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Tempo de mudança na esfera cósmica
Um tempo de mudança real é sempre um tempo em que a natureza e a própria vida se transformam criando uma cosmogênese mais profunda que se desenvolve também na consciência, já chegamos a Marte com nossos aparatos e nos aproximamos de Vênus, na vida terrena já sabemos como os dinossauros foram extintos e de fato foi um meteoro, estudos do cosmos avançam.
Isto acontece porque a vida está ligada a consciência, e em fenomenologia ela é sempre consciência de algo, mas não está separada da metafísica na qual a própria concepção de Ser, de Natureza e de Cosmos evoluem, também no aspecto espiritual.
Um dos teólogos que nunca desvinculou a evolução espiritual da evolução da “espécie” foi Teilhard Chardin (aqui usamos um termo aristotélico-darwiniano não para confundir, mas para explicar), para ele, entretanto seguir a trilha da Patrística (os santos sábios do início da igreja) e da Escolástica (Tomás de Aquino, Santo Anselmo e agora o recuperado e santo Duns Escoto), o que acontece é a complexificação da Natureza na sua hominização (O Fenômeno Humano).
Aqui iniciamos a explicação do que chamamos de mutação aórgica, que pode acontecer em nova escala neste momento presente, não por causa do vírus mas do universo e da Natureza (aqui em maiúscula para torna-la também sacra), afirma Chardin na terra jovem nascente: “nas rochas mais sólidas, é possível distinguir, em vaga simetria com a metamorfose dos seres vivos, uma perpétua transformação das espécies minerais” (Chardin, 1965, p. 51), isto num primeiro momento levou-o a ser condenado como “panteísta”, porém uma leitura mais atenta, ele explica o processo.
A pré-vida estava imersa (poderíamos dizer já em germe) no átomo, mas onde já há vida, localiza-a espectro de elementos químicos no qual seus elementos vão se diferenciando (o termo químico para isto é polimerização, formação de macromoléculas pela união das outras mais simples), esta pré-vida “sobre os abismos do passado, observemos sua cor, que vai mudando. De era para era, o tom aviva-se. Algo irá rebentar-se sobre a Terra, não mais nascente, mas juvenil: a vida! Eis a Vida!” (Chardin, 1965, p. 58), a Terra teria permanecido bastante fria para que pudessem forma e subsistir, á sua superfície, as cadeias de moléculas carbonadas (molécula orgânica).
A Terra era então aquosa e nela começa a se formar aqui e ali, seres minúsculos, e uma espantosa massa de matéria organizada surge a última (ou melhor a penúltima) camada na ordem do tempo, dos invólucros do nosso planeta: a Biosfera (Chardin, 1965, p. 63).]
Esta evolução do inorgânico ao orgânico é a mutação chamada de Aórgica, e ela continuará, um dia ela poderá mudar a face do planeta e isto é parte da evolução humana também.
Os perigos de mudanças existem, não apenas por um vírus que obriga a natureza humana se adaptar, mas um asteróide (a causa apontada pela extinção dos dinossauros) pode nos atingir, o asteróide temido Apophis (foto), formado por uma gigantesca rocha existe e está sendo observado por astrônomos, sua aproximação temida será em 2029, claro não é previsto que nos atinja.
CHARDIN, Pierre Teilhard de. O fenômeno humano. São Paulo : Herder, 1965.
Simplificação, idealismo e pandemia
A ideia de que podemos simplificar fenômenos que são complexos parece um bom caminho, mas simplificar o que é por natureza complexo é ignorar o conjunto de fenômenos e interpretações que estão dentro do fenômeno que se deseja analisar, tenha ele a natureza que tiver, e principalmente se for a natureza humana, porque inclui a complexidade social/cultural.
É muito diferente da busca da essência, os pré-socráticos procuraram definir qual era o elemento essencial da natureza: fogo, ar, átomos, números, o Ser, e assim definiram as principais escolas pré-socráticas, ao perceber que se tratava de um fenômeno mais amplo Sócrates, que é lido por Platão divide em dois mundos: o mundo das Ideias e o mundo sensível, porém qualquer leitor atento não dirá que sua escola simplificou, apenas abriu caminho para uma complexidade maior.
O eidos de Platão e do pré-socrático Parmênides é diferente do idealismo moderno, porque nele existe tanto a conceito de forma, por exemplo, uma cadeira seja qual forma for ela tem seu Ser como sendo feita para sentar.
Do eidos grego vem na etimologia a palavra ideia, hoje duas acepções aceitas, uma que é de um sinônimo de conceito, porém num sentido mais lato é pensado como expressão, tendo como princípio implícito a ideia de intencionalidade (*), e este conceito só foi retomado na filosofia moderna após Franz Brentano e seu aluno Edmund Husserl que aplicou-o a sua fenomenologia.
O idealismo moderno, cuja base fundamental é Kant, embora tenha uma parte comum ao eidos grego, que é a ideia que ao estudar a coisa temos uma projeção do saber sobre ela, reduzindo a ideia que este estudo seria o que caracteriza o objeto de estudo (objetividade), e assim introduz um tipo específico de subjetividade, abstraindo-o do Ser, esta abstração tem em Hegel o ápice.
Kant chegou a pensar que seria possível reduzir todo o pensamento a uns poucos conceitos, seria um grande facilitador para o estudo e para o pensamento, porém seu pensamento resultou numa complexidade ainda maior, e sua simplicidade caiu no dualismo sujeito x objeto, que padecemos.
Toda simplificação leva a algum tipo de subjetivismo ou objetivismo, mesmo em termos religiosos, ao estudar O Fenômeno Humano, Teilhard Chardin declarou que o Homem é a complexificação da natureza, difícil para teólogos e exegetas aceitar, mas lhes faço a pergunta: porque Jesus usou de parábolas para explicar coisas que aparentemente poderiam ser simples ? Porque não eram simples, Aquele que criou o complexo universo é simples só no Amor.
O idealismo é no fundo uma “doutrina” que contém a crença segundo a qual é o pensamento e não o mundo físico que está na origem de todas as coisas, ou seja, o mundo objetivo, o que descobrimos com a pandemia, e a física quântica já sabia e a cosmologia está aprofundando, é que a incerteza é parte do conhecimento, e nos deparamos cada dia com um novo fenômeno.
Afinal um dos pressupostos do idealismo kantiano era a submissão da natureza, ela se rebelou.
Esta é a novidade original que os idealistas não aceitam, e esta novidade nos deveria devolver a humildade, proclamada por todos, mas como idealismo fica presa a dualidade, o erro são os outros, nós sabíamos a verdade, não nem a ciência, nem a fé poderiam imaginar a complexidade do fenômeno que toda humanidade vive, o primeiro passo para enfrentar a pandemia é este: dependo do passo do Outro, e que possamos dar passos juntos, ainda parece difícil.
*Enciclopédia Britânica: Disponível em: https://www.britannica.com/topic/idea , Acesso em: 26/04/2020.
Uma cosmovisão em mudança
O modelo ptolomaico mudou a visão aristotélica de mundo criando um modelo de movimento em espiral para astros e planetas conhecidos na época, mudando a cosmovisão, mas foi Copérnico que mudou a visão que tirava a Terra do centro do universo e colocava o Sol, este modelo ajudou a cosmovisão antropocêntrica se opondo a cosmovisão teocêntrica.
A grande polêmica de Galileu com a visão teológica não era a visão cosmológica, mas a questão da interpretação e leitura bíblica pelo “vulgo”, não por acaso a primeira versão popular chamou-se de “vulgata” e ao aprofundar a leitura bíblica pelo “povo”, algumas interpretações exegéticas foram postas de lado, porque eram “temporais”.
Porém Galileo perante o Santo Ofício de fato afirmou “E pur si muove” (traduzindo o italiano e então se move) que poderia hoje olhando todo o universo dizer “E pur tutto si muove”, tudo está em movimento e a dinâmica não resiste mais a cosmovisão clássica Ser e Não Ser, há um terceiro excluído que pode ser pensado que é Não Ser ainda é Ser, a física quântica e o modelo das cordas indicam um terceiro estado, que já é utilizado em aplicações quânticas.
Assim os modelos teóricos e a cosmovisão idealista junto com seu modelo de universo ruíram já a algum tempo e mesmo o Modelo da Física Padrão que explicou a física das partículas parece em cheque com os estudos da matéria e energia escura que são nada mais que 95% do universo.
A visão de ver o mundo por choque de oposição aos poucos vai ruindo, ao admitir um terceiro excluído (assim o chama o professor da Sourbone Florent Pasquier, veja a figura) admitindo não uma síntese (fruto da oposição idealista tese e antítese), mas uma terceira possibilidade que conjuga com as outras duas.
Ela deve afetar o mundo religioso, é um grande apoio para um momento de unir mentes e corações para o combate da pandemia mundial, e pode ser o germe de grandes mudanças.
Uma referência bíblica para o assunto é o momento na cruz que Jesus grita a Deus, que já não o chama de Pai, diz a tradição que em aramaico língua da sua mãe Maria, e sente-se separado do Pai, ora na visão trinitária em que Jesus é também Deus, é um paradoxo separar-se do Pai.
Jesus na cruz está repetindo o Salmo 21 “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes”, e parece ser o grito de toda a humanidade diante da pandemia, e é possível também uma leitura do “terceiro excluído” onde aprendamos que a oposição tem hora e a resposta deve ser de todos.
Porém a explicação mística é justamente o terceiro excluído, a natureza humana de Jesus está religando-a ao Pai, se quisermos a visão noosférica de Chardin, ao Universo, diz a leitura que fez-se uma grande noite.
A cosmologia atual e uma cosmovisão
A cosmologia atual é aquela que considera o universo como tendo um início, podendo ser um multiverso ou uma bolha, e que se expande numa constante entre o H0 de Hubble e as taxas medidas a partir das supernovas, cuja conciliação pode ser a nova teoria do universo numa bolha lançada por Lucas Lombriser cujo artigo saiu na revista Physics B deste mês.
Mas esta cosmologia considera o mistério da energia e matéria escura que compõe 96% do universo desconhecido e este enigma modifica a cosmologia e também nossa cosmovisão.
Esta cosmologia postula a ideia que esta matéria escura não interage como a matéria comum e a hipótese algo que “engolia” toda a matéria conhecida (chamada bariônica a sua volta, incluindo a luz) evolui para a ideia que é ela tem uma massa de alta densidade e do colapso de supernovas e sua interação gravitacional tem efeito sobre a matéria visível, as estrelas, galáxias e aglomerados.
Do que ela é feita, é certo que ela não tem matéria como o modelo agora estável chamado da Física Padrão, que exploramos no post anterior, assim vai além deste modelo e uma das teorias mais interessantes é a da supersimetria, que explora o conceito da física padrão que cada partícula tem uma simétrica, assim como os bósons e os férmions,
O que esta teoria sobre a matéria escura propõe que para cada bóson conhecido existir um férmion desconhecido e vice versa, mas há uma diferença com a teoria da antimatéria, pois as antipartículas possuem cargas contrárias mas a mesma massa e quando entram em contato produzem energia, o que explicaria também a energia escura.
Os férmions assim como prótons, elétrons e nêutrons, constituem o nosso mundo material e os bósons são os que geram as forças da natureza, a descoberta do bóson de Higgs ou “partícula de Deus” foi importante porque nos fez entenda a massa, enquanto os férmions nos explicam o estado quântico pois dois férmions ocupam o mesmo estado quântico.
O fato da existência da energia escura, mais interessante do que seu mistério e presença em 70% do universo (25% é energia escura) além do nosso desconhecimento é o fato que é esta “matéria” que nos dá uma cosmovisão completa de nosso universo, não apenas porque é escura por não ser visível, mas também desconhecida.
O TED de James Gilles a seguir, visto por mais de 2 milhões de pessoas, explica a teoria da matéria escura.
Um universo complexo e um além deste
Quando a dimensão do espaço e tempo passou a ser estudada não como dimensões isoladas, mas com isto a força gravitacional não é mais consequência da atração dos corpos, sim uma consequência do deslocamento num espaço-tempo curvo e assim deveria haver alguma “partícula” que transmitisse a gravidade entre os corpos.
Porém os grávitons não eram fáceis de serem observados, uma teoria chamada de Kaluza-Klein levantou a hipótese que a gravidade parece fraca de onde existimos e a observamos, porque poderia passar por mais de três de dimensões ao nosso tempo, e portanto, se dilui.
Em 1960 um grupo de físicos com objetivo de unificar a Física, desenvolveu a ideia da teoria das cordas onde unidades constituintes da matéria existente e as partículas elementares da natureza são minúsculas cordas vibratória oscilantes feitas de energia, as quais, variando a oscilação cria os diversos tipos de matéria conhecida, as forças fraca, forte, eletromagnética e a gravidade.
O grande mérito das diversas características das cordas foi perceber padrões vibratórios nas partículas e indo indicava que poderia existir uma partícula mensageira da força gravitacional chamada gravitón, que recentemente foi comprovada e isto mudou a concepção de Universo.
Numa palestra apresentada por Edward Witten em 1995, se iniciou a chamada Segunda Revolução das Cordas, que descobriu padrões chamado Tipo I, Tipo II(A), Tipo II(B), Heterótica-O, Heterótica-E, tinham um padrão de comportamento chamado de constante de acoplamento. isto indicava que as partículas vinham em duplas, por exemplo a Heteritóca;O e a tipo II(A) era inversamente proporcional à heterótica-E e esta a Tipo II(B), e a teoria foi essencial para entender as cordas.
Um outro fator que a teoria-M ajudou a compreensão do Universo foi que ela incorporou uma teoria completamente nova das dimensões, criou a ideia da supergravidade com onze dimensões, porém uma antiga dúvida entre os astrofísicos ainda perdurava e mudaria tudo.
Haviam duas constantes da expansão do universo, que Hubble chamou de H0 e a medida a partir de supernovas distantes se afastando (veja o post), foi recentemente que Lucas Lombriser, afirmou que é como “Se estivéssemos em uma espécie de gigantesca “bolha”, assim as supernovas teriam influencias fora desta “bolha” que vivemos, por forças ainda mais enigmáticas vindas de “fora”.
Um modelo do Universo completo
A vida agitada e os prédios das cidades grandes nos impedem de ver o céu estrelado das noites onde se pode contar mais de mil estrelas a olho nu, e será que o modelo deste universo já é conhecido.
O todo que pode ser conhecido esconde um Todo que é toda a criação e que teve um instante inicial seu Fiat ou seu Big Bang e é aos poucos desvendado pela pesquisa e pelos grandes telescópicos construídos e que podem agora vasculhar além da Via Láctea e muitos planetas podem ser vistos.
Mesmo com todos estudos o que conhecemos é apenas 5% da composição do universo, é o que apontam os números do Dark Energy Survey (DES), liderado pelo laboratório americano Fermilab, já que 25% do universo é matéria escura e os demais 70% são energia escura.
Desde o primeiro instante do Big Bang o universo acelerou o ritmo de sua expansão e o processo não diminuiu, através da observação de um tipo de supernovas, estrelas no fim da vida que entram em colapso e emitem uma quantidade de brilho comparável a do centro das galáxias, conclui-se que a energia escura era a que aumenta a velocidade desse processo de crescimento.
A matéria escura, por outro lado recebe esse nome porque não interage com os fótons (as partículas de luz, que são agora definitivamente partículas sem massa no modelo atual) e assim não se consegue a detecção direta pelos telescópicos onde a cor e a qualidade da luz torna-os possíveis de serem estudados.
Esta matéria escura é notada pelo seu efeito gravitacional, isto é, tem gravidade e os corpos visíveis interagem com ela, e apesar de sabermos que ela existe, os estudos sobre os fenômenos que acontecem com elas e sua interação com os demais corpos celestes apenas se iniciaram, estudando suas formas e as distorções que causam seus campos gravitacionais, que dá alguma informação.
O estudo que cobriu aproximadamente 300 milhões de galáxias, 100 mil aglomerados e 2 mil supernovas, além dos objetos de nossa Via Láctea e do Sistema Solar.
Em 2016 um mapa detalhado de 43.00 galáxias foi publicado alcançando a distância de 380 milhões de anos-luz a partir do sistema solar, chamado 2MASS Reshift Survey (2MRS) foi apresentada no 218º. encontro da Sociedade Americana de Astronomia em Boston, EUA.
O satélite Gaia lançado em 2013, da Agencia Especial Europeia (ESA) completou em 2018 a sua missão de cadastrar as estrelas e fazer uma mapa em 3D da Via Láctea (foto acima), mas o resultado segundo Leah Crane, uma especialista em astronomia foi “o universo simplesmente ficou ainda mais confuso”, escreveu na revista new Scientist.
A ViaLáctea numa versão animada 3D:
A ordem do Universo
Na antiguidade clássica o modelo que predominou foi o Ptolomaico, que superou o modelo de Aristóteles (384-322 a.C.) que pensava que a Terra era o centro do universo, claro além de outros modelos que considerava a terra plana a Terra presa a uma “casca esférica” e outros.
Foram surgindo outras ideias, a sério porém o modelo de Claudio Ptolomeu (85-150) prevaleceu, até surgiu no final da idade média o modelo de Nicolau Copérnico (1473-1543), mas ainda era o Sol como centro do Universo, o importante aqui é a “ordem” matemática e geométrica que estabeleceu, que influenciou toda a ciência moderna.
O nosso limite como galáxia foi proposto na antiguidade por Demócrito de Abdera (450-370 a.C.), vendo a baixa brilhante no céu noturno, afirmou que ela consistia em estrelas distantes.
Foi só no século X, que o astrônomo persa conhecido como Azophi (Abd al-Rahman al—Sufi), que observou a Galáxia de Andrômeda, descrevendo-a como uma “pequena núvem” e foi redescoberta por Simon Marius em 1612, e em 1610 Galileu Galilei a confirmação que a Via Láctea era composta de várias estrelas.
O modelo da Via Láctea foi estabelecido por William Hershel em 1785 (desenho acima) e até a descoberta da expansão do universo, este era composto por galáxias e estas por estrelas e planetas.
Os modelos cosmológicos atuais vieram a partir da hipótese, hoje praticamente confirmada do clérigo Georges Lamaître (1854-1966), demonstrada por Edwin Hubble (1889-1953) e teorizada e completa pelo físico inglês Stephen Hawking (1942-2018) e seu aluno Roger Penrose (1931-).
Foi a partir do estudo de flutuações de densidade (ou irregularidades anisotrópicas da “matéria”(, que analisando as estruturas maiores começaram a se desenvolver, o resultado é o que chama-se de matéria bariônica que se condensam dentro de halos de matéria escura fria, e estas são as que formaram as galáxias como vemos hoje, porém a matéria e energia escura ainda são estudos.
O que queremos estabelecer aqui é como nossa visão de mundo e de matéria tem implicações também na visão dos estudos da vida, e no caso presente, das estruturas de viroses e pequenos organismos que podem ajudar a ciência a encontrar soluções para epidemias e pandemias.
Em estudo que estamos fazendo sobre publicações em Redes Sociais, o cientista como maior número de publicações na área de Redes é Carl A. Latkin, médico infectologista e que é membro do Centro para Medicina Global, o que não é mero acaso, nossa visão de mundo e de complexidade mudou e ela pode nos ajudar no combate a pandemia.
Além do universo
Ainda vivemos a crença de espaço e tempo absolutos, as grandes descobertas da física de nosso tempo já provaram a existência da dimensão espaço-temporal e uma quarta dimensão aonde muitos fenômenos físicos se explicam, a física padrão elaborou isto, mas agora pode-se ir além.
Havia uma discrepância entre as medidas de expansão do universo feita com base no fundo de micro-ondas cósmico, o ruído que restou do primeiro Big Bang e a expansão de estrelas vermelhas como a medida recente feita pela em 2001 tinha o número de 72 quilômetros por segundo por MegaParsec (km/seg/Mpc), sendo um parsec equivalente a 3,26 anos-luz de distância.
As estrelas vermelhas são um estágio de evolução dos sóis quando ocorre um evento chamado de glash de hélio, no qual a temperatura sobe cerca de 100 milhões de graus e sua estrutura é rearranjada, o que acaba diminuindo sua luminosidade, mas fiquemos tranquilos levam milhões de anos para acontecer.
As medições iniciais no tempo de Planck eram de 67.4 km/seg/Mpc e recentemente uma equipe da Nasa liderada por Wendy Freedman acertou para 70 km/seg/Mpc o que aparentemente fazia uma média e conciliava entre as duas medidas, mas na prática pareciam dois fenômenos diferentes.
A hipótese de Lucas Lombriser, físico da UNIGE de Genebra, publicada no próximo número da Physics Letters B, mostra o universo não apenas em expansão mas uma bolha dentro de um outro universo de densidade menor, e com certeza revolucionária a Física e mudará nossa cosmovisão.
A ideia assustadora e ao mesmo tempo fascinante que estamos numa bolha dentro de um espaço maior só que om menor densidade “de matéria” (como nós a conhecemos que é chamada bariônica) pode apontar para enigmar novos como os buracos negros e a matéria escura.
Não há cegueira somente na terra plana, no universo copernicano e na cosmovisão de um planeta ainda se rearranjando com suas forças sociais internas, o universo em expansão é muito maior e ponde estar dentro de um “caldo cósmico” que até então era impensado, Lombriser o pensou.
A ideia de multiuniversos foi lançada por Stephen Hawking e agora parece quase real, veja o vídeo:
O Big Bang pode ser outra coisa
E a Teoria da física padrão, cuja descoberta da partícula de Higgs recentemente no colisor de Hádrions fez os físicos vibrarem, agora tudo parece ter outro sentido e uma nova visão desta.
Haviam duas fortes evidencias sobre o Big Bang e a expansão do universo desde a primeira bolinha da qual saiu tudo (a constante de Hubble H0 e a medida de supernovas distantes), e agora que agora que o universo estaria numa bolha de 250 milhões de anos luz.
Nesta “bolha” onde a densidade da matéria é metade de todo o resto do universo concilia as medidas anteriores, a hipótese é de Lucas Lombriser, físico teórico da universidade de Genebra (UNIGE) e responde em qual velocidade o universo se expande.
A abordagem publica na revista “Physics Letter B”, resolve a divergência entre dois métodos de cálculos independentes que chegavam a valores diferentes em cerca de 10%, um desvio estatístico que é irreconciliável, e não precisa de nenhum novo modelo físico.
Pela teoria do Big Bang ocorreu a 13,8 bilhões de anos atrás, a proposta foi feita pela primeira vez pelo físico e presbítero belga Georges Lemaître (1894-1966) e demonstrada pela primeira vez pelo astrônomo americano Edwin Hubble (1889-1953) , observando que galáxias distantes estavam se afastando e recolocando-as junto podia-se calcular o tempo da primeira explosão.
A constante de expansão chamada de H0 foi medita num valor de 67,4 segundo dados fornecidos pela missão espacial Planck, que tem como hipótese que o universo é homogêneo e isotrópico, mas agora pode-se pensá-lo com uma bolha com densidade de matéria metade de todo o universo, ou seja, a 13,8 bilhões de luz ela explodiu dentro de um “outro” universo menos denso.
Afirmou Lombriser: “Se estivéssemos em uma espécie de gigantesca “bolha”, onde a densidade da matéria fosse significativamente menor que a densidade conhecida para todo o universo, isso teria consequências nas distâncias das supernovas e, finalmente, na determinação o H0”.
Assim a constante de 250 milhões de anos para a bolha concilia os valores da constante H0 para o Big Bang com a constante com o cálculo do afastamento das supernovas que tem influência de todo o universo incluindo a parte fora da bolha com metade de densidade, conciliando as medidas.
Lombriser, Lucas. Consistency of the local Hubble constant with the cosmic microwave background. Physics Letters B. Volume 803, 10 April 2020, Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0370269320301076?via%3Dihub
A complexidade, o infinito e Deus
Exceto áreas como a arte e setores da astrofísica o restante da pesquisa científica é prisioneiro de suas próprias metodologias, destina “a manter o equilíbrio do discurso pelo banimento da contradição e da errância; controlava ou guiava todos os desenvolvimentos do pensamento, mas ela própria se colocava à evidencia como impossível de resolver.” (Morin, 2008, pgs. 80-81).
Não significa é evidente destruir o equilíbrio e a racionalidade do pensamento humano, mas deixá-lo penetrar: num sentido do que há de mais simples, de mais elementar, de mais ´infantil’: mudar as bases de partida do raciocínio, as relações associativas, e repulsivas entre alguns conceitos iniciais, mas de que dependem toda a estrutura do raciocínio e todos os desenvolvimentos discursivos possíveis. E isto é, bem entendido o mais difícil.” (Morin, 2008, p. 82).
Assim partimos da ideia “infantil” do infinito, mas que é a grande complexidade também científica do pensamento moderno, a imensidão do universo que é 96% massa e energia escura é ainda misteriosa, mas pode nos ajudar e por fim a ideia que neste infinito há mais do que uma energia, há um Ser vivo que precede o próprio universo pode ser outra “ideia infantil” e generosa: Deus.
A escatologia que decorre destes dois fundamentais um universo misterioso e um Ser que precede a tudo (na escatologia cristão é um Deus trinitário, que é também o ‘homem divino’ Jesus), podem nos dar um diálogo novo no qual o que pensamos sobre matéria, espírito e ciência pode mudar.
A relação essencial de Deus, através de Jesus com o mundo tem como ponto crucial a substituição da metáfora do cordeiro que Abraão matou em lugar do filho (a origem de cordeiro de Deus vem daí), e está manifesta pelo evangelista João sobre João Batista (Jo, 1,29) que viu Jesus se aproximar e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, disse muito antes da morte de Jesus.
O quadro de Josefa d´Obidos que já postamos aqui em virtude da construção de uma instalação com um holograma, está representado acima.