RSS
 

Quando não ser é

27 set

O que é o ser, a existência e de certa forma a consciência, já postamos aqui diversos AceitaçãoPtdesenvolvimentos desde a fenomenologia de Husserl, passando por Heidegger e Hanna Arendt até Gadamer, Paul Ricoeur e Emmanuel Lévinas, talvez o argumento seja incompleto.

Heidegger dizia que havia outra forma de falar da linguagem que seu sentido comum, e usando Goethe afirmou: a linguagem poética.

Clarice Lispector escreveu em seu romance A paixão segundo GH: “Ser é além do humano. Ser homem não dá certo, ser homem tem sido constrangimento. O desconhecido nos aguarda, mas sinto que esse desconhecido é uma totalização e será a verdadeira humanização pela qual ansiamos. Estou falando da morte? não, da vida. Não é um estado de felicidade, é um estado de contato.”

Hora o que é contato, senão relação e proximidade, mas lá onde está o desconhecido, aquele em que minha mente que jamais será um software pode penetrar, há um além do humano, como diz nossa autora, enquanto muitos preferem o Humano, demasiado humano, a primeira obra de Nietzsche depois de ter rompido com o pessimismo de Schopenhauer.

Mas curiosamente Clarice Lispector era próxima de Nietzsche e este continuou próximo de Schopenhauer, seu pessimismo não era mau humor ou loucura como alguns supõe, era apenas a evidencia de um idealismo romântico em crise, quase de um tédio mortal.

Em certas circunstancias ou saímos do círculo fechado ou estamos fadados a ele, já foi apresentado aqui a Filosofia da crise do brasileiro Mario Ferreira dos Santos sobre a qual afirmou: “a eterna presença do ser, no qual estamos imersos e que nos sustente, o qual nos permite comunicação …” (Filosofia da Crise, 2017, p. 35) e então a crise não é tão profunda, ela tem grau, e entre estes podemos dizer que não há um não ser, mas uma não ser que é.

Aceitação e conscientização dentro de um círculo hermenêutico de diálogo é uma saída.

Vivemos não um tempo de crise, mas uma crise de época, as recentes eleições na Alemanha parecem repetir o círculo vicioso do crescimento da extrema-direita, lá o AfD (Alternativa para a Alemanha) tornou-se a terceira maior força do poder Legislativo alemão, superando as expectativas e obtendo 13%, contra os 4,7% da eleição anterior.

Se as mudanças não vieram, a crise de nossos tempos pode se tornar crise civilizatória.

 

Comentários estão fechados.