Arquivo para fevereiro, 2017
Barbearias, cafés e redes
Segundo Peter Burke, o locus das discussões religiosas e políticas em 1620 eram as barbearias, cita o escritor italiano Ludovico Zuccolo, que as evocava cheias de gente comum discutindo os problemas religiosos e as atitudes dos governantes.
A primeira grande onda sobre leitura era para interpretação a Bíblia, o mesmo que reivindicara Galileo e que ainda hoje é ignorado, o mesmo Ludovico dizia que a medida que o número de analfabetos caia, eram comuns no século XVI, na Itália por exemplo, sapateiros, tintureiros, pedreiros e donas-de-casa, reivindicarem o direito de interpretar as sagradas escrituras.
Na década de 1620 às preocupações religiosas somaram-se preocupações políticas. Ludovico Zuccolo, um escritor italiano, evocava a imagem das barbearias cheias de gente comum discutindo as medidas dos governantes.
Quem pensa que hoje há um excesso de informação, assim que os livros começaram a ser impressos em preços mais razoáveis, já se reclamava do número de livros existentes e como se faria para lê-los em uma só vida, em 1975 por exemplo, 1745 a biblioteca do Vaticano, abrigava apenas 2.500 volumes, no século XVII a Bodleian Library de Oxford tinha 8.700 títulos, e a biblioteca imperial de Viena, 10 mil.
Das barbearias foram para os cafés, o Café de La Paix é o cenário de muitos romances, pinturas e poemas, Guy de Maupassant e Emile Zola o frequentaram, a proximidade com a Opera Gamier (ao lado) tornou-o uma espécie de Museu, em 1975 foi considerado um local histórico pelo governo francês.
Os cybercafés seriam seus descendentes ? eles conviveram com bibliotecas e outros locais de diálogo e de cultura, eles foram importantes na “primavera árabe”, principalmente na Líbia e no Egito, houveram eventos de violência com heróis que postavam denúncias nestes cybercafés.
Tanto a revolta no Egito quanto a Líbia foram registradas em inúmeras mídias sociais, um bom exemplo, é o vídeo com 2 mil mortes (vídeo do OneDayOnEarth), revelam o gosto dos ditadores pelo culto a pessoa e às mídias verticais.
Muito antes de estourar a guerra na Síria, olhando os comentários nas redes, sabíamos que lá era um barril de pólvora (vejam nosso post de 2012), lá já havia sido presa uma blogueira Tal al-Molouhi, presa em 2009, uma jovem que pedia a democracia.
Os governos e donos de mídias verticais não aceitam a influência das redes, porque é a falência deles, mas agora até mesmo o autoritário Trump não dá bola para eles, faz sua própria mídia, claro que não fica sem respostas, nas mídias de redes sociais está perdendo feio.
Dois achados: tecnologia e religião
Devemos ler a história do momento presente para trás, ou seja, no sentido inverso, embora sempre seja importante uma dose de “desantropomorfização”, ou seja, atribuir todo o fundamento dos conceitos estudados unicamente ao homem, sem considerar seu meio em volta, e com isto o uso de tecnologia para seu manuseio.
Isto significa que o homem é o que ele faz com a natureza e com os seus semelhantes a sua volta, a importante relação com o Outro que a filosofia atual enfatiza.
Dando um salto na história, voltando a 7 mil antes de Cristo, encontramos o monumento Stonehenge no centro da Inglaterra, e recentemente (nos anos 90) foi encontrada uma caverna com pinturas datadas de 30 mil antes de Cristo, a Caverna de Chauvet.
Diversos estudos de arqueologia, Stonehenge está mais avançado, apontam dois fatos interessantes: a importância tecnológica, as pedras de Stonehenge foram movimentada pela Inglaterra vindas do Pais de Gales, e o aspecto religioso: sabe-se que aquele circulo é parte de círculos maiores de onde vinham diversos habitantes para algum tipo de rito “religioso”.
A segunda descoberta é mais intrigante, uma verdadeira galeria de arte foi encontrada em Chauvet, mostrando uma técnica já refinada de pintura e aquilo que Werner Herzog chamou de “homo spiritualis”, em seu filme “A Caverna dos sonhos esquecidos”, única filmagem permitida até hoje desta galeria de arte pré-histórica.
É importante saber que tanto os pesquisadores e arqueólogos ingleses que pesquisa Stonehenge (veja nosso post) quanto Werner Herzog que filmou Chauvet não são pessoas religiosas, mas a constatação que havia algo de “espiritual” em ambos os monumentos nos faz pensar.
O homem sempre viveu mergulhado numa esfera espiritual, que Teilhard Chardin chamou de Noosfera e usou tecnologia, portanto o princípio antropomórfico é falso, somos natureza.
Me perdoe Todorov !
Descubro só hoje, que faleceu dia 7 de fevereiro deste ano em Paris, Tzvetan Todorov, filósofo e crítico literário bulgáro, pouco conhecido , mas não menos importante para nosso século.
Tenho como sua frase mais contundente, uma que o fez profeta da invasão de islâmicos na Europa, afirmou ele muito antes da crise da emigração: ““Pode-se medir nosso grau de barbárie ou civilização por como percebemos e acolhemos os outros, os diferentes.”
Uma entrevista que deu na França (rádio France Culture, em 2009), ajuda a ver este profetismo de Todorov: ““Escrevi meu primeiro livro de História das Ideias, que se chama ‘Nós e os Outros’. Era uma obra sobre a pluralidade das culturas analisada sob o ponto de vista da tradição francesa. Estudei autores desde Montaigne (…) até Lévi-Strauss. Tentei ver como esses autores trataram esta questão difícil para nós ainda hoje: a unidade da humanidade e a pluralidade das culturas. Nessa série de autores, descobri que aqueles de quem me sentia mais próximo eram os humanistas”.
No Brasil, concedeu uma entrevista ao Fronteiras do Pensamento, em 2012, no qual afirmou: “Percebi que, tanto como historiador como ensaísta, aproveitei mais a literatura em si que os estudos sobre literatura, e que lia com mais prazer romances, poesias e histórias diversas do que análises literárias ou teses escritas sobre a literatura, que me parecem hoje em dia se dirigir quase exclusivamente aos outros especialistas de literatura. Enquanto que o romance interessa a todo mundo, e me sinto mais próximo de todo mundo que dos especialistas”.
Seus livros mais famosos são: A conquista da America: a questão do Outro, São Paulo, SP: Martins Fontes, 1982 (pdf), O Homem Desenraizado. São Paulo: Editora Record, 1999, O Medo dos Bárbaros: para além do choque das civilizações. Petrópolis: Editora Vozes, 2010, Os Inimigos Íntimos da Democracia. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, A vida em comum: ensaio de Antropologia geral. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
Livros menos conhecidos, mas não menos importantes: considero um clássico o livro Teorias do símbolo. São Paulo: Editora Unesp, 2014, Simbolismo e interpretação. São Paulo: Editora Unesp, 2014 e Teoria da literatura: textos dos formalistas russos. São Paulo: Editora Unesp, 2013.
Morreu aos 77 anos, na cidade de Paris, era búlgaro nascido em 1 de março de 1939, embora considerado dentro da corrente estruturalista, sem pensamento transcendeu a ela e é um de nossos contemporâneos importantes de serem lidos.
Comungo com ela a ideia que tanto o fascismo quanto o estalinismo foram decorrentes da ideia que temos de estado dando-lhe poderes acima dos cidadãos, que tem dificuldade de controla-lo.
Recebeu em 2008 o Premio Príncipe de Asturias de Ciencias Sociales, segundo o documento por representar «el espíritu de la unidad de Europa, del Este y del Oeste, y el compromiso con los ideales de libertad, igualdad, integración y justicia».
Traduzir em coisas simples, pode complicar
As redes são simples, mas qualquer análise mesmo usando conceitos simples como “elos fracos”, “pontes”, “centralidade” e “graus de separação” poderá na medida que o número de atores de uma rede aumenta, aumentar exponencialmente sua complexidade.
Diversos são os raciocínios cotidianos que levam a este pensamento equivocado, a simples ideia que a vida, a sua origem no universo, o que fazemos e o que somos, tem respostas simples leva a um raciocínio simplista equivocado, desde o científico até o religioso.
A ideia que Deus exista ou não por exemplo é complexa, pois seus três elementos estruturantes não são simples: fé que é a crença no que não é evidente (porisso não tão simples), esperança cujo elemento muitas vezes pode chegar ao absurdo que é te-la mesmo em situações de desespero, guerra ou qualquer extrema gravidade; e por último: a caridade (no sentido de amor ágape) que é talvez a coisa mais impossível de se codificar, embora fácil de sentir quanto realmente está na presença dela.
Mas o raciocínio científico é o mais complexo, pois vem de formulas reducionistas como a de Wilhem Ockham, nominalista inglês do século XI que criou a famosa Navalha de Ockham, que se estiver entre duas explicações de determinado objeto, fico com o mais simples, mas fica a pergunta: quem garante que a explicação correta não é a complexa.
O nominalismo foi combatido pelos realistas, e o problema de fundo é saber se existem ou não universais, que são realidades em si, e transcendentes em relação aos particulares, ou seja, as qualidades (Platão enunciou a formula universais ante rem*), ou as propriedades uma vez que são coisas imanentes as qualidades (para Aristóteles: universidade in re**). (* antes do existente), (**universalidade na coisa).
A partir de Duns Scoto, que chamava a navalha de princípio da economia (de raciocínio?) e posteriormente Descartes e Kant, ainda que a obra prima de Kant fosse uma crítica a Descartes: A crítica a razão pura, mas o que está na base desta discursão, é por vezes esquecido, ou negligenciado: a subjetividade, o transcendentes e a fé.
Duns Scoto que está na origem deste pensamento, curiosamente afirma que as verdades da fé não poderiam ser compreendidas pela razão, o contrário que tinha dito Tomás de Aquino, que era realista, e o que Kant deseja ao criticar a “razão pura” é o fato que ela não pode subsistir por si própria, precisa “transcender” até o objeto, cria um subjetivismo próprio ao qual alguma correntes fundamentalista se associarão, Kant era descendente de protestantes puritanos.
Sua tarefa no nível epistemológico era tentar fazer uma síntese entre o racionalismo de Descartes e Leibniz e o empirismo de Hume, Locke e Berkeley, mas ele será especialmente útil ao liberalismo nascente, embora esta ligação seja complexa, pode-se simplifica-la ao gosto do simplismo: separar sujeito e objeto.
Sim não é só isto, mas Hegel finalizará a tarefa do idealismo liberal: construir uma ideia eterna de Estado, organizar a religião de modo conveniente ao “subjetivismo” retirando-a das coisas concretas e objetivas, e finalmente criar uma “Fenomenologia do Espírito”.
Os que desejam fazer desta compreensão uma tarefa reducionista e simplista, lerão a história como aqueles que desejaram escrevê-la o fizeram, separar o subjetivo: religioso, histórico, política e até religioso, da consciência histórica concreta: os fatos, as misérias e corrupções.
A apologia da ignorância, da ausência de um pensamento profundo, servem a quem ? A pós-verdade.
Regulamentar ou não a IoT
A IoT (internet of Things) está aí, relógios, nos carros, equipamentos médicos e outros dispositivos já estão no mercado, isto deverá crescer até a conexão total entre coisas que se comunicam.
Segundo dados do relatório “Internet de las Cosas en América Latina” (feito no idioma espanhol) da 5G Americas a preocupação com regulamentação excessiva pode impedir o modelo de negócios, enquanto no Brasil, especialistas apontam ao contrário: a necessidade de uma regulamentação urgente, quem tem razão ?
Os dois, mas é preciso uma questão de bom senso, em geral no Brasil se regulamenta até o formato dos pinos da tomada (uma brincadeira, mas é verdade), enquanto no exterior a preocupação é com segurança e padronização para que todos adotem medidas parecidas, no caso dos dispositivos IoT, frequências parecidas e padrões de segurança.
A principal preocupação deve ir ao sentido que é preciso muita atenção para não impedir o avanço de um novo modelo de negócio ao mesmo tempo garantir mais segurança, mas sem pânico e exageros, nada é totalmente seguro, mas é claro é preciso adotar medidas, mais equipamentos vai significar menos segurança.
Segundo o relatório da 5G Americas, através de um de seu diretor José Otero: “O risco de regulamentação excessiva ou mal concebida poderia retardar as enormes oportunidades de crescimento na região da Internet das Coisas. Por esta razão, é necessário que todo o ecossistema de atores dialogue e colabore com os reguladores sobre este importante avanço tecnológico”.
Segundo um consultor da Machina Research, Andy Castonguay, se a fragmentação e a complexidade do sistema IoT e suas muitas abordagens tecnológicas fizerem com que se torne um desafio a implantação, mas será um pouco perigoso se os reguladores forem proibitivos em seus mandatos ou se favorecerem tecnologias específicas.
Uma das principais considerações sobre as políticas públicas no setor devem ser feitas considerando a soberania e privacidade da informação e para a segurança.
O que havia antes do Big bang ?
Uau alguém resolveu responder isto ? e ainda outras perguntas “por que estamos aqui?”, “quando o universo começou?” e “como?”, mas a questão que mais incomoda sem dúvida é “o que aconteceu antes do big bang?”, alguém o criou, a ideia de Deus então é plausível.
Se vai ler isto fique claro que não vou responder, minha resposta já existe e é religiosa: Deus, mas li no Gizmodo que Sean Carroll do California Institute of Technology. Carroll fez uma palestra no mês passado num encontro que existe bianual da American Astronomical Society na cidade de Grapevine, Texas, onde ele falou quais seriam as teorias possíveis de um pré-Big bang que poderiam dar origem a um universo semelhante ao nosso.
Claro que isso é só uma especulação e nem sequer é uma teoria, pois Carrol afirmou que “Até o momento, essas não são leis estabelecidas da física que nós não entendemos nem as checamos de maneira alguma”, outro físico que estava com ele Peter Woit foi mais longe, “nós não entendemos o que está acontecendo neste caso, … nós realmente estamos no escuro.”
Mas há coisas que podemos afirmar, por exemplo, a tal da entropia, quanto mais o universo se expande mais entra em desordem, na verdade ele tem uma “desordem” de natureza muito baixa, quer dizer isto acontece de modo bem devagarinho, deram como exemplo, uma bomba perto de um monte de areia que explodisse e espalhasse toda areia, mas logo em seguida, o “universo” arrumaria estas areias em montinhos de novo aparentemente sem nenhuma ajuda e sem nenhum motivo aparente para fazer isto.
Um estudante de PhD, Stefan Countryman, aluno de Columbia, explicou ao site que o Big Bang poderia ter liberado uma grande massa de entropia (espalhamento grande), mas ao contrário as galáxias e aglomerados de galáxias, parecem estar todos organizados, com enormes vazios de espaços negros (massa e energia escura) entre eles, então temos ordem.
Isto então significa que o Universo que é pouco desarrumado, antes do Big Bang poderia estar mais arrumado ainda, poderíamos dizer uma “ordem perfeita”, minha interpretação, que no dizer dos físicos é assim: “Tem muita gente que acha que o começo do universo ele era simples, calmo e sem muita coisa, com pequenas ondulações, e que esse é o lugar natural para o começo do universo”, mas não é, o que haveria é provável, seria um “multiverso” bastante ramificado, ou seja, corpos ramificados e sem conexão, mas ao mesmo tempo “ligados”.
Esta teoria bem aceita, mas incompleta é chamada de “Big Bounce”, ou teoria da “inflação”, uma imagem feita de universos infantes (os que surgem da inflação) saindo do universo pai é a que mostramos acima, com licença de copyright de Jason Torchinsky, autor da figura acima.
Consciência histórica ausente
Há duas concepções que marcam as ideias sobre a história contemporânea: uma de fundamentação positivista que devemos a Karl Popper, que a empresta erroneamente a Karl Marx, mas também ele escreveu contra o “determinismo histórico” ainda que quisesse fazer de sua teoria um “socialismo científico”, a outra pior, que a coloca como visão positivista e cética, quanto a possíveis mudanças e transformações no interior da consciência histórica, como por exemplo, o fim da história.
Há quem chame tudo isto de “prática” em oposição também incorreta à teoria, pois nada mais teórico que uma má prática e nada mais prático e presente na vida que uma boa teoria.
A importância de repensar a consciência histórica, não instrumentalizada e em profundo diálogo com a humanidade, vem de Hans-Georg Gadamer, ainda que os defensores das correntes “científico-históricas” acima, digam que isto é apenas uma reflexão teórica da história, por isto a prática deles é tão ruim e de pouca fertilidade.
Existe o ser histórico ? nós nos concebemos com este ser? claro quem está disposto a alguma reflexão, a resposta de Gadamer é direta e simples: “Ser histórico quer dizer não se esgotar nunca no saber-se” (Gadamer, 2007, p. 307), assim pode-se ver quanta teoria e vida que não há reflexão histórica.
O que seria este ser no tempo? Tomando emprestada a reflexão de Heidegger da qual Gadamer é também um herdeiro, a resposta é muito simples também: “a tradição é essencialmente conservação e como tal sempre está atuante nas mudanças históricas” (Gadamer, 2007, p. 373), ou seja, somos impelidos a não mudar, ainda que pensemos e desejamos a mudança, hoje quanta coisa para mudar !
Podemos pensar e porque não muda, com tantas tentativas e hoje podemos dizer a quase dois séculos se pensamos na grande crise dos séculos XVII e XVIII, mercantilismo e revolução industrial, com graves consequências em guerras europeias e depois mundiais, mas na raiz desta crise está o pensamento (teoria?), sobre o que pensamos sobre democracia, vida social e concepções de economia.
O sucessivo pensamento autor referenciado de diversas correntes, crenças e teorias é o problema da ‘tradição”, assim descrito por Gadamer: “Na verdade, não é a história que nos pertence, mas somos nós que pertencemos à história” (Gadamer, 2007, p. 367), ou seja, somos frutos de nosso tempo, da maneira “teórica” do pensar e de seus instrumentos.
GADAMER, H-G. Verdade e Método: Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2007.
Ih errei! o Whatsapp vai mudar
Um dos aplicativos mais utilizados pelos brasileiros na troca de mensagens, está trazendo mudanças.
É comum errarmos devido ao corretor ou erro de digitação do WhatsApp, mas agora o aplicativo anuncia novas 4 novas funcionalidades, segundo o portal Olhar Digital.
O objetivo é deixar o aplicativo mais funcional e facilitar a edição textos, assim como a pesquisa Gifs para as mensagens instantâneas, isto está anunciado para breve.
Bastará escolher uma função editar e modificar o texto e somente no final da edição de forma bastante simples, mas não imediata, enviar o texto.
Também será possível apagar mensagem, haverá uma função do tipo “mensagem revogada”, avisando que ela não aparecerá para a pessoa ou grupo enviado.
Uma função mais sofisticada, mas que será muito fácil de ser usada, será o “Live Location Tracking”, significado que quer dizer busca de localização de usuários, o recurso pode ser ativado por um intervalo de tempo determinado, por exemplo, quando está revendo seus contatos, ou deixa-lo habilitado não recomendável para usuários que se perdem quando há muitas opções.
O aplicativo está tentando se aproximar do mundo corporativo, também haverá um crescimento das opções dos “emojis”, segundo o portal consultado, usuários do sistema Android poderá buscar gifs num dos principais diretórios mundiais destes emojis, que é o Giphy.
O crescimento deste aplicativo é verificado no mundo inteiro, e no Brasil já é bastante usado por rádios, TVs e jornais, além dos usos pessoas e dos grupos, claro.
Hermenêutica dialógica
Assim Gadamer na sua busca dos traços fundamentais para uma teoria hermenêutica ele a inicia não por uma lógica da linguagem, mas pela estrutura ontológica (universal) do circulo hermenêutico, pois é importante que aquele que quer compreender não se entregue à causalidade (sempre que for fechada) das suas próprias opiniões prévias e ignorar a opinião do texto, ao contrário, deve estar disposto a deixar que o texto diga alguma coisa por si mesmo.
É um processo, portanto é preciso de abertura do espírito, de ouvir atentamente o texto, coisa que uma consciência formada hermenêuticamente tem como disciplina receptiva, desde o princípio, para a alteridade do texto a fim de “diferenciar os verdadeiros preconceitos, sob os quais nós compreendemos, dos falsos, sob os quais nós nos equivocamos”. (1997, p.42).
Mas como esta consciência se forma do ponto de vista histórico? a compreensão histórica, não é a partir de padrões e preconceitos contemporâneos que iremos compreendê-la, eis a amarra do diálogo, mas a partir do horizonte do qual fala a tradição, sob pena de estarmos sujeitos a sermos mal-entendidos com respeito ao significado de seus conteúdos, por isto textos dogmáticos ditos sem referência, ou como simples citações de autores, não são dialógicos.
Um texto só se torna falante, graças às perguntas que alguém pode lhe dirigir, em geral ausênte na falsa dialogia, nela não existe nenhuma interpretação, nenhuma compreensão, que não responda a determinadas interrogações que anseiam por questionamentos, afinal se sabe da própria filosofia, que a questão é mais importante que a resposta, diríamos que em função dela se começa uma fusão de horizontes, que muitas vezes pode levar tempo, mas nunca saltá-la, ignorá-la ou mesmo suprimi-la para evitar confrontos e questionamentos.
Assim, a compreensão é sempre a continuação de uma conversação já iniciada antes de nós e que nós assumimos e modificamos, através de novos achados de sentido, as perspectivas de significado que nos foram transmitidas.
Aqui, neste momento, acontece a compreensão como concretização histórico-efetual (estudo das interpretações produzidas por uma época) da dialética entre pergunta e resposta, ou seja, a compreensão como conversação.
Neste sentido, parece ser uma exigência hermenêutica o fato de termos de nos colocar no lugar do outro, ou seja, nos deslocarmos à sua situação para, tomando consciência de sua alteridade, poder entendê-lo.
No desenvolvimento de suas ideias, Gadamer irá incorporar o problema da aplicação que, segundo entende, está contido em toda compreensão, como questão fundamental da hermenêutica.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método: Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
Hermenêutica, ontologia e dialogia
A palavra hermenêutica vem do grego hermènêus, hermèneutik ou hermènêia, num sentido dado por Filón de Alexandria como “hermènêia é logos expresso em palavras, manifestação do pensamento pela palavra”, assim está associada ao deus Hermes.
Este deus na mitologia grega era um mediador, patrono da comunicação e do entendimento humano cuja função era tornar inteligível aos homens, a mensagem divina, sendo atribuída tanto a origem da linguagem oral como a da escrita.
A hermenêutica ontológica foi desenvolvida na idade média, estava fundada na ideia que haveriam formas normativas que permitiam a partir de técnicas interpretativas de textos, fazer interpretações únicas, mas desde o início se dividiu em hermenêutica teológica (sacra) e hermenêutica filosófica (profana), e mais recentemente surgiu uma hermenêutica jurídica.
Platão foi o primeiro a utilizá-la, com o objetivo claro de superar o relativismo dos sofistas, mas a compreensão desta como linguagem deve-se ao já citado Filón e Clemente de Alexandria, e mais tarde Agostinho (354-430) desenvolveu-a como “doctrina christiana”, que seja qual for a leitura, é reconhecidamente a mais eficaz do mundo antigo.
Platão (427 a.c) o primeiro a utilizá-la. Filón e Clemente de Alexandria vão entendê-la como a manifestação do pensamento pela linguagem. Agostinho (354-430), que desenvolveu na sua “Doctrina christiana” a teoria hermenêutica reconhecidamente mais eficaz do “mundo antigo”, irá utilizá-la como doutrina da interpretação, em especial, das passagens obscuras da Sagrada Escritura, o método pode ajudar também uma visão universal de usar a linguagem na interpretação de textos filosóficos e até mesmo científicos.
Schleimacher irá emprestar esta leitura, a ideia que deve-se sobretudo em passagens obscuras da Bíblia buscar a “verdade viva” porque, segunda afirma, isto é uma busca de entendimento, ou conforme afirma: “compreender significa, de princípio, entender-se uns com os outros” e que a compreensão é, de princípio, entendimento.
Entendimento e dialogia são correlatos, porque implica que não apenas uma visão interpretativa é válida, mas pode-se pensar em vistas por ângulos ou aspectos distintos de tal forma que a verdade emerge diante de um discurso que não seja fechado, curiosamente aqui pode-se também de chama-lo de hermético e pode estar havendo o diálogo, no sentido que não se eleva o tom, mas não a dialógica no sentido da “fusão de horizontes”, conceito caro a Gadamer.
Entendendo compreensão como um fenômeno, e não como raciocínio lógico-dedutivo, só neste caso pode-se entender como diria Dilthey que “compreender é compreender uma expressão”, diferenciando as relações do mundo espiritual das relações causais no nexo da natureza, como por exemplo: planta-se uma semente que brotará e crescerá uma árvore.
Para Gadamer (1997), há uma fundamentação própria das ciências do espírito, assim o que na hermenêutica de Dilthey mais do que um instrumento, ela pode tornar-se válida como o médium universal da consciência histórica, para a qual não existe nenhum outro conhecimento da verdade do que compreender a expressão e, e isto depende do outro, não da instrumentalização do outro, neste sentido o diálogo pode, em alguns casos não promover a dialogia, compreensão mútua e aceitação mútua.