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PLT – Tecnologia para Literacia de Pessoas
Ao pé da letra, seria Tecnologia para “iniciação” de Pessoas (People-Literacy Technology, em inglês), o que daria em português TAP, mas não sei se vão adotar exatamente isto.
O certo é que pela primeira vez isto apareceu no famoso hipociclo de Gartner, iniciando a curva de expectativas.
Uma das coisas importantes de saber o ponto que uma determinada tecnologia está numa curva de hipoclico é entender o que significa exatamente “literacia” (ou aprendizagem) em determinada época conforme expectativa e a maturidade dentro daquela curva, por exemplo, até o início dos anos 1990 não significava nada a Web, os celulares eram grandes demais para o bolso, o Google só apareceu em 1998 e justamente neste período um sistema de metadados chamado Dublin Core estava aparecendo, até 2003 não havia o MySpace e o Youtube foi lançado somente dois anos depois disto.
Assim, ferramentas são criadas, desenvolvidas e trabalhadas conforme a época, em 1995 era básico trabalhar com processamento de texto e folhas de cálculo, mas hoje há ferramentas mais sofisticadas e planilhas já elaboradas onde basta você saber quais são os campos a serem preenchidos, os processadores de textos tem ferramentas de correção, de comentários personalizadas e até mesmo vocabulários próprios para determinados contextos.
Definir “literacia” ou aprendizagem digital significa agora, uma vez que entrou na curva de hipociclo de Gartner (no ano de 2015) algo designado como PLT (People-Literate Tecnology), o que significa uma definição mais rica e complexa sobre literacia, por exemplo, a Universidade do Colorado definiu colocando diversos tópicos a serem considerados nesta complexidade: Comunicar, Resolver problemas, Acessar, gerenciar, integrar, avaliar, projetar e criar informações para melhorar a aprendizagem em todas as áreas, e, finalmente, adquirir conhecimentos ao longo da vida e as habilidades do século 21.
Note-se que dois itens referem-se a Comunicação e Informação, um outro a resolver problemas e um quarto ao que significa adquirir conhecimentos no século 21.
Claro que “literacia” já é um termo recorrente no meio da cultura digital, mas agora trata-se de “tecnologia” de auxilio a literacia.
O Brasil redescoberto Grandes sertões: Veredas
O ano de 1956 o Brasil começa a se redemocratizar, e o mais importantes na literatura é um olhar inédito e inovador para o interior do país, 600 páginas de Guimarães Rosa, além de um experimentalismo linguístico do início do modernismo (voltaremos a ele),
O livro Grande Sertão: Veredas, tem algo de filosofia e mistério pois chega a “anunciar” a própria morte, fala da travessia simbólica do rio e do sertão de Riobaldo, um amor curioso e inexplicável por Diadorim, onde se confunde beleza e medo, há um ser e um não-ser, a convivência de verdade e mentira, parece haver um pacto entre linguagem e poesia.
Um ex-jagunço é o personagem narrador do livro, aqui já uma novidade porque deixa o personagem falar, Riobaldo conhecido pelas alcunhas Tatarana ou Urutu-Branco, e ele vai falando quase num discurso oral, sobre coisas populares, tais como:
– o diabo existe ou não … e vai dizendo (…) Bem, o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens, até nas crianças – eu digo. (…) E nos usos, nas plantas, nas águas, na terra, no vento… Estrumes… O diabo na rua, no meio do redemunho… (Rosa, 2001, p. 26).
– vai fazendo um enredo sobre pessoas boas também: “O senhor ache e não ache. Tudo é e não é… Quase todo mais grave criminoso feroz, sempre é muito bom marido, bom filho, bom pai, e é bom amigo-de-seus-amigos! Sei desses. Só que tem os depois – e Deus, junto. Vi muitas nuvens” (Rosa, 2001, p. 27).
– mas vê pouca distância em tudo: “De sorte que carece de se escolher: ou a gente se tece de viver no safado comum, ou cuida de só religião só. Eu podia ser: padre sacerdote, se não chefe de jagunços; para outras coisas não fui parido.” (Rosa, 2001, p. 31).
– Mostra os paradoxos entre bem e mal: ”Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo.” (Rosa, 2001, p. 33).
– sua amizade e relação com Diadorim: “Diadorim e eu, nós dois. A gente dava passeios.Com assim, a gente se diferenciava dos outros – porque jagunço não é muito de conversa continuada nem de amizades estreitas: a bem eles se misturam e desmisturam, de acaso, mas cada um é feito um por si.” (Rosa, 2001, p. 45)
Atravessar o rio, ser e não-ser e estar sempre num amor desapegado, dia 18 de abril de 2016.
Estética imposta e ser no Brasil
A análise de Martim Vasques da Cunha é importante até que resolve abrir um discurso Kierkegaardiano em torno de três princípios, que não é exatamente o discurso do pensador dinamarquês, mas faz sentido: o belo, o bom e o verdadeiro.
Kierkegaard junto a Niestzche e Schopenhauer são sem dúvida uma ruptura com o discurso do “monismo da razão” termo usado por Cunha, mas que provavelmente de propósito quer colocar Espinoza e Leibniz de quem se pode falar de monismo, com Descartes e Kant estes sim elaboradores do racionalismo.
O importante é que Cunha ao afirmar que “no Brasil, a vida por meio de um ponto de vista meramente estético é o que caracteriza o comportamento de seu cidadão” (Cunha, 2015, p. 96) e mais a frente vai indicar “que o Belo não precisa do Bom nem muito menos do verdadeiro, e lhe interessa é a aparência, o disfarce, a dissimulação …” (idem).
Retoma um discurso de Viera de Mello, este sim correto: “na verdade é a compreensão do mundo como um palco que leva o brasileiro a uma exteriorização excessiva dos seus sentimentos, exteriorização que, muitas vezes, não é possível levar a efeito sem uma certa insinceridade. ” (apud Cunha, 2015, p. 77).
É verdade, mas devemos reconhecer que tomamos isto de certa forma “emprestado” dos negros e não dos europeus que vieram aqui, portanto o restante do discurso de Kieerkegaard vale para o europeu, próprio do discurso de Cunha e não da mistura brasileira.
A mistura de raças que fazem a mistura do brasileiro somada aos índios, contribuíram para uma dificuldade de identidade que exige do brasileiro esta exposição de exterioridade, desejo de dialogia, ao mesmo tempo em que mergulha na busca do bom e do justo (no sentido social mais amplo que se possa pensar), algo que fez Policarpo Quaresma escrever um requerimento “à Câmara dos Deputados do Governo Federal ao pedir que a língua oficial da nação fosse o tupi-guarani e não o português …” (apud Cunha, 2015, p. 85).
É preciso espaço e diálogo para que a expressão da brasilidade se desenvolva, ainda não sabemos quem somos, quando soubermos veremos que é uma bela e boa diversidade, cada qual com suas verdades culturais.
Softwares de redes lutam por privacidade
Espera um desfecho da luta da Apple contra o governo americano que quer a liberação do software que mantém os dados sigilosos desta empresa, a Apple é uma empresa privada que mantém seu software e conteúdos privativos, para dizer algo sobre a “privacidade”.
Creio que vai demorar, então o recurso que a maçã apresentou em fevereiro a um tribunal para que desbloqueasse um telefone para o FBI de um dos autores do tiroteio de dezembro de 2015 na cidade californiana de San Bernardino (deixou lá 14 mortos e 22 feridos) ainda seguem na justiça americana e não sabemos onde irá parar.
Para a empresa da maçã mordida, as repercussões causariam “um prejuízo significativo às liberdades civis, à sociedade e à segurança nacional”, conforme notícia do The Guardian.
Também segundo o tablóide inglês nas próximas semanas o Whatsapp planeja expandir seus sistemas de codificação de modo que também suas mensagens de voz estejam encriptadas, tanto quanto as mensagens em grupos, também o Facebook deverá lançar ferramentas em breve, enquanto Snapchat e Google trabalham nesta direção.
Segundo especialistas em empresas líderes do Vale do Silício, sobre a questão da privacidade, no momento em que a Apple trava a batalha legal com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, as outras empresas vão no vácuo desta batalha.
Ainda o jornal inglês informa que os projetos dessas companhias indicam que o setor está disposto a apoiar publicamente a Apple com ações concretas contra as exigências do governo americano, então a luta ficará aberta
Tudo é obvio, se souber
Duncan J. Watts é autor conhecido de redes devido seu trabalho sobre como as redes funcionam, num aspecto essencial que é os seis graus de liberdade, segundo o qual através de seis graus de conexão, estamos ligados a todos, dependendo é claro da inserção em alguma rede, há aqueles invisíveis que não são vistos por nenhuma rede.
Seu livro Tudo é Óbvio, desde que você saiba a resposta (como o senso comum nos engana), dá pistas para uma nova maneira de pensar, publicado em 2011 teve uma tradução da Paz e Terra no ano de 2015, explica os equívocos sobre o futuro.
Explica que a racionalização contemporânea é benéfica, mas pode levar a equívocos: “A crença implícita de que as pessoas são racionais até que se prove o contrário é uma crença otimista, até mesmo sensata que deve ser encorajada.” (WATTS, 2015, p. 47)
O problema básico é quando queremos passar isto a pessoas: “Contudo, o exercício de racionalizar o comportamento ofusca uma importante diferença entre aquilo que queremos dizer quando falamos sobre “compreender” o comportamento humano, em oposição ao comportamento de elétrons, proteínas ou planetas.” (WATTS, 2015, p. 47)
E esclarece que o ser numa rede, não pode ser confundido com estes elétrons ou proteínas: “Mas em nenhum se espera compreender como é ser um elétron – sem dúvida, até mesmo a noção de tal expectativa é risível.” (WATTS, 2015, p. 48)
É aí que a as mídias de redes (que são tecnologias) podem afetar as pessoas (que estão conectadas através das mídias).
WATTS, Duncan. Tudo é óbvio – desde que você saiba a resposta. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 2015
Redes Sociais: o outro, as fronteiras e o futuro
Em programa na rádio USP, 93.7 MHz (com link na Web) neste sábado (06/02) ás 14 h. no programa Diversidade em Ciência, apresentado pelo Dr. Ricardo Alexino Ferreira, com o tema: “REDES SOCIAIS, COMUNIDADES, REFUGIADOS E DESAPARECIMENTO DE FRONTEIRAS” temas que trabalho em minhas aulas e mostro as conexões com minha espiritualidae.
O primeiro bloco falamos de invisibilidade, da multidão sem rosto e sem direitos, apresentamos a música “Oltre l’invisibile” do conjunto Gen Rosso italiano.
Depois falamos das redes sociais, da inclusão do outro, de laços francos e seis graus de separação que são fenômenos de Redes Sociais, a música apresentada é Il Pellicano do Gen Verdi, versão feminina do Gen Rosso.
Falamos também da queda de barreiras, dos problemas dos emigrantes, da Síria e da questão islâmica, é apresentada a música islâmica Surat Vaca, com tradução para o português.
Aspectos das questões sociais das Américas, é apresentada com a música “America, America” para ilustrar este tema.
Finalizamos apresentando as questões sociais, como as redes estão inseridas neste contexto e a música do Gen Rosso Streetlight.
Ontologia e existencialismo: dificuldades do humanismo
Sartre que era um “existencialista puro”, ou seja coloca o ser diante do nada (ler o Ser e o Nada) e portanto separa a existência do ser, perguntou-se se o existencialismo é um humanismo, mas a questão era equivocada pois de qual humanismo falava ?
Mas ao escrever sobre a existência explicou claramente a diferença entre existencialismo e ontologia, é colocar a existência antes da essência, mas faz um sarcasmo com a existência: “esta palavra assumiu atualmente uma amplitude tal e uma tal extensão que já não significa rigorosamente nada” (Sartre, p. 3).
A razão deste embate é o aparecimento de duas novas dicotomias infernais (as primeiras apontadas por Bruno Latour: objeto x sujeito e cultura x natureza), agora temos: ética x ontologia, e a já apontada existência x essência.
No centro desta discussão está o Outro, ou aquela categoria cristã que é o Próximo, em oposição ao Mesmo, se entendo que o Mesmo, é um em-si podemos colocar Hegel na roda.
Sartre ao analisar o existencialismo nos ajuda, pois o que torna as coisas complicadas é que há dois tipos de existencialista: “por um lado, os cristãos – entre os quais colocarei Jaspers e Gabriel Marcel de confissão católica – e por outro, os ateus – entre os quais há que situar Heidegger, assim como os existencialistas franceses e eu mesmo” (Sartre, p. 3).
Isto é importante porque a ontologia ou a deontologia de origem cristã católica, a partir de São Tomás de Aquino e este retomando Aristóteles não faz distinção entre o existencialismo e a ontologia, e podemos dizer que isto chegou a Hegel, pois para todos eles vale a premissa de Parmênides: “o ser é e o não ser não é”, a famosa dialética hegeliana, retomada por Marx.
Mas quando o ser não é, pode-se dizer que há uma ruptura com a existência (não ser é não existência para o idealismo), enquanto para a ontologia o não ser é.
Esta dicotomia está na base de ser e essência, porque se admitirmos que não ser é, temos uma ruptura com a existência, mas não com a essência, curiosamente isto é realista e místico.
É bom lembrar que Tomás de Aquino era realista em oposição ao nominalismo, e seria absurdo dizer que ele era existencialista porque sua ontologia como na de Aristóteles, não há ruptura entre o Ser e a Essência, isto aparece com o idealismo com o sujeito separado do Objeto.
Podemos dizer que o “Não ser é” não é o Nada de Sartre (em O Ser e o Nada) porque ele não perde sua essência, isto pode parecer difícil heroico, mas está no centro da necessidade de um diálogo entre Culturas que se dá nos dias de hoje.
Sartre, J.P. O existencialismo é um humanismo, Paris, 1970.
Sartre, J. P. O Ser e o nada, Paris, 1943.
Viciados em tecnologia digital
A maioria das pessoas costuma confundir o fato que há pessoas viciadas em tecnologia, com o fato de que tecnologia digital seja uma espécie nova de “droga” que contaminou a todos.
Há maneiras bastante simples de diagnosticar e combater o vício de tecnologia, explica a médica Nerina Ramlakhan, especialista em maneiro de energia e técnicas para dormir do hospital de Nightingale, em Londres, em entrevista à BBC News.
Explicou dizendo que isto é para pessoas que não conseguem desligar dos gadgets mesmo antes de dormir: “Então, você vive em modo de sobrevivência. O seu sistema nervoso simpático está funcionando em ritmo forçado. Suponho que você se sinta arrasado à tarde, o que significa que o seu organismo está atuando à base da adrenalina, noradrenalina e cortisol”, então realmente está realmente viciado.
O perfil dos pacientes quase sempre é o mesmo: perfeccionismo, tendência a querer controlar tudo e bruxismo (ranger os dentes ao dormir).
Uma das formas radicas de autocontrole é receber doses contínuas de dopamina, um hormônio liberado no cérebro pelo hipotálamo, com isto melhora a motivação, aumenta os batimentos cardíacos, melhora o humor, mais capacidade de processar a informação e mais sono, explicou a doutora Ramlakhan.
Ela recomenda uma receita de quatro passos bastante simples para controlar este vicio:
– criar um “entardecer eletrônico”, ir se afastando de dispositivos eletrônicos, por exemplo, leia um livro (que não seja eletrônico).
– mantenha o relógio afastado durante a noite, para não saber as horas, com isto evita a ansiedades do tipo: tenho que dormir, não consigo relaxar, etc.
– não usar smartphone como despertador, recarregue a energia saudável: tome café da manhã, mas na meia hora após acordar prefira outra bebida ao café.
– mantenha-se hidratado, pelo menos dois litros de água ao dia.
É claro o importante é usar a tecnologia só o necessário e evitar a “fadiga tecnológica”.
Crise da Razão Cínica
A razão foi e é ainda o grande motor da modernidade, a falta de consciência do que seja isto levou a uma análise superficial chamada “líquida”, no qual tudo o que sólido vai se liquefazendo, sem dizerem qual o liquidificador que faz isto, nem a raiz primária do líquido. O quadro “mascaras” do alemão Heinrich Hoerle Malscaras, de 1929, parece detectar este movimento de cinismo envolto em máscaras humanas vidas, o homem do pré-guerra.
A ideologia e a forma de dominação das diversas organizações e hierarquias que se instalam no tecido social são o suco deste líquido, querem dominar e não conseguem mais, aquilo que o filósofo alemão chamou de o naufrágio do humanismo na escola da domesticação. Sloterdijk escreveu também a “Crítica da Razão Cínica”, um volumoso trabalho que ainda não o digeri completamente, mas com uma tese central: a razão tornou-se cínica para explicar o inexplicável, e o filósofo alemão consegue mostrar o que os “liquidificadores” não mostram: a raiz da liquefação moderna.
Parte da crítica da razão pura de Kant, desenvolve e recompõe o legado da filosofia ocidental de cunho humanista e progressista, mas rompe com Adorno, Horkheimer e Sartre.
O que está por trás do líquido moderno, é que a ideia da substituição do saber para a superação do mito, a da ordem estabelecida pelo estado como superação da natureza humana, e por último o humanismo da domesticação humana, cujo ápice foram duas guerras mundiais, não parece ter sido uma boa fórmula, então ela se liquefez.
O cinismo é justamente tentar reestabelecer uma ordem já perdida, que a humanidade fatigada não aceita mais, quer um humanismo novo: de todo homem, não dos chefes.
Verdade, método e política séria
Hans-Georg Gadamer foi um importante filósofo alemão do século XX, falecido em 2002, e tendo dedicado seus estudos a filosofia grega e história da filosofia, foi seu livro Verdade e Método, publicado pela primeira vez em 1960, que o autor desenvolveu uma hermenêutica filosófica.
Foi aluno de Martin Heidegger, e seu assistente na Philipps-Universität Marburg, de onde tirou a historicidade para suas reflexões, e se o tempo é o horizonte ao qual submetemos toda a nossa compreensão, é nele que as teorias e ilusões se transformam em formações históricas.
Gadamer analisou o descrédito sofrido pelos preconceitos durante a instauração de todo Iluminismo, e os obstáculos que representam aqueles juízos prévios sobre tudo na busca do conhecimento e da verdade, afirmando que o Esclarecimento (Aufklãrung) foi o tribunal que queria que tudo passasse pela razão, diríamos hoje pelo crivo “partidário” daqueles que se imaginavam os donos da história e da evolução. No período áureo do valor da “razão”, todo o resto era preconceito e superstição, e a história provou que não era assim, mas temos novos tribunais da razão novamente travestidos de revolucionários, mas cujos valores de verdade e método despencam.
Esta razão é hoje a razão política, mas política de quem e determinada como verdadeira por quem ? aqueles que juravam uma grande mudança, ficam chocados com as próprias mentiras e valores que derramaram sobre a sociedade vista antes como supersticiosa, conservadora ou “fundamentalista” e agora é preciso negar até mesmo a realidade. Hoje a autoridade não pode ser confundida mais como uma necessidade de “obediência cega”, desprovida de fatos e contextos, que uma certa racionalidade proveria, mas que os fatos vão aos poucos desmentem, está esclarecido que é “um atributo de pessoas” e não de sistemas, de lógicas instrumentais ou de ideologias.
A consciência de que estamos de fato em uma crise, que aqueles que queriam desmentir ao longo do curso do desenrolar dos fatos tiveram que aceitar, e que nem mesmo tem conhecimento da profundidade desta crise, mostra que esta pretensa racionalidade ruiu.
Resta como dita o bom senso, aqueles que conseguem mantê-lo, um diálogo franco e aberto, sem mais mentiras e distorções dos fatos, este diálogo deve estar fundamentado na ideia que existe o Outro, e este não pode ser ignorado, ironizado ou estereotipado, só por não ser um EU.