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Corpo, infinito e Noosfera

05 jun

O infinito se visto a partir da ontologia, sendo exatamente assim que o filósofo Lévinas o vê, não é senão a ideia Vasos comunicantesque todo o universo é um Ser, e este vive uma vida de corpo, é aproximada ao que propunha o filósofo Lebiniz do início da modernidade, com sua teoria das mônadas.

A metáfora do corpo é importante porque significa que cada célula (mônada no caso do universo) está submetida a uma pulsão e portanto é vivente organicamente e comunica.

Escreveu Heidegger como leitor de Leibniz: “A interna possibilidade da individuação [do ser], sua essência, reside na mônada enquanto tal. Sua essência é a pulsão” (Heidegger, p. 99).

“A pulsão é, enquanto este unificante, a natureza de um ente. Cada mônada sempre tem sua ‘prope constitution originale’. Esta é entregue juntamente com o ato da criação.” (pg. 99)

Aqui superamos a dicotomia natureza e cultura, poderíamos dizer a mônada individuada (não é individualizada porque permanece em pulsão com as outras), ao estabelecer sua pulsão em conjunto com todo o universo (unificante) estabelece a cultura geral como resultado de todo este conjunto de pulsões, e isto remete ao ato de criação ou ao Big Bang, ou seja, pulsão com o universo todo, e isto nos dá uma ideia de corpo organicamente vivente.

Mas este corpo sendo o universo não é finito como o corpo de um ser individual, então o Ser conforme pensou Lévinas a partir da terceira meditação de Descartes: “Não devo imaginar que não concebo o infinito por uma verdadeira ideia, mas somente pela negação do que é finito, do mesmo modo que compreendo o repouso e as trevas pela negação do movimento da luz: pois, ao contrário, vejo manifestamente que há mais realidade na substância infinito do que na substância finita e, portanto, que, de alguma maneira, tenho em mim a noção do infinito anteriormente à do finito … “ (Descartes, Meditações, 1973).

Teilhard Chardin chamou todo este corpo de Noosfera, porque sendo um místico entendia que também espiritualmente todo o corpo se comunica (noon espírito), e afirmava que todo o universo é corpo de Cristo, foi acusado de panteísmo, como Spinoza foi e como Leibniz poderia ser, talvez hoje não acusassem Lévinas nem Heidegger, afinal estes tem a mais ideia generosa de Ser, do ponto de vista místico.

Tudo isto pode parecer difícil, mas é simples se usarmos a metáfora dos vasos comunicantes, se em vaso colocamos água todos se elevam, se retiramos água todos caem, cada vaso é um Ser, a água é a pulsão, e o conjunto dos vasos é a cultura em determinado ponto.

Tudo que sabemos do universo até hoje é apenas 4% que é a matéria bariônica, os restantes 96% de matéria e energia escura permanece desconhecido, como afirma Lévinas no início de seu livro Totalidade e Infinito: “A verdade permanece oculta”.

 

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