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A estética de hegel

12 ago

Estava interessando em estudar a questão da religião em Hegel, motivado peloHegel livro de Paul Ricoeur “A ideologia e a utopia” (Ed. Autêntica, 2005), e também pela questão da Misericórdia e Fraternidade que veio a ser publicado em um livro sobre “Fraternidade e Misericórdia” feito por um grupo de intelectuais que desejosos de colocar uma luz acadêmica sobre a Bula papal “Misericordiae Vultus”, lançada a propósito do ano jubilar da Misericórdia.

 

Me depara com uma citação num velho volume de Hegel da coleção pensadores, sobre a estética: “Para nós, a arte já não é a forma mais elevada que a verdade escolhe para afirmar a sua existência” (pag. 126), e mais “Na hierarquia dos meios que servem para exprimir o absoluto, a religião e a cultura provindas da razão ocupam o grau mais elevado, superior ao da arte” (pag. 43) e depois numa sentença quase de morte: “As condições do tempo presente não são favoráveis à arte” (pag. 44).

 

Mas então não seria o caso de perguntar: que tipo de arte sobreviveu, ou melhor, que estética podemos dizer que é a estética dos dias de hoje ? consigo ver duas respostas apenas esboçadas, uma parafraseado o próprio Hegel é partir do “verdadeiramente real”, embora este separasse a realidade sensível e a realidade da arte, e a segunda existencial: pois não se pode decretar a morte da arte uma vez que mesmo no silêncio de nossa existência, ela permanece viva no interior de poetas, artistas e cantores, ainda que mambembes, estão aí.

 

O que é limitação para Hegel, uma vez que “consiste numa representação com um significado que não se conjuga com a expressão, com a representação mantém-se sempre uma diferença entre ideia e forma” (pag. 101), mas que no fundo é o problema idealista da arte.

 

A ideia que é possível abstrair da realidade o sublime, como se este fosse inexistente na representação sensível, é contrastado pela sua “existência” uma vez que a arte expressa o Ser ainda que de forma inexistente e paradoxal, pois se existe como expressão, é sensível, eis sua condição de existência.

 

Somos obrigados a concordar com Hegel: “Para tornar a matéria adequada, vai-se até o monstruoso, desfigura-se a forma, produz-se o grotesco” (idem), mas todos estes traços colocados por Hegel não são senão sua negação do sublime, a tentativa de destruição da arte e do belo, que confirmam a existência “no íntimo de tudo o que, em arte, se pode com direito chamar de harmonioso, sobrevive o absurdo e contraditório” (Adorno, T., Teoria Estética, p. 130).

HEGEL, G.W. Estética. Coleção os Pensadores, 1999. (domínio público download)

 

Software para textos didáticos

27 jun

Os recursos para produção e material didático em ensino públicotextbooks podem ser reduzidos, isto é comprovado em 38 faculdades lá chamadas “comunitárias” em 13 estados, que abrange um universo de 76.000 estudantes, em 13 estados americanos.

 

Os casos analisados e citados no Washington Post, é o de Maryland e outros seis da Virgínia, onde os preços de livros didáticos subiram de 82% entre 2003 e 2013, que lá é três vezes a taxa de inflação e portanto é mesmo um aumento real de preço.

 

O software OpenStax, uma organização de software livre sem fins lucrativos introduziu livros didáticos open-source com revisão por pares, estima-se que economizou mais de US$ 66 milhões para cerca de 700.000 estudantes, mais da metade destas no ano passado.

 

Embora alguns alunos que frequentes estas faculdades comunitárias (community colleges ) em no máximo quatro anos, os programas concentrados em dois anos, estão alcançando o sonho de fazer faculdade, não apenas em escolas pagas, mas em outras que podem fazer cursos com alto nível, em menor tempo, onde o material didático é essencial.

 

 

 

Reforma política: qual democracia

02 jun

Os reformadores do sistema político brasileiro, com dificuldade de reconhecer democracia-na-amc3a9rica a podridão do chamado “governo de coalização”, para alguns “natural” com as compras e vendas de cargos, propõe que olhemos para o sistema norte-americano como se fosse uma maravilha.

 

Quem a estudou foi Alexis de Tocqueville, jovem francês que chegou a New York em 1831 com 26 anos de idade, com o amigo Gustave de Beaumont, para estudar o sistema penitenciário, mas acabou estudando o funcionamento do regime político e da vida americana.

 

Vindo do país da famosa “Revolução Francesa” encanta-se com o sistema americano, escreveu sua principal obra A democracia na América (La Démocratie en Amerique), cujo primeiro volume foi impresso em 1835 e o segundo em 1840, para ele a questão da participação e das associações (valores cívicos) são os fundamentos da democracia norte-americana.

 

Tocqueville atribui um caráter “sagrado” à democracia ao afirmar que querer detê-la seria como lutar contra o próprio Deus, e só restaria às nações acomodar-se ao estado social que lhe impõe a Providência, não é a toa que tanta gente “religiosa” acha isto maravilhoso.

 

Mas o objetivo não é maior participação, e sim esvazia a democracia para perpetuar grupos no poder, Tocqueville afirma: “(…) A igualdade produz, com efeito, duas tendências: uma conduz os homens diretamente à independência e os pode impelir de repente para a anarquia; a outra os conduz por um caminho mais longo, mais secreto, mais seguro, para a servidão” (1987: p. 512), assim o objetivo oculto é manter determinados grupos no poder (não só econômicos).

 

Embora manipule a ideia de povo, ignorando o poder econômico e dos grupos editorais, veja o Donald Trump nas eleições, afirma: “O povo reina sobre o mundo político americano como Deus sobre o universo”, afirma Tocqueville (1987, p. 52).

 

O estado como “mediador” das classes é elogiado: “não haverá independência para ninguém “[…] nem para o burguês, nem para o nobre, nem para o rico, mas uma tirania igual para todos; […] se não se chegar mesmo com o tempo a fundar entre nós o império pacífico da maioria, chegaremos […] ao poder ilimitado de um só” (TOCQUEVILLE, 1987: p. 242), mas um só pode ser uma minoria que manipula a opinião pública.

 

A reforma que se propõe ao sistema brasileiro, ignora que lá Trump poderá chegar ao poder, que Nixon e Reagan, governaram de modo quase imperial com congresso e câmara aprovando guerras pavorosas em todo planeta, a reforma que precisamos é a moral e a social, mas …

TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na América. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987

 

O mercador de Veneza e o Brasil

27 mai

O Mercador de Veneza, é uma obra mais polêmica e comentada de Shakespeare feita no final dos anosOMercadorVeneza 1500, período das descobertas e a nosso ver da decadência da renascença e início do projeto idealista da modernidade, também é o período que judeus estão expulsos da Inglaterra (1290-1655), quer dizer havia uma dose de anti-semitismo lá, mas aqui é uma parábola.

 

O mercador é, portanto uma típica caricatura da época, o que gerou polêmica e deu um grande destaque a obra de Shakespeare, trata de um vilão, um judeu chamado Shylock, um tipo um tanto desprezível, que tem como vítima o cristão Antônio, cidadão bem sucedido de Veneza, que empresta dinheiro a um nobre falido chamado Bassânio, que deseja casar-se com Pórcia, uma bela e rica herdeira que vive no continente em Belmonte.

 

Antônio, entretanto deve pegar o empréstimo com Shylock, detentor de uma frota de navios, que lhe faz colocar como garantia uma libra da própria carne.

 

Seu amigo Antonio concorda em lhe emprestar o capital necessário para que ele viaje até Belmonte, no continente, onde vive Pórcia. Antonio é um mercador, toda a sua fortuna está investida numa frota de navios mercantes que navegam em águas estrangeiras. Então ele faz um empréstimo com Shylock, um mercenário judeu que concorda em emprestar o dinheiro desde que Antonio empenhe uma libra de sua própria carne como garantia. Bassânio chega a Belmonte e descobre que para ganhar a mão de Pórcia terá que se submeter a um teste envolvendo três arcas deixadas pelo pai da moça antes de morrer.

 

Graças a um truque de Pórcia ele se dá bem, mas logo após o casamento chega a noticia que os barcos de Antonio naufragaram e ele perdeu toda sua fortuna, estando sua vida, agora, nas mãos de Shylock. Bassânio volta então para Veneza enquanto Pórcia arquiteta um plano para salvar Antonio e testar o amor de Bassânio por ela.

 

A rica moça Pórcia são as riquezas nacionais, Antônio e seu amigo Bassânio são os políticos que estar no poder parar viver da herança da bela moça, Shylock são empresários e lobistas corruptos que comprometeram o sistema político nacional prestando “serviços”.

 

Na parábola brasileira Pórcia, pode significar o povo e a justiça, trata um plano para testar Bassânio, se seu amor por ela é verdadeiro, significar dar poder que “amam” seu povo.

 

A Paz de Vestfália e a tolerância

04 mai

O império romano entra em decadência após o século V e as duas grandesSacroImperioRomano forças capazes de dar alguma estabilidade eram a Igreja Católica Romano e o Sacro Império Romano, formado por diversos Estados de variados tamanhos que ocupavam o que hoje são a Áustria, a República Tcheca, a França oriental, a Alemanha, a Suiça, os Países Baixos e grande parte do que é a Itália hoje, na verdade eram reinos e condados com relativa autonomia.

 

O imperador era um católico-romano da família austríaca dos Habsburgos, porém o grande poder levou a excessos da Igreja Católica Romano, e surgiram reformados religiosos como Martinho Lutero e João Calvino, que queriam a vivência bíblica, assim o império se fragmentou em três religiões: a católica, a luterana e a calvinista.

 

Os católicos viam os evangélicos com suspeita e estes viam os católicos com desprezo, e com a adesão de muitos príncipes às religiões evangélicas, a Europa tornou-se um barril de pólvora, e finalmente chegou a um conflito que durou 30 anos, por isto chamado de Guerra dos 30 anos.

Esse clima levou à formação da União Evangélica, protestante, e da Santa Liga, católica, no início do século 17. Alguns príncipes do império aderiram à União, outros à Liga. A suspeita transformou a Europa — e especialmente o império — num barril de pólvora, que só precisava de uma centelha para explodir. Quando a centelha finalmente chegou, deu início a um conflito que durou 30 anos.

 

Os protestantes tentaram convencer os Habsburgos católicos a permitirem a liberdade de religião, mas as concessões feitas a contragosto acabaram fechando em 1617 e 18 as igrejas luteranas na Boêmia (hoje republica Tcheca), então houve a invasão dos protestantes ao palácio de Praga.

 

Depois de trinta anos tenta-se estabelecer a paz, no livro vivat pax—Es lebe der Friede! Está escrito: “perto do fim da década de 1630, os príncipes em guerra finalmente reconheceram que o poderio militar não os ajudaria mais a atingir seu objetivo”, assim será feito o Paz de Vestfália, como será a paz que todos queriam ?

 

Nas cidades de Osnabrück e Münster, na província da Vestfália reunem-se o imperador Ferdinando III, do Sacro Império Romano, o rei Luís XIII, da França, e a rainha Cristina, da Suécia, apenas para concordar com uma conferência em que todas as partes envolvidas na guerra se reuniriam e negociariam termos de paz.

 

Durante 30 anos governantes católicos e protestantes entraram em confronto: a Dinamarca, a Espanha, a França, a Holanda e a Suécia se envolveram, na verdade, movidos pela ganância e de poder, lutando pela supremacia política e lucro comercial.

 

Em 1643, algo em torno de 150 delegações chegou às duas cidades: os católicos reuniram-se em Münster e os protestantes, em Osnabrück.

 

A paz não foi duradoura, sobre princípios da tolerância escreverá John Locke (1632-1704) em sua Carta sobre a Tolerância (coleção Pensadores) e mais tarde com certa ironia Voltaire.

 

 

Poetas da Inconfidência MIneira

21 abr

No final do século XVIII, mais precisamente no ano de 1789 uma revolta foi abortada peloInconfidencia governo da então capitania de Minas Gerais, no Brasil, contra, entre outros motivos, a execução da derrama e o domínio português.

 

A Derrama consistiu no seguinte, lei portuguesa criada quando as minas de ouro começaram a se esgotar, cada região de exploração deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a Coroa portuguesa, senão soldados entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.

 

Além do alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes o grupo era formado pelos poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, eles criaram o lema que está na bandeira mineira até os dias de hoje: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia).

 

Na coletânea de Cecília Meirelles na coletânea de poemas Romanceiro da Inconfidência, ela conta a história de Minas, num de seus versos:

 

E diz o Poeta ao Vigário,
com dramática prudência:
“Tenha meus dedos cortados
antes que tal verso escrevam…”
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva,
e sobre, na noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus – pois se atreveram
a falar em Liberdade
(que ninguém sabe o que seja).

 

Há polêmicas sobre a história, pelo fato de muitos inconfidentes serem donos de escravos e também o fato que lutavam pela independência de Minas Gerais, uma vez que não havia uma identidade nacional, o que é preciso lembrar ainda nos dias de hoje, o regionalismo e a imensa desigualdade entre estados e cidadãos dentro do país.

 

Semana de 22 e o futuro

20 abr

O Brasil de 1922 era um prenuncio do que poderia acontecer na décadaSemanaArte22 de 30, mas um grupo de intelectuais tentava olhar de modo positivo o futuro rompendo com o niilismo caboclo, nome que prefiro a “ontologia do abandono” já citado em posts anteriores, o período já analisado de Machado de Assis a Lima Barreto.

 

Martin Vasques da Cunha conta que Sérgio Buarque de Holanda, então apenas um crítico literário visitou Lima Barreto já doente no ano de 1921, e em conversa estranha para os dois pedia apoio a um Manifesto de um Movimento Modernista lançado por um grupo de vários intelectuais de diversas áreas.

 

Após ouvi-lo falar entre outras da revista Klaxon turca, ele irônico entre várias coisas teria se referido ao poeta francês Paul Verlaine dizendo: “Este sim era poeta. Bebia como uma cabra .. “ e segundo Cunha (p. 164) “Dias depois, Lima publicaria um artigo em que solenemente desprezava os ideais paulistanos, afirmando que ele já sabia havia muito tempo, o que era o tal “futurismo” que tanto defendiam”.

 

Longe de ser apenas uma ruptura, havia nestes jovens da Semana de Arte de 22, um desejo literário que pode-se definir didaticamente em dois aspectos: encontrar uma identidade nacional e segundo anunciar um futuro mais promissor para o país.

 

Os quadros Abapuru e Carnaval em Madureira de Tarsila do Amaral mostram estas duas tendências, enquanto Cartão Postal de 1928 mostra um Brasil ainda colonial.

 

O Manifesto Antropófago, que cunhou várias expressões famosas como: “Tupi, or not tupi that is the question”, “Se Deus é a consciência do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais” entre outras e que tiveram também os irmãos Oswald e Mário de Andrade, que escreveu Paulicéia Desvairada (1922) e Macunaíma (um roteiro da trama) (1928).

 

Há diversos analistas que descolam esta semana da cultura brasileira, iremos retornar aos Inconfidentes Mineiros, Tomás de Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa.

 

Machado de Assis e a Proclamação da República

29 mar

Na tentativa de desvendar a alma brasileira Darcy Ribeiro escreveuDomCasmurro “O povo brasileiro”, e também podemos citar (voltaremos a ele) Sérgio Buarque de Holanda com seu Raízes do Brasil, poderiam ainda enumerar outros como o recente Martim Vasques da Cunha A poeira da glória: uma (inesperada) história da Literatura brasileira.

 

É sempre mais profundo entender a “alma” de um povo perscrutando sua literatura, não por acaso Marx gostava de ler Honoré de Balzac, e Lenin Leon Tolstoi, entre outros é claro, e para não ficar só na esquerda, Roosevelt (que diziam que lia tudo) gostava de ler Walter Scott além de antologias históricas e clássicos gregos.

 

Machado de Assis (1839-1908) viveu no período do final da monarquia, Darcy Ribeiro se fundamentou nas raízes étnicas do período colonial (1530 – 1815), mas o testemunho histórico que diz o filósofo Paul Ricoeur, o “eu estive lá” é mais fundamental que a historiografia.

 

Já apontamos os elementos monarquistas e republicanos de Esaú e Jacó e o quietismo político na obra Memorial Aires.

 

Agora queremos desvendar o que é chamado de duplicidades aparentes em Quincas Borba, pseudo filósofo, a loucura da “ontologia do abandono” definida por Marta de Senna em O Olhar oblíquo do bruxo, obra também analisada por Martim Vasques da Cunha.

 

Mas será no período da Proclamação (que é um edito e não uma vontade popular) da República que está retratada em Memórias Póstumas de Brás Cubas, que rompe com o romantismo mesmo de autores fortes na época como Flaubert e Zola, para retratar um Rio de Janeiro com indiferença, pessimismo e ironia, rompendo com a linearidade da literatura tanto romântica como precedeu ao “modernismo” para adotando um tom realista.

 

Não por acaso, a obra começou a ser escrita de março a dezembro de 1880 na Revista Brasileira, e depois foi publicado como livro em 1881.

 

A obra retrata a escravidão, as classes sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar, inclusive, uma nova filosofia, depois desenvolvida em Quincas Borba (1891) já depois da “proclamação” da República (1889), Quincas Borba veio depois em 1891 com uma certa “filosofia” e depois ainda Dom Casmurro (1899).

 

Machado de Assis, simbolismo e política

28 mar

Emprestado por um amigo comecei a ler A poeira da glória: umaEsauJacó (inesperada) história da literatura brasileira, de Martim Vasques da Cunha (Rio de Janeiro: Record, 2015), que é uma tentativa de rediscutir mais que a literatura nacional, perscrutar a alma brasileira.

 

Claro não poderia deixar de estar presente Machado de Assis, destaco aqui segundo o autor a obra de sua maturidade Esaú e Jacó (1904) que ter-se-ia chamado o último, apesar do autor “parecer acreditar que é a falta de sentido o que comanda as coisas deste mundo” (Cunha, 2015, p. 32), típico do niilismo do início do século XX, e da crise já naquele tempo.

 

Toma o conflito (ou os conflitos) presentes na alma brasileira presente na “pobre” Flora: “alma dilacerada entre dois gêmeos rivais – o monarquista Pedro e o republicano Paulo, simétricos em relação aos dois apóstolos e aos dois patriarcas hebreus. Não sabendo quem e o que deve ser escolhido, ela perde suas forças vitais e morreu no auge da juventude … “ (idem).

 

É curiosa a análise de Vasques da Cunha, como a releitura de Esaú e Jacó, diz cunha que é uma espécie de “ontologia do abandono”, com um “perigoso ceticismo em relação aos mecanismos da política” (idem) e neste contexto sua uma figura que é uma espécie de alter ego do Machado de Assis, o Conselheiro Aires, que ficará mais claro no Memorial de Aires, este sim o “último” romance de Machado de Assis.

 

Relata assim Cunha “Aires quer ser a tolerância encarnada, mas tudo o que faz é relativizar as coisas, seja o que é o bom seja o que é o ruim, justamente para não agredir a sensibilidade dos outros. ” (Cunha, 2015, p. 33), o que parece ser o discurso da tolerância atual, ora bolas, a democracia se faz se manifestando isto é o normal, o justo e correto politicamente, claro dentro de uma racionalidade e normalidade democrática que permita isto a todos.

 

O autor crítico de Machado de Assis esclarece, no Memorial de Aires, que ao mudar o nome de “Confeitaria do Império” para “Confeitaria da República”, substituindo o nome daquela que estava “podre por dentro”, em um romance que dá um peso enorme aos nomes, típico do simbolismo, Aires hesita e não sabe o que dizer, então diz que talvez seja melhor escrever “Confeitaria do Osório”, uma espécie de “guardião do povo brasileiro. ”.

 

Wilson Martins se confunde com a opinião de Machado de Assis, que parecia criicar, ao dizer “a proclamação da República, longe de ser a profunda transformação social e política afirmada pelos propagandistas e revolucionários … era apenas uma mudança de tabuleta – a confeitaria continua a mesma. ”. (Cunha, 2015, p. 33)

 

A ciência aberta 2.0

17 jul

Em 2008, o pesquisador Ben Shneiderman da Universidade de Maryland Science-2_0_HLescreveu um editorial intitulado Ciência 2.0 e que foi patenteado.

Neste artigo Shneiderman argumenta que a Ciência 2.0 é aquela que estuda interações sociais do “mundo real” com o sestudo de e- commerce, comunidades online e outros públicos fora do mundo estritamente acadêmico.

Depois disto um autor da revista Wired criticou a visão de Shneiderman, sugerindo que o que é chamado por Shneiderman de mais colaboração, mais testes do mundo real, porém este progresso não deve ser chamado de “Ciência 2.0” ou “Ciência 1.0” mas simplesmente ciência.

Porém recentes artigos, como o destes dias da Seed Magazine, afirmam que, uma vez que esta foi uma questão bastante debatida, com o uso de sites, blogs, o conhecimento compartilhado em rede fez com que a ciência se tornasse mais acessível a mais pessoas ao redor do globo do que poderíamos ter imaginado 20 anos e estes elementos foram necessários para transformar Ciência 2.0 se tornasse “visível” e tendo “infra-estrutura” disponível em todo o globo.

Os relatos tratados neste artigo da Seed afirma que foram estabelecidos fatos e dados em revistas que demonstram estão se movendo para uma maior abertura.  

Alguns leitores em redes de ajuda on-line; outros permitem comentadores para postar links para websites; outros fazem papéis acessíveis após um determinado período de tempo decorrido.