Arquivo para novembro, 2022
O que está fora do s eixos
Em muitas épocas de transformações o ambiente confuso e decadente induz a raciocínios e temperamentos irascíveis e dão vazão aquilo que os filósofos chamaram de pulsões ou se quisermos simplificar tendência para o que é mais fácil, mais útil e mais prazeroso, sem se preocupar com as consequências.
Este tipo de impulso pode ser aquilo que em língua inglesa é chamado de “drive” (direcionar) ou em alemão trieb (tanto no negativo trieben deriva, como positivo. Triebende força motriz), assim é possível, numa leitura bastante liberal, ver estes valores como positivos, porém historicamente foram sinais de decadência, como no auge do Império Romano ou no final da Idade Média, o desajuste da moral social era claro.
Porém em todos estes tempos sempre houveram reações políticas, intelectuais e sociais a esta decadência, e com isto a história caminhou e alguns problemas se resolveram, total ou parcialmente, por exemplo, o Império Romano vi morrendo aos poucos com a libertação das colônias, já o período do liberalismo e do antropocentrismo do final da Idade Média, deu origem ao liberalismo econômico que levou a construção de novas colônias na África e na América e com isto novas formas de decadência política e social se prolongaram até a Revolução Francesa, por exemplo, e no caso inglês a convivência da monarquia com a república.
Um novo ciclo de decadência se abre nesta segunda década do milênio, sendo visível a queda de valores sociais e morais, onde a política não é um caso a parte.
Assim aparecem homens e mulheres capazes de lutar para reverter o quadro histórico de decadência, porém sem uma análise profunda o quadro é confuso, enquanto as ideias podiam ser propagadas em círculos menores nos períodos anteriores, agora elas percorrem o mundo em fração de segundos e invadem até mesmo países fechados, como o Irã (há uma revolta pelo direito das mulheres) e na China (onde o rigoroso confinamento por causa da Covid provoca protestos), porém o pano de fundo é uma reorganização social.
Numa pequena colônia da Judéia, num período de muitos falsos profetas e de rebeliões contra o império Romano, havia uma figura religiosa chamada João Batista, que desafiava os poderes e governadores, Herodes o temia não por ter um exército ou porque o povo o seguia, mas pelas duras palavras que tinha.
As lições de João Batista valem para nosso tempo: endireitar as veredas e aplainar as colinas, ou seja, buscar caminhos retos que ajudem as mentes e forças abertas a reorganização social caminharem.
Insensatez e casa desarrumada
Além da guerra do leste europeu, uma possível volta da pandemia, a sensatez humana parece estar fora de moda, são dias confusos, até mesmo as datas da semana e o final de ano, tradicionalmente mais festivo e calmo parece ceder a um clima de insensatez e protesto, devido o evento esportivo que envolve pelo menos 32 nações: A Copa do Mundo.
Embora a casa esteja desarrumada, todo furor político parece ter ido para o futebol, aliás a política parece futebol com torcidas organizadas desestabilizando a v ida social e retirando autoridades do do seu status quo, o juiz que se rebaixa ao mané, o presidente que se rebela com o poder que representa, novos movimentos de invasão de terra e pedidos de mais autoritarismo em meio a uma crise evidente de autoridade.
Embora o torcedor tenha jogado a bandeira LGBTQIA+ no gramado, ele também protestava contra a guerra na ucrânia e a opressão das mulheres iranianas (veja a foto).
A Copa já teve protesto de país islâmico que não cantou o próprio hino, torcedor que invadiu o campo para protestar contra a desigualdade de gênero e at[e pedido de seleção que seja expulsa da Copa do Mundo, o jogador se machuca e a própria torcida comemora, enfim a sensatez parece estar fora dos eixos.
Afinal um esporte é uma diversão, envolve paixão sim, mas é só dentro dos seus limites, e também a diversidade cultural deve ser respeitada, assim como o direito de protesto dentro dos limites da manifestação.
A análise importante é que nenhum destes fatos deve ser pensado fora de contexto, fato isolado ou apenas a manifestação de grupos minoritários, a casa está desarrumada, há algo sombrio no ar.
Há vozes isoladas e abafadas que pedem um retorno ao eixo e a solução de problemas que são graves sim, porem não se resolvem com insensatez, uma casa desarrumada exige cuidados de arrumar cada canto, limpar cada sujeita escondida ou deixada de lado, e deixemos que o esporte seja aquilo que é em essência, uma maneira pacífica de competir e trazer alegria a corações e sentimentos nacionais equilibrados.
Nova variante e covid 19 em alta
Ainda que os números não sejam os mesmos do pico da pandemia, a tendência de alta nos casos permanece e uma nova preocupação surge como fator preocupante.
Segundo o Centro Alemão de Primatas (DPX), do Instituto Leibniz e da Universidade Friedrich Alexander Erlangen Nurbnerg, as terapias atualmente aprovadas para tratar pessoas com riscos de desenvolvimento de casos graves da Covid-19 também não são eficazes contra as variantes virais que estão em ascensão em todo mundo, de modo especial a sublinhagem da }omicron BQ.1.1. em ascensão em todo mundo.
Também a Food and Drugs Administration (FDA) que regulamenta as drogas nos Estados Unidos assim como a Agência Europeia de Medicamento (EMA0 européia, as vacinas anteriores não funcionam para esta variante, novas vacinas em testes já estão sendo utilizadas, e como sempre já há teoria negacionistas circulando, e o excesso de lockdown na China já gera uma onda de protestos.
O que está em jogo como no início da pandemia é a queda ou ascensão, agora com experiencia anterior, de uma nova onda letal sobre toda a humanidade, o quadro promete se agravar se não houverem medidas ou se elas não forem aceitas pelas populações já exausta de confinamentos e medidas preventivas.
O número não é exagerado, nem na média móvel no número de casos, no Brasil na faixa acima dos 20 mil casos diários, nem no número de mortes, no Brasil menos de uma centena (80 no fim de semana). Porém a taxa se mantém (veja a figura).
Soma-se no caso brasileiro a tumultuada transição e governo, que gera uma certa inércia no sistema de saúde, onde os custos também se revelam altos e segundo o governo eleito está muito caótico.
No hemisfério norte é inverno e isto preocupa ainda mais, também a ineficiência de medidas preventivas preocupa, isto sem falar do fator agravante de uma guerra que mina as fontes de energia necessárias ao aquecimento de ambientes e o enfrentamento do frio, em especial na região onde a guerra não dá trégua.
Espera-se em todo mundo, e de modo especial no Brasil, alguma sensatez das autoridades que são em última análise, responsáveis pela saúde e pela vida de milhares de pessoas em risco.
Mudanças na terra e no céu
Pouco se analisa as grandes mudanças sociais na história da terra e na vida humana, a terra veio muito antes da vida humana, também representaram a visão do homem sobre o universo e seus mistérios, e assim há uma correspondência entre mudanças terrenas e sua correspondente cosmogonia, se isto é só uma coincidência ou uma providência divina depende da própria cosmovisão, mas ela se alterou é certo.
Assim a visão d cosmos no início da Antiguidade Clássica é tão evidente quanto o nascimento da polis grega e suas consequenciais para o mundo moderno, Aristarco de Samos (310 a.C. — 230 a.C.) chegou a calcular o raio da Terra muito antes da circo navegação (Fernão de Magalhães 1512), e também no final da Idade média a Ideia do Geocentrismo ptolomaico cedeu ao heliocentrismo copernicano e a mudança do feudalismo para o liberalismo moderno pode ser vinculada a esta mudança de visão astronômica.
Em tempos atuais inicialmente o Hubble e agora o James Webb tem feito o homem olhar para os confins do universo e já se inicia até mesmo uma mudança na modernidade teoria da relatividade, os buracos negros e os caminhos de minhoca (hormholes) mostram um universo em maior mutação do que esperávamos, nascem e morrem milhares de galáxias por todo universo e nosso sistema é apenas um grão de areia.
Talvez a grande revolução seja a mudança da concepção de tempo, podemos olhar para o nascimento do Universo (veja nosso post sobre o locus divino) que pode não ser chamado de eternidade, porém é mais do que simples dimensão absoluta de tempo e espaço, e talvez seja mais do que a dimensão espaço-temporal de Einstein.
No caminho bíblico Adão e Eva surgem num momento em que o homem já é sedentário e não mais nômade, já que Caim era lavrador da terra e Abel pastor de ovelhas, quem sabe a morte de Caim foi o primeiro conflito de terra da humanidade, o certo é que este fato está vinculado a uma visão de mundo nova sedentária, assim como Noé corresponderá a um dilúvio, ou quem sabe uma simples inundação ocorrida na península arábica, já que ela fica abaixo do Negro, onde observamos o estreito bósforo, caminho de mar entre o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo.
Assim o tempo de Noé pode ter significado uma mudança geográfica pelo menos naquela região do planeta que implicou na transformação ocorrida mais abaixo entre os rios Tigre e Eufrates, berço da civilização árabe, e se não há registro histórico de Noé, há de sua descendência: os semitas, de seu filho Sem, que povoara a região.
Assim ao falar das transformações que passariam céus e terras, a leitura bíblica de Lucas (Lc 24,37-39): “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Pois nos dias, antes do dilúvio, todos corriam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá na vida do Filho do Homem”, a segunda vinda chamada de Parusia.
A grande crise civilizatória não deverá ser assim apenas uma mudança de estrutura social, mas ela certamente acompanhará uma mudança física no planeta, já que suas forças ambientais estão se esgotando.
Rafael e o Mundo
Manuel Alegre é um poeta português contemporâneo, quando foi militar na então colônia de Angola participou da primeira rebelião que tentava libertar Angola do jugo do seu país (foi preso pela PIDE, polícia de Salazar), depois se exilou, ganhou diversos prêmios entre eles o Prémio Camões em 2017, entre outros, escreveu “Jornada da África”, em 1989, “Alma” em 1995 e “A terceira Rosa” em 1998, porém seu livro que referenciamos aqui é “Rafael”(foto ref. a capa).
O seu período do exilio após sua prisão viveu em Argel, razão pela qual vai se referir no romance Rafael como alguém que viveu sobre diversos pseudônimos, as vezes se sente espanhol, português ou argelino, porém o sentimento mais profundo de Manuel Alegre é de um cidadão do Mundo, sem nome e em busca de referências.
No Livro Rafael anda de casa em casa, de hotel em hotel, modifica o nome, deixa crescer o bigode, usa óculos sem lentes, usa um passaporte em hotéis onde esconde sua cidadania e outro para viajar, em cada novo documento um nome e uma profissão diferente, é clandestino dentro de si mesmo, perdeu as referências e a própria identidade pessoal, ele já é e não é, não usa o nome próprio, tem quatro ou cinco pseudônimos que prefere, ora é francês, espanhol ou argelino, ele é sozinho, não no sentido próprio, como uma literatura solitária pode desejar, mas membro de uma brigada internacional, sente-se solidário a ela.
Ser e não ser já foi escrito por William Shakespeare, porém em Manuel Alegre adquire um sentido contemporâneo, o cidadão do mundo solidário a todos os povos, faço aqui uma incursão mística, que não está no seu livro e que julgo importante, não-ser é também parte do Ser quando somos solidários a outros povos, costumes e culturas, e no meu caso sem perder a própria, também o nome do arcanjo Rafael é para mim significativo, na origem hebraica El é Deus e Rafa é cura, assim Rafael tem o significado Deus cura, aqui no sentido de um mundo doente social e culturalmente, por não reconhecer outros valores e outras culturas.
Conheço 23 países, 4 da américa latina, 19 da europa, de modo especial Espanho e Itália pela minha descendência, e Portugal onde vi mais claramente toda influência no Brasil, porém ainda me sinto brasileiro e o hoje dia de estreia da seleção nacional em Copa do Mundo estarei com vizinhos e amigos torcendo pela seleção nacional, sem que isto signifique ódio ou desprezo por outros povos e culturas.
ALEGRE, Manuel. Rafael. Lisboa: Dom Quixote, 2003.
Os cristãos e as crises sociais
Os valores cristãos que são universais são aqueles que promovem a fraternidade entre os homens e para isto lançam mão de suas virtudes chamadas teologais: fé, esperança e caridade, enter elas é a caridade que tem maior precedencia.
Sem a caridade um aspecto essencial daqueles que professam fé religiosa no advento de Jesus, festa que se inicia na próxima semana, cujo ápice é o Natal, sem esta caridade nem o maior altruismo ou a maior virtude pode alcançar a verdadeira fé cristã.
Em tempos de crise os homens não perdem apenas a fraternidade, ao lutar pela própria sobrevivência e visão de mundo, perdem também a esperança e com isto cresce não só o ódio, como a intolerância, o medo e a divisão entre povos e nações.
Assim é verdadeiramente heróico continuar a promover a caridade e a fé, e em diversos momentos da história foi preciso ir até mesmo ao martírio para mantê-los como valores, não é só a incompreensão dos valores cristãos, mas de todos valores humanos que entram em jogo quando o ódio e a divisão prosperam de diversas formas.
Tempos perigosos como lembramos no post anterior podem ser particularmente difíceis.
Quando também os cristãos são atacados é aí que sua verdadeira fé e valores são testados, diz uma passagem do evangelho de Lucas (Lc 12,13): “Antes que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos, sereis entregues às sinagogas [falsos templos] e postos na prisão, sereis levados diante de reais e governadores por causa do meu nome . Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé”, mas o evangelho promete a proteção divina.
Assim não estamos imunes as dificuldades e divisões humanas, porém buscamos a unidade.
Tempos bicudos e más profecias
É um fato que grandes mudanças e talvez até revoluções estão em curso neste momento da história da humanidade, porém a interpretação e falsos profetas é terrena e não divina, uma vez que olham somente para fatos terrenos, há algo divino também em curso?
Para os que creem sempre há, porém o que se especula em falsas profecias é o fim do mundo ou a nova vinda de Jesus (Parusia), diz o apocalipse através de Jesus quando pergunta quando será este tempo final (Ap 2,8-9): Jesus respondeu: “Cuidando para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”.
Mais claro impossível, mas também há algo divino no ar, a desestruturação civil levou junto valores éticos e morais, mesmo a justiça mais rigorosa parece escorregar pelo autoritarismo e a arrogância tendenciosa, os religiosos também parecem confusos, os políticos piores ainda, a radicalização pura confunde-se com propostas e valores autênticos de mudança sociai e apreço aos mais desfavorecidos socialmente.
Assim tanto há um quadro de crise civilizatória: desajustes de mercados, grandes potências em conflitos econômicos, sociais e em guerra ou próximos dela, ausência de líder estudo é e organismos internacionais que tenham confiança e credibilidade, tudo é tendencioso e polarizado ao extremo.
No campo religioso vai ficando claro tendências mais espirituais e outras meramente políticas e terrenas, no mundo islâmico muita tensão e luta por direitos civis, o Irã há uma luta forte pelo direito das mulheres, há também tensões no mundo oriental, além da crise da China e da Coreia do Norte, os valores ancestrais e cultuais do oriente também estão em cheque, embora o discurso oficial negue isto, os jovens já questionam.
No Brasil a polarização política chega ao extremo, as eleições são questionadas e antes de tomar posse já há problemas no novo governo do PT que deverá se iniciar em janeiro, novos bloqueios em estradas e uma nova onda da Covid 19 volta a preocupar, a perspectiva de um entendimento na transição entre politicas radicalmente opostas é difícil não só no poder executivo, mas também no legislativo e jurídico.
Aos que creem Deus age sempre no extraordinário, ou seja, aquilo que os homens e os valores terrenos não alcançam, assim algo pode ser esperado no plano divino, mas sempre é totalmente diferente do racional humano, é imprevisível e completamente desconcertante para os homens, quem imaginaria Jesus ser criado em um vilarejo chamado Nazaré, hoje tem 72 mil habitantes, no tempo de Jesus menos de 10 mil.
Aos que creem sempre há um raio de esperança, sempre há uma luz divina alimentando e clareando a realidade humana.
Nova alta em casos da Covid 19 e a guerra
Em alta a oito dias, segundo o site da Uol, com uma média de 235% em relação a duas semanas atrás, as regiões com maior crescimento no Brasil são o Sudeste com 333%, o Nordeste com 228%, o norte com 170%, o Sul com 160% e o Centro-Oeste com 93%, os números preocupam pesquisadores, como a Fundação Fiocruz.
Os dados da fundação do Boletim Infogripe 45/2022 afirmam que 47% dos casos de doenças respiratórias são de Covid 19, e em nota do sábado (19/11) observa que as novas infecções de covid 19 dispararam em todo país, os dados mais detalhados indicam que as infecções respeitórias foram de 10,3%, 3% para influenza A, 0,3% para influenza B, 24,2% para vírus sincicial respiratório (VSR) e 47% para Sars-Cov-2, entre os óbitos a presença do mesmo micro-organismos dos casos positivos foi de 4,1% para influenza A, 0,01% para influenza B, e 1,4% para VSR enquanto 83,6% para Sars-Cov-2 o que é alertamente, já que mesmo o número de óbitos não sejam ainda grande, a porcentagem é maior que os casos de infecções virais respiratórias.
Os dados brutos são de mais de 600 mortes diárias nos últimos dias e a média móvel atingindo 15.500 casos o que caracteriza a continuidade do processo pandêmico.
As restrições sanitárias ainda são parciais, como é um período de festa é possível que haja um limite de tolerância maior, o que é preocupante, pois ainda que ambientes comerciais permaneçam abertos, é quase impossível politicamente que fechem, os cuidados poderiam ser maiores com higienização e prevenções com máscaras e álcool gel, é um fato que a população esteja cansada, mas é preferível do que ir a óbito.
É preciso que os órgãos governamentais tomem medidas urgentes, a atual crise política não pode impedir que a pandemia tenha novas tragédias e o vírus circule com maior abrangência.
Como sempre fazemos uma análise da guerra no leste europeu, pela gravidade e possibilidade de extensão da guerra para todo o planeta, fazemos uma breve análise do recuo das forças russas ao mesmo tempo que tentam minar a defesa aérea e a capacidade energética do país, uma vez que por lá o frio já começou e o aquecimento é vital para a vida humana na Europa.
O estrago proporcionado pelo míssil que foi lançado na Polônia, com fortes indicativos de que tenha sido lançado de solo Ucraniano, enfraquece diplomaticamente a Ucrânia e faz o ocidente repensar a ajuda militar e financeira no país, a guerra terá no inverno contornos dramáticos em termos humanitários.
O zelo da casa me consome
Qualquer pai, patrão ou administrador zeloso deve cuidar de sua “casa”, também podemos pensar em todo o planeta como nossa casa comum, assim não só a economia, as culturas como também o meio ambiente.
Deveria nos consumir a todos este zelo, cuidar apenas dos interesses pessoais não é apenas um egoísmo, é também uma forma de ignorância, porque os interesses pessoais dependem dos comuns, o que fazemos se faltar chuvas e com isto faltar água, o que fazemos se o meio ambiente não ajudar as plantações e o custo dos alimentos num meio ambiente deteriorado, tudo é interesse comum influenciando o particular.
Não é verdade que apenas alguns tenham responsabilidade e outros não, assim conferências como a COP27 que se realiza no Egito deve ser de interesse de todos, porém aqui queremos lembrar de um corpo místico a que se refere o capítulo 2 do Evangelho de João, onde se lê (Jo 2,17): “seus discípulos lembraram-se que está escrito: “O zelo pela tua casa me consumirá” referindo-se a atitude de Jesus ao ver que a religião de seu tempo se tornou um comércio (parecido aos dias de hoje) e do Salmo 69, onde o versículo 10 lembra esta passagem.
O capítulo 2 de João, lembra as bodas de caná, um evento sobrenatural e a fúria de Jesus ao ver a corrupção em torno dos templos, um evento natural, assim o zelo é sobrenatural e humano ao mesmo tempo.
Mais grave que isto o problema da guerra, lembramos no post anterior a passagem em que Jesus chora ao entrar em Jerusalém e ver o quão distante ela está de um encontro de povos e nações e profetiza que ela seria totalmente dividida e em permanente guerra, vejam a precisão desta visão 2 mil anos atrás.
Porém a profecia para nossos dias está nos livros do Apocalipse, embora isto seja sinônimo de catástrofes e final do mundo, as passagens referem-se tanto aos tempos passados quanto futuros, a morte de Jesus e sua ressurreição é um evento apocalíptico porque a grande paixão pascal atualizou a passagem do povo judeu da escravidão do Egito para a Terra Prometida, e antecipa a passagem da humanidade para um vida futura plena e frutuosa, tudo isto antes do final dos tempos, que não sabemos quando virá.
No evento Pascal ao ver Jesus na cruz sofrendo e assistindo sua impotência ironizavam dizendo “não é o Cristo, salva-te a ti mesmo” (Lc 23,39), pode parecer inexplicável a permissão divina de tão atroz sofrimento, no entanto, isto é o significado da “passagem” de um estado para outro, em qualquer evento natural ou sobrenatural, isto ocorre a partir de uma “ruptura” de uma mudança de contexto e algum evento forte e de aparência catastrófica acontece, então os tempos atuais são angustiantes, mas também cheios de esperança.
Embora sejam tempos conturbados, Deus não é indiferente a história, e certamente esta “passagem” terá também sua presença e interferência.
A crise civilizatória e a paz
O míssil na Polonia e o atentado de Istambul podem não ter relação nenhuma, mas se tiverem é a eclosão de uma crise que pode levar a terceira guerra mundial, isto porque na Turquia uma mulher do PKK, o partido Comunista Curso foi acusado de planejar o atentado recente enquanto o míssil que caiu na Polonia, que é um país membro da OTAN pode ter saído de alguma base russa.
O processo de polarização mundial já está em processo visível desde a eleição de Trump nos Estados Unidos, em 2017, a ideia da America voltar a ser grande, encontrou resposta da atual concorrente China e mais recentemente da Rússia que volta a sonhar com a grande pátria soviética.
Postamos diversas vezes sobre o perigo do inverno, porque ele é estratégico para a guerra, os países da Otan e a Ucrânia que deve resistir a escassez e ao preço alto do petróleo e do gás, e a Russia que desestabilizou as usinas e fontes energéticas na Ucrânia para fragiliza-la durante o inverno, o que atinge também a Europa.
O desejo da paz permanece entre os homens de boa vontade, os religiosos de verdadeira fé, que não exclui religiões orientais e muçulmanas, porém o quadro é cada vez mais preocupante e a guerra não precisa só de armas, precisa principalmente de lenha na fogueira da atual polarização que esconde os verdadeiros interesses econômicos que financiam até mesmo reuniões bem intencionadas no planeta, porém com o desejo oculto de dividir para reinar, há grandes interesses econômicos e de mercado em jogo.
Assim a paz deve partir de uma atitude cotidiana, de esperança, de tolerância e de fraternidade, que em clima de guerra torna-se cada vez maior, mais declarado e envolvendo um número maior de pessoas.
Os frutos de uma guerra e da polarização para a população mais frágil é evidente e não há dúvida, cairá sobre os mais pobres e mais vulneráveis o preço mais alto de atitudes beligerantes.
A arrogância, a intolerância e a avidez pelo poder dos mais gananciosos ultrapassam os limites da civilidade e desafiam até mesmo sinceros pacifistas, querem tornar o conflito inevitável e daí tirar proveito.
O simbolismo bíblico da divisão humana está descrito na divisão política de Jerusalém (mapa).
A passagem bíblica onde Jesus dizia sobre seu desejo de paz em Jerusalém, simbólica até hoje por concentrar grandes conflitos, é significativa também para os dias de hoje (Lc 19,42-44):
“Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, isso está escondido aos teus olhos! Dias virão em que os inimigos farão trincheiras contra ti e te cercarão de todos os lados. Eles esmagarão a ti e a teus filhos. E não deixarão em ti pedra sobre pedra. Porque tu não reconheceste o tempo em que foste visitada”.
Não há religião em desejos beligerantes, eles não são dignos e nem se confunde com a fé e a esperança verdadeira.