Revoltas e hospícios na República
Em 1987 Euclides da Cunha, celebre por seu romance “Sertões”, foi enviado ao “arraial maldito” no povoado baiano de Canudos, pelo jornal então republicano O Estado de São Paulo.
Lá o que viu na revolta liderada pelo anacoreta Antonio Conselheiro, não foi o contraste “do progresso técnico contra o primitivismo religioso” (Cunha, 2015, p. 81), mas que “em momentos cruciais em que somos obrigados a aceitar ou não se aprende a lidar coma indiferença.” (idem).
Cunha cita de acordo com a análise de Rodrigo Gurgel em “Esquecidos e Subestimados”, que o soldado que aparece morto no romance de Euclides da Cunha pode ter sido fictício, colocado apena para dizer que haviam outros fatores na Campanha de Canudos.
Cunha analisa também que outro autor está interessado na natureza do real, Lima Barreto, que na abertura do quinto capítulo de Triste fim de Policarpo Quaresma (1916), Cunha faz uma longa descrita, mas aqui citamos apenas o final: “cada louco traz em si o seu mundo e para ele não há mais semelhantes: o que foi antes da loucura é outro muito outro do que ele vem a ser a ser após” (apud Cunha, 2015, p. 85)
O número de loucos crescia no Rio de Janeiro do início de século, e afirma Cunha: “o Rio era um ´inferno social´ e este clima de terror era transmitido aos literato, que não conseguiam acompanhar a fúria do progresso que parecia arrastar a todos sem pedir permissão” (Cunha, 2015, p. 87).
Não e tão importante saber que Lima Barreto foi um de suas vítimas, e ainda que é possível um paralelo com Euclides da Cunha, mas sim que entre os esquecidos de Canudos, dos hospícios e ‘O cemitério dos vivos’ (vida de Barreto no hospício) estão índios, negros, mulatos, e muitos outros que trataremos a seguir.