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Arquivo para a ‘Ciência da Informação’ Categoria

A iluminação de Natal no Brasil

23 dez

São Paulo e Rio de Janeiro se destacam tanto pela criatividade e tradição, quanto pelo investimento que em grande parte veio da iniciativa privada, para a iluminação de Natal.

Toda estas duas populosas cidades tem a iluminação espalhada e é possível fazer um tour de turístico natalino, tão grande são as novidades e curiosidades, em São Paulo, por exemplo, a Avenida Paulista e outras inúmeras avenidas: São João e Avenida Brasil, por exemplo, o parque Vila Lobos que recebeu uma iluminação especial, porém o destaque fica com a iluminação do Ibirapuera, tradicional parque de passeio de São Paulo, que recebeu uma iluminação especial do lago, que já tem um chafariz que dança das águas, ao ritmo conforme toca a música, e todo entorno está iluminado com mais de 200 árvores decoradas com um milhão de lâmpadas de Led.

O especial do Ibirapuera este ano é a iluminação do lago com um brilho e decoração especial muito criativa, destaque embaixo na foto acima, porém todo o parque está iluminado e é um grande destaque na iluminação da cidade de São Paulo.

No Rio de Janeiro todos os bairros da orla marítima estão iluminados, além das iluminações especiais de restaurantes e hotéis, porém o grande show é os fogos de final de ano no beira-mar, financiado pela iniciativa privada, não foi cancelado apesar de uma crise de gripe que o Rio de Janeiro vive, na foto é possível ver a queima a partir da imagem do Cristo Redentor (também iluminado) de onde se vê a queima de fogos (photo abaixo).

A iluminação de Natal de Salvador também merece destaque, no ano passado já foi um sucesso com mais de 1.3 milhão de visitantes, em ano de pandemia é bom lembrar, com praças e avenidas iluminadas, algumas formam um verdadeiro túnel de luzes, com shows e atrações, inclusive apresentações feitas com drones.

Norte e Nordeste também têm várias capitais e suas atrações, Maceió a vários anos já vem se destacando por suas iluminações de Natal, no sul se destacam a tradicional região turística Gramada e Canela (são próximas), Blumenau e Curitiba.

É difícil traçar todo o cenário de Natal no país, várias cidades do interior dos estados têm atrações, como Campos do Jordão (SP), Petrópolis (RJ) e Monte Verde (MG), o importante é que todas sempre há uma intenção e resgatar o espírito natalino de amor e paz.

 

O Natal em Lisboa

22 dez

Lisboa é a capital portuguesa e o Natal lá é um destino especial para brasileiros, português vivia uma explosão de turismo quando entrou a pandemia, um campeão de vacinação da Europa reabriu o comércio, mas estes dias voltaram a ser dias de incerteza e preocupação como nova medidas de restrição sanitária

A praça do comércio é seu ponto central, onde sempre se faz uma iluminação com uma bela árvore de natal (foto 1) e ilumina o arco triunfal (homem ao rei D. José I), ele inicia sua principal rua de comércio e restaurantes indo até a praça do Rossio, e ela dá passagem para a praça da Figueira, outro ponto característico e Central.

Da praça do comércio se tem uma vista do rio de Tejo onde se liga ao mar, a região chamada de “baixo Chiado” ou simplesmente a “baixa” pode-se subir através das escadarias, do metrô ou pelo elevador histórico e turístico Santa Justa até o Chiado.

O chiado é ponto de um comércio mais antigo, com sua famosa praça de Camões de onde se tem acesso a ruas de comércio e a bares e restaurantes famosos como o “cantinho do Avilez”, chef conhecido internacionalmente e que faz a tradicional comida ibérica com bom gosto e criatividade, há no Chiado muitas coisas para se ver e comer, além e ser um ponto tradicional dos bondinhos (elétricos como são chamados lá).

Também a praça do Rossio e a praça do Comércio são pontos de elétricos, no caso da praça do Rossio também há uma estação de trem (comboios em Portugal), dali pode-se ir até Belém, onde há a famosa torre e o tradicional “pastel de Belém”, ou ir para a parte mais moderna de Portugal, indo até a praça Marques de Pombal por metrô ou autocarro (ónibus, os elétricos modernos são bons e confortáveis).

Infelizmente as restrições sanitárias voltaram, tanto para viagens quando para a circulação, então o passeio no Natal e ano novo está limitado por lá também.

 

Algumas cidades europeias iluminadas no Natal

21 dez

Muitas cidades europeias são iluminadas e enfeitadas no natal, há uma onda de negar a festa cristã, mas o clima de amizade e paz permanece em muitos locais.

Cidade com fortes traços culturais, está ao norte da Suiça, entre a Alemanha e a França e portanto com fortes influencias de ambas, tem aproximadamente 200 mil habitantes, sendo então a terceira maior cidade Suiça, atrás de Zurique e Genebra.

Na Basiléia suíça, seja no mercado de mercado de Barfüsserplatz ond fica a Christmas Pyramid (foto abaixo), uma torre decorada com figuras do presépio, ao redor existe diversos quiosques de bebidas quentes e comidas típicas como o biscoito Basel Läckerl e a Taclette, outro museu famoso da cidade também se enfeita é o Münsterplatz, com workshops e árvore decorada pela loja Johann Wanner, ali também há uma pista de patinação e concertos na Catedral.

Em Estrasburgo, desde 1570 há um onde maiores mercados de Natal na Europa, acreditasse até que algumas tradições nasceram ali, como as decorações natalinas nas casas em estilo enxaimel, no Centro Histórico com suas ruas de paralelepípedos (foto acima).

Nos próximos posts citaremos outras cidades. 

 

O Natal e a maior profecia Bíblica

17 dez

São tempos difíceis, as voltas com nova onda pandêmica, sinais de grave crise econômica mundial, tensões entre Rússia e Ocidente por causa da Ucrânia e reaproximação da Rússia da China que tem interesses em Taiwan, que é independente e ocidental.

Em tempos difíceis sempre reaparecem profecias, mas poucos são os oráculos de Deus realmente autorizados: adivinhos, especuladores, falsos profetas e falsos místicos, falta-lhes uma autorização clara de Deus, e ele sempre se fez presente através dos mais humildes.

David, por exemplo, sequer era contato entre os filhos de Jessé, quando o Samuel foi a sua casa para encontrar alguém que seria rei de Israel ele só é apresentado ao final, assim Jessé não tinha 7 mais oito filho, diz o relato Bíblico:

“Assim fez passar Jessé a seus SETE filhos diante de Samuel. porém Samuel disse a Jessé. O Senhor não escolheu a estes.” (I Samuel 16.10).

Nascido em Belém, por volta do ano 1.000 a.C. seria da descendência de David que nasceria Jesus, segundo o relato Bíblico foram 14 gerações entre David e o exílio da Babilônica e do exílio até Jesus mais quatorze gerações, e também José teve que retornar a Belém porque era ali a sua cidade Natal (ou do seu clã), e isto era profecia.

A profecia de Miquéias diz (Mq 5,1): “Assim diz o Senhor: 1Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade”. 

Esta profecia tem importância histórica, porque confirma a descendência de David, ali foi feito um recenseamento, portanto há uma prova “científica” deste nascimento, mas a grande profecia não é esta e sim a de Isaías 7,14: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ´Deus Conosco´”, e o trecho anterior chama a atenção para a casa de David diante do importuno de Acaz que queria por Deus a prova por causa das guerras.

A concepção de Maria confunde teólogos e os cristãos de um modo geral, aqui que deveria servir para unir é causa de desunião por culpa de uma leitura pouco atenciosa do livro guia para os cristãos, a Bíblia, logo após Maria saber que conceberia e daria a luz ao Salvador, provavelmente ainda confusa corre até a casa da prima Isabel que concebeu na velhice também um milagre (na foto o quadro de Domenico Ghirlandaio, 1491).

Ao chegar na casa da prima ouve a saudação com um grande grito diz a leitura (Lc1,42-43): “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?”, fica a pergunta teológica o que significa para Isabel, judia o advento de Cristo, o Natal, ainda se iniciava no ventre de Maria.

Há discussões sobre datas, uma discussão a-histórica do nascimento de Jesus pois houve um recenseamento, porém, esta questão “a mãe do Senhor” fica ainda em aberto, embora todos os cristãos concordem que o Salvador nasceu dali e viveu entre nós durante 33 anos.

Deus viveu entre nós e veio a partir de uma virgem, não há profecia maior e estará conosco até o final dos tempos.

 

Entre a ciência e a superstição

07 dez

Sempre que o tempo se altera: chuvas, enchentes, tempestades, furacões e agora vulcões e terremotos alguma coisa nos preocupa, é preciso separar aquilo que de fato é sobrenatural do natural que existe mesmo que catastrófico, a ciência ajuda, mas nem sempre tem respostas prontas.

Foi assim como problema da Covid-19 e está chamando a atenção agora o vulcão de La Palma por sua imprevisibilidade, porém ele tem ajudado a ciência que tem coletado um número bem maior que em outras erupções e sua variação também ajuda a estudar diversas influências, forma do solo, os terremotos e temperaturas próximas ao vulcão, o tipo de solo (no caso lá com várias fissuras em profundidade) e o tipo de efusão da lava.

Um recente artigo de opinião, a vulcanologia não é uma ciência que consiga fazer previsões, na verdade na opinião de físicos como Werner Heisenberg e filósofos como Edgar Morin suas previsões mesmo que possíveis são hipóteses, porém no caso da vulcanologia o Cumbre Vieja, vulcão de La Palma, tem ajudado.

Um artigo publicado na revista Science e que foi motivo de matéria no jornal El Pais, do pesquisador Marc-Antoine Longpré elaborou uma série de opiniões, entre elas que: “A previsão de curso prazo baseia-se na tecnologia e no reconhecimento de padrões de comportamento dos vulcões, bem como no aprimoramente constante, à medida que os vulcanologistas reúnem mais dados”, como é o caso desta erupção do Cumbre Vieja, em La Palma, nas ilhas Canárias.

O artigo publicado na prestigiosa revista Science, começa explicando que o mesmo teve 50 anos de repouso e historicamente é o mais ativo das Ilhas Canárias, entrou em erupção no dia 19 de setembro de 2021, e completará um dos mais longos períodos de erupção no dia 19 de dezembro, quando atingirá 3 meses de erupção e o artigo informa que a mais longa que se tem registro foi de 3 meses e 3 semanas.

Porém os padrões sísmicos se iniciaram na data de 11 de setembro, fiz o artigo: “o número de terremotos detectados aumentou rapidamente para várias centenas por dia, dos quais apenas um subconjunto foi localizado”, e agrupados em profundidades muito menores (<12 km) e de sismicidade menor que a anterior (em torno de 3 a 4 graus na escala Richter), e com um deslocamento para a área do vulcão que entrou em erupção no dia 19, isto já marca um padrão para erupções (veja os gráficos do autor).

Outro fato observado foi o aparecimento de duas fissuras, além da elevação do solo e a formação do cone vulcânico, cada fissura medindo cerca de 200 m de comprimento, a 1 km acima do nível do mar e 2 km da aldeia El Paraèso que foi rapidamente evacuada sem chegar a atingir os moradores.

O autor informa que a erupção não mostra sinais de diminuição, e fala do drama social para a população local e compara dizendo que é semelhante ao Kilauea, e pergunta se as partes interessadas, claro está incluindo os interesses financeiros e políticos, se a longo prazo será possível reduzir permanentemente o risco associado ao desenvolvimento urbano nos flancos do Cumbre Vieja?

Este é o fato social importante, prevenir mortes como aconteceu recentemente com a erupção do Vulcão Semeru na Indonésia onde foram registradas 14 mortes (hoje subiu para 34), o artigo foi profético neste sentido, uma vez que foi publicado dias antes desta erupção, sim são possíveis coisas extraordinárias e até mesmo sobrenaturais, mas quem tem autoridade para afirmá-las ? é preciso evitar fake news e clima de terror que em nada contribui, porém a cautela, como é o caso da Pandemia, é necessária e prudente.

 

Nova Pandemia e coimunidade

06 dez

Mesmo tratando-se do mesmo virus é uma nova pandemia, a nova variante chamada pela OMS de ômega tem a de driblar as vacinas, sabíamos isto já de outras doenças infeciosas, se não erradicada a doença pode voltar e neste caso em que as variantes se manifestam cada vez mais complexas uma nova de infecção se espalha.

Muitos ativistas, cientistas e também a OMS defenderam que uma distribuição mais equânime das vacinas pelo globo auxiliariam o combate a covid 19, por isto a terceira dose (necessária, mas em outra etapa) eram retiradas de vacinas que poderiam ser doadas aos países mais pobres, como a maioria dos países da África, a Necropolítica do sociólogo Mbembe dos Camarões lembra isto, escolher quem deve morrer, mas neste caso ela implica numa Necropolítica global, pois sem uma coimunidade a Pandemia volta.

A palavra coimunidade cunhada por Sloterdijk foi pensada num sentido mais amplo, muito anterior a pandemia, ela faz sentido agora que olhamos um problema global.

A notícia boa é que mesmo podendo infectar pessoas já vacinadas, a infecção é menos grave se já vacinados, segundo o geneticista brasileiro Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genetika do Paraná, já estava claro que a variante não estava sujeita a infecção inicial, tanto infectados como vacinados não estão imunes a esta cepa ômega.

O número de infecções cresce na Europa, segundo dados da Reuters a cada três dias está se registrando um milhão de novos casos, que no total desde o início da pandemia já ultrapassa 75 milhões de infectados, o número de mortes também cresce: a Itália registrou 43 mortes, os inúmeros países que seguem em queda são a Rússia e a Ucrânia, porém ressalta-se que foram os primeiros a crescer em infecções e os números ainda são elevados.

Mesmo assim seguem protestos contra novas medidas de restrições devido a nova onda, a Alemanha teve manifestação neste final e semana.

O problema da Europa ainda não é a variante ômega e sim a baixa taxa de vacinação, chamada de hesitação vacinal, e ainda dizem que é um fenômeno global, no entanto em muitos países a vacinação avança, no Brasil já estamos próximos dos 80% vacinados embora não dê imunidade a variante ômega, reduz sua letalidade.

No Brasil várias festas de final de ano foram canceladas, e medidas de proteção devem ser pensadas urgentemente.  

 

História, a grande clareira e parusia

03 dez

O Natal está próximo e o nascimento de Jesus é um fato histórico pois o Censo ordenado pelo imperador de Roma César Augusto, quanto a data há controvérsias por seriam entre 4-5 a.C., quando Quinino era Governador da Síria como está descrito na Bíblia (Lc 2,2), porém é certo que o censo foi realizado e este foi justamente o motivo de Maria e José terem ido a Belém, onde a profecia dizia que de lá nasceria o salvador, e assim ele “foi contado entre os homens”.

Há controvérsias de datas e da precisão das datas (não dos fatos), uma vez que o calendário foi modificado.

A história também está pontuada de intervenções divinas, na decadência de Roma nascem os mosteiros, onde a cultura da culinária, os primeiros grêmios e ofícios e também uma fase anterior da escrita impressa é realizada, através dos copistas, as primeiras escolas e mais tarde as primeiras universidades, com forte influência teológica como não poderia ser de outro modo, mas tudo isto é história, também no renascimento a arte e a cultura tiveram forte influência teológica.

Entramos na modernidade, a obra que fizemos leituras pontuais nos posts desta semana “todos no mesmo barco” de Sloterdijk, menciona um fato importante, além e citar a obra clássica do Decamerão de Boccaccio como “pequena comunidade em meio ao desastre da grande” (Sloterdijk, 1999, p. 75), faz uma análise da peste negra (que aconteceu nos anos 1300) e que devastou a Europa com mais de 100 milhões de pessoas mortas (figura) quando a população era muito menor que hoje, e sua influência política e psicológica pode ser analisada.

Em nota de rodapé cita a obra de Henrik Siewierki (traduzida pela Estação Liberdade em 2001) “Uma missa para a cidade de Arras” onde analisa as consequências tanto psicológicas quanto políticas da peste, também o psicólogo Franz Renggli, em seu livro Autodestruição por abandono, desenvolveu a hipótese da influencia na modernidade da peste, e também da degradação da relação mãe-filho que teriam provocado uma espécie de fraqueza imunológica, coletiva e psicossomática que favoreceu o vírus daquela peste.

Toda esta análise é interessante em meio do retorno da Pandemia a Europa, ao mesmo tempo que é sem dúvida um flagelo, pode ele alimentar uma nova clareira sobre a nossa coimunidade, ou seja, a ideia de uma defesa mútua e solidária em vista de uma catástrofe ainda maior do que a que já encontramos.

Serve para “aplainar os caminhos”, como diz a leitura bíblica quando João, o filho de Zacarias e Isabel, anunciava no deserto usando as palavras do profeta Isaías: “esta é a voz daquele que grita no deserto: ´preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas’” (Lc 3,4) e parece propícia a este nosso tempo de flagelo e deserto.

É importante lembrar que as duas primeiras semanas do Natal comemoram não a vinda de Jesus em Belém, mas a Parusia, ou seja, a preparação de sua segunda vinda.

 

A diversidade cultural e as esperanças

02 dez

Em seu livro “no mesmo barco: ensaios sobre hiperpolítica” Peter Sloterdijk destaca que: “a aparência histórica ensina a todo observador que grupos humanos nas regiões pioneiras, durante os últimos três ou quatro mil anos, devem ter conseguido navegar sobre suas velhas jangadas de tal forma que agrupamentos de jangadas puderam surgir em grande estilo” (Sloterdijk, 1999, p. 73), o que quer dizer que velhos hábitos culturais resistem ao tempo, mesmo que considere “mentalmente pobre e mesmo assim significativo o termo ´cultura’”. (idem).

Enfatiza que a decadência das superestruturas “revelam que quase nada têm a dar aos indivíduos, nos seus esforços de continuar a vida” (Sloterdijk, 1999, p. 74), e mais que isso pode-se reconhecer que “tão logo decai o opus commune, as pessoas podem regenerar-se somente como unidades menores” (idem).

Assim é nestas unidades menores que pode-se regenerar e elaborar uma nova opus commune, retoma o Decamerão de Giovanni Boccaccio onde há a sobrevivência da pequena comunidade frente ao “desastre da grande”, lembrando o período da peste que pode ser um paralelo com a atual pandemia, lá os fiorentinos “já não sabem se devem temer mais a contaminação ou os saques ou a fome, eles caem numa desorientação equivalente a uma paralisia” (Sloterdijk, 1999, p. 75), a primeira versão de “no mesmo barco” é de 1993.

Num período que sucedeu aos impérios babilônicos, egípcios, sírios e persa, foi nas pequenas comunidades gregas que nasceu a ideia da polis das cidades-estados e que chegou até a república moderna, foi da renascença fiorentina que nasceu uma revolução artístico-cultural que levou o espírito humano as primeiras grandes navegações e as expansão do mercantilismo, e foi do racionalismo franco-alemão que nasceu a revolução liberal burguesa e hoje onde estarão estes pequenos grupos capazes de resgatar a civilização?

Há novas cosmovisões que renascem (elas buscam suas formas culturais primeiras) na África tal como o filósofo Achiles Mbembé e sua necropolítica, uma reação ao poder de ditar quem pode viver e quem pode morrer, na américa latina o sociólogo peruano Anibal Quijano, o filósofo, psiquiatra e ensaísta Frantz Fanon, natural das Antilhas Francesas.

O problema central destes pensamentos é a decolonialidade, ou seja, a ideia que a modernidade e seu projeto político se valeram da colonização e não haverá mudanças significativas nas superestruturas de poder se esta forma de pensamento não for submetida a crítica e ao desmascaramento de seus objetivos.

É daí que podem nascer esperanças, uma reconfiguração do globo onde os povos tenham direito a sua liberdade, a sua expressão cultural e social, com uma vida digna.

 

O deserto sem vida interior

30 nov

Viver só na exterioridade, projetado sobre o mundo levou a um tipo de angústia especial, a angústia é um aspecto da filosofia, aquela que se liga ao conceito do vazio, um certo tipo de filosofia e algumas formas do conceito “Deus está morto”, sim porque existem outro, um deles é os homens tentam em vão mata-Lo como se fosse possível, como se fosse possível negar alguma intencionalidade na criação do universo, sim ele pode ser multiverso, mas também para ele deve haver uma intencionalidade.

O movimento filosófico que deu voz ao sentimento de “alienação e desespero”, veio justamente do “reconhecimento do homem de sua solidão fundamental em um universo indiferente”, as frases destacadas são de Anthony Downs, um economista político americano, falecido em outubro deste ano.

A razão pela qual devemos conhecer a origem e o desenvolvimento de certos conceitos que parecem apenas palha e sem substância (porque não são observados a fundo), é que eles passam a dominar grande parte da vida contemporânea, é o caso do idealismo que dominou quase todos os ismos de nosso tempo, incluindo socialismo e certo tipo de cristianismo (na foto a obra de Albert György).

Os ismos de nosso tempo não são senão a racionalização de alguma forma de idealismo presente na cultura ocidental de Descartes, passando por Kant até Hegel, a sua rejeição partido do existencialismo de Kierkegaard que insistiu na irredutibilidade da dimensão subjetiva e pessoal da vida humana, o existencialismo tomou diversas formas, porém é o retorno a questão do Ser e a ontologia que considero parte essencial de redescobrir o fio de ouro do espírito humano, ou da dimensão pessoal e subjetiva como foi pensada por Kierkegaard, parte de uma pergunta essencial que é “porque existe tudo e não o nada”, e o nada é claro é o vazio.

Porém Kierkegaard trabalhou também a questão da angústia, que pode ser associada ao vazio ou ao sentimento moderno de uma forma de alienação, seu conceito é outro, é a vertigem da liberdade, preconizada pelo homem moderno, é através dela que o homem sente repulsa e atração, pode-se tudo, mas nem tudo é conveniente.

Em “O conceito de angústia”, Kierkegaard escreve: “” uma determinação do espírito sonhador (…) é a realidade da liberdade como puro possível” (KIERKEGAARD, 1968, p. 45).

Soren Kierkegaard nasceu na Dinamarca em 1813 teve uma vida sofrida com problemas pessoais e familiares, em um espaço de vinte anos viu a morte de dois irmãos e três irmãs e depois a mãe, a decepção amorosa com a noiva Regina Olsen culmina na sua própria vida aquilo que expressou na filosofia.

O conceito de angústia tornou-se central no desenvolvimento da filosofia existencialista, ele está presente em Heidegger, Jaspers e Sartre, mas não ficou de lado em filosofias anteriores como a fenomenologia de Husserl e antes na psicologia social de Franz-Brentano.

É Heidegger que torna a questão da angústia como um problema da vida cotidiana, escreve: “O ser-para-a-morte é, essencialmente, angústia. Isso é testemunhado, de modo indubitável embora “apenas” indireto, pelo ser para-a-morte já caracterizado, no momento em que a angústia se faz temor covarde e, superando, denuncia a covardia da angústia. (HEIDEGGER, 1998, P. 50).

Por isso para Heidegger a angústia é um determinante existencial e ela se manifesta na cotidianidade do estar-no-mundo, no dizer de Hanna Arendt é uma “condição humana”.

A questão volta a tona pela forma patológica que tomou na Pandemia, justamente a privação da liberdade, vejam que o conceito de Kierkegaard faz sentido.

Heidegger, M. A origem da obra de arte. In: CAMINHOS de Floresta (Holzwege). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1998.

Kierkegaard, Soren. O conceito de Angústia. Lisboa: Hemus editora, 1968.

 

Nova variante e preocupação na Europa

29 nov

A nova variante do vírus da covid-19 chamada ômicron pela OMS, já está presente em três continentes e a tendência é chegar a todos, no Brasil tanto o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, como o diretor do Instituto Butantan afirmam que é inevitável que ela chegue ao país.

A variante é a cepa B.1.1.529 e foi identificada pela primeira vez na África do Sul em 9 de novembro, segundo informações da OMS, onde se identificou 100 casos da variante, em especial na província populosa de Gauteng, mas já se espalhou por Botsuana, eSwatini (antiga Suazilândia), Lesoto, Namíbia e Zimbábue, países que o Brasil fechou a fronteira.

No Brasil um passageiro de um voo que passou pela África do Sul testou positivo no último sábado 27/11 e desembarcou em Guarulhos (SP), os outros passageiros também estão sendo monitorados, ainda não é possível identificar se o contágio foi pela nova cepa.

O que se sabe por enquanto é que a variante pode afetar os índices de contágio e de letalidade, porém o sequenciamento genético ainda pode demorar mais alguns dias para ser completo, o diretor Tulio de Oliveira do Centro para Respostas e Inovações Epidêmicas da Universidade de KwaZulu-Natal, afirmou que esta variante é “uma constelação incomum de mutações”, enquanto a variante delta possuía apenas duas mutações por exemplo, em relação a cepal original do coronavírus.

Enquanto isto o número de mortes volta a crescer na Europa (veja o gráfico), a média de mortes chegou ao maior patamar desde fevereiro de 2021, quando o continente começava a se recuperar, para cada milhão de habitantes a taxa é de 5,2 mortes diárias em média, pelo novo coronavírus nos últimos 7 dias.

Com a nova cepa e as variantes é preciso retomar os cuidados, esperar os estudos sobre a cepa e a eficácia das vacinas, a Pfizer já anunciou que deve ter alterações para garantir a imunidade.

Chegamos a 70% da vacinação completa no Brasil, porém com a nova cepa não se pode afirmar a total imunidade.

Nota: No dia de hoje (29/11) a Austrália suspendeu a reabertura e o Japão fechou as fronteiras.