Arquivo para julho, 2022
As pontes de Konigsberg e o paradoxo da guerra
A cidade Königsberg (hoje Kaliningrado da Rússia) era uma cidade alemã da Prússia Oriental, depois da segunda guerra mundial perdeu a posse para a Rússia, que enviou colonos para lá, tinha antes da guerra 7 pontes e os habitantes se perguntavam se era possível fazer um passeio passando por todas pontes, passando uma única vez por todas elas.
O problema foi resolvido por Euler (que era suíço) construindo um modelo matemático que foi mais tarde chamado de grafo, onde nós e arestas se conectam, e que hoje é importante para pensar os modelos das Redes Sociais (que são as relações entre nós e que não são necessariamente feitos por mídias), e o fato de se voltar por um mesmo nó indica uma relação “social” de dupla direção, em certo sentido, de reciprocidade.
Euler provou que não era possível fazer o passeio sem passar duas vezes por uma mesma ponte, e no desenho do grafo você pode tentar fazer este exercício e perceber que de fato esta é a resposta.
A região hoje pertencente a Rússia é uma base militar fora da união soviética, já que Lituânia e Polônia estão no caminho, e a Bielorrússia embora seja aliada bélica da Rússia neste momento, embora muito próxima de Kaliningrado não tem uma passagem direta.
O problema da guerra se agravou quando a Rússia fez testes simulados com mísseis com capacidade nuclear em 4 de maio de 2022, e a Lituânia recentemente impediu que os trens que atravessam o país vindo da Rússia passem em seu território, confiscando os bens.
Assim as pontes que antes foram destruídas para passagem de armas militares na 2ª. Guerra mundial, agora se rompem num perigoso cenário onde relações sociais rompidas criam um novo paradoxo, pois Kaliningrado é na prática o ponto nuclear mais ao sul e próximo de países como a Alemanha, Reino Unido e França, e possui um arsenal nuclear considerável naquele “oblast” (espécie de estado, porém um exclave).
Recentemente, um ex-general e hoje deputado russo Andrey Gurulyov afirmou que o primeiro alvo numa provável 3ª. Guerra, seria Londres e que o conflito global surgiu a partir do bloqueio de Kaliningrado.
Faltam pontes e erguem-se muros, especialistas dizem que a guerra é improvável, tomara que seja, o maior paradoxo de uma guerra mundial hoje será a perda de uma perspectiva civilizatória
Covid aumenta, cuidados diminuem
Embora os casos sejam menos graves, tanto a média móvel dos casos como do numero de mortes sobem, os cuidados diminuem embora as recomendações existam, é cada vez menos observada.
A 14 dias subindo, a média móvel chegou 59.717, enquanto a média móvel do número de ótimos chega a 206, e um número preocupante é o que fala de pelo menos duas mortes de crianças até 5 anos de idade por dia.
Os números são dados pelo levantamento do consórcio de veículos de imprensa do Brasil e estes dados são consolidados as 20h, os números apresentados são até o dia 02/07.
Não há protocolos claros, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, por exemplo, enquanto exclui qualquer possibilidade de suspender a aula, ainda ressalta em sua última recomendação que “consideram a necessidade de promover a continuidade das aulas presenciais, visando salvaguardar a aprendizagem, saúde mental, nutrição e proteção das crianças e adolescentes em um ambiente escolar seguro”, parece contraditória ao falar em “proteção”.
A necessidade de socializar as crianças e manter a escolaridade é indiscutível, porém é preciso orientar e manter os cuidados com os protocolos seguros e ambientes ventilados e higienizados.
As recomendações esclarecem que a taxa de vacinação garante a proteção, porém a alta indica que alguma medida adicional já deveria ser tomada, e não há qualquer observação neste sentido.
O uso de máscaras e álcool gel é usado opcionalmente pela população em diversos ambientes e dá a impressão que a Pandemia já estaria em estágio final, porém os números em maio e junho aumentaram.
Em tempos de crise: onde está a clareira
O homem sonha com a viagem a “vizinhança” da Terra que é a ida de homem a Marte, James Webb entrará em operação em julho olhando para os confins do universo, porém a realidade mais próxima dentro do planeta é o anuncio de uma provável recessão, mesmo que a guerra cesse.
Então o que acontece diante de nossos olhos, como é possível encontrar a clareira neste meio?
Nas conclusões da reunião do Fórum Mundial realizado em maio em Davos, disse Jane Fraser, CEO do Citigroup, um dos maiores bancos do mundo: “A Europa está bem no meio das tempestades” e ao contrário do que se imaginava, ainda que a Rússia enfrente problemas, a recessão será mundial.
Muito antes da crise atual Edgar Morin e Patrick Viveret escreveram “Como viver em tempo de crise ?”, a resposta estava em buscar mais solidariedade e compreensão parecia não antever uma pandemia e uma guerra, também Peter Sloterdijk ao escrever Se a Europa Despertar, olhava para a Europa dilacerada do pós-guerra de 1945 como uma metáfora da modernidade, ainda que previa uma derrapada violenta da política americana, porém talvez também não imaginasse uma guerra.
A resposta de todos que vão na manada ou no enxame (termo usado por Byung-Chul Han) para os comportamentos midiáticos de nosso tempo, seria vamos a guerra também, enfim as armas, pode parecer óbvio, mas não para aqueles que procuram a razão ex-sistencial de nossa vivência.
Não há fuga da realidade, muito menos alienação, é justamente seu oposto, encontrar dentro do real a verdade daquilo que é o Ser, seu designo e realização, dentro do hoje, único contato com o tempo eterno, já que o ontem não existe mais e o futuro é agora ainda mais incerto, não o Ser.
Onde estaria uma ascese com espiritualidade, onde olharíamos para o nosso passo planetário, e como olharíamos para o infinito através do olho do telescópio James Webb, com um olhar cético, de possibilidades de fuga ou como quão grande (e misterioso) o universo se revela diante da faísca terrena?
Tempos de refúgios, mas ainda mais especialmente de refúgios da alma, dentro daquilo que é o mais essencial do Ser, ao qual as filosofias, ideologias e mesmo a maioria das religiões não respondem, parecem todos dizer a mesmice do salve-se quem puder, tudo é permitido e guerra.
Quem são os seres mais próximos a sua volta? Onde está seu coração e sua alma diante de ameaças tão reais? Um sentimento de proteção ou abandono? enfim onde está a clareira ?
Não respondemos senão diante da “verdade”, aquela dita ao espelho e não às plateias e lives, só respondem aqueles que encontram a essência do Ser, cada vez há menos fugas possíveis.
Aos que creem é preciso responder a pergunta de Jesus aos seus discípulos mais próximos, aos que viviam ao lado dele e dividiam tudo, a comida, as preocupações e andanças, “quem dizem os homens que eu sou?” e foi Pedro que respondeu Mt 16,16: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”, e Jesus lhe promete as “chaves” do céu, não só como o eterno, mas também “a verdade”.
Popularmente no Brasil comemoramos São João e Santo Antônio com Festas, Pedro nem tanto.