Existe pensamento latino-americano
Sim, é evidente que existe, mas como escola de filosofia ainda está vinculado secularmente a diversas formas de pensamentos exógenos, que ao adaptar-se a nossa realidade ficam vagos.
Considero Miró Quesada, junto com Mario de Andrade (de Macunaíma principalmente) e Sérgio Buarque de Holanda (de Raízes do Brasil principalmente) aqueles que possuem algo genuíno.
Há toda uma filiação à esquerda de Eduardo Galeano, o argentino Nestor Canclini, e outros menos lidos: Manuel Ugarte (Argentina), José Martí (Cuba) e Manoel Bomfim (Brasil).
Claro há bravos pensadores da esquerda como Florestan Fernandes e Caio Prado, pensadores anárquicos como Bento Prado, o nem sempre valorizado Milton Santos, e pensadores conservadores como Olavo de Carvalho e o esquecido Mário Ferreira dos Santos, que é bom .
Gosto da divisão didática de Quesada, dizendo que o filosofar latino-americano nasce no fim do século XIX, combatendo o positivismo (quanta gente ainda nem saiu desta), mas ainda vinculada com um instrumental europeu.
A segunda, que chamou de “forgadores” e “patriarcas”, mas que ele de modo inteligente divide em regional e universal, resolvendo isto, que fez o trabalho de recuperar línguas e fontes dando cores ao pensamento latino-americano.
A terceira geração, curiosamente é também o período de Mário de Andrade e Sergio Buarque de Holanda, lançam a pergunta se possível uma especificidade do pensamento latino-americano, isto fundou o Grupo Hiperión.
Miró Quesada definiu-se como um ateu nostálgico e depois adotou um tipo de panteísmo, que penso ser muito presente na cosmogonia latino-americana.
Sua primeira obra publicado foi “Sentido del movimento fenomenológico” (1941), e como já dissemos no post anterior, foi ele que cunhou o termo Lógica Paraconsistente em 1976.
Teve encontros marcantes, há registro disto, com Madre Teresa de Calcutá e Kurt Gödel.
Suas principais influências são os filósofos José Ortega y Gasset e Leopoldo Zea, o fato que há fortes vínculos a primeira geração, que é a critica ao positivismo é uma vertente dele, mas ainda hoje há resistência a passarmos para a segunda das nossas raízes e chegarmos a terceira para ir além das raízes e olhar o futuro.