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Arquivo para outubro, 2023

Origens religiosa e histórica de Israel e Palestina

17 out

Embora Noé não seja uma figura registrada na história, seus filhos Cam e Sem estão registrado pois são a origem dos povos camitas (ou caimitas) e semitas, estes últimos se destacam por serem hebreus e árabes e assim compartilham tanto origens culturais como religiosas, mas também haviam arameus e fenícios.  Os filisteus eram um povo que veio do oeste e habitou mais tarde ali. 

Abraão, que era Caldeu, um povo que habitou ao sul do rio Eufrates, era filho de , na linhagem de Sem, vem de seu filho Arfaxade, que gerou Salá, que gerou Héber, que gerou Pelegue, que gerou Réu, que gerou Serugue, que gerou Naor, que gerou Terá, pai de Abrão (só depois será chamado de Abraão devido uma sua descendência).

O pai e o irmão de Abrão falecem na Caldéia, e seu sobrinho Ló que viajará até Canaã, entretanto subindo o rio Eufrates e depois descendo pelo norte do Oriente médio, antes se separam dividindo as terras, ficando Ló com as mais férteis ao oeste e Abrão com as terras do sul.

Os descendentes de Ló ficaram povos conhecidos como Amonitas, devido ao deus Amon, e que são filhos do incesto de Ló com sua filha mais nova, conta a narrativa bíblica que ao saírem de Sodoma é dito que não deveriam olhar para trás e a mulher de Ló olha e se transforma em sal.

Ao leste até o Mediterrâneo fica Abrãao, agora chamado assim por Deus, depois de ter seu Filho Isaac (prometido por Deus) com sua esposa Sara, e Ismael com Agar, sua escrava.

Enquanto Isaac será o “filho da promessa” e através dele nascerão as doze tribos de Israel, no Alcorão pode se ler: “No Alcorão; “Deus deu dons a todos IsmaelEliseuJonas e Lot favor acima das nações”, assim Ismael não é preterido.

De Isaac nasceram os gêmeos Esaú e Jacó, Esaú nasce primeiro, porém através de um disfarce, Jacó se veste de peles de animais, ajudado por sua mãe Rebeca, pois seu irmão era mais peludo e seu pai Isaac estava quase cego, percebe a voz diferente, mas abençoa o filho, na tradição hebreia o filho mais velho, o primogênito, tinha prioridade em liderar a família.

Jacó lutará com um anjo para conseguir a benção divina, antes de um confronto com o irmão, e na narrativa bíblica é aí que ele recebe o nome de Israel, que significa “aquele que lutou com Deus” (todo sufixo el do hebraico significa Deus), os Gabriel (fortaleza de Deus) e Miguel (ninguém como Deus) são duas hipóteses possíveis da luta de Jacó, agora Israel.

Os filhos de Israel formarão as 12 tribos: de Helena: de José (que foi vendido aos egípcios pelos irmãos) ficarão seus netos Benjamin e Manassés, de Lia (primeira esposa): Ruben, Simeão, Judá, Issacar, Zebulom e Levi (que eram sacerdotes e não tinham terras), da escrava Bila: Dã e Naftali, e da escrava Zilpa: Gade e Asser.

Na verdade seriam treze tribos, porém as tribos Benjamim e Manassés, filhos de José, formaram uma só tribo. 

 

Tensão no Oriente Médio

16 out

Apesar de iniciar uma fase crítica (o inverno) a guerra da Ucrânia e Rússia saem do foco, com o aumento da tensão entre Israel e a Palestina que reivindica um território próprio.

Depois de uma incursão ousada e cruel no território israelense, o grupo militar fez vários reféns e Israel respondeu atacando áreas da faixa de Gaza e cortando água e energia do território israelense como forma de pressionar a entrega dos reféns.

A situação humanitária fez que vários organismos internacionais apelassem para Israel permitir a ajuda humanitária, enquanto Israel dá a opção de se deslocarem para o sul onde seria restabelecida o abastecimento de água e energia, dando um prazo curtíssimo e um ultimato.

Há um ponto ao sul onde é possível uma passagem para o Egito, que é o campo de refugiados de Rafah, negociações entre o secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken e o presidente do Egito Abdel-Fattah El-Sisi indicam que esta passagem seria aberta para a ajuda humanitária.

Israel se prepara para uma luta em três frente, já que no sul do Líbano houveram ataques de outro grupo antissemita, o Hezbollah e já há tensões e tomadas de pontos de combate com a Síria, também através do Hezbollah.

A tensão maior fica para um possível envolvimento do Irã, que financia estes grupos contra Israel e lideranças do Hamas já foram até o Irã conversar com autoridades do país, entretanto os EUA advertem que uma entrada do Irã na guerra provocaria forte tensão com o Ocidente, já que os EUA enviaram porta aviões.

O envolvimento do mundo árabe pode tornar a crise ainda maior, já há conversas unilaterais.

A Rússia é uma aliada tradicional da Síria, e com uma aproximação militar do Irão pode criar um eixo de aliados com inimigos comuns, o que traça um quadro geopolítico perigoso.

A paz parece distante, e os elementos para uma guerra de consequências trágicas vai se desenhando, mas não deixam de existirem forças localizadas para a paz.

 

Eclipses do processo civilizatório

13 out

A harmonia entre os povos, a aceitação e tolerância das diferenças, o diálogo e a diplomacia sobre questões em conflito parecem estar mais longe do que nunca, como um eclipse anular, obscurece a luz e deixa passar somente um anel de fogo, e como são diversos pontos de fontes de Luz, também existem regiões de penumbras que ficam confusas parecendo uma noite.

Diversas pesquisas apontam que isto acontecem com os pássaros diante de um eclipse, veem que está escurecendo e se comportam como no anoitecer, diminuem as atividades, se recolhem e chegam quase a dormir, como o eclipse é rápido depois voltam as atividades normais.

Assim são processos civilizatórios, há períodos de obscuridade e parecem que poderão ser uma noite interminável, porém passado este momento vendo o equívoco do “sono” durante a penumbra, redescobrem a vida e voltam as atividades normais, no caso humano com uma nova perspectiva de paz e tolerância, claro deixa marcas sempre terríveis: mortes inocentes, destruição e miséria.

Podíamos ter preparado uma festa, o concerto e a harmonia entre os povos, não faltaram educadores, profetas e futuristas que tentaram desenhar este cenário, mas os homens têm sempre o livre arbítrio, no nosso caso, podemos escolher entre o eclipse e a penumbra e o dia.

Eclipse porque seja pelas forças naturais ou seja por intervenção divina, os que creem desejam e esperam este dia, ainda que pereça milhões de inocentes, o desejo de triunfo do bem, do bom senso e da paz entre os homens é sempre um caminho irreversível, ainda que sofram.

Há uma parábola bíblica que desenha bem este cenário, um homem preparava uma festa e como os convidados não vinham (escolheram outros caminhos), ele mandou buscar homens na rua, mas entre eles também havia um com trajes inadequados (atitudes anti festa) e pediu que fosse retirado, diz a leitura (Mateus 22, 10-12):

“então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala de festa ficou cheia de convidados.  Quando o rei entrou para veros convidados, observou aí um homem que não estava usando traje de festa e perguntou-lhe: ´Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu” e o rei pediu que o retirassem.

O processo civilizatório é assim, quem vencerá uma situação de conflito, todos perderão e ao final aqueles que estavam a margem do processo de conflito prepararão um novo caminho.

 

Walter, Jennifer. Lunar eclipses have one weird effect on birds. Inverse. 17 de março de 2022, Disponível em: https://www.inverse.com/science/lunar-eclipse-bird-flight

 

Eclipse, sombra e penumbra

12 out

Vimos aspectos históricos e místicos do Eclipse anular, agora nos fixemos só no fenômeno.

O Eclipse é um fenômeno natural que ocorre quando um corpo está dentro de uma região de sombra provocada por outro corpo que possui luz suficiente para reduzir a luminosidade, no caso do eclipse solar, o Sol é o astro luminoso e a Lua se posiciona entre o Sol e a Terra, produzindo uma sombra sobre a Terra.

Para que a Lua projete uma sombra sobre a Terra ela deve estar na fase de Lua Nova, que é quando ela está entre o Sol e a Terra e possui um leve semi-arco em uma de suas bordas.

Para entender melhor como ocorrem os eclipses, precisamos conhecer os conceitos de sombra e de penumbra.

A sombra é quando a partir de uma fonte pontual de luz (ou seja, suas dimensões podem ser desprezadas como se fosse um único ponto) ela se projeta sobre um objeto intermediário menor que produzirá uma sombra sobre o objeto maior, esta sombra também pode ser chamada de umbra.

Já a penumbra existe uma fonte extensa de luz, que deve ser levada em conta quando a fonte de luz é muito grande ou está próxima do objeto, no caso do Sol ele é suficientemente grande para produzir, a partir da luz sobre a Lua, uma sombra e uma penumbra sobre a Terra (figura).

Assim os raios de luz não saem de um único ponto, devido as dimensões do Sol, mas de diversos pontos, assim haverá uma região em que produz uma sombra, mas outras com iluminações parciais que produzem alguns tons de penumbra.

 

Eclipse, a Teoria da Relatividade e Sobral

11 out

Além de fatores místicos e históricos, a eclipse auxiliou o desenvolvimento tanto da física como da astronomia, há uma relação curiosa entre um eclipse, a Teoria da Relatividade e a cidade brasileira do Estado do Ceará: Sobral.

No dia 29 de maio de 1919 o céu sobre a cidade de Sobral, cidade do interior do Ceará amanheceu nublado (foto feita pelo Observatório Nacional em 1919) e o esforço da comitiva de astrônomos que foi até lá para observar o eclipse e provar as ideias revolucionárias de Albert Einstein seriam em vão.

Felizmente as nove horas da manhã abriu-se um espaço entre as nuvens e foi possível fazer as observações desejadas.

As ideias de Einstein era que haveria uma distorção nas dimensões espaço-tempo e que esta estaria ligada a proximidade dos corpos massivos, assim enunciada:

“A trajetória da luz pode ser distorcida se tiver um corpo massivo distorcendo o espaço-tempo na trajetória dela, com isso parece que a fonte que emitiu aquela luz está numa posição diferente.”

Com equipamentos sensíveis, foi possível fazer esta comparação nas posições durante o eclipse e após ele, o que ocorreu em maio de 1919, já em dezembro depois de meses estudando as observações foi anunciado que a teoria de Einstein estava correta, e este é um fato que tornou ultrapassada a teoria de espaço e tempo absolutos.

A observação se deu graças a intensa colaboração entre o Brasil e a Inglaterra, nela estava o célebre astrônomo inglês Arthur Eddington, da Royal Astronomical Society e o brasileiro Henrique Morize, então diretor do observatório Nacional (ON) e Sobral foi escolhida por apresentar melhor visibilidade do eclipse.

Cem anos após o evento, no ano de 2019 foi comemorada a parceria Brasil-Reino Unido em Ciência e Inovação, a física brasileira Anelise Pacheco, diretora do MAST (Museu de Astronomia e Ciências Afins) declarou na época: “Sem cooperação, inexiste ciência”, isto também vale para os dias de hoje.

 

Eclipse anular: dados históricos e místicos

10 out

Dia 14 de outubro deverá acontecer um eclipse anular, aquele que a lua deixa um pequeno anel com luz do sul e se estabelece no centro do astro rei, e que tem dados históricos e místicos curiosos.

O primeiro eclipse narrado historicamente, por Heródoto, descreve a batalha dos Medos e Lídios (590-585 a.C.) que terminou com um acordo após terem percebido que o dia virou noite e na compreensão deles as trevas deviam cessar pela paz, Heródoto descreve-a assim:

No sexto ano da guerra, travou-se uma batalha e, quando a luta tinha começado, de repente, o dia se transformou em noite. (…) Os Lídios e os Medos, quando viram que a noite substituíra o dia, cessaram sua luta, ansiosos de que a paz se estabelecesse entre eles.” Heródoto (1.74).

Antes de cálculos da data do eclipse acreditava-se que a batalha teria sido travada em 30 de setembro de 610 a.C. (de acordo com o dicionário dos gregos e Romanos de William Smith), porém os cálculos astronômicos modernos estabeleceram a data de 28 de maio de 585 a.C.

O segundo dado foi estabelecido com ajuda da leitura bíblica das batalhas em Israel de Ajailon e Gibeão, que ajudaram, segundo a BBC, a revelar a data de um eclipse ainda mais antigo, no tempo da retomada de Israel pelos judeus que retornavam do exílio egípcio, a leitura que ajudou a revelar esta data, conhecida também como oração de Josué é esta (Josué 10:12-14): “Sol, detém-se sobre Gibeão, e tu, Lua, sobre o Vale de Aijalom”.

A reportagem da BBC o físico Colin Humphreys, diretor de pesquisas da Universidade de Cambridge na Inglaterra, e o astrofísico Graeme Waddington usando esta passagem calcularam a data do eclipse anular e encontraram o dia 30 de outubro de 1207 a.C.

A reportagem cita ainda que a primeira pessoa a sugerir tal data foi o linguista Robert Wilson (1918) e que sugere até uma releitura do texto bíblico:

‘Eclipse, ó Sol, em Gibeão,

E a Lua no Vale de Aijalom´.

Já que hoje sabemos que haverá uma faixa onde o eclipse é total (imagem) e faixas ao lado onde o eclipse dá uma sombra parcial.

HeródotoHistórias, Livro I, Clio, 74.

 

Nova frente de guerra e semana perigosa

09 out

Desde que Israel havia desenvolvido um forte esquema de baterias antiaéreas chamado de Domo de Ferro, os ataques com mísseis na região haviam diminuído, porém no final da semana um novo ataque do grupo Hamas aconteceu e mais de 700 pessoas foram mortas, mostrando que há fragilidades neste sistema, Israel respondeu com mísseis no território palestino.

Os militares de Israel foram apanhados de surpresa no sábado (07/10) e apesar de décadas em que o país se tornou uma potência tecnológica com forças armadas mais impressionantes do mundo e uma agência de inteligência de primeira linha, tudo isto simplesmente não funcionou e isto cria uma nova fronte de guerra numa geopolítica já com problemas delicados.

O Hamas tem como forte aliado o Irã, que forneceu drones para a Rússia, e embora tenha desmentido que isto continue ocorrendo, o Irá deseja fazer parte do BRICS e do lado de outra guerra invisível, segundo palavras do Medvedev, o vice-presidente do conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente do país, esta guerra está ocorrendo.

Ele se referia a boa safra de grãos de trigo da Rússia, a qual pretende tornar moeda de troca com países aliados, fornecendo inclusive suprimento para países aliados da África que não tem recursos para esta compra de grãos.

A semana é delicada na Ucrânia e Rússia, porque de ambos os lados espera-se um novo ataque surpresa assim como o do Hamas em Israel, do lado Ucraniano os mísseis de longo alcance, e do lado russo a destruição de fontes de energia na Ucrânia que tornaria o inverno que se aproxima cruel com a população e enfraquecimento do exército militar da Ucrânia, que já tem dificuldades com as munições para as regiões de conflito.

Espera-se algo novo no aspecto da paz, não faltam acenos da Rússia, mas sem negociar os territórios já conquistados, enquanto o lado ucraniano quer a posse de volta incluindo a polêmica Criméia, um dos alvos principais na contraofensiva.

Todas as pessoas de boa vontade e que sabem os perigos da guerra desejam algum alento.

 

O verdadeiro compromisso com o bem comum

06 out

Maus gestores e ditadores também prometem trabalhar pelos excluídos e pelo bem comum, o que acontece é que seus verdadeiros interesses pessoais permanecem ocultos.

Ninguém diz abertamente que vai fazer o mal, a não ser psicopatas declarados que já estão num grau de enfermidade mental que não conseguem mais disfarçar seus desejos.

As análises políticas e sociais escondem interesses de violência, de ódio e de guerra aos opositores, não faltam justificativas, porém qualquer iniciativa de exclusão já é um indício de que nenhum bem comum será bem gerenciado por estes gestores.

Começam com pequenas ações que inicialmente confundem as pessoas de boa fé e que querem de fato o bem comum a todos, a vida pacífica e equilibrada para todos, porém aos poucos os verdadeiros desejos pessoais de posse pessoal dos bens vão se revelando.

A corrupção também começa assim, pequenos furtos não coibidos levam aos grandes quando não há impunidade, pais que corrigem e educam sem filhos sabem disto, é preciso estar sempre atento as ações e ao que cada pequeno gesto leva, educadores também sabem disto.

Como diz uma leitura bíblica, um dono de uma vinha arrendou-a e viajou, depois de certo tempo mandou os empregados cobrarem a parte do arrendamento (Mt 21,33) bateram nele e o mandaram de volta, mandou outros e também apanharam e voltaram sem nada e finalmente mandou o filho, então os arrendatários pensaram matamos ele e ficamos com a vinha, e Jesus lembra ao final da parábola de si próprio: a pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se a pedra angular.

É assim que o bem se estabelece, com aqueles que os maus rejeitaram, oprimiram e depois de muito sofrimento é possível estabelecer a paz e o bem comum.

A resiliência e o desenvolvimento do bem é maior que as grandes maldades, embora evita-las significa também evitar injustiças, desiquilíbrios sociais e principalmente mortes inocentes.

 

Porque o mal cresce

05 out

O senso comum é dizer que o mal cresce porque o bem se omite, em parte isto é verdade, pois o mal é ausência do bem, mas esta ausência pode ser por aporia (desconhecimento), pela má educação que forma mentes sem iluminação e por fim por puro orgulho e poder.

O poder é uma forma de legitimar tanto o bem como o mal, isto só é possível pela violência, e a violência generalizada é a guerra, assim esta é a forma mais clara e inequívoca do mal, nela a intolerância, o desprezo pelo diferente, a imposição de ideias e de injustiças é facilitada.

Assim em diversas épocas de nossa história foi por meio da violência que impérios e ditadores impuseram suas vontades e ideologias, não sem o consentimento de boa parte da população, por isso lembramos da má educação, seja através de campanhas de propaganda, seja pela própria escolarização empobrecida e malformada, as duas questões estão ligadas.

É preciso por isto estar atentos a gestão em todos os níveis, desde as nossas casas, bairros e condomínios até as estruturas de poder, pequenas ações ilegítimas, educação para empatia, convivência, limpeza e até mesmo o lazer devem ser observadas e orientadas pelos gestores e órgãos públicos no sentido de preservar o espaço comum e os bens públicos.

O zelo pela honestidade, pela transparência, pelo diálogo respeitoso entre opiniões que não são necessariamente opostos, mas diferentes ainda que em direções completamente divergentes não deve ser motivo de ódio e violência, é sempre possível o diálogo.

O mal precisa da polarização, da radicalização (no mal sentido, há o sentido bom que é ir a raiz de um problema), da pura desavença como forma de justificar e propagar a violência.

Assim como sementes de uma boa árvore, também as ervas daninhas e plantas venenosas tem raízes, cresceram meio a uma plantação saudável e o fato que devem crescer juntas pode ser um equívoco porque poderão sufocar as sementes boas, as pestes e doenças em plantas.

Também a cura destas pestes deve-se tomar cuidados, na agricultura diversos pesticidas já foram condenados, e até plantas resistentes as doenças podem ser questionadas, a mutação genética pode inserir um mal maior que o esperado, há muito diálogo ético a respeito.

Assim três cuidados devem ser considerados: a educação ética de valorizar o que é bom, o zelo para que o erro e a maldade não se propaguem e finalmente os métodos de correção devem ter o cuidado de não realizarem um mal ainda maior.

 

As religiões e o mal

04 out

Um dos grandes equívocos, já desenvolvidos em alguns dos posts, é a dualidade maniqueísta mal x bem, sem entender que o mal é justamente a ausência do bem, grande pensador cristão, Agostinho de Hipona se converteu justamente abandonando o maniqueísmo.

Conceito religiosos há muito esquecidos, ou que ficam submersos em pregações equivocadas impedem aquilo que seria o “fluxo natural da humanidade em direção a iluminação da alma”, o mal tem fontes arraigadas em forma de pensamentos antigos e cargas emocionais do passado e, apesar de obsoletas, ainda persistem impedindo o progresso das almas.

O remédio seria muito simples, quanto mais próxima da iluminação da alma menos o mal está presente, e mais almas iluminadas torna o mundo mais empático, harmônico e sem injustiças.

A ética e a moral que deriva da necessidade de progresso civilizatório não encontra espaço se não houveram almas e pessoas em posições de destaque com iluminação clara e convincente, é por isto que o mal tornou-se uma questão social, teológica ou ideológica, e as vezes ambas.

Não são só pensadores cristãos que afirmam isto, Hannah Arendt fala da Banalidade do Mal, Nietzsche da “morte de Deus” (ou como “matamos” Ele, claro impossível), Paul Ricoeur e Lévinas sobre o Outro e Byung Chul Han sobre na “Sociedade do cansaço” fala da vita contemplativa em complemento da vita activa (das quais Hanna Arendt também falou), lembrando inclusive pensadores cristãos.

A volta de ameaças de uma guerra, a crise social de valores morais (tudo é permitido!), antes que uma verdadeira crise civilizatória aconteça é necessária uma nova iluminação das almas (no quadro (na pintura: São Francisco expulsando demônios de Arezzo*, de Benozzo Gozzoli).

A ausência de compreensão da subjetividade e do imaginário humano, ou sua submissão a valores pouco iluminados, a ausência de compaixão com os semelhantes, a incompreensão do progresso como tendo aspectos positivos fundamentais, até mesmo para salvar o processo civilizatório, leva a sociedade a exaustão, a descrença ou a fatalidade de guerras e ódios.

Não é difícil encontrar em jornais e mídias sociais encontrar posições favoráveis ao processo de exclusão de pessoas de determinada opinião, religião ou mesmo simples discordância de valores morais duvidosos (veja o caso do aborto no Brasil nesse momento), os debates são estéreis e ao invés de argumentos as reações são de sarcasmo e ironia.

São sementes do processo mais amplo de crise civilizatória em andamento e detectada por grandes pensadores desde o século passado, creditá-las as novas mídias, ao ressurgimento de nacionalismos e correntes autoritárias é olhar apenas a consequência, a raiz é a ausência de alma iluminadas que ajudem a humanidade a contemplar seu futuro com maior grandeza.

*  Quando Francisco foi a Arezzo, havia o maior escândalo e uma guerra quase na cidade inteira, de dia e de noite, por causa de duas facções que havia muito tempo se odiavam.