogmáticas podem parecer verdades, mas não são pela falta de diálogo, no dizer da filosofia de hoje, sem a presença do Outro, mas apenas a presença do Mesmo, monólogos por vezes autorreferentes ou sistêmicos, conforme o Paradoxo de Gödel: nenhuma teoria axiomática (lógica) é completa.
O debate entre Sócrates e Hume, embora um hipotético encontro na eternidade é importante, porque o empirismo foi a última grande corrente do pensamento científico, emprestada ao Círculo de Viena, que tentou reconceitualizar o empirismo e demonstrar as falsidades da metafísica.
Foi Peter Kreeft (2014) que escreveu “Sócrates encontra Hume: O pai da Filosofia interroga o pai do Ceticismo Moderno”, que humildemente escreve em sua introdução: “acredito não ter violado a integridade da filosofia de Hume” (Kreeft, 2014, p. 12) e depois: “Este não é um trabalho acadêmico” (idem), ao que diria: melhor assim.
Após uma apresentação inicial, em que Hume se diz como um cético e Sócrates não, mas se encontram como censurados pela academia, e fazem um diálogo sobre critica a ideias.
Destaco inicialmente, sobre esta questão da crítica que Sócrates diz ser importante ao ensino.
“SÓCRATES: Portanto, não reclamarás de estar sujeito ao mesmo tipo de crítica.
HUME: Não tenho nada a temer. Não sou um desses construtores de sistemas dogmáticos, como aqueles Racionalistas, Descartes, Espinoza e Leibniz.
SÓCRATES: Isso ainda veremos.” (Kreeft, 2014 pag. 17)
KREEFT, Peter. Sócrates encontra Hume: O pai da Filosofia interroga o pai do Ceticismo Moderno, Campinas: CEDET, 2014.
TDM em Humanidades Digitais
Humanidades Digitais é uma área emergente que procura explorar consequências sociais e humanas em ambientes digitais, por isso considero mais correto no nome Humanidade em Ambientes Digitais, e TDM (Text and Data Mining) é uma destas tendências.
Um blog da London School acaba de publicar interessante artigo que aponta para uma tendência que bibliotecas e bibliotecários explorem e auxiliem no uso de TDM para pesquisas e buscas.
http://blogs.lse.ac.uk/impactofsocialsciences/2016/07/12/how-libraries-and-librarians-can-help-with-text-and-data-mining/
O blog explica que em especial a alteração da revisão de Hargreaves sobre direitos autorais no Reino Unido, removem as barreiras legais para explorar textos e fazer mineração de dados (TDM) sobre o corpus da literatura de pesquisa, então o artigo explora como bibliotecas e os bibliotecários podem facilitar o trabalho de pesquisadores que querem aplicar métodos TDM em recursos bibliotecários quer seja para fontes impressas ou eletrônicas.
O artigo também defende que no caso dos recursos de bibliotecas, os bibliotecários podem aconselhar pesquisadores e incentivá-los a usar as novas regras de exceções de direitos autorais, o que significa que possam ultrapassar certas barreiras de direitos autorais.
O blog explica que isto pode significar recursos valiosos, por exemplo, em pesquisas de química molecular (foto), cristalografia e outras áreas de caráter muito sigiloso.
O artigo aponta isto como um exemplo das Humanidades Digitais, um grande corpo de jornais da época vitoriana pode ser extraído para extrair piadas desta época, e que podem ainda analisar outros aspectos de época e historia social do Reino Unido.
http://britishlibrary.typepad.co.uk/digital-scholarship/2014/06/victorian-meme-machine.html
Não se trata apenas do corpus eletrônico que possa ser extraído, embora-o artigo forneça um exemplo de digitalização de cópia para fins de TDM para ajudar o leitor.
O aniversário de Habermas
Jürgen Habermas completará 87 anos amanhã, e este pode ser considerado um dos maiores pensadores contemporâneos vivos, algumas de suas obras são mais “visíveis”.
A obra que considero mais importante é Textos e Contextos de 1990, onde demonstra a influencia que sofreu daquilo que igualmente considero os teóricos mais importantes do século passado: Charles S. Pierce, Edmund Husserl, Martin Heidegger, Ludwig Wittgenstein, Max Horkheimer e Georg Simmel, além de outros é claro.
Escrita em 1985, a Nova obscuridade, mostra como as questões públicas estão assumindo um caráter neoconservador e dramático, que põe em crítica não só a democracia, mas a nova maturação que começava acontecer na Europa e na Alemanha em especial.
Os dois conceitos mais importantes, para demonstrar sua influencia no pensamento contemporâneo é o agir comunicativo e a esfera pública, anunciados da seguinte forma:
[…] incluo no agir comunicativo as interações mediadas pela linguagem nas quais todos os participantes buscam atingir fins ilocucionários, e tão somente fins como esses. Ao contrário, considero agir estratégico mediado pela linguagem as interações em que ao menos um dos participantes pretende ocasionar com suas ações de fala efeitos perlocucionários em quem está diante dele (HABERMAS, 2012, p. 510)
Já A Esfera Pública, é vista assim por Charles Taylor: “A esfera pública é uma característica central da sociedade moderna, de tal modo que ela, mesmo onde é, de fato, suprimida ou manipulada, tem de ser simulada.” (Taylor, 2010, p. 4), o livro pode ser encontrado online.
HABERMAS, Jürgen. Teoria do Agir Comunicativo 1: Racionalidade da ação e racionalização social. Tradução: Paulo Astor Soethe. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.
TAYLOR, Charles. A Esfera Pública. Tradução: Artur Morão. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2010
O outro e o justo
A justiça e a paz parecem distantes se consideradas como categorias idealistas, mas se recuperarmos o conceito ontológico, tanto a justiça estará presente no ser humano como o Ser, e a paz como necessidade humana para viver uma vida saudável, então devemos entender de modo ontológico, a justiça como justo e a paz como o pacífico, o “fazedor de paz”, e se quisermos também a ética como ontoética.
Estes pensamentos estão presentes no pensador contemporâneo Emmanuel Lévinas (1906-1995), que inicialmente influenciado por Edmund Husserl, mais tarde por Martin Heidegger, de sua experiência existencial nos campos de concentração tira um novo conceito para além do indivíduo e da pessoa, o Outro, no qual reavalia seu modo de pensar, a alteridade.
O respeito, a consideração e a convivência com o Outro, não deve ter pré-requisitos, deve antes de mais nada “O outro tem que ser o que ele é e eu tenho que ser o que sou” (Levinas, 1980. p, 27, mas é preciso entender que esta ética não é uma ética convencional.
Define-a Levinas, a luz das doutrinas do Direito, como:
“Se meu direito tem significado, apenas em relação a outro direito, cuja ação ou prerrogativa estão pressupostos no reconhecimento ou exercício do meu direito, o direito do Outro sempre e já precede ao meu. O (direito do) Outro vem primeiro; antes do meu direito e antes da minha identidade conforme organizada pelos direitos, vem minha obrigação, minha virada radical em direção à exigência de respeitar a integridade existencial do outro. A essência não-essencial dos direitos humanos, o universal fugaz envolvido em todas as reivindicações particulares de direito poder ser o reconhecimento da prioridade da outra pessoa a cuja existência da minha me torna eticamente limitado e abre para mim o domínio da linguagem da intersubjetividade e do direito” (LEVINAS, 1980, p.73).
Isto implica numa nova dimensão do direito o não julgar o outro a partir do si próprio, mas a partir do infinito, e isto aí consagra a teoria da intersubjetividade (O sujeito é aquele que há uma falta), e por isso, deseja o outro, porém o outro é reduzido pelo meu conhecimento de mundo, que é limitado a minha visão de mundo.
LÉVINAS, Emmanuel. Totalidade e infinito. Lisboa: Edições 70, 1980.
As FinTechs vem ai
Na definição da empresa de pesquisa Venture Scanner, são empresas novatas, feitas na sua grande maioria por jovens de no máximo 35 anos, e que fazem exatamente o que um banco faz, porém com uma estrutura bem mais enxuta (o que reduz os custos dos serviços).
Usando tecnologia de ponta, garante grande eficiência e usam alcance maior da internet, e já existem no mundo nada menos do que 1.406 fintechs, a maior parte delas com menos de seis anos, e um fato histórico importante é que foi depois da crise financeira mundial.
Usando tecnologia de ponta, garante grande eficiência e usam alcance maior da internet, e já existem no mundo nada menos do que 1.406 fintechs, a maior parte delas com menos de seis anos, e um fato histórico importante é que foi depois da crise financeira mundial.
Em 2014, essas fintechs já captavam US$ 29 bilhões com fundos de investimentos, com taxas muito menores, e o famoso JPMorgan, através de seu presidente Jamie Dimon afirmou aos seus acionistas: “O Vale do Silício está chegando”, eles estão “trazendo um monte de startups com cérebro e dinheiro para mudar a nossa indústria”.
Segundo o Goldman Sachs estima-se que US$ 4,7 trilhões em receitas dos bancos podem ir parar nas mãos dessas “intrusas”, maior que o PIB brasileiro, então um pais digital vem aí.
A tecnologia digital já chacoalhou a indústria da música, dos transportes e do cinema, e agora a emissão de cartões, empréstimos e contratação de seguros, é uma revolução sim.
A maior parte delas surgiu há seis anos, não por acaso, depois da crise financeira mundial na qual a JPMorgan foi um dos epicentros, nasceram estas fintechs, no Brasil já existem algumas empresas, os juros são bem melhores, mas é feita uma pesquisa detalhada do cliente.
Indústria e tecnologia: uma saída ?
Os setores que segurado o despencar de nossa economia são o milho com um crescimento de 110% aproximadamente, a soja com 46% e a celulose 13,4% crescimento registrado neste primeiro trimestre de 2016 com a economia em queda e a crise política ainda sem solução.
Enquanto vemos o parque industrial brasileiro se reduzindo, com grandes indústrias saindo ou fechado as portas, e apenas o setor agropecuário segurando as pontas nos perguntamos se a alta tecnologia tem algo a dizer e pode ser uma saída para recuperar o parque industrial ?
Aparentemente sim, bons exemplos são empresas como a catarinense WEG, são uma das maiores exportadoras de motores e equipamentos eletroeletrônicos do mundo, e cresceram 24% no ano passado em meio a uma crise econômica (e política é claro), porque tem um pé forte na exportação, quase 55% de sua receita vem do exterior, e empregam 31 mil pessoas.
Outro de um porte menor é a Bralyx Máquinas que trabalha com equipamentos de confeitaria e produção de massas, tem inserção em 50 países e fatura R$ 50 milhões, sendo metade também do exterior, mas emprega apenas 150 pessoas.
Setores de alta tecnologia são promissores e o Brasil tem mão de obra e um bom sistema de ensino neste aspecto, um sistema que auxilie as start-up* neste setor seria importante, embora a base do ensino primário e secundário precise de reforma.
*Start-up – nome dado a qualquer empresa inovadora em estágio inicial.
Morre Zaha Hadid
Morreu no penultimo sábado passado a britânico-iraquiana Zaha Hadid, tinha 65 anos e estava sendo tratada de bronquite em um hospital em Miami (EUA).
Hadid criou o famoso Parque Aquático da Olimpíada de Londres 2012 que era móvel e podia ser totalmente remodelado, como foi feito numa das arquibancadas da Arena Corinthians e seus projetos estão espalhados por países como Alemanha, Hong Kong e Azerbaijão.
No Brasil, a arquiteta criou apenas uma sandália da frife Melissa, em 2008.
Em 2004, ela foi a primeira mulher a vencer o Prêmio Pritzker, o mais importante da área, considerado o “Nobel da arquitetura”.
Foi também laureada com a Medalha de Ouro do Instituto Real de Arquitetos Britânicos, em reconhecimento por sua obra, ocasião em que declarou:”Hoje em dia vemos o tempo todo mais arquitetas estabelecidas. Mas isto não significa que seja fácil. Às vezes os desafios são imensos. Houve uma mudança tremenda nos últimos anos e vamos continuar com este progresso”, sobre a participação feminina.
O seu primeiro grande projeto foi a Estação de Bombeiros Vitra em Weila am Rhein, na Alemanha, Riba Stirling Prize foi conquistado duas vezes, em 2010 pelo projeto do Museu Maxxi em Roma, em 2011 pelo projeto da Evelyn Grace Academy em Brixton, Londres.
O seu projeto mais futurista nunca foi construído, o The Peak Leisure Club de Hong Kong, feito em 1983, era baseado em uma montanha de granito para ser construído acima do transito sempre congestionado de Hong Kong (foto).
Ressentimento e ambiguidades do brasileiro
Retratado por diversos autores, como “patriarca da literatura nacional” José de Alencar, em vários romances, mas em Senhora de modo especial retrata de modo “mimoso” termo usado pelo escritor e ironizado por Martim Vasques da Cunha, retrata a “mercantilização do amor” e não apenas, mas a ambiguidade “aqui não é resultado de uma técnica apurada, mas de uma confusão mental” (Cunha, 2015, p. 57).
Retornamos um pouco atrás, Senhora é de 1875 porque algumas análises nos interessam, por exemplo, Antonio Candido em a Formação da literatura Brasileira esclarece que “a percepção complexa do mal, do anormal ou do recalque, como obstáculos à perfeição e como elemento permanente na conduta humana” (apud. Cunha, 2015, p. 57), onde esta complexidade é porque “não sabemos fazer mais nada senão de comprarmos uns dos outros” (Cunha, 2015, p. 58).
Esclarece Martim Vasques da Cunha, que este “amor” nada mais é do que o romantismo transposto da Europa para a base de nossas próprias intenções, isto já manifesto nos pretendentes do dinheiro em Eugenie Grandet de Balzac (1833) ou Madame Bovary mais fiel ao estilo romântico publicado em 1857.
Corretamente analisado por Vasques da Cunha, Memórias de um sargento de milícias (1854) é um retrato mais realista do romantismo brasileiro da época, onde “a exuberância da linguagem somado ao estilo claro e direto vai contra qualquer intenção de adocicar os personagens que transitam na sociedade imperial por meio de uma retórica empolada” (Cunha, 2015, p. 60).
A diferença entre Alencar e Manuel Antônio de Almeida é que “este evita de fazer qualquer espécie de juízo moral em seu relato” (Cunha, 2015, p. 61).
A contradição do personagem Leonardo, filho de Leonardo Pataca, em que pese a crítica sutil a sociedade da corte, parece em certas análises, como a de Antonio Candido fazer um elogio a “dialética da malandragem”, mas que não passa de sinais ainda forte do romantismo no estilo, conforme dita Cunha (pg. 62) que “tudo vai bem quando acaba bem”.
Conforme diz Wilson Martins em História da inteligência brasileira: “as Memórias são exatamente o contrário de um romance, se for exato como se diz, que a glória suprema do ficcionista consiste em criar tipos característicos: o grande romancista transforma personagens inventados em individualidades psicológicas que se projetam na vida real com valor exemplar” (apud Cunha, 2015, p. 62)
CUNHA, Martim Vasques da. A poeira da Glória: uma (inesperada) história da literatura brasileira, Rio de Janeiro: Record, 2015.