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Arquivo para agosto, 2022

A origem e a crise do humanismo

17 ago

As duas guerras e a tensão atual Rússia x Ucrânia e China x Taiwan, que não são outra coisa que a tensão agora entre dois tipos de sistemas coloniais o imperialismo capitalista e o imperialismo ideológico, que não é apenas marxista ou comunista, porque isto exige uma discussão sobre o tema.

Sua proposta, segundo o próprio Sloterdijk, foram bem compreendidas pelos participantes, entretanto na reação dos filósofos havia um conteúdo “fascista” nelas, qual seja da seleção genética da humanidade, ou na indução desta mudança.

Também tive esta reação numa primeira leitura, no meu caso a crítica a “Cartas sobre o humanismo” de Heidegger, um dos temas centrais que aborda, além do questioamento que faz da concepção do humanismo, a sua grande contribuição está em compreender a relação ôntica sobre a ontológica, invertendo a precedência que Heidegger faz do ontológico sobre o ôntico.

Na prática significa uma revisão do motivo da clareira, como a incorporação de sua história natural sobre a social (Sloterdijk, 1999, p. 61), significa que há uma dimensão natural sobre o ontológico.

Pessoalmente prefiro não submeter uma dimensão a outra, digo que elas cooperam, algo parecido àquilo que escreveu Henri Bergson em sua “Evolução criadora” (1907), porém aderindo ao místico, e é claro que isto depende de uma cosmovisão com algum fundo religioso.

A revisão que Sloterdijk faz da “Política” de Platão (Sloterdijk, 1999, p. 47-56) desenvolve as origens do humanismo na Antiguidade, no seu ver, ligada ao exercício de uma inibição, a do hábito de leitura capaz de pacificar, domesticar, desenvolver a paciência, em oposição aos frenéticos divertimentos do “desinibido homo inhumanus”.

A metáfora platônica supõe que essas diferentes naturezas se encontram no Ser, ou seja são ontológicas, e como matéria-prima para formar o cidadão grego (o político), há o artifício de separá-las de modo a ter a configuração desejada para sua função na polis.

É preciso lembrar que também os gregos já falavam da areté, o exercício da virtude, para usar um termo de Sloterdijk “uma vida de exercícios”, porém a visão do filósofo alemão é que este projeto fracasso, e na nossa análise que inclui a mística, significa que há um abandono do areté.

Assim, não faço aqui uma defesa cega de Sloterdijk, apenas constato que sua crítica ao humanismo é a este projeto “pacificador” do homem, daí o porque das “regras do parque humano”, sua sugestão da natureza ôntica, não significa necessariamente a manipulação genética.

Está por trás desta questão a pergunta se o homem é bom ou mão, como fizeram os contratualistas iluministas ao definir o papel do estado, então a pergunta de Sloterdijk procede.

Em meio a ameaça de guerras com perigo civilizatório a questão permanece, e a resposta é o tipo de humanismo que queremos, e os modelos em jogo ainda não são alternativas ao modelo do estado como aquele que “pacifica” o parque humano, daí o recurso da guerra.

Sloterdijk, Peter. Regeln für den Menschenpark – Ein Antwortschreiben zu Heideggers Brief über den Humanismus. Frankfurt/M, Suhrkamp, 1999. Tradução brasileira: Regras para o parque humano – uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. Tradução de José Oscar de A. Marques. São Paulo, Estação Liberdade, 2000.

 

A guerra do silício e o porco-espinho

16 ago

Já postamos a potência que é Taiwan na produção de chips, que em sua maioria são produzidos a partir do silício, porém a areia de onde se tira o silício vem da China, claro e de outros países, mas isto depende da travessa de navios pelo mar e isto é a estratégia da China.

A desproporção populacional e do efetivo de tropas é enorme, a China tem 1,4 bilhões de habitantes enquanto Taiwan tem 24,5 milhões de habitantes, o efetivo militar da China é mais de 2 milhões enquanto Taiwan está próxima dos 170 mil, neste efetivo a desproporção menor é da marinha de 240 mil para China e 40 mil para Taiwan.

Assim a estratégia de Taiwan chamada de “´porco-espinho” consiste em contra-atacar com espinhos dolorosos, ou seja, em vez de adquirir caças e submarinos caros, implantou sistemas defensivas móveis e ocultos, com mísseis antiaéreos e antinavios e estes serão os “espinhosos dolorosos”.

O sacrifício de vidas civis é inevitável, ainda que condenável por todos tipos de acordos de guerra, erros de estratégia, alvos equivocados e até mesmo o ódio que as guerras geram acabam por atingir inocentes que mal compreendem os motivos reais das guerras e das disputas comerciais.

De qualquer forma isto teria uma duração limitada pela disparidade das forças, então serão precisos em atuar em outras frentes: financeiras, comerciais e informacionais (incluindo a cibernética já em curso).

Enquanto a China planeja o estrangulamento e isolamento da ilha rebelde e Taipei aperfeiçoa a estratégia porco-espinho, os americanos ficam na ambiguidade de por um lado tentar manter as relações boas com a China e por outro não revela o apoio que pode dar a Taiwan em caso de ataque, mas os analistas afirmam que dará.

A guerra da Ucrânia não é senão um capítulo a parte no aspecto ideológico desta questão, já que Rússia e China são aliados políticos que querem destruir as forças do capitalismo ocidental, embora ambas tenha absorvido aspectos da livre iniciativa.  

Há uma terceira força neste tabuleiro que são os países islâmicos, Turquia e Irã em especial, e eles podem representar um desiquilíbrio das forças que mantém a tensão num estágio pré-guerra mundial, onde um confronto total levaria a uma crise nuclear.

Há forças pela paz? Sim, mas parecem enfraquecidas, a ONU não consegue ter um papel de mediadora e em alguns casos, como a anistia internacional, tem também lá havido defecções ideológicas de ambos os lados.

A humanidade sempre conseguiu sair destas ciladas e crises civilizatórias, no momento é difícil encontrar estas respostas, mesmo pensadores como Edgar Morin ou Peter Sloterdijk parecem um colapso de proporções mundiais, talvez uma força superior àquela que a maioria dos homens acredita, algo sobre-humano ou sobrenatural.

 

Covid residual e ausência de protocolos

15 ago

A Covid permanece baixa porém estável com média móvel de mortes acima de 200, e registrando nos últimos dias próximo a 300 mortes diárias, o número de casos decresce lentamente, em torno dos 30 mil casos conhecidos diário.

Os protocolos seguem tratando como uma doença comum, com pouquíssimos cuidados, em alguns ambientes, sendo a maioria dos ambientes, mesmo pouco arejados, pouco fiscalizados.

Divulgam-se relatórios e protocolos apenas como um dever burocrático, na prática pouco são observados, fica a critério pessoal ou de algum funcionário sanitário ou administrativo zeloso.

A Media Mundial de casos estava na semana passada em 899.983 em 770.230, mostrando que também a nível mundial há uma certa “estababilidade”, porém considerar os números baixos é desconsiderar a possibilidade de novos casos e variantes aparecerem.

O número de casos e mortes mundiais, pode ser observado como uma quinta onda mais fraca e com tendência a queda, mas olhando os números de média móvel de mortes em torno de 200 mil é preocupante e deveria ainda estar sob fortes cuidados protocolares.

O comité de emergência da OMS para a Pandemia, tem emitido notas desde o início do mês de julho mantendo o estado de Emergência de Saúde Publica de Interesse  Internal, fazendo notar o crescimento de taxas de infecção em alguns países e alertando para a manutenção da vacinação.

Em nota de julho o Comité expressava: “preocupação com reduções acentuadas nos testes, resultando em cobertura e qualidade de vigilância reduzidas, além de menos sequências genômicas sendo submetidas a plataformas de acesso aberto. Isso impede as avaliações das variantes atuais e emergentes do vírus e está se traduzindo em menor capacidade de interpretar tendências na transmissão e de ajustes em medidas de saúde pública”.

Os governos locais entretanto parecem não estar alerta ao nível que pede a OMS.

 

Liberdade, Tolerância e Paz

12 ago

Diz o adágio popular: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”,estenderia este pensamento a tolerância e a Paz, onde elas deixam de existir, também a liberdade acaba por ser cerceada.

Não só os autoritários desejam limitar a liberdade, também há modelos autoritários que tentam se justificar em nome de promessas que não realizam: a justiça, a moralidade pública e o bem estar de seus semelhantes, por tudo isto depende sempre de espaços para o diferente e o diálogo.

O primeiro ato de uma guerra é eliminar os diferentes, o segundo é estabelecer um estado de exceção que permita aos que estão no poder alimentar o combustível da intolerância pela guerra.

Não se trata de um assunto nacional, a extensão destas tensões já tem contornos mundiais, até mesmo a Anistia Internacional, órgão isento e geralmente tolerante, já apresenta distorções em suas ações e tem como questionável seus relatórios.

A Pandemia gerou um problema global, entretanto nem este “inimigo” comum nos tornou solidários, não conseguimos ler um grande sinal de socorro civilizatório e com isto outros virão.

Então qual é nossa reação a ausência de solidariedade e de paz, responde disse o chileno Pablo Nerudo: “os poetas odeiam o ódio e fazem guerra à guerra”, e é bom lembrar que o Chile passou também por um momento autoritário com a ditadura de Pinochet.

Para um mundo mais justo e fraterno não são necessárias só palavras, é preciso sim ações que sejam de fato afirmativas para implantar a tolerância, o direito a diferença e a liberdade social.

Aos que creem a palavra bíblica é muito clara, pois um anúncio de uma civilização de solidariedade e paz é preciso ação, está escrito em Lucas (12,49-51): “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aces. Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra!. Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. 

É um divisor de águas claro entre cristãos de fato e aqueles que pensam na paz celeste apenas.

 

Diferença e identidade na filosofia

11 ago

O sistema filosófico ocidental opôs em campos distintos a diferença e a identidade, somente Leibniz tentou criar algo diferente que chamou de Lei da Identidade dos indiscerníveis, enquanto Kant diante da objetividade de seu pensamento, vai dizer que todos objetos são diferentes mesmo que havendo semelhanças, por estarem em lugares diferentes.

Os estruturalistas e pós-estruturalistas moderno fazem uma unificação distinta, afirma que a diferença é constitutiva do significado quanto da identidade, dito de maneira mais direta, a identidade (e também a identidade pessoal) é vista em termos não essencialistas como um construto, porque só produzem significado através da interação das diferenças.

Porém nem o estruturalismo nem o pós-estruturalismo resolve adequadamente esta questão, Derridá cunhou o termo “différance”, um erro ortográfico deliberado de différence a palavra correta em francês, como um gancho conceitual sobre processos de significado em escrita/linguagem, este artificio se destina a uma crítica ontologia essencialista, e ao seu Ser.A

O neologismo diffêrance é assim definido como “o não originário, constituindo-se disrupção da presença”, criando espaços, rupturas e adiando a presença da presença do Ser em sua totalidade, pois a palavra differ em francês é ao mesmo tempo diferir e adiar.

Alguém poderá confundir-se com o lapso quântico, aquilo que o físico Nicolescu Barsarab, usando um princípio do terceiro incluído de Stéphane Lupasco, espaço entre dois “quanta”, mas é preciso lembrar que nem espaço nem o tempo são medidas absolutas na física quântica.

O dualismo é a base de muitas teorias autoritárias modernas, todas elas sob influência do idealismo Kantiano e de certo modo da filosofia aristotélica, onde o ser é e o não-ser não é.

Ela justifica  a exclusão de um terceiro termo, de algo que é diferente e semelhante ao mesmo tempo, é uma abertura filosofias “fundamentalistas”, “racistas” e “cientificistas”, origem do maniqueísmo presente na cultura moderna, entre aspas porque há verdadeiras fé e ciência.

Assim para a ontologia do terceiro incluído o ser é (A), o não ser não é (˥A) e é possível um ser que não-é e é ao mesmo tempo, o terceiro incluído (T), ele está em níveis de realidades diferentes, assim como dizem muitas filosofias e poucas a concretizaram, há realidades além das visíveis.

 

O modelo idealista de in-tolerância

10 ago

A modernidade trouxe a tona um modelo onde alguns indivíduos, ideologias ou culturas seriam superiores as outras, na lógica kantiana do imperativo categórico: ”age de tal modo que seja modelo para os outros”, assim este é o ideal de perfeição e sua base ética.

A reação que vivemos não é a suposta polarização ideológica, mas de uma civilização que supõe que a pertença a determinado grupo indica maior ou menor civilização, não se trata assim uma atitude de tolerância ou “benevolência” em relação ao outro, mas impor um modelo civilizatório.

Numa sociedade que deu voz a quase todo mundo, ainda há opressões em países ditatoriais, o que é modelo passa a ser questionado e neste sentido há um choque entre modelos que possam ser chamados de éticos, e aquelas cuja ética é a norma de determinado setor no poder.

O outro então pode ser visto como inferior, anormal, selvagem, incivilizado ou até mesmo intolerante quando um padrão está imposto como sendo o “correto” ou “civilizado”, na prática é um choque entre pensamentos autoritários de dois ou mais matizes diferentes, que não deixam de incluir os religiosos e os “culturalmente civilizados”.

Entender que a história foi escrita e é ainda hoje ditada por grupos políticos, editoriais de fontes culturalmente “civilizadas” significa uma possível critica histórica, epistemológica e até mesmo científica ao pensamento moderno.

As forças conservadoras, de diversos matizes é bom explicar, estão de um lado da pressão e querem que a tensão permaneça somente entre elas, as forças que realmente são contrárias e que sabem que esta tensão não é outra coisa que disputa de mercado e de interesses, são os verdadeiros opositores a estes modelos, mas trata-se de pouco ou nenhum apoio do poder.

Assim a guerra somente favorece aos poderosos e seus interesses, enquanto a paz somente é pensada se há um interesse por aqueles que a história negligenciou: os vencidos, que aqueles povos que historicamente contradisseram a lógica da guerra dos poderosos também se façam presentes na agonia de uma civilização em crise.

No mapa acima, a concentração do PIB Mundial, aparecendo EUA, China, parte da Europa, India e alguns países da Arábia em destaque.

Tratamos no início deste cenário de guerra da análise dos maus acordos do final das duas primeiras guerras, da submissão dos países colonizados e agora do enfrentamento das potencias sob o manto de luta política, o poder e o controle de mercados está em jogo.

 

China e Taiwan preparam-se para guerra

09 ago

Muito antes da visita da presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi, já havíamos postado aqui o acirramento da luta dos chineses para retomarem a posse da Ilha de Taiwan, que desde 1949, quando a China tornou-se comunista declarou-se uma república democrática independente.

No post anterior mostramos os países que votaram a resolução 2758 (de 1971), 35 votaram pró Taiwan, 76 a favor da presença da República Popular da China (a China continental) como sendo a representante com direito a assento na ONU, e assim Taiwan ficou sem representação.

O mapa das seis áreas de exercício chinesas, escreveu o ex-general australiano Mick Ryan em seu Twitter, “claramente traça onde os chineses pensam que as principais áreas operacionais são para sua intimidação estratégica de Taiwan”, Mick Ryan é membro adjunto do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, mostrando que a tática chinesa e estrangular e isolar a ilha rebelde.

A ilha com 23 milhões de habitantes, se consolidou com uma economia cada vez mais independente, e é líder do mercado mundial de semicondutores, tem atualmente 54% do mercado de chips feitos por sua empresa TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company) e este é um forte motivo da disputa, já que as empresas eletrônicas chinesas têm alto crescimento.

A tática de defesa de Taiwan não é claramente exposta, aparentemente a provocação chinesa não disparou os alarmes e sirenes da ilha, a estratégia de defesa da ilha intitulada “Porco espinho”, não é claramente exposta, porém diferente da guerra da Ucrânia poderá atacar áreas internas da China, que segundo esta estratégia teriam período de “inflamação” longos e doloridos.

O arquipélago de Taiwan tem várias ilhas pequenas e em uma delas, os pontas aviadas para evitar desembarques são as que mais lembram os espinhos dos porcos.

A diferença de contingente militar e armamento é enorme, porém os americanos prometem ajuda direta a pequena ilha, claro todo este cenário é lamentável e pouco desejável a uma paz mundial.

O Japão teve parte de sua área marítima invadida e protestou com energia prometendo responder, enfim é um cenário cada vez mais perigoso e é preciso que força da paz se mobilizem.

A paz ameaçada é cada vez mais um pedido de socorro civilizatório aberto às forças humanitárias.

 

Covid 19 do ponto de vista das redes

08 ago

As redes sociais implicam em relação com seus vizinhos mais próximos que são considerados como vértices das redes, e a propagação do vírus é vista como a possibilidade de um nó da rede transmitir ao outro, como a teoria dos pequenos mundos (small words) afirma que cada pessoa (cada nò) está separado do outro, por apenas seis passos de separação, fica evidente a transmissão.

Seja qual for a estratégia, a testagem sempre deveria estar presente, mas o custo faz muitos não adotarem este protocolo, sem saber quem está infectado não como prevenir e isolar o vírus.

A estratégia de isolar ambientes não é eficiente, embora manter ambientes abertos e arejados seja um bom protocolo, em ambientes fechados não significa que os vírus estejam mais em determinados ambientes, claro exceto os ambientes de tratamento de contaminados onde é evidente que o vírus está presente, a estratégia japonesa é internar somente os casos graves.

Assim diversas estratégias adotadas podem ser mais ou menos eficazes, a chinesa é a mais óbvia, que é a tolerância zero, o lockdown, se todos estão isolados não há transmissão, mas a japonesa é uma das mais inteligentes, e os números comprovam, que é identificar os nós mais suscetíveis ao contágio de casos graves, assim os grupos de riscos são ali os mais vigiados e testados.

Segundo o infectologista japonês Sachio Miura, da Faculdade de Medicina da Universidade de Nagasaki, os que apresentam sintomas leves são orientados a tratar em casa, assim evita uma corrida aos hospitais, onde a superlotação de pacientes se torna um criadouro, o que na teoria das redes seria chamado de hubs, da onde as redes se proliferam e transmitem em menores passos.

Os diversos órgãos de saúde sempre têm especialistas em doenças, porém a estratégia dos protocolos deve ser pensada globalmente (em rede), o número de casos e de óbitos tem caído somente pelo fato que o vírus está menos letal, porém a letalidade podia ser evitada com estratégias inteligentes.

 

Mundos pequenos e círculos fechados

05 ago

Pequenos grupos podem potencializar seus efeitos sobre uma rede, não apenas pela capacidade de influencia ou de coesão, mas pelo grau de conectividade entre os nós, que na linguagem técnica é chamada de clusterização, não tem nada a ver com círculos fechados, mas as poucas conexões são chamadas de Mundos Pequenos (Small Worlds).

Este modelo de Redes Sociais (vista como um modelo matemático de grafos e não apenas como mídias) observa um fenômeno curioso chamado Mundos Pequenos que foi proposto pela primeira vez por Duncan J. Watts e Steven Strogatz em artigo publicado na revista Nature de 1998, o modelo estabelece que numa rede há um grau de separação entre os pontos (nós da rede) chamado de seis graus de separação.

O livro de Albert L. Barabasi “A nova ciência dos networks”, que expandiu e corrigiu este modelo para escalas maiores chamado por isso de scale-free, está assim descrito na pg. 47 do livro:

““A surpreendente descoberta de Watts e Strogatz é que poucos links extras já são suficientes para reduzir drasticamente a separação média entre os nós … graças a extensas pontes … conectam nós no lado oposto do círculo …”.(Barabasi, 2009).

Assim isto não é o mesmo que círculos fechados, já que apesar de poucas ligações, é preciso que hajam pontes com nós no lado oposto ao do círculos, portanto é necessário esta “abertura”, conforme está citado para nós no lado oposto do círculo.

Isto explica como muitas culturas e informações se expandem ou se fecham de acordo com os tipos de conectividade que tem (a questão da clusterização, no gráfico p=0 até p=1) e devido a possibilidade mais ampla de informações hoje devido a tecnologia, os fatores se tornam mais psicopolíticos que geopolíticos.

Mas também é possível explicar as expansões de períodos anteriores que dependiam da mobilidade e da “abertura” dos círculos a outras culturas diferentes, o cristianismo por exemplo, o livro do Barabasi cita, dependeu da estratégia de Paulo de Tarso que foi falar aos “gentios” e aos povos que não tinham a cultura judaica, e de lá se expandiu em rede.

Mas eram um pequeno grupo (12 apóstolos e depois 72) porém que viajaram pelo mundo ocidental da época, também esta ideia de pequenos mundos continua presente no cristianismo até hoje, embora numerosos, os preceitos de Amor e Solidariedade nem sempre são observados, e isto o reduz a círculos fechados.  

Sobre o futuro também está assim expresso na cultura cristã (Lc 12,31): “Não tenhais medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino”, logo em seguida é contada a parábola do administrador que os empregados não sabem a hora que vai chegar e devem agir sempre esperando o senhor chegar e os encontrar atentos, neste caso refere-se a tesouros verdadeiros que já tratamos em postagens anteriores.

 

Povos que resistiram a impérios

04 ago

O grande império persa se expandiu a partir de Ciro, o Grande, no ano de 558 a.C., e dominou os medos e tomou toda a Mesopotâmia, Ciro respeitava a cultura e costumes dos seus inimigos, mas expandiu até o Egito seu império, e avançou sobre os gregos, mas foi derrotado por Atenas.

Depois de Dario I, Xerxes I e seu filho Artaxerxes também tentaram conquistar a Grécia e não conseguiram, no ano de 332 a.C. Alexandre imperador da Macedônia, o Grande, organizou um exército invencível e acabou tomando a Grécia e acabou vencendo os persas, estabelecendo um novo império, o Macedônico.

A morte de Alexandre por febre tifoide ou malária (a hipótese de envenenamento não é aceita pelos historiadores) a disputa entre generais acabou enfraquecendo o império e iniciou uma decadência.

O período estabelecido entre o ponto inicial da Era Clássica é apontado com o primeiro registro da poesia do grego Homero, nos séculos VII-VIII a.C. e vai se estender até o período de 300 a 600 d.C. que é chamada de Antiguidade Tardia, momento que se inicia a Idade média.

Neste interregno entre o Império Macedónico e o Império Romano/Bizantino se desenvolveu a cultura grega na antiguidade clássica que é profundamente influente até os dias de hoje com a denominada cultura ocidental.

A cultura e língua grega eram para aquele tempo o que hoje é a língua inglesa, grandes desenvolvimentos foram feitos a partir de Sócrates, Platão e Aristóteles, nomes em diversas áreas do conhecimento se destacaram: Hipócrates na medicina, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes no teatro, Apeles na pintura, Fídias na escultura, Arquimedes na matemática, Aristarco, Erastótenes e Hiparco na astronomia, são alguns nomes importantes que influenciam até hoje a nossa cultura.

Esta pequena nação foi grande fundadora de conceitos e pensamentos que chegaram aos nossos dias: o Organon e a Ética de Aristóteles, a Geometria de Euclides e Tales de Mileto e Pitágoras na matemática.

Venceram batalhas unindo as cidades-estado, porém eram um pequeno povo com uma cultura forte e com valores humanísticos que são lembrados até hoje, ainda que possam ser modificados e atualizados.O grande império persa se expandiu a partir de Ciro, o Grande, no ano de 558 a.C., e dominou os medos e tomou toda a Mesopotâmia, Ciro respeitava a cultura e costumes dos seus inimigos, mas expandiu até o Egito seu império, e avançou sobre os gregos, mas foi derrotado por Atenas.

Depois de Dario I, Xerxes I e seu filho Artaxerxes também tentaram conquistar a Grécia e não conseguiram, no ano de 332 a.C. Alexandre imperador da Macedônia, o Grande, organizou um exército invencível e acabou tomando a Grécia e acabou vencendo os persas, estabelecendo um novo império, o Macedônico.

A morte de Alexandre por febre tifoide ou malária (a hipótese de envenenamento não é aceita pelos historiadores) a disputa entre generais acabou enfraquecendo o império e iniciou uma decadência.

O período estabelecido entre o ponto inicial da Era Clássica é apontado com o primeiro registro da poesia do grego Homero, nos séculos VII-VIII a.C. e vai se estender até o período de 300 a 600 d.C. que é chamada de Antiguidade Tardia, momento que se inicia a Idade média.

Neste interregno entre o Império Macedónico e o Império Romano/Bizantino se desenvolveu a cultura grega na antiguidade clássica que é profundamente influente até os dias de hoje com a denominada cultura ocidental.

A cultura e língua grega eram para aquele tempo o que hoje é a língua inglesa, grandes desenvolvimentos foram feitos a partir de Sócrates, Platão e Aristóteles, nomes em diversas áreas do conhecimento se destacaram: Hipócrates na medicina, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes no teatro, Apeles na pintura, Fídias na escultura, Arquimedes na matemática, Aristarco, Erastótenes e Hiparco na astronomia, são alguns nomes importantes que influenciam até hoje a nossa cultura.

Esta pequena nação foi grande fundadora de conceitos e pensamentos que chegaram aos nossos dias: o Organon e a Ética de Aristóteles, a Geometria de Euclides e Tales de Mileto e Pitágoras na matemática.

Venceram batalhas unindo as cidades-estado, porém eram um pequeno povo com uma cultura forte e com valores humanísticos que são lembrados até hoje, ainda que possam ser modificados e atualizados.