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Arquivo para a ‘Ciência da Informação’ Categoria

Horas de tensão para a paz

15 fev

O presidente da Ucrânia Voldymyr Zelenskiy afirmou no dia de ontem (14/02) ter ouvido que a quarta-feira será o dia fatal para uma possível invasão russa, e chamou o povo a “unidade” e a manifestar-se este dia pela Ucrânia e pela paz, ele tenta minimizar a possibilidade de um ataque e se mostra disposto a fazer concessões para a paz.

Do outro lado a Rússia afirma também estar disposta a paz, mas ao contrário de concessões reafirmar suas exigências, entre elas a não inclusão da Ucrânia na OTAN, que seria uma ameaça ao território russo, Putin esconde o que todos sabem sobre os desejos expansionistas, que na visão russa é apenas a reintegração de seus territórios do tempo da URSS.

Crescem os aparatos bélicos nas fronteiras da Ucrânia, não apenas ao norte na fronteira com a Rússia e a Belarus, mas também ao sul na região da Moldávia e no território da Criméia que está sob a posse russa, mas que é reivindicado pela Ucrânia, também nestes países as delegações diplomáticas americanas estão sendo retiradas.

O padrão do discurso russo é repetitivo, assim como o do Ocidente (EUA, Alemanha e Reino Unido, principalmente), apenas a França e a própria Ucrânia admitem concessões, do lado russo há uma lista de reivindicações para uma possível paz enquanto faz a retórica de que não desejam a guerra, além do apoio chinês, também a Argentina além da aliada Venezuela e o inesperado apoio brasileiro parece dar força aos desejos russos, Bolsonaro está em visita ao país em tempos conturbados.

Não haverá paz sem concessões, e tanto do lado russo que diz que há chance para paz se suas exigências forem aceitas, como do lado aliado que diz que a resposta será rápida e severa, mais parecem preparar a guerra do que dispostos a qualquer acordo de paz.

São dias tensões, em especial para o povo ucraniano, mas também para boa parte da Europa, a Rússia tem uma base de mísseis nucleares supersônicos Zircon, tanto no exclave (território descontínuo da Rússia) quanto próximo a Criméia no mar Negro, estes mísseis que foram testados no final do ano passado podem alcançar os países da Europa e são mais rápidos que as baterias antiaérea internacionais, além da questão de carregaram capsulas nucleares.

Apesar de ter um grande exército, o exército ucraniano é muito inferior em tecnologias e armas, o apoio da OTAN é apenas estratégico, mas o povo resistirá (foto)

Mais do que concessões é preciso entender as inseguranças e visões de lados opostos, não se pode chegar a um acordo sem a capacidade de enxergar o “outro lado”.

 

Felizes os que promovem a paz

11 fev

O ciclo peste, fome e guerra em qualquer ordem que ele tenha acontecida na história é retroalimentado porque sucumbem as forças que promovem a paz e entre elas estão também as forças espirituais verdadeiras que desejam o progresso da alma humana, que é inseparável da substancialidade da vida, não apenas humana, mas de todo planeta.

O século XX além da segunda guerra mundial, todos que a viveram narram o horror deste período e as privações que passaram, em especial os mais pobres, foi marcado também pelos regimes autoritários e Franco, Salazar e De Gaule na Europa, as lutas de libertação coloniais, e a guerra civil na Espanha, todos envoltos em atrocidades e muitas mortes.

Com um fim da pandemia próximo, porém é preciso ressaltar que ainda avança no hemisfério sul, um ciclo de privações sociais se aproximando uma guerra seria o menos desejável e não há forças diplomáticas que consigam evitá-la, quais seriam as consequências de uma insanidade deste tipo é para todos os analistas, imprevisível em proporção e extensão.

Há nos subterrâneos das sociedades forças que lutam pela paz, o pronunciamento de hoje (11/02) do Papa Francisco é uma destas forças, porém mesmo no interior de religiões e espiritualidades (já discorremos sobre as verdadeiras asceses) há aqueles que sadicamente (porque não viveram e não leram testemunhos da guerra) não se incomodam com este perigo.

O papa disse de maneira contundente: “a guerra é uma loucura”, e pede o diálogo, várias tentativas diplomáticas foram feitas porém as vias de algum acordo bilateral parecem estar fechadas, de certa forma porque as partes não parecem dispostas a ceder em pontos problemáticos (a presença da Otan e da própria Rússia na Ucrânia, por exemplo), o papa também pediu que este diálogo fosse “sério” e que realmente cada lado estivesse disposto a ouvir e a ceder para um possível acordo.

Com o passar das horas as tentativas parecem estar se esgotando, aos cidadãos comuns de ambos países, aos pobres e aos vulneráveis, em sua maioria jamais aprovariam uma guerra, resta a esperança e a fé de que sejam minimamente poupados se o absurdo acontecer.

As vésperas de um mundial de clubes de futebol, onde a disputa se encerra com o final de uma partida e em meio as Olimpíadas de Inverno, apesar de todas rivalidades, neste caso o desejável é que além das torcidas em lados opostos, tudo se consuma a partir de determinado ponto final, e neste caso a torcida de dois ou mais times, é mais humana que a disputa insana por territórios e vantagens bélicas de uma guerra de consequências imprevisíveis.

Diz a liturgia bíblica, na passagem em que Jesus encontra seus discípulos e uma multidão numa planície (todos no mesmo plano) de Tiro e Sidônia (Lc 6,20=21): “bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque havereis de rir!” e explica que os ricos e poderosos já tiveram o consolo neste mundo e os falsos profetas que são aplaudidos, porque não tiveram coragem de dizer a verdade.

Tenhamos esperança que um resto de serenidade, tolerância e equilíbrio restem nas grandes forças bélicas mundiais e a guerra seja evitável.  

 

Pequena história da Ucrânia

08 fev

No século III a região foi habitada pelos godos (250-375), a região era chamada de Aujo, ali havia uma cultura cherniacove, os ostrogodos se estabeleceram em 350 com influência dos Hunos, ao norte havia um povo que tinha uma cultura de Quieve (depois mais tarde Kyiv ou Київ).

A origem da Ucrânia de hoje está em tribos eslavas que chegaram a este território nos séculos V e VI, no século IX chegaram invasores vikings, chamados variagi, os mongóis invadem em XIII, o rei Igor I com uma jovem adolescente variagi chamada Olga uniu os povos, este reino chamado Rus tinha como capital Kiev, o rei vai ser morto e Olga assume o poder com grande vigor e coragem, e domina os povos, Olga ocupará um papel especial e depois se converterá ao cristianismo com grande obra a favor dos pobres.

Olga é um capítulo a parte, depois de ser uma rainha forte e até certo ponto cruel com seus inimigos, o filho assume o reinado e ela se converte ao cristianismo, construiu igrejas, fez campanhas de evangelização, não conseguindo, porém, converter o filho Sviatoslav (Esvetoslau I), ajudou de tal forma os pobres e as pessoas doentes que se tornou uma santa reconhecida pela igreja ortodoxa no ano e pela igreja católica de rito bizantino, seu filho não se converteu, porém seu neto Vladimir I se converteu e também foi declarado santo.

Os variagi comandavam vários pontos estratégicos na Rússia e exploravam o transporte e o comércio, assim durante o século X e XI, o território da Ucrânia tornou-se centro de um estado poderoso e prestigioso na Europa, chamado na época de Rússia de Kiev (lembre era o reino de Rus) e também foram base para muitas nações eslavas subsequentes (como a Grande Bulgária e a Bielorussia, por exemplo), além dos próprios russos que eram então apenas tribos eslavas dispersas.

O estado foi conquistado por Casimirio IV da Polônia, enquanto o cerne da antiga Rússia de Quieve passaram ao controle do Grão-Ducado da Lituânia, mas o casamento do Grão-Duque Jagelão da Lituânia com a Rainha Edviges da Polônia, trocou o controle dos soberanos lituanos para a maior parte do território ucraniano e assim retornou a Ucrânia.

Damos um salto na história, que é também rica do período medieval, uma guerra civil que durou 4 anos depois da revolução russa (1917) em 1921 a Ucrânia se torna república socialista soviética, com expurgos e apropriações de terras que os agricultores ucranianos se recusavam a entregar, a Ucrânia é uma grande produtora de grãos.

O período stalinista e a ocupação nazista de seu território, que causaram mais de 10 milhões de mortos entre 1930 e 1945, a Ucrânia resistiu a coletivização russa e a invasão nazista, a Ucrânia no período soviético era responsável por ¼ da produção soviética no setor agrícola produzindo 40 milhões de cereais, um recorde para a época.

Por fim a problemática do território da Criméia, que tem origem na guerra de 1853 e 1856 onde houve um conflito entre a Rússia e uma aliança formada pela França-Reino Unido-Reino da Sardenha (hoje parte da Itália), em 2014 a guerra renasce com a tomada pela Rússia, seja esclarecido que havia um contrato entre a Ucrânia e a Rússia numa espécie de leasing para concessão do porto dos balcãs onde está a maior frota marítima da Rússia, em Sebastopol que era assim um território independente da Ucrânia.

Assim entre as análises mais absurdas, está aquela que diz que a Ucrânia seria inviável como estado independente, está fragilizada por uma guerra interna e sob pressão Russa.

 

Pandemia aumenta e países relaxam

07 fev

A notícia é da BBC em português diversos países (Reino Unido, França, Holanda, Dinamarca, Espanha, Áustria, Finlândia, Bélgica, Grécia e Suécia), cansados da alteração da rotina muitos países, ambientes e até mesmo sanitaristas relaxaram no controle porque o isolamento é de fato difícil, no Brasil o número de mortes voltou a casa de milhares.

A pressão na realidade é política e econômica, e as autoridades se virão sob pressão de reabrir a economia e com isto liberar ambientes de comércio e convívio social, porém o custo econômico também poderá ser grave com o número de pessoas que vão se afastar, mesmo que seja por casos menos graves, é visível em alguns setores, no caso do Brasil, que muitos funcionários contraem o Covid na variante Omicron, e neste caso devem se afastar por ao menos 10 dias, mas também aqui foi reduzido para 5 dias, ou seja, menor precaução e mais contágio.

Na terça-feira passada (1/2) a OMS declarou a preocupação com este relaxamento, mas os comissários e sanitaristas europeus se apressaram em dizer que o fim da pandemia está próximo, há pequenos sinais de que o pico (ainda estamos nele) possa atenuar, mas é cedo demais para inferir que podemos relaxar, o normal seria esperar a curva baixa (gráfico).

Segundo a Agência Brasil o brasil registrou 197.442 mil casos na sexta-feira e 1.308 mortes em 24 horas, isto totaliza 26.473.273 casos e 631.802 óbitos, pelo alto número é muito improvável que os casos sejam apenas de não vacinados ou de crianças.

A vacinação das crianças em sua grande maioria ainda é a primeira dose, e em muitos estados no dia de hoje já estarão de volta as aulas, podiam ao menos esperar um pouco, mas os países que retornam aos postos de trabalham precisam ter onde deixar os filhos, assim a motivação também é econômica e não de preocupação de fato com as crianças.

É muito provável que a Pandemia entre num ciclo de arrefecimento, talvez não desapareça completamente, porém os cuidados deveriam ser mantidos e não é o que se observa, a menos de alguns países asiático onde procura-se elevar a tolerância a zero, um exemplo são as restrições da olimpíada de Inverno e no mundo árabe, o Campeonato Mundial de Clubes disputado em Abu Dhabi que são notícia no mundo todo, basta fazer uma comparação das medidas lá e as medidas aqui.

 

Avançar para uma verdadeiro pensamento

04 fev

Nenhum pensamento é completo se não possui uma espiritualidade, aquilo que a modernidade chama de subjetividade porém que está separada da objetividade como é próprio do dualismo, cria duas realidades e nenhuma delas é parte do todo.

Contemplar o todo significa considerar a profundidade do nosso Ser e entender que fazemos parte de um imenso universo cheio de mistérios, e que nossa alma anseia pelo infinito e é para lá que caminha uma verdadeira espiritualidade, que não está separada da substancialidade da vida (o que é chamado na modernidade de objetividade, que é só a parte) e que sem ela não contemplamos e vivemos o todo, vivemos uma vida segmentada.

Substituí-la por uma pequena parte, pequenos vícios e prazeres, é caminhar na frivolidade, na superficialidade, nenhuma ascese verdadeira prescinde de uma espiritualidade, e não há espiritualidade sem contemplar a alma humana como parte do todo de nosso Ser, assim ultrapassar a antropotécnica e chegar uma onto-antropotécnica que olha para as coisas e também para a alma.

Muitos exercícios, do físico ao espiritual, são feitos buscando esta ascese, neste ponto Sloterdijk tem razão quase todas elas são “desespiritualizadas” porém sua explicação é incompleta porque não há em suas esferas uma escatologia, este raciocínio é feito especialmente em Esferas II, qual é o todo para o qual caminhamos, é possível ir até Ele.

Sim é possível se avançamos para águas mais profundas, buscar a completitude de nossa substancialidade superando o antropocentrismo e entendendo a Terra e o Universo como nossa casa, nossa morada, mas principalmente caminhando e lançando as redes para pensamentos e espiritualidades mais profundas, há em alto mar, ainda que revolto, aquilo que nossa alma anseia: o eterno.

Diz a passagem bíblica Lc 5,4-5, logo após Jesus ensinar as multidões e Pedro (Simão) reclamar que não haviam pescado nada, Jesus lhe responde: “quando acabou de falar, disse a Simão: “avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”, Simão responde que trabalhou a noite inteira e não pescou nada, mas obedeceu e lançou as redes.

O resultado foi uma grande pescaria, vale aqui a substancialidade dos alimentos e também a espiritualidade de avançar “pra águas mais profundas”.

 

Diversas reações ao pensamento dominante

03 fev

Em países que foram colônias da Europa, emergiu o termo decolonização que se diferencia de descolonização porque penetra justamente no pensamento e na epistemologia dominante (alguns autores chamarão por isto de epistemicídio) que não é a simples liberação de dominação, mas também o ressurgimento de culturas subalternas.

Assim apareceram autores na África (como Achiles Mbembe), na América Latina (Aníbal Quijano e Rendón Rojas y Morán Reyes), além de autores de cultura originária como os indígenas (Davi Kopenawa e Airton Krenak), porém é possível um diálogo com autores europeus abertos a esta perspectiva como Peter Sloterdijk (fala da Europa como Império do Centro) e Boaventura Santos (fala do epistemícidio e também alguns conceitos de decolonização), há muitos outros claro.

Deve-se destacar nestas culturas também a cultura cristã, vista por muitos autores como colaboradora do colonialismo, não se pode negar a perspectiva histórica e também de doutrina que é a libertação dos povos e uma cultura de fraternidade e solidariedade, ela é também minoritária hoje na Europa e perseguida em muitos casos.

Entre os europeus que defendem um novo humanismo, ou um humanismo de fato já que o iluminismo e as teorias materialistas não conseguiram contemplar a alma humana como um todo, e são por isto um humanismo de uma perna só, entre os europeus destaco Peter Sloterdijk e Edgar Morin, o primeiro que defende o conceito de comunidade como um “escudo protetor” capaz de salvar nossa espécie, e o segundo, um humanismo planetário, onde o homem seja cidadão do mundo e as diversidades sejam respeitadas.

Ambos consideram as propostas populistas, é bom saber que elas existem a esquerda e a direita, devem perder com a crise atual e o consumismo global depende de uma atmosfera de “frivolidade” ou de superficialidade que a humanidade será obrigada a repensar, não voltaremos aquilo que consideramos estável, os próprios escritores originários, como Davi Krenak destaca em várias entrevistas, o que queremos voltar não era bom, não havia uma felicidade e bem estar real naquilo que era considerado normal.

Como aspecto de construção do pensamento, em Sloterdijk destaco a antropotécnica, para ele a modernidade foi uma desverticalização da existência e uma desespiritualização da ascese, enquanto o conhecimento e a sabedoria proposta na antiguidade sair do empírico e do enganoso para ir em direção do eterno e do verdadeiro, como para ele não existe a religião, seria um movimento de sabedoria e conhecimento, e não apenas uma ascese de exercícios, onde a alma imortal foi trocada pelo corpo.

Já na perspectiva de Edgar Morin é o hologramático que pode dar ao homem uma visão do todo agora fragmentada pela especialização e pela particularidade de cada ramo da ciência, paradoxo do complexo sistema no qual o homem é uma parte que deve se integrar ao todo, onde “não somente a parte está no todo, mas em que o todo está inscrito na parte”, a pandemia nos ensinou isto, mas a lição ainda foi mal aprendida, em plena crise pandêmica resolveu-se que está tudo liberado e não há protocolo de proteção de todos em cada um (cada parte), e não há co-imunidade.

 

A verdade científica e a humildade

02 fev

A partir da revolução copernicana, com a descoberta de Galileu e com os avanços científicos deveria estar mais claro, ainda mais agora com as descobertas de forças desconhecidas do universo e com o novo telescópico James Webb, deveria estar cada vez mais claro que o homem não é o centro do universo, embora seja capaz de muito estrago se não deixar de lado a visão antropocêntrica e iluminista que o coloca como um “todo-poderoso”.

Nessa linha seguiu também Schopenhauer um dos primeiros a critica a “coisa-em-si” kantiana e seu sistema metafísico de colocar em seu lugar uma “Vontade” (que é a mesma coisa de quanto o homem foi colocado com centro do universo e a terra onde habita o seu centro), abriu uma perspectiva filosófica nova onde nada existe de propósito, tudo e todos somos consequencias de um sistema sem fim, com determinações e objetivos, e que somos responsáveis por um destino ferindo ao outro, estamos nos ferindo.

Desta forma Schopenhauer quis representa de maneira compassiva que pode representar em si a dor de outro, e isto nos valeria um grande passo para paz, embora seja capital a frase deste filósofo: “O homem é propriamente falando, um animal que agride” (Arthur Schopenhauer), que volta ao “homem lobo do homem” e justifica um estado agressor.

O conhecido fundamento da ética kantiana é o imperativo categórico (age de tal forma a ser modelo para os outros) que serve para orientar o agir dos sujeitos, e este por sua vez é princípio de um “factum” da razão, que faz parte do mundo numêmico, o qual consegue influenciar (não sentido princípio) o mundo fenomênico, de maneira a orientar as ações do sujeito racional de forma universal e necessária, Schopenhauer neste ponto faz uma crítica importante, embora não seja suficiente para uma crítica profunda desta ética.

Numérico refere-se àquilo que é conhecido sem fazer parte dos sentidos, é uma crítica ao empirismo porém não reconhece o fenomênico (que se manifesta como coisa).

Para ele, o programa ético kantiano é desprovido de sentido porque possui como fundamento último da ação um aspecto metafísico que desqualifica ações que vem de qualquer outra instância que não seja a razão, a relação que existe entre a razão e a metafísica (veja que a metafísica de Kant não faz parte do mundo, mas não é teológica nem divina), é que os sujeitos racionais (transcendentais em relação aos objetos) partilham do incognoscível, uma vez que conseguem pensar em coisas metafísicas, mas não conhece-las.

Esta lacuna onde não existe o mistério, é natural que tenha se distanciado da transcendência divina e teológica, porém é uma razão objetivada, sem aspectos subjetivos, ou seja próprios do sujeito, e Schopenhauer aponta corretamente para a dor do outro que é capaz de conceber, porém este princípio de compaixão não terá um desenvolvimento, outros autores fenomenológicos trata da questão do Outro, e este sim é um princípio para a crítica da razão.  

 

Covid 19: avanço do número de mortes

31 jan

O ritmo e a curva em cada país são diferentes, a Europa ainda em pleno inverno viu a curva aumentar exponencialmente e só depois tomaram medidas sanitárias, em alguns países inclusive com lockdown, os países asiáticos em especial China e Japão enfrentaram com medidas rigorosas de isolamento e tiveram sucesso no controle da nova onda, as olimpiadas de inverno que estão para começar em Pequim não terão público e as medidas para as delegações tem sido de um rigoroso controle de testagem.

Uma epidemiologista da OMS Maria D. Kherkhove alertou para a suposição de que o vírus ficará mais suave com as mutações: “Não há garantia disso”, é claro esperamos que sim: “mas não há garantia disso e não podemos apostar nisso”, justificando que medidas sanitárias continuam sendo extremamente necessárias.

No Brasil observa-se um número crescente tanto de infecções diárias, que se aproximam do recorde de 200 mil (gráfico), e um aumento de mortes diárias que ultrapassa as 800, com uma média móvel em torno de 500, o aumento é significativo e não há nenhuma tendencia de estabilização ou queda visível, vários estados registram alta, apenas Pernambuco, Pará e Rondônia registram estabilidade.

A política que acredita, por hipótese, que a pandemia está passando ou pode tornar-se uma endemia é ainda sem dados científicos claros, a própria gravidade da ômicron que é menos letal não tem uma avaliação precisa, trabalhar no preventivo quando se trata da vida é o mais prudente que as autoridades podem fazer.

Esperamos e como dissemos na semana passada, acreditamos no poder do pensar positivo e acreditar na esperança, que tudo pode estar próximo a um fim da pandemia, porém é necessário ainda cautela com decisões que liberam as pessoas e os eventos públicos que podem ser responsáveis por um número maior de infecções e mortes.

 

Há forças que podem mudar uma catástrofe

27 jan

A ideia de alguma catástrofe eminente para acontecer está no ar, não são apenas apocalípticos, mas cientistas da natureza que veem o esgotamento planetário (geleiras, extinção de espécies, alterações climáticas, terremotos, etc.), cientistas políticas sobre o tensionamento ideológico que volta a lembrar a guerra fria, e seria possível evitar ou ao menos ter uma reação positiva perante ela, a pandemia parece que foi um treino e o ensaio não parece bom.

Uma das descobertas misteriosas recentes feita por astrônomos é de um objeto em nosso “quintal galáctico”, que significa a 4 mil anos luz, foi encontrado um objeto espacial, já que ser uma estrela de neutros ou anã branca são apenas hipóteses, no qual este objeto produz poderosos raios de energia, o objeto estranho (foto) lança o feixe de poderosa energia que cruza a linha de visão da terra observado por astrônomos e publicado na revista Nature (disponível em ICRAR), são algo incomum nas observações espaciais.

Natasha Hurley-Walker, do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia da Universidade de Curtin, lidera a equipe que fez a descoberta e declarou: “Este objeto estava aparecendo e desaparecendo durante horas em nossa observação …. foi meio assustador para um astrônomo porque não há nada conhecido no céu que faça isso”, declarou.

Há também forças poderosas que agem em nosso meio, não se trata apenas de explorações baratas de orações ou sentimento positivo que possam levar a melhoria de um ambiente e das pessoas, um conjunto de palavras e ações levadas num sentido positivo para determinado problema pode e deverá conseguir resolver ou mudar situações em que o problema ou condições são grandes.

Além da pandemia, que alguns querem decretar o fim como se fosse simples assim, temos a tensão de uma guerra eminente, e não devemos ter dúvidas que todas as pessoas que possam falar, pedir, meditar ou orar para que uma atrocidade deste tamanho não ocorra devem fazê-lo, na guerra só os civis, os pobres e os mais fracos que sofrem, não há nenhuma solução palpável ou saudável que venha de catástrofes provocadas.

 

A linguagem e a empatia

21 jan

José Saramago expressou assim sobre a opinião que as pessoas têm sobre diversos assuntos: “O problema não é que as pessoas tenham opiniões, isto é ótimo. O problema é que tenham opiniões sem saber do que falam”, em tempos de mídias sociais é muito comum repetir ilustres desconhecidos porque disseram uma frase de impacto, porém quando se coloca num contexto adequado ou se penetra no assunto em questão, pode-se ter uma opinião mais sensata.

Tudo é polêmico hoje e de certa forma quase tudo tornou-se mera opinião, a doxa dos gregos, neste contexto o problema da linguagem se extrapola e a empatia é cada vez mais rara na linguagem cotidiana, se o problema na origem da sociedade moderna na antiguidade clássica era o sofisma, tudo se argumentava apenas para agradar o poder vigente, o problema hoje é ver isto disseminado na linguagem cotidiana, o cuidado com a linguagem, o respeito ao outrem e a escuta respeitosa devem fazer parte da linguagem empática.

Não é a política central apenas que se deteriorou, ou a democracia que entrou em crise, as escolhas de líderes salvadores da pátria, a pouca discussão dos problemas de fato que atingem a população, em plena expansão pandêmica pouco se fala de medidas efetivas contra ela, só para dar um exemplo grave, todo o problema parece ser a vacinação das crianças, que é urgente sem dúvida, porém todos tem diversos casos de infecção familiar ou próxima nas vizinhanças onde mora.

Reeducar a linguagem cotidiana, reintroduzir o respeito a qualquer cidadão, de qualquer raça, cor ou religião, deveria ser um esforço comum para melhorar a empatia social.

Até mesmo na linguagem religiosa, antes extremamente respeitosa e amorosa parece evoluir uma concepção mais separatista e isolacionista onde o diferente é isolado e malvisto.

É preciso encontrar espaço, tempo e local onde as verdades primeiras possam ser ditas, onde as culturas originárias possam se manifestar e serem ouvidas.

Em muitas culturas, religiões e teorias há um nó central lá onde as verdades mais profundas estão ditas.

A passagem bíblica em que Jesus revela quem de fato é e a que veio deveria ser o ponto central de análise de sua linguagem e sua missão, foi a Nazaré cidade onde fora criado e podia ser visto como uma pessoa comum, uma atitude empática, indo a sinagoga em dia de sábado deram o livro do profeta Isaías (Is 61,1-2) e ali Ele leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação dos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos, enviou-me para proclamar um ano de graça da parte do Senhor”, fechou o livro e depois surpreende a todos ao dizer: “hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 1,14-21).  (Na foto a assinatura do profeta Isaías, National Geographic).