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A ética e a moral são importantes

26 out

Desde a sociedade grega, passando por todas as culturas e gerações as sociedades elaboram regras e condutas morais como parte de sua estabilidade social, é verdade que devem evoluir, mas sem elas o vácuo de organização e poder leva a uma crise civilizatória cultural.

Até o teórico da escola de Frankfurt Adorno escreveu um livro chamado “Minima moralia”, o livro além de mostrar a superação da Fenomenologia do Espírito de Hegel, ao argumento que a vida “do espírito só conquista a sua verdade quando ele se encontra a si mesmo no absoluto desgarra mento …não é este poder como o positivo que se aparta do negativo” (Adorno, 1951, p. 5-6) e argumenta que isto se deve ao seu apego ao pensamento liberal que super valoriza o individual.

Filosofando sobre o conflito de gerações, onde expõe problemas das várias idades da vida, vai afirmar que: “Com horror se deve reconhecer que muitas vezes já antes, na oposição aos pais, porque eles representavam o mundo, se encontrava em segredo o porta-voz de um mundo pior em face do mundo mau” (Adorno, 1951, p. 11).

Assim ao contrário de Marx que praguejou contra a família, quem quiser leia seu escrito “A sagrada família”, Adorno vai dissecar os casamentos por interesses, ao afirmar “quanto mais “generosa” foi originariamente a relação mútua entre os cônjuges, quanto menos tinham pensado na propriedade e na obrigação, tanto mais odiosa será a degradação; pois é no âmbito do juridicamente indefinido que prospera a disputa, a difamação, o incessante conflito dos interesses! (Adorno, 1951, p. 21T

Faz uma analogia com o bater a porta, no sentido de respeitar a individualidade e também ter a leveza dos cuidados, compara isto as portas de carros e geladeiras: “Desaloja dos gestos toda a hesitação, todo o cuidado, toda a urbanidade” (Adorno, 1951, p. 29) e explica o fato de fecharem-se sozinhas.

Embora relativamente antigo, sua leitura é atual ao confrontar a autoconsciência de Hegel, que era a verdade da certeza de si mesmo; dito na Fenomenologia: “o reino nativo da verdade” para aquilo que hoje é o self conscious: “a reflexão do eu como perplexidade, como percepção da impotência: saber que nada se é” (Adorno, 1951, p. 40).

Fala da crise do pensamento: “falar sempre, pensar nunca” (p. 55), a ausência de interioridade em “dentro e fora” (p. 57) e pede “para uma moral do pensamento” (p.64) na sociedade de narrativas.

Valorizar as relações familiares, a relação de pais e filhos, a empatia e a sensibilidade ainda existem.

ADORNO, T. Minima Moralia, primeira edição 1951, Portugal: Lisboa, edições 70. (Pdf)

 

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