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O que faremos com a nossa vida?
A clareza era que já havia um movimento no qual “tanto as causas antrópicas, humanas, e a desregulagem climática, quanto aos ataques a biodiversidade” (Morin, Viveret, 2013, p. 35) algum descompasso civilizatório já era notado, e o que eles chamam de excesso: “já está presente, tanto na crise ecológica, quanto na face social, financeira ou geopolítica da crise”, e é ela que gera a muito tempo um mal estar, já dizia Freud um “mal estar na civilização”.
Contam os autores, fazendo uma ironia que o Wall Street Journal em breve momento de lucidez escreveu: “Wall Street conhece apenas dois sentimentos, a euforia e o pânico”. (p. 37), dito de outra forma por aqueles que não aplicam em jogos de bolsas de valores, “o caráter sistêmico da crise que atravessamos é, portanto, formado por essa dupla excesso/mal- estar” (p. 40), e a pandemia o que fez foi colocar esta dupla numa espiral descendente.
Não é uma pergunta feita depois da pandemia, mas antes no livro que estamos analisando “Como viver em tempo de crise?” de Edgar Morin e Patrick Viveret, ao reler vejo a clareza que tinham do futuro, embora a pandemia não tenha sido imaginada por ninguém, mesmo aqueles que previam uma guerra biológica ou uma humanidade paralisada, refiro me aqui ao Ensaio sobre a Cegueira de Saramago, e o “O Evento cobra” de Richard Preston.
Este ciclo, mais ainda agora na pandemia, “vai nos obrigar a levantar as questões da sobriedade feliz ou, pelo menos, da articulação entre simplicidade e desenvolvimento na ordem do ser, e não de crescimento da ordem do ter, tratando a questão das causas e não apenas dos sintomas.” (p. 42).
O fim de um ciclo que vivemos tem como ápice “o fim do ciclo histórico da salvação pela economia. Porque as promessas de salvação pela economia não foram cumpridas.” (p. 43), sem a economia estaria onde? os que creem num processo escatológico entendem para onde vamos (a maioria dos religiosos nem sempre observam este ciclo), mas se tratando apenas da vida presente em meio a este turbilhão, “a questão da salvação volta a se apresentar para a humanidade, à medida que se configura a possibilidade de pôr fim prematuramente a sua breve história.” (p. 44).
Compartilhando recursos comuns
A incompreensão das vantagens e de uma nova ação política coletiva, leva a muitas instituições e ações humanitárias coletivas a um cooperativismo pouco fértil e ao assistencialismo puro e simples, sem compreender de fato os ganhos que uma ação coletiva pode obter, sendo sustentável, em escala e podendo trazer benefícios sociais muito promissores.
A tese básica da “ação coletiva” foi lançada no livro de Mancur Olson ( A Lógica da Ação Coletiva. São Paulo: EDUSP, 1999), cuja tese central é “mesmo que todos os indivíduos de um grupo grande sejam racionais e centrados em seus próprios interesses, e que saiam ganhando se, como grupo, agirem para atingir seus objetivos comuns, ainda assim eles não agirão voluntariamente para promover esses interesses comuns e grupais” (Olson, 1999, p. 14).
Tese parecida é a de Elinor Ostrom, primeira mulher prêmio Nobel de Economia (2009), no livro (Governing the Commons, Cambridge Univ. Press, 1990) onde desmente o raciocínio da Tragedy of Commons (HARDIN, Garrett, Science, v. 162, p. 1243-1248 , 1968), que indica que a propriedade privada é o único meio de proteger os recursos comuns (água, ar, florestas, etc.) da ruína e do esgotamento. Ostrom desmentiu em sua teoria econômica isto, e desenvolveu a teoria como as comunidades cooperam para compartilhar unidades de recursos para compartilhamento e o uso, o que significa na esfera pública e para o futuro do planeta.
Ostrom demonstrou a eficácia com dados documentados em diversos exemplos eficazes semelhantes de “governar os comuns” em sua pesquisa no Quênia, Guatemala, Nepal, Turquia e Los Angeles.
Don Tapscott: revendo seus conceitos
Reli o livro A economia digital de Don Tapscott que é de 1996, como o da Sociedade em Rede de Castells, vale a pena reler alguns autores com o passar do tempo para ver se havia logica social naquilo que diziam.
Melhorei meu conceito de Don Tapscott (autor do best seller Wikinomics), mas que tem um dos seus primeiros livros o: The Digital Economy: Promise and Peril in the Age of Networked (A Economia Digital: Promessas e Perigos na Era da Rede), em que estabelecia 12 fatores importantes a serem observados, e penso que continuam válidos:
Conhecimento, o foco dos negócios até o surgimento das redes era explorar o recurso do capital humano, que era traduzido em conhecimento na ação prática de uma empresa ou organização, agora o foco é o conhecimento que significa dar oportunidade ao desenvolvimento das capacidades criativas dos trabalhores.
Digitalização, ao contrário do processo anterior que no qual a informação deveria ter um formato físico, traduzido em números, relatórios e pelo movimento real das pessoas, com os dispositivos digitais há uma mobilidade da informação e as pessoas podem ser produtivos em diferentes locais e horários, podendo organizar seu tempo.
Virtualização, na nova economia é possível converter as coisas físicas e tangíveis em coisas virtuais mas reais. Assim produtividade significa boa relação com diversas entidades que estão relacionadas a produção, como orgãos publicos, credores, clientes e até mesmo concorrente, tudo torna-se relacional.
Molecularização, estruturas tradicionais verticais estão dando lugar a ambientes de maior fluxo e as equipes pode ser organizadas por tarefas, problemas ou ações.
Integração e Internetworking, a um nível microscópico, a organização vontade individual deve ter todos os benefícios das pequenas empresas, devido a redes de novas tecnologias, mas não será sobrecarregados com custos desnecessários resultantes da hierarquia e incapacidade de mudar. No nível macro, toda a economia vai funcionar da mesma maneira em que todos os clientes/fornecedores, concorrentes, e assim por diante terão que interagir e se integrar para sobreviver.
Convergência, é o setor econômico dominante está sendo criado pelas convergências da computação, das comunicações e dos conteúdo. Estes, juntos, criam um ambiente muito interativo, que é uma das plataformas da qual as outras que seguem são dependentes, a saber: desintermediação, inovação, imediatez, customização (ou prossumption), mundialização (o termo globaliação lembra monopólios) e aceitação da discordância (uma face da customização).
Penso que é um bom autor, a maioria dos conceitos feitos no início da Web ainda são válidos.
2013: hora de ajustes nos gastos
As cinco maiores economia do planeta os seguintes PIBs (Produto interno Bruto, enfim o quanto geram de economia num ano): EUA – US$ 15,643, CHINA – US$ 8,249, JAPÃO – US$ 5,936, ALEMANHA – US$ 3,405, FRANÇA – US$ 2,607 e INGLATERRA – UK – US$ 2,444; o BRASIL vem logo a seguir com U$ 2,3 tri e a Itália com U$ 2,1 tri, tendo chegado em alguns momentos a ultrapassar a Inglaterra, mas com um detalhe o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes e a Inglaterra 51 milhões e a Itália 61 milhões.
A economia aparentemente vai bem, mas houve uma extraordinária expansão do crédito nos últimos anos, até o ano de 2001 era de 25,8% do PIB e em maio deste ano chegou a 50,1% do PIB, só para entender fazendo uma comparação com uma renda pessoal (claro que é diferente, mas só para ser claro) alguém que ganha algo em torno de 5 mil reais e tem dívidas em torno de 2,5 mil, ou seja, usa metade do salário para cobrir dívidas.
Enquanto a economia vai bem isto parece até mesmo lógico, por exemplo, se esta pessoa chegar a ganhar 7,5 mil ela manteve o salário, e o investimento usando crédito foi vantajoso, mas se o salário se mantém a tendência pode ser um crescente endividamento, no caso do estado, isto significa a “dívida pública”.
No caso do estado, ele pode usar o sistema de poupança e investimentos externos, alem do jogo de forças no mercado mundial.
O crescimento do Brasil foi muito menor que o esperado em 2012 (menos de 1% com o PIB chegando algo em torno 2,45 tri )e 2013 não promete muito, algo entre 3 e 3,5%.
Ganhos e gastos não precisam serem iguais ao mesmo momento, mas se houverem mais gastos no presente, no futuro os gastos serão necessariamente menores que os ganhos, isto significa que devemos ter um maior controle das dívidas, é o caso de 2013
O que vale para o país, vale para seus cidadãos, é hora de ajustes entre contas e gastos.
IBGE mostra microempresas na internet
Os dados são de 2010 mas publicados só agora, segundo o IBGE, 25,6% já fazem vendas através da Internet, a maioria usando e-mail (23,6%).
Os números da pesquisa “”Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Empresas 2010”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas empresas brasileiras, foram divulgadas somente nesta quinta-feira.
Outro número interessante, é que 26,3% destas microempresas, aquelas contam com até nove empregados, restrigem o acesso aos sites sem citar que tipo de sites tem o acesso restrito na empresa.
Já nas grandes empresas este número chega a 92,6%. e de acordo com as notas técnicas da pesquisa, a preocupação com a segurança aumenta de acordo com o porte da empresa, mas a limitação ao acesso diminui.
Generosidade e participação no mundo conectado
A medida em que cresce a participação no mundo conectado vai ficando mais claro, para estudiosos sem preconceito, que este mundo favore valores como generosidade e colaboração.
Estas são algumas das conclusões do livro “A Cultura da Participação” de Clay Shirky, lançado pela Zahar Editores no ano passado e cuja versão original de 2010 tem o título em inglês: Cognitive Surplus – creativity and Generosity in a Connected Age, o livro começa com algo que descobri num voo entre Madrid e Londres, numa das primeiras viagens ao exterior, o ingles toma gim e não wisky ou cerveja como pensamos, ele conta que em 1720 Londres estava ficando bêbada de tanto gim, e uma valvula de escape para os novos e profunos stresses da vida urbana e uma crescente abertura de cafés e restaurantes que ficavam até altas horas abertos.
Pulando o cinema, ao meu ver valeria a análise também veja-se os premiados pelo Oscar este ano, Shirky diz que a TV foi o nosso gim depois da década de 1950 e “não vemos apenas TV boa ou TV ruim, vemos tudo: novelas, sitcoms, comerciais, o canal de compras”, lembro quando ainda criança ficavamos até o sinal de TV sair do ar.
Ver TV cria, assim, uma espécie de monotonia, o autor cita um artigo de Luigino Bruni e Luca Stanca no Journal of Economic Behaviour and Organization, autores que tive o prazer de conhecer pessoalmente e atesto a competência e valores de ambos, enfatiza Shirky citando os autores “A televisão pode exercer um papel significativo no aumento do materialismo e das aspirações materiais das pessoas, levando assim, os indivíduos a subestimar a importância comparaiva das relações interpessoais para uma vida satisfatória e, consequentemente, a superinvestir em atividades geradoras de renda e subinvestir em atividades relacionais significa passar menos tempo com os amigos e a familia, … “.
O autor diz que “agora, pela primeira vez na história da televisão, alguns grupos de jovens estão vendo menos TV que os mais velhos”, e o autor cita um estudo de Paul Bond: “Study: Young People Watch Less TV, publicado no Hollywood Reporter.
Shirky mostra que está errado o raciocínio “que todos os desvios desta tradição sagrada [que nega o uso social das novas mídias] são tão repugnantes quanto nocivos”, pois ele atesta que mesmo a internet tendo 40 anos e a Web metade disto, “algumas pessoas ainda estão perplexas com o fato de que membros individuais da sociedade, antes felizes em passar a maior parte do seu tempo consumindo, comecem voluntariamente a fazer e a compartilhar coisas”.
É o que chamamos de transformação do consumidor em produtor, e como atesta Shirky “compartilhar é sem dúvida uma surpresa”, ao meu ver muito bem vinda. Compartilhemos.
Modelo de game ajuda a gerenciar bens comuns
Cientistas das Universidades Estaduais do Arizona e de Indiana criaram um game Leia o resto deste post »