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Efeito contestado por Einstein está provado
O efeito fantasmagórico à distância, que é o fato que partículas podem se relacionar a distância e o efeito de ser “sentido” pela outra a distância, está definitivamente provado em uma experiência divulgada pela Nature no último dia 09 de maio.
Este teste é chamado de Bell, devido a John S. Bell, foi primeiramente mostrado por Alain Aspect que fez um experimento ótico em 1982, mostrando esta ação a distância.
Agora o experimento foi feito recrutando 100.000 participantes humanos para jogar um videogame online que incentiva a entrada rápida de seleções imprevisíveis e ilustra a metodologia do teste de Bell, os participantes geraram mais de 97 milhões de escolhas binárias, que foram direcionadas através de uma plataforma Web Escalável para 12 laboratórios em cinco continentes, onde 13 experimentos testaram o realismo local usando fótons atômicos únicos, conjuntos atômicos e dispositivos supercondutores (ilustração).
Por um período de 12 horas em 30 de novembro de 2016, os participantes do mundo todo forneceram um fluxo de dados sustentado de mais de 1.000 bits por segundo para os experimentos, usando dados gerados por humanos diferentes para escolher cada configuração da medição, as correlações observadas contradizem fortemente o realismo local e outras posições em cenários chamados bipartidos e tripartidos.
Os resultados do projeto incluíram o fechamento da “brecha da liberdade de escolha” (a possibilidade das escolhas de cenário serem influenciadas por ´variáveis ocultas para se correlacionarem com as propriedades das partículas), a utilização de métodos de videogame para coleta rápida de aleatoriedade gerada pelo homem e o uso de técnicas de rede para a participação global em ciência experimental
Dois dados são fantásticos deste experimento, provando a ação fantasmagórica a distância que Einstein contestou em um artigo chamado EPR, o uso de metodologias de rede em participação em ciência experimental global, e o uso de videogames para simular dados.
AI e artefactos
O livro de Norvig e Russel (2010) traz logo no início uma tabela sobre o pensar humanamente e racionalmente, e agir humanamente e racionalmente, a tabela completa para a Inteligência artificial é incompleta, mesmo se considerando a literatura na área em questões como autonomia e consciência.
Analisemos primeiro as quatro principais citações que estão no quadro da figura 1.1. do livro exemplificada ao lado, sobre a Inteligência Artificial.
Pensando Humanamente
“O novo e empolgante esforço para fazer os computadores pensarem. . . máquinas com mentes, no sentido completo e literal. ”(Haugeland, 1985)
“A automação de atividades que associamos ao pensamento humano, atividades como tomada de decisões, resolução de problemas, aprendizado. . . ”(Bellman, 1978)
Pensando Racionalmente
“O estudo das faculdades mentais através do uso de modelos computacionais” (Charniak e McDermott, 1985)
“O estudo das computações que tornam possível perceber, raciocinar e agir.” (Winston, 1992)
Agindo Humanamente
“A arte de criar máquinas que executam funções que exigem inteligência quando executadas por pessoas.” (Kurzweil, 1990)
“O estudo de como fazer computadores faz coisas em que, no momento, as pessoas são melhores.” (Rich e Knight, 1991)
Atuando Racionalmente
“Inteligência Computacional é o estudo do design de agentes inteligentes.” (Poole et al., 1998)
“AI. . . está preocupado com o comportamento inteligente em artefatos. ”(Nilsson, 1998)
Entendi por este quadro que estou atuando racionalmente, e que as definições e Poole e Nilsson servem para meus estudos, mas falta alguma coisa, o que é consciência e autonomia, e neste sentido que o quadro é incompleto.
Mas a questão da consciência é um fato, se pensamos que uma pessoa pode ter consciência, mas um artefacto não, argumento de Thomas Nagel, podemos no sentido inverso de pensar em IA “fraca” e IA “forte” definições dados por John Searle, para diferenciar se as máquinas estão pensando racional e humanamente (IA forte) ou apenas pensando e atuando racionalmente (IA fraca).
Isto levou a um outro campo que é hoje chamado de IA geral e IA profunda.
NORVIG, P.; RUSSEL, P. Artificial Intelligence: A Modern Approach 3nd ed., Upper Saddle River, New Jersey: Prentice Hall, 2010.
Como pensamos que é o pensar
Desde a Algebra de 0 e 1 de Boole, passando pelos primeiros computadores de Charles Babbage, chegando aos pensamentos de Vannevar Bush e Norbert Wiener do MIT dos anos 40, chegamos passando por Alan Turing e Claude Shannon, a pergunta final: a máquina um dia pensará.
O que vemos entre o apelo de investimentos da Robô Sophia ao mercado de “assistentes pessoais” é uma longa história do que de fato significa pensar, mas a pergunta agora devido aos tecnoprofetas (nome dado aos alarmistas por Jean-Gabriel Ganascia) é inevitável.
Vannevar Bush tinha uma máquina de processar dados no seu laboratório do MIT, onde foi trabalhar um estagiário chamado Claude Shannon, diz James Gleick que foi ele que sugeriu ao seu aluno que estudasse a Algebra de Boole.
Vannevar Bush no seu texto histórico As We May Think, embora não diga como iriamos pensar, fala das possibilidades futuras de novos avanços: “considere um dispositivo futuro … em que um indivíduo armazene todos os seus livros, registros e comunicações, e que seja mecanizado para que possa ser consultado com excessiva velocidade e flexibilidade. É um suplemento íntimo ampliado de sua memória” (Bush, livre tradução nossa do texto de 1945).
Cria a ideia embrionária de um computador que relaciona textos, como se faz em pesquisas desde o início da impressão de Gutenberg, mas sua máquina Memex (figura acima) já era pensada como uma capacidade alargada de registros e comunicações, mesmo que o telefone fosse ainda nascente nos anos finais da II Guerra mundial e as comunicações dependiam de potentes antenas.
O certo é que no final seu texto pouco ou quase nada diz sobre de fato o que é o pensamento e tal como acontece ainda hoje em Inteligência Artificial, o que temos feito é ampliar mais e mais a capacidade de memória e comunicação, assim como de cruzar grandes quantidades de dados, agora com técnicas chamadas de Big Data.
Outra tendência contemporânea é perguntar pela autonomia das máquinas, os experimentos realizados, mesmo com os chamados “veículos autónomos” são a base de algoritmos e eles dependem na tomada de decisão de como o ser humano vai fazer em determinada circunstância, em casos críticos, como decidir entre duas tragédias, a opção pode ser fatal.
Mas pensar ainda é com humanos, e por enquanto são eles que escrevem algoritmos e treinam as máquinas.
Um mundo criado em laboratório
A história de Claude Shannon, que trabalhava num laboratório do MIT de Vannevar Bush e Alain Turing se cruza em meio a II Guerra Mundial, quando trabalhando em projetos secretos, que eram dois lados da mesma moeda, sem saber um do projeto do outro, a ideia de passar a linguagem para um código humano, o System X que trabalhou Shannon, e, o de Turing que era decifrar o código da Máquina Enigma captura do exército alemão.
Não podendo conversar sobre os seus projetos, falando em almoços e encontros do Teorema da Incompletude de Gödel, e a ideia de criar uma máquina que poderia codificar o pensamento humano, dizia em tom de piada, “podia ser um cérebro mundano como o do presidente da Bell Laboratories”, local de desenvolvimento dos projetos secretos das máquinas de codificação (System X) e decodificação da máquina alemã apelidada de Enigma.
Ela começou como um Laboratório em Washington da AT & T (Telefonia americana), e depois tornou-se um laboratório independente, local do desenvolvimento de inúmeros projetos (foto acima).
Os maiores obstáculos às iniciativas de inovação nascem dos bloqueios mentais causados por crenças, preconceitos e percepções não comprovadas sobre as possibilidades da tecnologia, estes além de fortemente alienantes, são inibidores da criatividade e podem condenar a processos de mal desenvolvimento de mentalidades.
Apesar da ironia de Shannon e Turing com o presidente da Bell Laboratories, lá se desenvolveram desde as primeiras válvulas, o primeiro transistor que valeu um Prêmio Nobel, os sistemas telefônicos em suas mais diversas versões chegando a linha discada e o uso da rede para transmissão pela internet, e o sistema de fibra ótima, cujo primeiro teste foi feito na Georgia.
Também linhas de aparelhos de rádio e televisão, o desenvolvimento do sistema UNIX precursor do Linux, as primeiras células solares, diversos prêmios Nobel e alunos famosos passaram por lá.
O desafio de pioneiros nunca é simples, os críticos estão sempre dispostos a desvalorizar o esforço humano de progresso, a Bell Laboratories e outros centros de estudos, como o CERN e Instituto de pesquisa em todo o mundo, o Brasil tem alguns deles como o INPE em São José dos Campos, são centro impulsionadores da criatividade humana e projetam o futuro do homem.
Clareira e revelação
Haverá no turbilhão de respostas e angústias do homem do nosso tempo, presentes mais do que nunca no nosso pensamento cotidiano e também naqueles que procuram as raízes de nossas dificuldades contemporâneas ? qual é o labirinto sem saída que entramos ?
As respostas não são as mesmas, mas o diagnósticos quase sempre são os mesmos, além da liquidez baumaniana pessimista, o diagnóstico são as necessidades de educação para a vida, o respeito à diversidade, a distribuição de renda e a capacitação do homem para este futuro.
Embora a maioria já sinta e veja o despertar desta nova época, as reações as mudanças que são mais do que necessárias, são urgentes, estão aí maior equilíbrio no planeta, controle dos paraísos fiscais, eliminação das armas atômicas, e, principalmente o respeito à diversidade.
O que nos impedem ainda são os fechamentos em bolhas, que apesar da “liquidez” não podem ter solidez, uma vez que são efêmeras e basta olhar a sua volta encontrará pessoas de outras visões de mundo, de outras culturas e de outras religiões, isto é sólido e definitivo.
O que nos chama atenção Byung-Chul Han em a Expulsão do Outro, creio que é seu livro mais recente, é que a tendência a uniformização, até mesmo o desejo disto parte de valores não tão sólidos, a exigência de um estado centralizador e “forte”, a falta de diálogo realmente aberto entre religiões, culturas e principalmente correntes ideologicamente centralizadas, não levará a bom termo a tarefa de uma nova sociedade mais coletiva, mais dialógica e fraterna.
Não há mais resposta única, partido único, Portugal por exemplo, criou a Gerigonça, mas ainda somos escravos de convicções e apostas em correntes únicas totalitárias que falharam a muito.
A mensagem bíblica é antiga, mas parece ainda pouco praticada, o tempo da servidão passou, diz a passagem bíblica, de Jesus aos seus convivas Jo (15,15) “Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai”, mas a escravidão está aí, diz Chul Han: “a comunicação global e dos likes só tolera os mais iguais; o igual não dói!”, eis a escravidão de hoje.
Esclarecer a clareira
O homem sempre quis a luz, sempre andou em busca da “clareira”, o Mito da Caverna de Platão não é senão isto, a luz nas capelas e artes medievais, o esclarecimento (Aufklärung) que Kant apontava como a saída do homem de sua menoridade e as atuais “clareiras” de Heidegger e o “esclarecer as clareiras” de Sloterdijk, o plural é por minha conta.
Na arte medieval a “luz” deve estar associada à arte, ainda que os textos de Boécio, Tomás de Aquino, Averrois e muitos outros são dignos de leitura e análise, foi nas artes que a ideia de luminosidade mais foi presente, um exemplo, é a igreja Saint-Chapelle (foto) consagrada em 1248, com exemplo da desmaterialização das paredes e substituição por vitrais.
Aquilo que devia ser o exercício de plena liberdade, a grande aposta da modernidade, na verdade confinou o humanismo num beco sem saída, basto fazer a pergunta se vivemos numa época esclarecida, opiniões de todos os matizes filosóficos responderão: não é uma época esclarecida, então a pretensão do esclarecimento deu em cegueira e crise civilizatória.
As respostas de Heidegger sobre a “clareira” em meio a esta floresta de questões (alguns acham que é só de informação) foi a retomada do ser, sem dúvida importante, porém a resposta de Sloterdijk às cartas sobre o humanismo a coloca-a em questão: que é “clareira”.
Não tenho uma resposta definitiva, como a de Sloterdijk também não é, ainda que aponte “as esferas” como os círculos de aprisionamento do ser, do pensamento e diria aqui, até a religião.
Minha resposta contempla o livro de Byung-Chul Han “A expulsão do outro”, a opção por uma sociedade massificada, uniformizada e por isto sem valores destruiria a riqueza humana da diversidade, mas é justamente esta diversidade que parece se rebelar, e poderá dar frutos.
Esclarecer a clareira, em face de crise civilizatória de nosso tempo, não poderá encontrar mais resposta, como no passado, na ideia do pensamento único, a diversidade é hoje necessária.
A utopia e o confusional
Antes de prosseguir em mostrar a relação entre ser e técnica, deve-se fazer uma digressão para as técnico-profecias catastróficas e os confusionismos, isto é, chama-se de rede nem tudo que é rede, empresta-se a inteligência artificial a humana enquanto é o contrário, e, por último cria-se máquinas pós-humanas sem que se dê uma resposta existencial ao homem.
Brade Runner 2049 não podia fazer sucesso, quem dera, muito melhor que o primeiro ele dá um mergulho no problema existencial humano, enquanto “Andróides sonham com ovelhas elétricas ?” pergunta em seu livro Philip K. Dick, que inspirou os filmes da série, é de 1968 (sic), inclusive foi feita uma edição de capa dura para comemorar os 50 anos recentemente.
Confusional é um termo cunhado por Lucien Sfez, que além de comunicação participou dos projetos Genoma, Biosfera II e Vida Artificial, portanto não é alguém que fala sem compreender direito as possibilidades, os devaneios e os desafios da tecnologia.
Ao mesmo tempo reconhece, entre os devaneios é claro, “A utopia de um registro total; o fazer um ser à nossa imagem, como homem é à de deus, graças à ciência, indiscutível, transparente, luminosa como um gládio sagrado; a crença na onipotência de uma ciência eletrônica; a ilusão da liberdade; e a criação de uma máquina perfeita” (SFEZ, 1996).
Não usaria a palavra utopia, considero-a ela própria um confusional, já que o que Thomas Morus escreveu seria uma sociedade comunitária sem apegos e com uma “saúde social” maior que aquela que sonhou o iluminismo, e que é a própria ciência criadora deste confusional e não Thomas Morus (1478-1535), não era um sonhador foi homem de estado, ocupou vários cargos públicos, inclusive chanceler de Henrique VIII, que justamente foi seu algoz por questão religiosa.
Os limites da técnica estão dentro das possibilidades e desafios, entre estes hoje estão aqueles que possibilitem viagens espaciais não mais em grandes naves, mas em micro-naves que viajariam em worm-holes (foto) quântica e computadores que se utilizem de técnicas de maior volume de processamento, com maior volume de dados comunicados e processados.
No campo das possibilidades vale a pena ler “A física do impossível” de Michio Kaku, entre o campo dos desafios vale a pena ler “O mito da singularidade” de Jean-Gabriel Ganascia, que sintoniza os desafios da Inteligência Artificial e pontua os pontos de pura fantasia.
Não vou recorrer a mais argumentos, é impossível convencer quem no campo das hipóteses não abandona a hipótese do trans-humano ou da máquina mais inteligente que o homem, basta ver os delírios sobre as mídias sociais de hoje; faço uso do argumento de um místico conhecido, talvez poucos conheçam esta frase de São Francisco:
“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível”, é certo que fala isto no campo da sua mística, mas quem disse que ela está separada do mundo físico ou ao menos do mundo meta-físico.
SFEZ, Lucien. A saúde perfeita – crítica de uma nova utopia. São Paulo: Loyola, 1996.
A vida e a videira
A árvore que dá os frutos da uva é particular, primeiro pelo sou nome videira pois dá a vida a um dos frutos mais enraizados nas culturas devido o vinho, e também é curiosa porque seu tronco e sua sombra são de pouco valor, e há ainda o aspecto que ela seca e deve ser podada.
Se os processos civilizatórios são cíclicos usam a metáfora da videira parece propício para entender os caminhos da humanidade, uma geração cresce sobre determinada cultura, mas quase sempre a questiona exatamente por que os jovens olham para o futuro, o seu futuro.
Quem diria que o sólido império romano decairia antes os persas, os conquistadores portugueses, as guerras napoleônicas, a união soviética e agora os resilientes americanos.
Analista de diversos níveis tipos, correntes e pensadores de diversas especialidades estão convictos, a civilização passa por uma destas mudanças e é uma hora crítica de opções.
Há a nossos ver três pontos essenciais: o combate a centralização de capitais e a corrupção em escala mundial, a mudança dos paradigmas educacionais e a questão ecológica.
O centro destas discussões ainda são os poderes econômicos e os governamentais, e muitas vezes confundidas pela influência da tecno-ciência que nada pode sem estes poderes, mas o centro da discussão deveria estar na valorização da dignidade humana e na questão ecológica.
O certo é que não se pode discutir a vida, sem aqui que é origem da vida, a responsabilidade e a dignidade da “videira” humana que as vezes parece secar com a árvore da uva, mas em seguida vem a primavera e ela floresce, se o agricultor estiver atento.
Como diz a passagem bíblica Jo, 15,1-3: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda. Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei.”
A vida: origem e destino
Para existir vida é essencial a água e alguns outros elementos em abundância: oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, enxofre, potássio, sódio, cloro e magnésio, assim a busca por planetas habitados ou habitáveis procura-se estes elementos, sobre a vida em outros planetas o cientista Arthur C. Clarke afirmou: “ou estamos sozinhos no universo ou não estamos, qualquer uma das hipóteses é assustadora”.
Tão importante quanto a origem da vida, que ainda é um enigma, é investigar as sociedades originárias que estão submersas sobre as camadas subterrâneas de nossa sociedade, alguns são capazes de ver estes traços e entender que a modernidade não é o destino eterno dos homens, outros mergulhados nos conflitos de nosso tempo querem eternizá-la como se fosse o último estágio civilizatório humano.
Compreender o que é a vida, é também compreender de onde viemos, se na perspectiva cientificista da modernidade temos que saber se viemos da matéria ou não, e para esta questão recomendo o livro de Terrence Deacon “Incomplete Nature: how mind emerged fom matter“ (veja nosso post), exatamente porque une a perspectiva antropológica com a diria cosmológica, num sentido mais amplo que inclui as cosmogonias das diversas culturas e civilizações.
O assunto é demasiado amplo para um post, por isso conto uma experiência estando em Portugal, fui visitar uma destas pequenas cidadezinhas portuguesas Coruche, não são as aldeias que são ainda menores, e lá me deparei com vestígios dos homens pré-históricos na região, os primeiros sinais civilizatórios ocidentais: colunas romanas, aquele que acreditam ser o primeiro sino de Portugal e também início da evangelização cristã na região, a Igreja de Nossa Senhora do Castelo tem este nome por ter sido feita sobre as ruínas de um castelo.
Assim uma civilização soterra a outra, também a cidade fica numa região limítrofe entre o Reino de Portugal e o de Al-Andaluz, onde viviam muçulmanos árabes e onde está a origem dos desenhos dos azulejos de Portugal, senti que tudo isto se compunha numa civilização originária de Portugal desconhecida, e nós netos desta civilização originária.
Não deixa de ter, como em todo Portugal os campos de videiras, quase todo lugar tem uma.
Como está escrito no museu de Coruche sobre a cidade: “O céu, a terra e os homens”, é conhecida também pela produção de cortiça.
Qual o sentido da vida ?
Edgar Morin e muitos outros pensadores como Habermas, dizem que é necessária uma educação, uma filosofia da vida, mas a questão do que é a vida não é simples.
Muitas vezes quando estamos diante de um problema grave, de uma perda ou de uma mudança radical em nossas vidas perguntamos qual o sentido da vida, a questão sem uma resposta definitiva foi enfrentada por muitos filósofos, romancistas, teólogos e poetas.
Lembro a Canção do Tamoio de Gonçalves Dias, “não chores meu filho, não chores que a vida é luta renhida, viver é lutar …”, embora fosse só uma poesia ela me ajudou ao longo da vida.
Shopenhauer (1851) e Tolstói (1886) refletiram o fato que nossas vidas acabam com a more, então é impossível pensar num tema sem o outro, uma vez que a vida termina num ponto, tem uma finitude, nos remete para a infinitude e com certeza isto fez todos os povos pensarem na além-morte, em suas cosmogonias.
A crença em Deus e numa vida após a morte alivia a situação, ao ponto de alguns filósofos admitirem que se Deus não exista, a vida humana é um absurdo, mas Albert Camus e Thomas Nagel acentuaram a pouca significância objetiva de nossas vidas, então caminhamos na direção diferente do infinito, o Nada, o niilismo, mas o conflito entre eles desperta a Ek-sistência, eu Martin Heidegger sublinhou no Ser e o Tempo.
O existencialismo é fundamental, pois o pensamento na linha de Camus, leva a viver o que ele descreveu como “homem absurdo” aquele que vive a vida “sem apelo”, na visão dele esta pessoa abração a vida o mais plenamente possível, mesmo sem esquecer ou negar algum fundamental racional da mesma, este é no fundo o caminho do niilismo.
O pensamento de Nagel é mais cosmológico, ao sabor de alguns no nosso cotidiano, como o brasileiro Mario Sergio Cortella, o reconhecimento de nossa insignificância perante o cosmos, a luz deste pensamento que parece ir na direção do infinito, e não vai, evita a atitude exagerada e dramática, sendo a ironia a mais apropriada, é uma forma de cepticismo.
Ambos os caminhos são atraentes porque são facilitadores, pensar sobre a essência, isto é o que “é” das coisas da vida e do mundo, e o que de fato “são”, ou seja, o que é o “ser” neste mundo diante do cosmos e do infinito?
Este caminho remete também a questão do princípio, o que já fomos e de onde viemos, não deve estar deslocado do tempo, mas construído no tempo.
Schopenhauer, A. As dores do mundo (1851 primeira publicação). Veja o pdf
Tolstoi, L. A Morte de Ivan Ilitch (1886 primeira publicação). Veja o pdf .