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Arquivo para junho 6th, 2017

Crise, os limites e o conhecer

06 jun

Estamos lendo Mário Ferreira dos Santos, e no final do primeiro capítulo da IsleOcean“Filosofia da Crise”, aponta que temos consciência do limite que há com o Outro e o nós, para apontar 5 pontos desta separação antes de mergulhar sobre o que é o nada entre as coisas (e seres).

Sobre esta separação, afirma que “as coisas também sofrem dos seus limites, mas caladas, intrinsecamente caladas, silenciosas até ante si mesmas, porque nelas, não há um que que perscrute a si mesmo. ” (pag. 20)

Temos consciência da crise, as coisas também sofrem a separação, e a crise se agrava “se aceitarmos essa separação como irremediável, um abismo insuplantável, traçado entre nós e os outros”,  o quarto limite é o da individualidade, o em si de outros filósofos, e deste se origina o quinto limite: “do eu ante o limite da individualidade.” (pag. 29)

“E não há em nós algo que sempre coloca além de todo o nosso conhecimento, algo qe conhecemos, sempre distante, sempre cada vez mais distantes, que marca uma presença sempre se separa de tudo quanto delimitamos, pois conhecer é sempre delimitar? ” (pag. 29), termina a longa reflexão sobre a separação e a crise com uma questão cognitiva central.

É algo como afirmava o filósofo Ludwig Wittgenstein (1889-1951): “o conhecimento é uma ilha cercada por um oceano de mistério. Prefiro o oceano à ilha”, para indicar que a crise é na maioria das vezes um ir além, e penetrar no oceano do mistério.

Termina o capítulo de conceito da crise com duas constatações: “entre os limites de todo o nosso conhecer, não há sempre em nós, algo que conhece, que os vence, porque deles não se deixa apreender? E que sempre se separa, distante, sempre o mesmo?” (pag. 30), e que mesmo em crisis, “há também já um apontar de uma vitória que vivemos em nós.” (idem)

Finaliza o capítulo com esperança: “Portanto, não há razão para não desesperar. Mas é preciso encontrar o caminho prometido.” (idem)

SANTOS, Mario Ferreira dos. Filosofia da crise, São Paulo: É realizações, 2017.