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As primeiras disputas de Israel
Então Abrão que era caldeu, da cidade de Ur no sul da mesopotâmia, sob inspiração divina sob o rio Eufrates e vai até Harã, e depois desce até Canaã, passando por Sodoma, onde se separa do sobrinho Ló, e partindo de lá não deviam olhar atrás, a mulher de Ló olha e se torna uma estátua de sal.
Chegam a Canaã e lá já haviam habitantes (os cananeus), havia a promessa divina de dar-lhe um filho, porém com o consentimento da mulher Sarah (o nome original Sarai foi mudado por Deus), Abrão gera da escrava Agar o filho Ismael, mas depois Sarah também terá o filho Isaac.
Deus lhe pede o filho em sacrifício, mas quando está pronto para realizar, um anjo lhe aparece e pede que sacrifique no lugar um cordeiro, e depois lhe promete uma infinita descendência e passa a chamado de Abraão.
O local deste sacrifício é hoje uma mesquita, porém há um acordo entre muçulmanos, cristãos e judeus para poderem frequentar o lugar, hoje chamado Domo da Rocha (foto).
A questão familiar era importante na época, afinal Abrão era para ser o patriarca do povo escolhido por Deus, então queria uma mulher de sua linhagem e não uma cananéia, encontrou Rebeca, filha de Betuel, irmã de Labão, este de um ramo da família de Abrão que permaneceu em Harã.
Novo drama, Rebeca tem dificuldade de ter filhos, mas acaba tendo gêmeos, Esaú e Jacó, este nasce depois e perderia o direito a primogenitura, não fosse um truque feio junto da mãe de preparar uma ceia ao gosto de Isaac que estava quase cego, e vestir o filho com peles porque o irmão nascido minutos antes, portanto mais velho, era mais peludo, e Isaac abençoa Jacó.
Mas Jacó sabe que precisa da benção de Deus, então indo ao encontro do irmão, numa noite luta com um anjo para conseguir a benção divina, depois disso será chamado Israel, o sufixo el na bíblia significa Deus, então aquele que lutou com Deus, na verdade, com um ano Gabriel, “fortaleza de Deus” ou Miguel, que significa “ninguém como Deus”, chefe dos “exércitos”.
Jacó terá como filhos aqueles que darão nome as doze tribos de Israel (veja tópico anterior) e José, vendido como escravo aos egípcios, tendo dons de revelação, revela ao rei egípcio, o que significava os sonhos dele com “vacas gordas e vacas magras”, que viria um tempo de escassez e recebe um cargo do faraó exatamente de cuidar das dispensas do reino.
Os irmãos que o venderam, então saem de Canaã e vão até o Egito, onde José depois de expressar seu descontentamento (um grito foi ouvido em todo palácio), acolhe os irmãos, então Israel deixa de ter as terras e outros povos ocupam o lugar.
Porém o faraó seguinte, aparentemente Sethi não é amigo dos judeus e quer que todos os recém-nascidos sejam mortos, porém a mãe de Moisés, Joquebede, um recém-nascido o joga num cesto no Rio Nilo e ele é acolhido por uma princesa e ela o leva ao reinado em seu cuidado.
Moisés é treinado como um nobre, mas deseja libertar seu povo que vive como escravo, e em certo evento místico, chamado da “sarça ardente” Deus lhe revela o destino e pede para comandar seu povo de volta a Canaã, após várias batalhas o reino de Israel é revivido, mas dividido com Judá ao Sul, são nomeados juízes, governantes que eram chamados por Deus.
Este é o único e verdadeiro período teocrático da Bíblia, os juízes eram nomeados por inspiração divina, alguns eram pessoas simples, como o Gideão (lenhador) e Debora, foram 14 juízes, mas o povo depois pediu reis “como os outros povos” e eles dependiam dos profetas.
Origens religiosa e histórica de Israel e Palestina
Embora Noé não seja uma figura registrada na história, seus filhos Cam e Sem estão registrado pois são a origem dos povos camitas (ou caimitas) e semitas, estes últimos se destacam por serem hebreus e árabes e assim compartilham tanto origens culturais como religiosas, mas também haviam arameus e fenícios. Os filisteus eram um povo que veio do oeste e habitou mais tarde ali.
Abraão, que era Caldeu, um povo que habitou ao sul do rio Eufrates, era filho de , na linhagem de Sem, vem de seu filho Arfaxade, que gerou Salá, que gerou Héber, que gerou Pelegue, que gerou Réu, que gerou Serugue, que gerou Naor, que gerou Terá, pai de Abrão (só depois será chamado de Abraão devido uma sua descendência).
O pai e o irmão de Abrão falecem na Caldéia, e seu sobrinho Ló que viajará até Canaã, entretanto subindo o rio Eufrates e depois descendo pelo norte do Oriente médio, antes se separam dividindo as terras, ficando Ló com as mais férteis ao oeste e Abrão com as terras do sul.
Os descendentes de Ló ficaram povos conhecidos como Amonitas, devido ao deus Amon, e que são filhos do incesto de Ló com sua filha mais nova, conta a narrativa bíblica que ao saírem de Sodoma é dito que não deveriam olhar para trás e a mulher de Ló olha e se transforma em sal.
Ao leste até o Mediterrâneo fica Abrãao, agora chamado assim por Deus, depois de ter seu Filho Isaac (prometido por Deus) com sua esposa Sara, e Ismael com Agar, sua escrava.
Enquanto Isaac será o “filho da promessa” e através dele nascerão as doze tribos de Israel, no Alcorão pode se ler: “No Alcorão; “Deus deu dons a todos Ismael, Eliseu, Jonas e Lot favor acima das nações”, assim Ismael não é preterido.
De Isaac nasceram os gêmeos Esaú e Jacó, Esaú nasce primeiro, porém através de um disfarce, Jacó se veste de peles de animais, ajudado por sua mãe Rebeca, pois seu irmão era mais peludo e seu pai Isaac estava quase cego, percebe a voz diferente, mas abençoa o filho, na tradição hebreia o filho mais velho, o primogênito, tinha prioridade em liderar a família.
Jacó lutará com um anjo para conseguir a benção divina, antes de um confronto com o irmão, e na narrativa bíblica é aí que ele recebe o nome de Israel, que significa “aquele que lutou com Deus” (todo sufixo el do hebraico significa Deus), os Gabriel (fortaleza de Deus) e Miguel (ninguém como Deus) são duas hipóteses possíveis da luta de Jacó, agora Israel.
Os filhos de Israel formarão as 12 tribos: de Helena: de José (que foi vendido aos egípcios pelos irmãos) ficarão seus netos Benjamin e Manassés, de Lia (primeira esposa): Ruben, Simeão, Judá, Issacar, Zebulom e Levi (que eram sacerdotes e não tinham terras), da escrava Bila: Dã e Naftali, e da escrava Zilpa: Gade e Asser.
Na verdade seriam treze tribos, porém as tribos Benjamim e Manassés, filhos de José, formaram uma só tribo.
Tensão no Oriente Médio
Apesar de iniciar uma fase crítica (o inverno) a guerra da Ucrânia e Rússia saem do foco, com o aumento da tensão entre Israel e a Palestina que reivindica um território próprio.
Depois de uma incursão ousada e cruel no território israelense, o grupo militar fez vários reféns e Israel respondeu atacando áreas da faixa de Gaza e cortando água e energia do território israelense como forma de pressionar a entrega dos reféns.
A situação humanitária fez que vários organismos internacionais apelassem para Israel permitir a ajuda humanitária, enquanto Israel dá a opção de se deslocarem para o sul onde seria restabelecida o abastecimento de água e energia, dando um prazo curtíssimo e um ultimato.
Há um ponto ao sul onde é possível uma passagem para o Egito, que é o campo de refugiados de Rafah, negociações entre o secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken e o presidente do Egito Abdel-Fattah El-Sisi indicam que esta passagem seria aberta para a ajuda humanitária.
Israel se prepara para uma luta em três frente, já que no sul do Líbano houveram ataques de outro grupo antissemita, o Hezbollah e já há tensões e tomadas de pontos de combate com a Síria, também através do Hezbollah.
A tensão maior fica para um possível envolvimento do Irã, que financia estes grupos contra Israel e lideranças do Hamas já foram até o Irã conversar com autoridades do país, entretanto os EUA advertem que uma entrada do Irã na guerra provocaria forte tensão com o Ocidente, já que os EUA enviaram porta aviões.
O envolvimento do mundo árabe pode tornar a crise ainda maior, já há conversas unilaterais.
A Rússia é uma aliada tradicional da Síria, e com uma aproximação militar do Irão pode criar um eixo de aliados com inimigos comuns, o que traça um quadro geopolítico perigoso.
A paz parece distante, e os elementos para uma guerra de consequências trágicas vai se desenhando, mas não deixam de existirem forças localizadas para a paz.
Nova frente de guerra e semana perigosa
Desde que Israel havia desenvolvido um forte esquema de baterias antiaéreas chamado de Domo de Ferro, os ataques com mísseis na região haviam diminuído, porém no final da semana um novo ataque do grupo Hamas aconteceu e mais de 700 pessoas foram mortas, mostrando que há fragilidades neste sistema, Israel respondeu com mísseis no território palestino.
Os militares de Israel foram apanhados de surpresa no sábado (07/10) e apesar de décadas em que o país se tornou uma potência tecnológica com forças armadas mais impressionantes do mundo e uma agência de inteligência de primeira linha, tudo isto simplesmente não funcionou e isto cria uma nova fronte de guerra numa geopolítica já com problemas delicados.
O Hamas tem como forte aliado o Irã, que forneceu drones para a Rússia, e embora tenha desmentido que isto continue ocorrendo, o Irá deseja fazer parte do BRICS e do lado de outra guerra invisível, segundo palavras do Medvedev, o vice-presidente do conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente do país, esta guerra está ocorrendo.
Ele se referia a boa safra de grãos de trigo da Rússia, a qual pretende tornar moeda de troca com países aliados, fornecendo inclusive suprimento para países aliados da África que não tem recursos para esta compra de grãos.
A semana é delicada na Ucrânia e Rússia, porque de ambos os lados espera-se um novo ataque surpresa assim como o do Hamas em Israel, do lado Ucraniano os mísseis de longo alcance, e do lado russo a destruição de fontes de energia na Ucrânia que tornaria o inverno que se aproxima cruel com a população e enfraquecimento do exército militar da Ucrânia, que já tem dificuldades com as munições para as regiões de conflito.
Espera-se algo novo no aspecto da paz, não faltam acenos da Rússia, mas sem negociar os territórios já conquistados, enquanto o lado ucraniano quer a posse de volta incluindo a polêmica Criméia, um dos alvos principais na contraofensiva.
Todas as pessoas de boa vontade e que sabem os perigos da guerra desejam algum alento.
O verdadeiro compromisso com o bem comum
Maus gestores e ditadores também prometem trabalhar pelos excluídos e pelo bem comum, o que acontece é que seus verdadeiros interesses pessoais permanecem ocultos.
Ninguém diz abertamente que vai fazer o mal, a não ser psicopatas declarados que já estão num grau de enfermidade mental que não conseguem mais disfarçar seus desejos.
As análises políticas e sociais escondem interesses de violência, de ódio e de guerra aos opositores, não faltam justificativas, porém qualquer iniciativa de exclusão já é um indício de que nenhum bem comum será bem gerenciado por estes gestores.
Começam com pequenas ações que inicialmente confundem as pessoas de boa fé e que querem de fato o bem comum a todos, a vida pacífica e equilibrada para todos, porém aos poucos os verdadeiros desejos pessoais de posse pessoal dos bens vão se revelando.
A corrupção também começa assim, pequenos furtos não coibidos levam aos grandes quando não há impunidade, pais que corrigem e educam sem filhos sabem disto, é preciso estar sempre atento as ações e ao que cada pequeno gesto leva, educadores também sabem disto.
Como diz uma leitura bíblica, um dono de uma vinha arrendou-a e viajou, depois de certo tempo mandou os empregados cobrarem a parte do arrendamento (Mt 21,33) bateram nele e o mandaram de volta, mandou outros e também apanharam e voltaram sem nada e finalmente mandou o filho, então os arrendatários pensaram matamos ele e ficamos com a vinha, e Jesus lembra ao final da parábola de si próprio: a pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se a pedra angular.
É assim que o bem se estabelece, com aqueles que os maus rejeitaram, oprimiram e depois de muito sofrimento é possível estabelecer a paz e o bem comum.
A resiliência e o desenvolvimento do bem é maior que as grandes maldades, embora evita-las significa também evitar injustiças, desiquilíbrios sociais e principalmente mortes inocentes.
Porque o mal cresce
O senso comum é dizer que o mal cresce porque o bem se omite, em parte isto é verdade, pois o mal é ausência do bem, mas esta ausência pode ser por aporia (desconhecimento), pela má educação que forma mentes sem iluminação e por fim por puro orgulho e poder.
O poder é uma forma de legitimar tanto o bem como o mal, isto só é possível pela violência, e a violência generalizada é a guerra, assim esta é a forma mais clara e inequívoca do mal, nela a intolerância, o desprezo pelo diferente, a imposição de ideias e de injustiças é facilitada.
Assim em diversas épocas de nossa história foi por meio da violência que impérios e ditadores impuseram suas vontades e ideologias, não sem o consentimento de boa parte da população, por isso lembramos da má educação, seja através de campanhas de propaganda, seja pela própria escolarização empobrecida e malformada, as duas questões estão ligadas.
É preciso por isto estar atentos a gestão em todos os níveis, desde as nossas casas, bairros e condomínios até as estruturas de poder, pequenas ações ilegítimas, educação para empatia, convivência, limpeza e até mesmo o lazer devem ser observadas e orientadas pelos gestores e órgãos públicos no sentido de preservar o espaço comum e os bens públicos.
O zelo pela honestidade, pela transparência, pelo diálogo respeitoso entre opiniões que não são necessariamente opostos, mas diferentes ainda que em direções completamente divergentes não deve ser motivo de ódio e violência, é sempre possível o diálogo.
O mal precisa da polarização, da radicalização (no mal sentido, há o sentido bom que é ir a raiz de um problema), da pura desavença como forma de justificar e propagar a violência.
Assim como sementes de uma boa árvore, também as ervas daninhas e plantas venenosas tem raízes, cresceram meio a uma plantação saudável e o fato que devem crescer juntas pode ser um equívoco porque poderão sufocar as sementes boas, as pestes e doenças em plantas.
Também a cura destas pestes deve-se tomar cuidados, na agricultura diversos pesticidas já foram condenados, e até plantas resistentes as doenças podem ser questionadas, a mutação genética pode inserir um mal maior que o esperado, há muito diálogo ético a respeito.
Assim três cuidados devem ser considerados: a educação ética de valorizar o que é bom, o zelo para que o erro e a maldade não se propaguem e finalmente os métodos de correção devem ter o cuidado de não realizarem um mal ainda maior.
As religiões e o mal
Um dos grandes equívocos, já desenvolvidos em alguns dos posts, é a dualidade maniqueísta mal x bem, sem entender que o mal é justamente a ausência do bem, grande pensador cristão, Agostinho de Hipona se converteu justamente abandonando o maniqueísmo.
Conceito religiosos há muito esquecidos, ou que ficam submersos em pregações equivocadas impedem aquilo que seria o “fluxo natural da humanidade em direção a iluminação da alma”, o mal tem fontes arraigadas em forma de pensamentos antigos e cargas emocionais do passado e, apesar de obsoletas, ainda persistem impedindo o progresso das almas.
O remédio seria muito simples, quanto mais próxima da iluminação da alma menos o mal está presente, e mais almas iluminadas torna o mundo mais empático, harmônico e sem injustiças.
A ética e a moral que deriva da necessidade de progresso civilizatório não encontra espaço se não houveram almas e pessoas em posições de destaque com iluminação clara e convincente, é por isto que o mal tornou-se uma questão social, teológica ou ideológica, e as vezes ambas.
Não são só pensadores cristãos que afirmam isto, Hannah Arendt fala da Banalidade do Mal, Nietzsche da “morte de Deus” (ou como “matamos” Ele, claro impossível), Paul Ricoeur e Lévinas sobre o Outro e Byung Chul Han sobre na “Sociedade do cansaço” fala da vita contemplativa em complemento da vita activa (das quais Hanna Arendt também falou), lembrando inclusive pensadores cristãos.
A volta de ameaças de uma guerra, a crise social de valores morais (tudo é permitido!), antes que uma verdadeira crise civilizatória aconteça é necessária uma nova iluminação das almas (no quadro (na pintura: São Francisco expulsando demônios de Arezzo*, de Benozzo Gozzoli).
A ausência de compreensão da subjetividade e do imaginário humano, ou sua submissão a valores pouco iluminados, a ausência de compaixão com os semelhantes, a incompreensão do progresso como tendo aspectos positivos fundamentais, até mesmo para salvar o processo civilizatório, leva a sociedade a exaustão, a descrença ou a fatalidade de guerras e ódios.
Não é difícil encontrar em jornais e mídias sociais encontrar posições favoráveis ao processo de exclusão de pessoas de determinada opinião, religião ou mesmo simples discordância de valores morais duvidosos (veja o caso do aborto no Brasil nesse momento), os debates são estéreis e ao invés de argumentos as reações são de sarcasmo e ironia.
São sementes do processo mais amplo de crise civilizatória em andamento e detectada por grandes pensadores desde o século passado, creditá-las as novas mídias, ao ressurgimento de nacionalismos e correntes autoritárias é olhar apenas a consequência, a raiz é a ausência de alma iluminadas que ajudem a humanidade a contemplar seu futuro com maior grandeza.
* Quando Francisco foi a Arezzo, havia o maior escândalo e uma guerra quase na cidade inteira, de dia e de noite, por causa de duas facções que havia muito tempo se odiavam.
Guerra em desgaste e paz em Nagorno-Karabakh
Enquanto a guerra russa/ucraniana entra numa fase de desgaste, uma região de fronteira tem um sinal de paz, ainda que signifique uma perda de território.
A luta pelo domínio da região de Nagorno-Karabakh, de maioria armênia remonta a séculos, entretanto o presidente da autodeclarada república de Nagorno-Karabakh, Samvel Shaharamanyan declarou que ela deixaria de existir a partir de 1º. de janeiro de 2023.
No século 18, quando a região sofria pressão da Pérsia, a czarina russa Catarina II emitiu cartas de proteção a eles, porém o conflito nunca foi totalmente resolvido.
O decreto assinado dissolveu todas as instituições estatais que serão desocupadas até o início de 2024, e mais de 100 mil armênios já deixaram o país, que já tem a presença de militares do Azerbaijão, de maioria muçulmana e apoiado pela Turquia, a Armênia é cristã e apoiada pela Rússia.
A região tem importância geopolítica porque desde a guerra da Rússia contra a Ucrânia, o Azerbaijão fornece milhões de barris de petróleos para a união europeia através do Mar Cáspio pela costa mediterrânea, e recentemente a Rússia anunciou que não fornecerá mais.
O genocídio armênio de 1915-1916 durante o Império Otamano levou muitos armênios a fugirem para esta região de Nagorno-Karabakh, desde então são chamados de azeris, durante a revolução russa a região continuou em conflito com o Azerbaijão, embora ambas fossem repúblicas soviéticas, os anti-armênios da cidade de Shusha mataram 30 mil armênios.
Com o fim da união Soviética, os armênios voltaram a se constituir como nação, mas o conflito de Nagorno-Karabakh permaneceu, houveram vários períodos de lutas na região, agora com a sessão do território esta república autônoma deixa de existir.
Apesar do temor dos armênios separatistas, esta nova situação é um grande sinal de paz.
Rússia e Ucrânia podem se inspirar neste modelo ou algo parecido, o mundo deseja a paz.
O mal e as guerras de Dario
A separação entre a história humana laica e a religiosa nem sempre é possível sem uma adulteração de ambas por parte de quem a faz de modo particular.
Neste processo também se insere a questão do bem e do mal, é pensamento comum que serão “salvos” aqueles que estão nesta ou naquela confissão religiosa, ou ainda, que de alguma forma aceitaram Deus em suas vidas, esta é só uma parte da verdade.
Diz a leitura bíblica: “nem todo aquele que diz ‘Senhor Senhor!!’ entrará no reino dos céus” (Mt 7,21) e assim a compreensão do que significa de fato fazer um bem agradável aos céus, não é nem de longe o simples compromisso religioso formal ou nominal, é preciso a vontade.
A vontade também não é como uma crença que se espalha nos dias de hoje a reafirmação diária do desejo de determinada coisa, chamada de lei da atração ou “o mistério”, nem é também a vontade de potência como pensou Nietzsche, para o filósofo tudo no mundo é Vontade de Potência porque todas as forças procuram a sua própria expansão.
Vontade é num sentido espiritual aquilo que está em consonância com a potência que somos e que devemos desenvolver, dir-se-ia uma vocação, porém em atos cotidianos e que exigem a capacidade de discernir entre a própria vontade, muitas vezes impetuosa, e aquela que é um bem.
Aquilo pode-se distinguir melhor o mal, ausência do bem, e este mal, é o que desenvolvemos na semana passada como a inadequação do bem: enriquecer de modo ilícito, ser superior aos outros, julgar por critérios próprios não universais, enfim uma infinidade de questões são um mal não aparente, mas real.
Uma história universal e citada na bíblia é a de Dario no Império Persa, não sendo religioso ele chegou a nomear o profeta Daniel a uma de suas províncias (chamadas sátrapias), determina que o povo hebreu seja repatriado e autoriza a reconstrução do templo, conforme narra o livro de Esdras.
Sem ser religioso reconhece o povo hebreu, assim Dario tem um lugar privilegiado na história bíblica e religiosa, também um outro evento curioso é a guerra dos medos e lídios, após uma batalha indecisiva, no dia 25 de maio do ano de 585 a.C., ambos exércitos encerram a luta por um sinal no céu, que na verdade era um eclipse lunar anular.
Esta data foi confirmada por cálculos científicos, sendo uma das primeiras de eclipse anular registrado, outro igual acontecerá dia 14 de outubro próximo.
Assim pode-se entender os desígnios históricos e divinos mesmo sem uma crença, como fez o rei Dario e fazer aquilo que é justo e bom para os povos e a humanidade.
Em tempos de ameaças de guerra, encontrar este bem pode evitar grandes desastres.
Um inverno europeu frio e perigoso
Entramos na primavera do hemisfério sul e no outono do hemisfério norte, na Europa a preocupação com o estoque de combustíveis para o inverno devido ao embargo russo é crescente, há perigo de racionamento e uma corrida ao uso de carvão, na Polônia por exemplo já há filas para comprar os estoques.
Mas este não é o único aspecto, a redução da oferta de diesel pela Rússia afetará todo mercado mundial e o preço dos combustíveis fósseis pode disparar, segundo a Abicom a defesa no Brasil é de 7% em relação ao mercado internacional e 12% no caso do diesel, e poderá aumentar.
Outra crise é a dos alimentos, porque a Ucrânia manteve boa parte de sua produção o que ajuda o mercado internacional, mas há um conflito do escoamento através da Polônia onde os produtores do país tem proteção e é famoso o porto de Gdansk, já que no mar Negro cresce o embate militar na Criméia.
A crise geopololítica é o problema mais grave, se a Ucrânia perder parte de seu território, países bálticos como Estônia e Letônia que fazem fronteira com a Rússia e Bielorrússia, e Lituânia que faz fronteira com a Bielorrússia se sentem ameaçados (mapa), e a pergunta é quem será o próximo alvo.
O noticiário fala da ajuda da OTAN, porém estes pequenos países devido a sua fragilidade têm apoiado militarmente e materialmente a Ucrânia, há inclusive vários relatos de alistamento de militares na guerra da Ucrânia.
Os Estados Unidos anunciaram mísseis de longo alcance (tipo ATACMS) e o inverno é sempre uma estratégia durante a guerra devido as dificuldades de logística e mobilidade das tropas, agora também devido às provisões e energias para aquecimento.
A Ucrânia propôs um plano de paz que foi rechaçado pela Rússia, Zelenski foi até a assembleia que se realizava e teve conversas bilaterais, inclusive com o Brasil, o que certamente irritou a Rússia, mas além e princípios de paz e ajuda mútua não há qualquer indicio de um posicionamento brasileiro no confronto.
O que se pode esperar para o inverno, não havendo paz é perigoso não apenas para os países em conflito, mas para toda Europa pela proximidade e todo mundo pelas questões econômicas, os combustíveis são só um aspecto.