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“Brain rot” a palavra de 2024

07 jan

Segundo o site da Universidade de Oxford, uma pesquisa feita em votação publica com 37 mil pessoas, a palavra do ano escolhida foi “brain rot”, traduzida como “podridão cerebral” um estado mental produzido pelo excesso de consumo de conteúdos de baixa qualidade.

Segundo o site da imprensa de Oxford o primeiro uso registrado da palavra é de 1854, feito por Henry David Thoreau, no livro Walden, que relata suas experiências de viver um estilo de vida simples no mundo natural, o autor já criticava no século XIX a tendência da sociedade de desvalorizar ideias complexas, ou aquelas que podem ser interpretadas de maneira múltipla.

É importante por entender que esta forma de ver o simplismo do cotidiano, é muitas vezes um indicativo de declínio do esforço mental e intelectual, cita o texto de Oxford: “Enquanto a Inglaterra se esforça para curar a podridão da batata, não haverá nenhum esforço para curar a podridão cerebral – que prevalece de forma muito mais ampla e fatal”.

Isto serve para entender que as tecnologias midiáticas atuais aceleraram este processo, mas ele vem de longa data, e também a maior crítica a inteligência artificial deve-se ao fato que não elaboramos mais raciocínios e análises de questões complexas, assim a inteligência bem articulada de uma máquina torna-se superior a média de elaborações intelectuais de baixa qualidade, resultado do consumo de mídias com conteúdos sem conexão e sem veracidade.

É preciso compreender que isto é um processo mais longo que significou paulatinamente o esvaziamento de conteúdos de qualidade, de capacidade de leitura, e principalmente de metodologias e epistemologias que procuram simplificar métodos que não são simples, veja por exemplo as teorias físicas e cosmológicas, que deram um salto de newtonianas a quânticas.

No nível existencial há um esvaziamento do ser, isto em toda a literatura, Dostoievski que falamos no post anterior era também um existencialista, Edgar Morin falou do método complexo, a medicina cada vez mais fala de tratamentos holísticos que tratem todo o corpo.

Assim a visão de que isto é devido a emergência dos dispositivos digitais, é muito rasa, elas sem duvida influenciam, mas a tendência a uma cultura vazia vem de muito tempo, Nietzsche já falava nela, Theodore Dalrymple pseudônimo do psiquiatra Anthony Daniel que escreveu sobre o esvaziamento da cultura, já escria sobre isso na década de 80: Coups and Cocaine: Two Journays in South America (1986), Fool or Physician: The Memoirs of a Sceptical Doutor (1987) e Filosofa´s Republic (1989) (uso o pseudônimo Thrusday Migwa).

Enfim vivemos um declínio civilizatório, há até que fale de dificuldade comunicacional (estudos sobre alterações na escrita feito pela Universidade de Stavanger, na Noruega).