Arquivo para agosto 8th, 2017
Confiança o que é ?
Conforme dissemos o tema da confiança é um tema recorrente na pós-modernidade, mas o que de fato ela significa, porque exatamente este tema entrou neste tempo de mudanças?
As respostas de Giddens (1991) são muito relevantes e trazem boas reflexões, a partir da página até a página 65 que lemos em duas etapas, primeiro 9 questões da confiança:
1 – Ela está relacionada a uma ausência no tempo e no espaço, embora alguns autores deem preferencia ao tempo (O ser e o tempo, por exemplo) e outros ao espaço (os movimentos ocupa-se e os pensamentos do “engagement”). Esclarece: não haveria necessidade de se confiar em alguém se suas atitudes e seus processos de pensamentos fossem visíveis.
2 – A confiança está “basicamente vinculada” à contingência e não ao risco como pode-se supor, ou seja, deve-se dar credibilidade em face de resultados contingentes, seja em relação a ação de indivíduos ou de sistemas.
3 – A confiança é diferente da fé em uma pessoa ou sistema, ela é o que deriva desta fé, assim tem pouca fé quem pouco confia, é o elo entre fé e crença, conforme Giddens, é isto que a distingue do “conhecimento indutivo fraco”, pois em certo sentido ela deve ser “cega”.
4 – O autor fala em confiança em fichas simbólicas ou sistemas peritos, mas claro que isto não se baseia na fé, pode ser de uma certa fé em sistemas, mas “diz respeito antes ao funcionamento apropriado do que à sua operação enquanto tal”, aqui enganam-se muitos.
6 – Na modernidade, a confiança existem em contextos: a) consciência geral da atividade humana, b) escopo transformativo amplamente aumentado da ação humana, pelas instituições modernas, Mas o conceito de risco substitui o de fortuna, mas não quer dizer que os pré-modernos não tinham noção de risco ou perigo, apenas que as causas naturais e o acaso substituíram as cosmologias religiosas, leia por exemplo “Acaso e caos” de David Ruelle, embora noutro contexto.
7 – Risco e perigo estão intimamente ligados, mas não são o mesmo, o risco pressupõe o perigo, mas o perigo é um risco mal calculado e inconsequente.
8 – Risco e confiança se entrelaçam, a confiança serve para reduzir ou minimizar os perigos.
9 – O risco não é uma questão individual, existem “ambientes de risco” e a tradição ou o termo que prefiro usar “a cultura originária” é um modo de integrar e monitorar a ação espaço-temporal de uma comunidade.
Não pulei a quinta não, apenas foi para ressaltar é possível como diz o autor, neste ponto “uma definição” que é a “crença na credibilidade” de uma certa pessoa ou sistema, tendo em vista “o conjunto dos de resultados e eventos”, claro isto é envolto de “amor” ou “princípios”.
Aqui entendemos porque é pós-moderno, pois isto deve pressupor valores e voltaremos a isto.